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[Review] Tsuyokute New Saga: do ‘game over’ ao ‘new game’

Anime Tsuyokute New Saga com o protagonista Kyle olhando para uma lendária pedra vermelha em um cenário de pôr do sol

Em animes de fantasia, a viagem no tempo costuma ser uma carta ousada: abre portas para reescrever o destino, corrigir erros e experimentar narrativas que lembram muito a sensação de reiniciar um ‘new game’ após um ‘game over’. Tsuyokute New Saga 「強くてニューサーガ」 abraça essa ideia ao nos colocar no ponto do jogo em que a vitória contra o grande vilão (ao custo de perder todo o resto) é apenas o início de uma nova jornada — anos antes do confronto final que selou o destino do mundo.

Inspirado na light novel de Masayuki Abe (história) e Ryuuta Fuse (arte), o anime mescla aventura e fantasia com viagem no tempo — um tema recorrente e que tem sido explorado de diferentes formas. Após a estreia no dia 3 de julho, a adaptação dos estúdios Sotsu e Studio Clutch chegou ao final de seus 12 episódios. Embarca comigo?

Ficha técnica de Tsuyokute New Saga

Anime: Tsuyokute New Saga

Gênero: Aventura e Fantasia

Número de Episódios: 12 

Estreia: 3 de julho de 2025

Estúdio: Sotsu (Kamisama Hajimemashita, Nagi no Asu kara, Hanasaku Iroha, Skip Beat!, Shugo Chara!, Glasslip, Kuromukuro, Kekkon suru tte, Hontou desu ka, Amatsuki) e Studio Clutch

Adaptação: light novel de Abe Masayuki (história) e Fuse Ryuuta (arte)


Prestes a perder a vida após derrotar o Rei Demônio em uma batalha brutal, Kyle é misteriosamente transportado de volta ao passado por um artefato misterioso. Com as memórias intactas de um futuro devastado que ele presenciou até o fim, o espadachim ganha uma segunda chance de recomeçar sua jornada, corrigir erros, ficar mais forte e, quem sabe dessa vez, garantir que amigos e aliados não sofram o mesmo destino. O peso das suas escolhas passadas é o que guiará cada passo em sua nova saga.

Review de Tsuyokute New Saga

O contexto da história me lembra bastante de Yarinaoshi Reijou wa Ryuutei Heika wo Kouryakuchuu, um anime relativamente recente. Assim como Kyle, Jill retorna para uma época em que era mais jovem e com todo o conhecimento sobre o que aconteceria com o mundo. 

Do ponto de vista narrativo, Tsuyokute New Saga não se afasta muito de fórmulas conhecidas, mas entrega momentos interessantes ao tratar Kyle como um protagonista pragmático, guiado mais pela razão do que pelo impulso. Antes de dar qualquer passo, ele analisa as situações que confronta em detalhes e tenta resgatar pistas para lidar com elas do futuro que viveu. Isso dá ao enredo uma lógica interna que funciona bem e conduz sua trilha de herói até missões épicas com o intuito de tornar seu nome conhecido até o dia da grande luta. 

Entre os personagens da party, Liese é a típica mocinha apaixonada pelo protagonista — o que talvez saia um pouco do clichê é sua força. Theron parece só mais um mulherengo na área, mas por trás das tentativas frustradas de conquistar corações se esconde um guerreiro frio e calculista. A elfa Urza tem uma dinâmica interessante com Kyle. Enquanto ele a conhece intimamente pelo futuro que compartilharam juntos, ela não carrega essa memória. Sildonia completa o grupo como o espírito, fofinho e viciado em doces, da espada de Kyle.

A cena final do primeiro episódio é bem construída e reflete a resolução dele de mudar seu destino e o do mundo com base no conhecimento que adquiriu. Toda a ambientação da paisagem iluminada pelo pôr do sol passa uma ideia de esperança e serenidade, reforçada pela escolha da trilha sonora de fundo. Porém, esse cuidado com o visual e o acompanhamento musical se perde em algum momento.

‘Game over’, ‘new game’ e ‘refresh’ 

No decorrer da história, a animação se torna mediana: fundos pouco detalhados, movimentos rígidos, batalhas estáticas quase sem fluidez, transições bruscas. Sem falar no uso desnecessário de CGI — que aparece deslocado em algumas cenas — e em diálogos sem qualquer contribuição para a evolução da narrativa. Isso também vale para momentos irrelevantes que se estendem, tomando o tempo que poderia ser convertido para avançar a jornada de Kyle e companhia ou responder às muitas questões em aberto que surgiram.

É como se Tsuyokute New Saga tivesse passado por um ‘refresh’. Até mesmo a trilha sonora parece pipocar nas cenas aleatoriamente, aparentemente sem a preocupação de acompanhar o tom da narrativa. 

A premissa de um herói que volta ao passado para reescrever seu destino é interessante. No entanto, para se exceder, ela precisa surpreender sem abrir mão do básico: um roteiro bem elaborado tanto na história quanto no ritmo, personagens expressivos com potencial de cativar e evoluir, diálogos bem amarrados, trilha sonora envolvente e uma animação digna de acompanhar a nova saga de um protagonista que quer salvar o mundo.

Tsuyokute New Saga tem algumas similaridades com Aparida, exceto pelo harém e a mecânica de viagem no tempo.

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