
Na alta sociedade, a confiança é um artigo de luxo. Kikaijikake no Marie (Mechanical Marie) abre as portas de uma mansão cercada por conspirações, assassinos oportunistas e um jovem herdeiro que não acredita em ninguém. Desiludido com a humanidade, Arthur busca a lealdade inabalável de uma maid robô. No entanto, quando a tecnologia falha em entregar o modelo perfeito, o destino coloca Marie Evans em seu caminho. Prodígio das artes marciais, sem expressões e mergulhada em dívidas, ela aceita o papel de fingir ser uma máquina.
Baseada no mangá de Akimoto Aki, a obra apresenta uma comédia romântica que brinca com identidades, lealdade e a linha tênue entre o que é programado e o que é genuíno. E também aproveita o boom das maids com personalidades robóticas que têm roubado a cena entre os animes mais recentes. Embarca comigo?
Ficha técnica: Kikaijikake no Marie
Anime: Kikaijikake no Marie 「機械じかけのマリー」
Gênero: Comédia e Romance
Número de Episódios: 12
Estreia: 5 de outubro de 2025
Estúdio: (Koori Zokusei Danshi to Cool na Douryou Joshi, Doukyonin wa Hiza, Tokidoki, Atama no Ue., Nihon e Youkoso Elf-san.) e Liber
Adaptação: mangá de Akimoto Aki
Convencido de que não pode confiar em humanos, Arthur Louis Zetes precisa de alguém de confiança ao seu lado: uma maid robô. Afinal, ele é constantemente alvo da ganância alheia. Quem preenche a vaga é Marie Evans, ex-prodígio das artes marciais, que precisa de dinheiro para pagar suas dívidas e se dispõe a fingir ser uma máquina. O encontro entre os dois leva a situações onde Marie precisa desviar de balas, saltar de prédios altos e proteger seu mestre enquanto mantém a poker face de um robô.
Entre momentos inesperadamente ternos, nasce uma curiosa convivência entre o homem que perdeu a fé nas pessoas e a mulher que aprendeu a esconder seus sentimentos. Mas o que acontece quando o jovem mestre começa a se apaixonar por sua maid robô? E, para piorar (ou não), o amor também chega até a inexpressiva Marie.
A farsa perfeita entre engrenagens e sentimentos
Kikaijikake no Marie segue uma tendência que temos visto com maids de personalidade inabalável, como Hayasaka Ai (Kaguya-Sama wa Kokurasetai), Yuki (Kimi wa Maid-Sama) e a Mia (Zutaboro Reijou wa Ane no Moto Konyakusha ni Dekiai Sareru). Marie traz um tempero especial pelo seu carisma, fofura disfarçada atrás da poker face e sua força física.
A dinâmica central é divertidíssima: Arthur, que costuma ser ríspido com humanos, é extremamente carinhoso com sua “robô”, enquanto Marie se vê dividida entre o dever profissional e os sentimentos reais que começam a florescer.
O jogo de contrastes entre Mari e Marie 2
O grande charme do anime ganha fôlego com as interações de Marie e Marie 2. Marie (a humana) interpreta uma robô com uma seriedade quase cômica. Mesmo em situações que poderiam facilmente arrancar uma expressão, inclusive em investidas românticas de Arthur, seu rosto permanece imóvel. Suas reações ocorrem internamente, durante os monólogos que a levam a perceber, mais tarde, o que sente por seu mestre.
Marie 2 (a robô de verdade) é surpreendentemente expressiva e espirituosa. Quando ela chega na mansão, fica a dúvida sobre como será sua convivência com a versão humana. Apesar do clima de rivalidade que parece prestes a se formar, as duas se tornam amigas e se revezam nas missões para proteger Arthur.
As interações entre a humana Marie e sua versão mecânica são puramente adoráveis. Essa inversão gera algumas das cenas mais divertidas do anime, especialmente quando as duas agem como “colegas de trabalho”.
