Um novo amor pode surgir em qualquer lugar, inclusive entre os corredores de um escritório. Enquanto alguns se desenvolvem em ritmo acelerado, outros ditam o seu próprio tempo sem pressa. É nesse movimento slow burn que Kannawa-先輩 e seu 後輩 Kamegawa, gradualmente, evoluem a relação entre mentor e júnior para algo além das formalidades do trabalho em Bukiyou na Senpai 「不器用な先輩。」.
É uma história sobre pessoas adultas que ainda estão aprendendo a se comunicar, amar e baixar suas defesas — tudo isso embalado por um clima acolhedor e surpreendentemente reconfortante. Entre encontros tímidos, silêncios cheios de significado e pequenos gestos que dizem mais do que grandes declarações, o anime avança um passo de cada vez.
A adaptação do mangá de Kudou Makoto conta com 12 episódios, que começaram a ser exibidos no dia 2 de outubro. Embarca comigo?
Ficha técnica de Bukiyou na Senpai
Anime: Bukiyou na Senpai (My Awkward Senpai)
Gênero: Comédia e Romance
Número de Episódios: 12
Estreia: 2 de outubro de 2025
Estúdio: Studio Elle (Party kara Tsuihou sareta Sono Chiyushi, Jitsu wa Saikyou ni Tsuki)
Adaptação: mangá de Kudou Makoto
Apesar da eficiência profissional impecável, Kannawa-先輩 é vista pelos seus colegas como uma pessoa fria, ríspida e distante. Mas, por trás dessa postura aparentemente intimidadora, existe uma personalidade dócil e frequentemente com dificuldade de se expressar. Quando Kamegawa Yuu, um rapaz fofo e surpreendentemente fácil de conversar, entra na equipe como seu 後輩, ela tenta ser a melhor mentora possível mesmo com seu jeito atrapalhado. Aos poucos, sua verdadeira personalidade começa a se revelar, mostrando uma personagem extremamente carinhosa — apenas insegura demais para demonstrar isso abertamente.
Review de Bukiyou na Senpai
Ambientado em uma empresa de desenvolvimento de jogos, Bukiyou na Senpai usa o cenário corporativo como palco para o protagonismo de um romance contido, realista e humano. Sem recorrer a triângulos amorosos, rivalidade ou conflitos forçados para separar o casal, o anime deixa claro desde cedo que seu foco está nas relações interpessoais e na forma como elas evoluem com o tempo — especialmente quando sentimentos surgem em um ambiente onde a postura profissional costuma falar mais alto.
O grande charme da obra está na simplicidade com que retrata o dia a dia no escritório: reuniões, prazos apertados, conversas interrompidas e aquele cuidado constante para não ultrapassar limites invisíveis. É nesse espaço de hesitação e silêncio que o romance floresce, reforçando a ideia de que nem todo afeto precisa ser explosivo para ser intenso. Bukiyou na Senpai entende que crescer emocionalmente faz parte da vida adulta e que aprender a se comunicar — no trabalho e fora dele — pode ser tão desafiador quanto encantador.
Ao apostar em um ritmo slow burn, o anime transforma pequenos gestos em grandes momentos. Um elogio contido, uma preocupação silenciosa ou um sorriso involuntário dizem mais do que declarações. Essa abordagem cria uma conexão sincera e reconfortante com a história desde os primeiros episódios.
Romance slow burn e zero pressa
Um dos maiores méritos de Bukiyou na Senpai é compreender que nem todo romance precisa de interferências externas, como um rival no amor, para se sustentar. Já aquele empurrãozinho dos colegas é sempre bem-vindo. O envolvimento entre senpai e kouhai cresce no ritmo da convivência diária, dos olhares desviados, das pausas constrangedoras e das pequenas preocupações compartilhadas.
O anime confia no tempo — e naquele empurrãozinho (sempre bem-vindo) dos colegas Hotta e Kankaiji — para que os sentimentos entre Kannawa e Kamegawa amadureçam de forma natural, sem pressa ou atalhos artificiais.
Acompanhamos de perto as inseguranças de Kannawa por meio de seus constantes monólogos mentais, quase sempre em contraste com a postura firme e profissional que ela exibe no escritório. O peso dessa tensão é suavizado pelas expressões fofas e “secretas” que apenas nós — e, aos poucos, Kamegawa — consegue perceber: um olhar que demora um segundo a mais, um leve rubor no rosto, um gesto hesitante.
