
Algumas pessoas nascem com dons naturais, seja para as artes, os esportes ou partidas de shogi. Outras, no entanto, precisam se esforçar duas ou três vezes mais para alcançar resultados semelhantes. É nesse contraste entre talento nato e dedicação que se desenrola Mikadono Sanshimai wa Angai, Choroi 「帝乃三姉妹は案外、チョロい。」, anime que mistura comédia, harém e mais rostos vermelhos do que qualquer indício de romance, com pitadas de reflexões sobre convivência e expectativas.
A animação baseada no mangá de Hirakawa Aya conta com 12 episódios e adaptação do estúdio P.A. Works. Mais uma obra da temporada de julho, que estreou no dia 10 e chegou ao final. Embarca comigo?
Ficha técnica de Mikadono Sanshimai wa Angai, Choroi
Anime: Mikadono Sanshimai wa Angai, Choroi
Gênero: Comédia e Romance
Número de Episódios: 12
Estreia: 10 de julho de 2025
Estúdio: P.A. Works (Angel Beats!, Another, Charlotte, Nagi no Asu kara, Hanasaku Iroha, Skip to Loafer, Sirius, Glasslip, Kuromukuro, Hibi wa Sugiredo Meshi Umashi)
Adaptação: novel de Agitogi Akumi
Yuu é filho da renomada atriz Subaru Ayase, mas, ao contrário da mãe, não parece ter um talento especial. Quando ele começa a estudar na prestigiosa Academia Saika, onde estudantes prodígios lapidam suas habilidades, Yuu se vê diante de um desafio maior: conviver com as três irmãs Mikadono. Miwa é mestra do shogi, Nico é uma atleta genial que domina as artes marciais e Kazuki é a maior estrela dos palcos. Sua missão é cumprir o último desejo da mãe: construir uma família feliz. Apesar da distância emocional do trio, Yuu insiste em apoiá-las com sua gentileza e seus dotes domésticos.
Review de Mikadono Sanshimai wa Angai, Choroi
Quem me acompanha aqui no blog sabe que eu não sou fã de harém. No entanto, quando o plot ou a animação parecem bons, eu tento abstrair e focar nisso. Foi assim que o anime entrou na programação do tour com as estreias da temporada.
Mikadono Sanshimai wa Angai, Choroi pode dar a impressão de ser mais um título de harém genérico. E, no início, parece mostrar que vai além do rótulo — mesmo com a admiração das irmãs pelo Yuu já subindo de nível no primeiro episódio. Embora o clima de romance seja evidente, o foco está na convivência, na busca por conexão em meio às pressões sociais e nas expectativas externas.
Esses temas são explorados com pitadas de profundidade emocional. Há momentos leves de humor, exageros típicos do gênero e até situações previsíveis, mas também pequenas surpresas, como o uso da comida como ponte para aproximar ou reconstruir memórias familiares.
>>> Alerta de spoiler!
Por mais clichê que possa parecer, o episódio 3 é um dos meus favoritos. O plano de fortalecer os laços de família no festival mostra quem é a verdadeira Niko. E o ponto alto da história foi a percepção do Yuu, guiando ela para fora da imagem de “durona” na escolha do quimono, que nem mesmo as próprias irmãs conheciam.
Se a história seguisse essa linha até o fim poderia afastar o anime do rótulo, mas não. O harém fica cada vez mais evidente, com rostos vermelhos para todo lado. Parece que basta o Yuu respirar para as irmãs se apaixonarem… *sign*
Quando o gênero fala mais alto
Yuu é o típico protagonista de harém: atencioso, alheio aos sentimentos ao seu redor (por mais óbvios que sejam) e extremamente passivo (de um jeito que nos faz questionar se ele realmente não percebe como elas se sentem). Inicialmente, as irmãs representam estereótipos: a séria, a forte, a artista. Mas por trás da aparência de garotas talentosas e confiantes, há muito mais complexidade emocional e fragilidade do que se imagina. Cada uma tem suas próprias inseguranças para superar.
Não sei exatamente quando começou, mas passei a ver a personalidade do Yuu com outros olhos no decorrer dos episódios. Às vezes, parece muito bem que ele sabe o que está fazendo, como se estivesse manipulando as irmãs a seu favor. Na disputa surreal contra o 先輩 da Niko, essa impressão ficou mais forte. Será que ele é desligado mesmo a ponto de não notar ou é um estrategista nato?
Do ponto de vista técnico, a animação da P.A. Works mantém consistência, ainda que sem grandes destaques visuais. A história é superficial, sem qualquer ambição narrativa, propósito (além do Yuu de construir uma família feliz) ou desejo de nos conectar aos personagens. A trilha sonora cumpre bem o papel de sustentar o clima escolar e romântico, enquanto os encerramentos dedicados a cada irmã — dependendo de qual teve mais destaque no episódio — adicionam um toque de charme.
Mikadono Sanshimai wa Angai, Choroi tenta escapar das convenções do gênero, mas no final entrega uma experiência mediana. É relativamente agradável, sem exagero de fanservice e, parcialmente, realiza o desejo do Yuu — o que começa com um “行ってらっしゃい” tímido e sem resposta, termina com um “行ってきます” caloroso das irmãs.
Para quem gosta de harém e um toque de fanservice, Amagami-san Chi no Enmusubi pode ser uma opção digna de maratona.