
No dia 6 de novembro de 2020, Poços de Caldas completa 148 anos. Esta charmosa pequena grande cidade no sul de Minas Gerais é a minha terra natal. Não lembro ao certo por quanto tempo morei lá, nem quantos anos se passaram desde a minha última visita. O que posso dizer é que sinto saudade e não vejo a hora de poder viajar por terras mineiras mais uma vez. Até lá, aproveitando a data festiva, vou mostrar o que fazer em Poços de Caldas, enquanto eu me recordo de alguns lugares por onde eu gostava de passear:
- Mercado Municipal de Poços
- Fonte dos Macacos
- Thermas Antônio Carlos
- Parque José Affonso Junqueira
- Relógio Floral
- Cristais de Murano
- Teleférico para o Cristo Redentor
- Fonte dos Amores
- Recanto Japonês
- Pedra Balão
- Ruínas Cascata das Antas
- Cachoeira Véu das Noivas
- Parque Municipal Antônio Molinari
Organizei os lugares como se fosse um roteiro de viagem, que pode ser adaptado para um fim de semana, três dias ou mais durante a sua visita. Todas as atrações turísticas estão agrupadas de acordo com a distância entre elas e a minha sugestão para otimizar o seu deslocamento em Poços. Vem comigo nessa viagem? 🙂
Por que fazer uma viagem para Poços de Caldas?

Antes de embarcar para um novo destino, é importante pesquisar e conhecer a história do lugar. Enriquece bastante a experiência e ajuda na imersão local. Por isso, vou contar um pouquinho sobre a cidade em que eu nasci. E espero despertar em você a mesma vontade que eu tenho de fazer uma viagem para Poços de Caldas (mais uma de muitas).
Sabia que Poços de Caldas é a 15ª cidade mais populosa de Minas Gerais? Com uma população estimada em quase 170 mil, conforme dados do IBGE. O destino no sul de MG — a apenas 7 quilômetros da fronteira com o estado de São Paulo — é famoso por suas estâncias de águas termais e seus sabonetes (alguns até medicinais), a calorosa hospitalidade e as deliciosas iguarias mineiras: queijos (destaque para o cabacinha e o nozinho, meus preferidos), o requeijão de cortar, a pamonha, o sorvete Mi Casita, uma variedade de doces de leite, doces cristalizados, entre tantas outras.
Segundo um levantamento da Revista Bula, Poços de Caldas é considerada uma das cidades mais felizes para se viver no Brasil. Também uma das mais seguras de acordo com o Atlas da Violência e até mesmo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
Com jeitinho de interior, estrutura de cidade grande e clima universitário, Poços se tornou uma referência no turismo que ultrapassa as fronteiras de Minas, até entre os viajantes que ainda não foram para lá. Além disso, a cidade oferece fácil acesso a centros urbanos maiores como Belo Horizonte (459 km), São Paulo (260 km), Campinas (166 km) e Rio de Janeiro (486 km).
Lenda do vulcão
As águas sulfurosas de Poços de Caldas, quentinhas e tão benéficas para a pele, e suas riquezas mineiras têm origem em formações vulcânicas. Isso porque, há pelo menos 80 milhões de anos, a cidade foi construída na área de uma caldeira vulcânica. Não apenas Poços, mas também outras cidades que fazem parte do circuito das águas: São Roque da Fartura, Santa Rita de Caldas, Caldas e Águas da Prata.
Reza a lenda, aliás, que a área é a cratera de um vulcão adormecido, o que explicaria as águas térmicas. Especialistas, porém, garantem que não há qualquer registro de atividade vulcânica na região e que o vulcão estaria extinto.
O que fazer em Poços de Caldas?
Tem de tudo um pouco em Poços, desde parques verdes com atividades ao ar livre e jardins floridos a cachoeiras, cascatas e outros atrativos naturais, históricos e culturais. Tem os famosos cristais de Murano e as iguarias do Mercado Municipal de Poços de Caldas. Sem contar os benefícios terapêuticos — e o poder de cura — das fontes de águas termais, que transformaram o turismo na cidade e região, e o clima de sossego para quem procura um lugar para descansar (além de aproveitar).
Com o que eu vou compartilhar aqui, você pode fazer um roteiro de fim de semana ou dividir a visita para três dias (ou mais). A maior parte das atrações turísticas fica na área central, com fácil acesso e também por onde começo as minhas recomendações. Vem comigo?
1. Mercado Municipal de Poços

