K-Drama · Review

Review: Hotel Del Luna é uma lição sobre perdoar, amar e seguir em frente

Drama coreano Hotel del Luna (tvN)

Desde que as notícias sobre o drama coreano Hotel Del Luna começaram a pipocar na web, eu já sabia que ia entrar na minha lista. O motivo é simples! A IU está no elenco. E eu venho acompanhando o trabalho desta talentosa cantora, compositora e atriz desde Dream High, que marca a estreia dela na TV. Acabou levando mais tempo do que eu esperava, mas, enfim, consegui assistir. O que mais me chamou a atenção foi o combo de lições que aprendemos no desenrolar de cada episódio.

Um dos temas centrais de HDL é a morte e, convenhamos, é delicado falar sobre isso. Vida pós-morte, almas, reencarnação, rancor, assuntos inacabados, vidas passadas, perdão, amor, seguir em frente, tudo está interligado de alguma forma. É o que nos mostra Hotel Del Luna em seus 16 episódios e duas narrativas, mesclando o passado e o presente, além de elementos de suspense, humor, fantasia e doses de romance.

O drama nos faz rir em cenas cômicas e chorar em situações fadadas a um destino que não pode ser mudado. Também nos faz refletir sobre a vida, relacionamentos e a forma como lidamos com cada momento. Leva um tempo até que você se sinta realmente dentro desse mundo sobrenatural (ao menos eu demorei um pouco a engajar). Acho que foi a partir do 4º episódio, mas depois embalei. Vou compartilhar minhas impressões sobre Hotel Del Luna e já adianto que vai ter spoiler. Vem comigo?

Ficha técnica

Drama coreano Hotel del Luna (tvN)

Drama: Hotel Del Luna (호텔 델루나)
Gênero: fantasia, drama, rom-com (comédia romântica)
Exibição: 13 de julho de 2019 – 01 de setembro de 2019 (tvN)
Número de Episódios: 16
Direção: Oh Choong-Hwan
Roteiro: Hong Jung-Eun e Hong Mi-Ran (aka the Hong Sisters)
Elenco principal: Lee Ji-Eun “IU” (Jang Man-Wol), Yeo Jin-Goo (Goo Chan-Sung), Bae Hae-Sun (Choi Seo-Hee), Shin Jung-Keun (Kim Sun-Bi), P.O (Ji Hyun-Joong) e a lista completa

Resumo

Em Seul, o universo mágico de Hotel Del Luna ganha vida sob o comando Jang Man-Wol (IU). Por acontecimentos do passado, sua alma está presa há mais de 1.000 anos a um tipo de hospedagem bem peculiar, diferente de qualquer outra. O lugar recebe espíritos e os prepara para a vida após a morte. Sua verdadeira forma só é revelada durante a noite, enquanto os humanos só podem vê-lo em época de eclipse lunar. As coisas começam a mudar com a chegada do novo gerente humano Goo Chan-Sung (Yeo Jin-Goo).

Destaques de Hotel Del Luna

Drama coreano Hotel del Luna (tvN)

Hora de começar os spoilers! Uma das coisas que mais me chamou a atenção em Hotel del Luna foi o conceito mais denso — um hotel para os mortos — com astral positivo e leve na forma como a narrativa foi conduzida. A cada episódio, conhecemos a histórias de fantasmas que fazem o check-in na hospedagem, uns com pendências a serem resolvidas (e recebem a ajuda da Man-Wol e Chan-Sung para seguir em frente) e outros prontos para a vida pós-morte.

Desde o senhor com o seu inseparável cachorro — em vida e na morte — até a noiva em busca de um noivo para completar o casamento e ainda a moça cega que é atropelada e não recebe socorro, são várias situações. E todas servem para conduzir o plot principal, influenciando na evolução da Man-Wol e na integração do Chan-Sung ao novo mundo que ele passa a conhecer através da habilidade de ver os mortos.

Por trás dos efeitos especiais e dos recursos de CGI, sem contar a escolha do elenco — especialmente a IU (que tem uma fã aqui!), seu guarda-roupa incrível e as participações especiais — a trama retrata as emoções humanas e as lições que podemos aprender com as experiências do nosso dia a dia.

Um dos pontos altos, para mim, além do conceito, veio com as inserções de cenas do passado da Man-Wol, revelados pouco a pouco. Aliás, a curiosidade de saber mais sobre a vida da protagonista e os motivos que a levaram ao forte elo com o Hotel del Luna foi o que me fez assistir o k-drama do início ao fim. Sem contar a participação da IU (motivo para colocar o dorama na minha lista antes de tudo).

Diferente de Crash Landing on You, não posso dizer que Hotel del Luna é um dos meus dramas coreanos preferidos. Ao longo do review, você vai entender os motivos. O que posso adiantar é que a ideia é boa, mas talvez tenha falhado em sua execução. Fica como recomendação para quem, assim como eu, admira a IU e quer fugir um pouco dos rom-coms tradicionais ou aproveitar uma trama com mistura de terror, suspense, pitadas de humor e um pouquinho de romance em cada episódio. Vamos aos destaques mais detalhados!