Arthur vs Noah: quem merece o ❤ de Marie?
Embora Arthur seja o protagonista de Kikaijikake no Marie, quem rouba a cena é Noah. O assassino habilidoso, sarcástico e emocionalmente mais afiado que Arthur cria as melhores interações do anime. Ele vê Marie como ela realmente é. Não apenas o disfarce, mas sua personalidade e seus desejos por trás da máscara robótica.
A obsessão de Arthur por segurança, a devoção exagerada e a crença inabalável sobre ela ser um robô — mesmo com todas as evidências bem na sua frente, ele acredita em qualquer explicação técnica absurda — rendem momentos fofos, como no episódio do girlfriend mode e a competição das galinhas perdidas. No entanto, as interações entre os dois também reforçam a estrutura repetitiva da narrativa, já que falta o fator novidade.
As trocas de diálogos cheios de ironia e os combates corpo a corpo entre Noah e Marie são os elementos que tornam o anime mais interessante, mais leve e mais divertido. Noah é o único que realmente entende a natureza de Marie, criando uma química que, para muitos (inclusive eu!), supera o romance principal com Arthur, que às vezes pode ser meloso demais com Marie chamando por “Arthur-sama” o tempo todo.
Um ciclo que se repete até o fim
Se há um ponto onde a engrenagem range, é na estrutura narrativa. O ciclo de “assassinos atacam Arthur e Marie o salva” acaba ficando um pouco repetitivo ao longo dos 12 episódios. Entre um e outro atentado, a recompensa vem em forma de festival escolar ou um dia de folga na praia, mas até ela sofre esse padrão.
⚠️ >> Alerta de spoiler!
Durante o festival escolar no episódio 7, Arthur é alvo de novos atentados, mas o ponto alto é ver Noah se tornando um aliado temporário de Marie e Marie 2. É um dos mais equilibrados em humor e ação. O trio volta a brilhar no episódio seguinte, quando todos só queriam curtir um dia em uma ilha tropical, mas são surpreendidos por um novo ataque.
Depois de acreditar nas explicações mais absurdas possíveis, Arthur finalmente descobre a verdade sobre Marie no episódio 9. Ao invés de abrir o jogo com ela, decide esconder o que sabe por amor. É um toque psicológico interessante que foge do clichê de revelação imediata e todo aquele sentimento de traição seguido de separação para depois reatar, embora o episódio 11 use o velho truque da perda de memória para esticar a tensão.
Veredito: um shoujo movido a afeto manual e engrenagens simples

Kikaijikake no Marie não se leva excessivamente a sério. Basta pensar na premissa da maid (quase) robô e na crença inabalável de Arthur sobre a origem de Marie. Mas essa é uma de suas maiores qualidades, apesar da repetição da fórmula “assassinos aparecem, Marie protege Arthur”. A paleta suave, o romance desajeitado e os conflitos exagerados remetem à estética shoujo clássica e entrega uma acolhedora e quase nostálgica.
Por que pode valer a pena dar uma chance?
- Maid robô: protagonista que não precisa ser resgatada, age como escudo de seu mestre e ainda tem aquela personalidade robótica cheia de carisma.
- Humor constante: Marie 2 é um alívio cômico que nunca cansa, suas interações com Marie são divertidas e Noah complementa com doses extras de comédia e ironia.
- Nostalgia pura: o visual e a trilha sonora (especialmente a abertura delicada “Honto to Uso (ホントトウソ)” de Harutya (春茶) lembram os romances dos anos 2000.
Se você procura algo leve para um fim de semana, sem grandes pretensões mas com personagens que podem provocar risadas ou compartilhar momentos cheios de ternura, Marie, Marie 2 e companhia cumprem bem o papel. Kikaijikake no Marie é um anime que conquista mais pela comédia do que pelo romance.
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E você, prefere o protetor Noah ou o apaixonado Arthur? Me conte nos comentários! ˆ-ˆv