O Mercado Municipal de Poços de Caldas é parada obrigatória para quem gosta de experimentar o tempero local e se deliciar com os famosos doces e queijos de Minas. Muitas das iguarias mineiras que eu mencionei antes podem ser encontradas aqui. Além das mercearias e bancas de hortifruti, também tem lojinhas de artesanato, artigos de decoração e souvenirs. Sem contar as massas artesanais, bebidas e uma cafeteria, onde é possível acompanhar o processo de torra do grão de café.
Por estar na região central, é um bom ponto de partida (pois abre cedo) ou de chegada (se quiser deixar as compras por último) para um roteiro a pé pelo centro da cidade. Em funcionamento desde 1969, o “Mercadão” — como também é chamado o Mercado Municipal de Poços — abre de segunda a sábado, das 7h às 18h, e aos domingos, das 7h às 12h.
2. Fonte dos Macacos

A 10 minutos a pé dali, fica a famosa Fonte dos Macacos, na Praça Dom Pedro 2º. O lugar é bem conhecido pelos moradores da cidade e por turistas que querem experimentar as propriedades terapêuticas das águas termais que jorram da fonte sulfurosa. Quando eu era pequena, costumava ir bastante ao local.
É a fonte mais visitada da cidade e suas águas podem ser passadas pelo corpo ou até mesmo ingeridas. Já aviso que tanto o gosto quanto o cheiro lembram ovo podre devido à presença de enxofre, mas vale tentar um método ou outro se você estiver em busca do seu poder medicinal.
3. Thermas Antônio Carlos

Por falar em águas termais, a próxima parada do nosso roteiro de viagem para Poços de Caldas, a cerca de 6 minutos a pé da Fonte dos Macacos, é nada menos do que o Thermas Antônio Carlos. Não tem como falar sobre a cidade sem associar o seu nome às águas quentes com poder de cura.
Inaugurado em 1931, o Thermas Antônio Carlos é o balneário mais famoso na região. Foi projetado em um imponente complexo — formado por salas de banho, saunas, duchas, piscina térmica e ofurô, além de salas de inalações e pulverizações — com elementos do estilo neoclássico. Grandes vãos em arcos e uma escadaria suntuosa ornam com a fachada, enquanto um imenso vitral decorativo (obra do artista alemão Conrado Sorgenicht) e colunas romanas embelezam o seu interior.
O espaço oferece vários tipos de tratamentos com as águas termais — desde banhos em águas sulfurosas e hidromassagem a cromoterapia, saunas, tratamentos faciais e outros serviços, inclusive estéticos — com opções para todos os gostos e bolsos. As águas alcalinas e sulfetadas vêm da Fonte Pedro Botelho, também conhecida como Leãozinho devido ao chafariz em forma de leão, no Parque José Affonso Junqueira, bem ao lado. Aproveite para visitar também o Calendário Floral, constantemente atualizado com a data e a estação do ano.
Aberto todos os dias, das 9h às 20h, o Thermas Antônio Carlos rende belas fotos por conta de sua beleza arquitetônica. Para uma visita rápida, esta é a pedida. Já se você tem mais tempo, não deixe de agendar um banho termal ou outros serviços disponíveis para relaxar e aproveitar esse espaço histórico e tão icônico de Poços de Caldas. A entrada é gratuita, apenas os tratamentos são pagos à parte.
4. Parque José Affonso Junqueira

Praticamente ao lado do Thermas Antônio Carlos, o Parque José Affonso Junqueira é um dos principais pontos turísticos de Poços de Caldas e também um dos locais mais frequentados pelos moradores. É daqui que saem os tradicionais passeios de charrete, trenzinho e jardineira, além do teleférico para ir até o Cristo Redentor (Poços também tem um!).
Durante o dia, o coração verde da cidade é um convite para uma volta na companhia de árvores centenárias e plantas ornamentais. Há bancos, fontes, chafarizes, um pergolado e um espaço chamado Xadrez Gigante — com 32 peças em um tamanho maior para os jogadores de plantão. Tem até um letreiro com o nome da cidade onde você pode tirar fotos, parquinho para os pequenos e o tradicional Café Concerto (antiga Biblioteca Municipal). Também recomendo o sorvete Mi Casita, que só tem em Poços. À noite, recomendo uma visita à Fonte Luminosa, que encanta pela sincronia do movimento das águas e os efeitos de luz e som.
Construído no final de 1920, o Parque José Affonso Junqueira também abriga um dos patrimônios históricos e arquitetônicos da cidade: o Palace Casino. As mesas de jogos e roletas deram lugar a um espaço para a realização de eventos. Mais à frente, você também encontra o Palace Hotel e a tradicional Praça Pedro Sanches, com o clássico coreto — que traz aquele aconchego do interior.
5. Relógio Floral