Esse cuidado com as pequenas emoções escondidas transforma cenas aparentemente simples em momentos carregados de significado. Bukiyou na Senpai entende que, para adultos, avançar emocionalmente nem sempre é fácil. Há receios, limites profissionais e o medo constante de quebrar uma imagem construída ao longo dos anos ou até mesmo de pisar em território desconhecido.
Personagens que aquecem o coração
Kannawa Azusa é o grande destaque de Bukiyou na Senpai. Sua dualidade entre a profissional extremamente competente e a mulher socialmente desajeitada rende momentos adoráveis, potencializados por expressões exageradas e animações em estilo chibi muito bem dosadas. O uso de uma paleta de cores suaves e uma composição visual tranquila contribuem para essa sensação de anime quase terapêutico.
⚠️ >> Alerta de spoiler!
O episódio do festival, com yukatas e fogos de artifício, funciona como um ponto de virada emocional. A forma como a cena é conduzida — sem grandes diálogos, mas cheia de olhares e silêncios significativos — sintetiza perfeitamente a proposta do romance.
Já Kamegawa Yuu atua como um contraponto. Gentil, paciente e atento aos limites de Kannawa-先輩, ele nunca força situações ou exige respostas imediatas. Sua presença constante e acolhedora cria um espaço seguro para que ela possa, aos poucos, baixar a guarda.
Pequenos detalhes que fazem a diferença
Além do cuidado com os personagens, Bukiyou na Senpai também traz alguns pontos que enriquecem a experiência visual. O design remete discretamente à estética dos anos 90, com traços mais simples, expressões marcadas e enquadramentos que evocam um certo saudosismo visual. Essa escolha conversa diretamente com a paleta de cores calma e pouco saturada, criando uma atmosfera aconchegante. A trilha sonora também acompanha essa identidade, com destaque para a opening “不器用なI love you” (angela).
O anime ainda se permite brincar com referências sutis, como no episódio 7, quando Kamegawa diz que começou a jogar Final Fantasy VII Rebirth. Para fãs saudosistas como eu, deu uma certa nostalgia. No episódio seguinte, os dois se unem para promover uma ação de marketing em um maid café, o que rende algumas situações constrangedoras e fofas.
Impressões finais de Bukiyou na Senpai
O romance entre Kannawa e Kamegawa cresce como um verdadeiro slow burn: começa com estranhamento, passa pela amizade e só então se aproxima de algo mais profundo. Não há exageros, melodrama ou diálogos forçados. Apenas duas pessoas aprendendo a ser vulneráveis uma com a outra. A gentileza e a paciência de Kamegawa funcionam como um catalisador para que Kannawa se permita sair da própria concha, enquanto sua jornada de autoconhecimento torna a relação ainda mais significativa.
Bukiyou na Senpai é um anime feito para quem aprecia romances adultos, sem drama excessivo, com personagens que erram, hesitam e crescem juntos. É o tipo de romance que transmite conforto e provoca aquele sorriso involuntário ao final de cada episódio.
⚠️ >> Alerta de spoiler!
A evolução gradual torna ainda mais impactante a confissão impulsiva no final do penúltimo episódio. Depois de tantos silêncios, hesitações e dúvidas sobre a extensão de seus sentimentos, o momento surge quase como um transbordamento emocional: imperfeito, inesperado e profundamente humano. A cena simboliza o quanto ambos já não conseguem mais fingir que nada mudou. É o ápice natural de uma relação que cresceu na proximidade diária, sem cobranças ou expectativas.
No fim das contas, Bukiyou na Senpai entrega tudo o que se espera de um bom romance de escritório: personagens cativantes, coadjuvantes que contribuem para o avanço da relação, progresso constante e um ritmo que respeita o tempo emocional da história. É uma obra que não apressa sentimentos nem arrasta conflitos, provando que, às vezes, o mais bonito no amor está justamente na dificuldade de colocá-lo em palavras.
Para quem prefere um envolvimento mais profundo e sem rodeios, Kono Kaisha ni Suki na Hito ga Imasu é um play certeiro. ˆ-ˆv
Hasta La Tour 