Ao atravessar a rua no Parque José Affonso Junqueira, chegamos na Praça Getúlio Vargas, onde está o charmoso Relógio Floral e também a Secretaria Municipal de Cultura. O trabalho paisagístico do casal John e Elizabeth Canta foi inaugurado em 1972, em homenagem ao aniversário de 100 anos de Poços de Caldas. O relógio é composto por flores, pequenos arbustos e plantas ornamentais, que formam números e têm até ponteiros em movimento, marcando a hora local.
Por ser um monumento em via pública, o Relógio Floral pode ser visitado a qualquer hora do dia. Vale a pena passar por ali para conferir de perto e ainda tirar mais algumas fotos da viagem.
6. Cristais de Murano

Você já ouviu falar dos cristais de Murano? Murano é uma ilha perto da apaixonante cidade de Venezia, conhecida pela tradição da arte em vidro. É de lá que vieram as técnicas — passadas entre várias gerações — aplicadas pelos descendentes italianos, transformando Poços de Caldas em referência por suas peças de cristais — desde objetivos decorativos baratinhos até opções mais luxuosas. Tenho comigo souvenirs que trouxe da Itália e presentes que ganhei da minha mãe de Poços. São meus mimos! 🙂
Por falta de tempo no meu intenso roteiro de viagem pela Europa, não tive a chance de conhecer Murano. Mas quando eu voltar a Poços, quero tentar visitar uma das fábricas para acompanhar o processo de produção dos cristais. As lojas mais tradicionais na cidade são os Cristais Cá d’Oro (loja na região central, a mais ou menos 13 minutos do Relógio Floral, e fábrica a cerca de 25 minutos a pé) e os Cristais São Marcos (na frente da Praça Pedro Sanches, 7 minutos do Relógio Floral).
7. Teleférico para o Cristo Redentor


Mas Poços de Caldas também tem Cristo? Tem, sim senhor! Inclusive, o Cristo Redentor é um dos maiores atrativos turísticos da cidade. No alto da Serra de São Domingos, 1.686 metros de altitude, o monumento tem 30 metros de altura e 500 toneladas de concreto. Do Cristo, você tem uma das vistas mais bonitas de Poços e consegue enxergar, inclusive, o complexo arquitetônico do Palace Hotel, Palace Casino e Thermas Antônio Carlos. Também tem uma rampa de voo livre, além de estrutura com banheiros, lanchonete e lojinha de souvenirs.
Inaugurado em 1958, o Cristo de Poços de Caldas pode ser acessado de carro, por trilha ou pelo teleférico no Parque José Affonso Junqueira. A entrada é gratuita. A primeira opção leva aproximadamente 15 minutos saindo do centro (Uber e táxi também fazem o trajeto). Já a trilha pela Mata Atlântica começa na Fonte dos Amores e tem cerca de 900 metros de subida íngreme, o que leva em torna de 40 minutos para completar.
O passeio de teleférico começa na frente do Palace Casino. Ao todo, são 30 cabines em estilo retrô — cada uma com espaço para até quatro pessoas — suspensas por cabos de aço e sustentadas por torres com cerca de 20 metros. Todo o trajeto é acompanhado pela vista da vegetação da serra e da cidade.
8. Fonte dos Amores

Por falar em Fonte dos Amores, ela será a próxima parada do nosso roteiro de viagem para Poços de Caldas. Inaugurada em 1929, a fonte foi esculpida pelo artista italiano Giulio Starace. Considerada um dos cartões-postais da cidade, a romântica escultura em mármore retrata um casal abraçado, com uma bela queda d’água emoldurando a paisagem cercada pela Mata Atlântica e uma história de amor.
Diz a lenda que o casal representa o amor da filha de um rico fazendeiro por um padre. Para viver o romance proibido, os dois teriam fugido até o bosque onde fica a Fonte dos Amores. Na tentativa de encontrá-los, o pai enviou um caçador que, algum tempo depois, achou o casal abraçado e sem vida perto da água. O sentimento de culpa, então, fez com que o fazendeiro encomendasse a estátua com um nos braços do outro para representar o amor que a filha não conseguiu viver.
Esta é apenas uma das lendas que envolve o casal apaixonado e atrai muitos corações em busca do amor. Há quem diga que ao beber a água da fonte, você encontrará o seu amor. Seja como for, a Fonte dos Amores fica a cerca de 15 minutos a pé do Relógio Floral.
9. Recanto Japonês

A partir daqui, saímos da região central de Poços. Nos meus roteiros de viagem, sempre que o destino oferece um espaço que remete ao Japão e à cultura oriental, eu incluo na lista. Em Poços de Caldas, um dos meus cantinhos favoritos desde pequena é o Recanto Japonês a 27 minutos a pé da Fonte dos Amores (6 minutos de carro). Obra do paisagista Katsuji Nagao e do arquiteto Tomio Kimura, é um dos lugares mais inspiradores da cidade, além de muito tranquilo pela exuberante mata preservada, que proporciona o contato com a natureza.
Com o objetivo de ser a réplica de um jardim japonês, o Recanto Japonês em 1975 em homenagem a uma empresa nipônica que se instalou na região e contribuiu com o projeto. No espaço, tem um lago artificial com carpas, quedas d’água e pontes — tudo no estilo oriental — além de plantas típicas da terra do sol nascente.
Há ainda uma casa de chá japonesa onde é possível alugar roupas típicas para tirar fotos e comprar souvenirs, um quiosque (cópia Manj-Tei) com referências tiradas dos jardins do palácio imperial de Tokyo e da Vila Imperial de Katsura em Kyoto) e a Fonte dos Desejos.
10. Pedra Balão

Do Recanto Japonês até a Pedra Balão, a distância já começa a aumentar. De carro é bem rápido, aproximadamente 14 minutos. Este é um lugar que o meu irmão gostava muito de ir. É uma formação curiosa composta por várias rochas vulcânicas, umas sobre as outras, em um equilíbrio aparentemente impossível. Dizem que essa obra da natureza — medindo 10 metros de altura — é resultado de diversas erosões.
A pedida é subir até o topo da Pedra Balão, sentir a brisa do vento no rosto e a sensação de estar a bordo de um balão. Perto dali, também tem uma pequena fazenda onde você pode andar a cavalo, aproveitar a vista e admirar o pôr do sol.
11. Ruínas Cascata das Antas


Para aproveitar o embalo das atrações turísticas mais afastadas, vamos pegar o carro em direção às Ruínas Cascata das Antas. O trajeto leva de 25 a 30 minutos. Construída em 1898, o que hoje é uma área dominada por ruínas antes foi utilizada pela primeira usina hidrelétrica de Poços de Caldas. Ao longo dos anos, a estrutura abandonada foi tomada pela natureza e recebe a visita de muitos animais, principalmente saguis.
Além das ruínas, há uma passarela que passa pela barragem da antiga hidrelétrica. Em meio a diversas rochas, o complexo também abriga a Cachoeira das Antas. Com belas quedas d’água a mais de 50 metros de altura e cheia de atrativos naturais, o lugar rende boas fotos e momentos de tranquilidade.
12. Cachoeira Véu das Noivas

Da Cascata das Antas, vamos para outra beleza natural sem igual em Poços de Caldas. A 10 minutos dali de carro, chegamos na Cachoeira Véu das Noivas. Você também pode ir de charrete, saindo do centro da cidade em um percurso de cerca de 5 quilômetros. Formada por três quedas d’água — uma delas com 10 metros — o complexo turístico conta com um trenzinho que percorre o parque e proporciona um contato ainda maior com a natureza.
Assim como o complexo da Cascata das Antas e a Fonte dos Amores, o visual rende belas fotos. É possível avistá-la do alto de uma plataforma e também chegar perto da água corrente, andando pelas margens da Cachoeira Véu das Noivas.
13. Parque Municipal Antônio Molinari

Para fechar o nosso roteiro em Poços de Caldas com chave de ouro, vamos em direção ao centro até o Parque Municipal Antônio Molinari. Passei muitos momentos da minha infância aqui, brincando nos brinquedos de madeira. Aliás, o espaço é ótimo para passar o tempo com a família, ainda mais se tiver crianças, e com os seus amigos também.
Em uma extensa área verde, o parque oferece diversas atividades para recreação: quadras e campo de futebol; pista de caminhada, corrida e bicicross; quiosques; pista de skate; aparelhos de ginástica e mesas para jogos de dama e xadrez.
Enfim, chegamos ao final do nosso roteiro de viagem. Espero que você tenha gostado de conhecer um pouquinho da minha terra natal ao longo do texto. Se você não sabia o que fazer em Poços de Caldas, agora é só esperar esse momento de incertezas passar para fazer as malas e aproveitar todos os atrativos turísticos, naturais e arquitetônicos dessa cidade que está no meu coração. Sem falar nos banhos de águas termais que esperam por você. Todas as visitas são gratuitas, exceto pelos serviços adicionais como é o caso do teleférico para o Cristo Redentor e os tratamentos do Thermas Antônio Carlos.
Além de ser a cidade em que eu nasci, eu tenho um carinho muito especial por Poços de Caldas. E você, tem alguma cidade que mora no seu coração? Vale a terra natal, um lugar para onde quer voltar ou um destino desconhecido da sua lista. Conte para mim!