1. Narrativa que faz refletir

“It needs more courage to let go than to hold on.”

Eu não me lembro bem em que momento ouvi essa frase, mas acho que ela define bem o mood de Hotel del Luna. E, certamente, é uma das maiores lições que podemos tirar do drama coreano. A narrativa nos faz refletir sobre o sentimento de “deixar ir”, desapegar e seguir em frente, sejam quais forem as circunstâncias. Também mostra o perdão como uma forma de transcender e superar o rancor sobre alguma situação do passado.

Entre uma lição e outra, vemos ainda uma alusão a um dos mitos orientais que trata da ligação das pessoas pelos laços da vida e da morte. A cena é representada na história da noiva. Ao morrer, ela ainda está ligada ao seu noivo em vida. Conforme as coisas vão acontecendo e com um empurrãozinho de Jang Man-Wol e Goo Chan-Sung, ela, enfim, resolve seguir em frente e corta os laços que a mantinham ligada ao seu noivo.

Outro um tema recorrente no dorama trata de vidas passadas e reencarnação. Quanto mais desvendamos o passado da Man-Wol, mais conhecemos sobre os personagens que fizeram parte do seu círculo e agora vivem outras vidas. Considerado como um irmão para a protagonista e na pele de um ladrão de sua gangue, Yeon-Woo (Lee Tae-Sun) vive um detetive no presente, que se envolve com Lee Mi-Ra (Park Yoo-Na). No passado, ela sentencia Yeon-Woo à morte, mas no presente é a sua namorada.

Emoções e motivações

Vale destacar que Hotel del Luna é muito mais do que um dorama que explora o gênero da fantasia. Prova disso vem das lições que conseguimos tirar. No fundo, todos os personagens representam pessoas comuns, como eu e você, tentando entender o sentido de suas vidas. Amor, coragem, raiva, tristeza, senso de justiça, conseguimos nos identificar facilmente com qualquer um desses sentimentos.

No meio de tantos elementos sobrenaturais, as emoções humanas tomam conta. No desenrolar da história, entendemos as motivações por trás das atitudes de Man-Wol e sua obsessão por bens materiais. Seu passado reflete as suas ações no presente. Assim como a CEO do Hotel del Luna, o trio de fantasmas que trabalham com ela também tem as suas razões para permanecer no mundo dos vivos.

Por maior que seja o sentimento de rancor, o drama coreano mostra que a vingança só leva a coisas ruins e que o perdão é o melhor caminho para seguir em frente. Isso vale tanto para os humanos como para os espíritos. Ao preencher o coração com amor e esperança, um novo mundo começa a desabrochar, o que é bem representado pela árvore da lua.

Sozinha e com todo o ressentimento guardado, a árvore que mantém a Man-Wol presa ao carma do hotel, sem poder avançar, está sempre seca. Sem folhas ou flores. Já quando o amor por Goo Chan-Sung começar a despertar e seu coração passa a se abrir mais, folhas e flores transformam o visual da árvore e libertam a protagonista para seguir em frente.

Toque cômico

“I’m so sorry but it’s fake love, fake love, fake love…”

Além de temas densos, Hotel del Luna também traz uma parte cômica e eu devo dizer que uma das que mais me marcou foi a cena com Fake Love. Uma das hóspedes do hotel — uma Army — utiliza o serviço chamado “dream phone” que permite a ela entrar em contato com o BTS no mundo real por meio dos sonhos. Ela canta e dança um trecho da música, enquanto agradece ao grupo pelo conforto que encontrou nas canções.

Sem contar a própria narrativa que conduz toda a trama. Já imaginou um hotel para fantasmas? Bem inusitado, né? Por mais que o tema seja denso por tratar da morte, a forma como a narrativa foi desenvolvida deu um tom mais leve e até divertido em alguns momentos. As histórias paralelas dos hóspedes fantasmas também acrescentou um toque de humanidade, trazendo um balanço para a narrativa.

Participações especiais

Hotel del Luna contou com uma série de participações especiais. Entre as mais marcantes, para mim, Lee Joon-Gi, Sulli e Kim Soo-Hyun merecem um destaque à parte aqui. Lee Joon-Gi contracenou com a IU em Moon Lovers: Scarlet Heart Ryeo (meu mais provável próximo review) em 2016 e entrou em cena como um exorcista, candidato à posição de gerente do hotel. A aparição foi curta, mas eu gostei bastante.

A cantora Sulli, uma das integrantes do grupo f(x) formado em 2009 e também um dos meus preferidos na época, também deu as caras. Ela e a IU costumavam ser amigas muito próximas. Na pele da neta do presidente Wang (Nam Kyung-Eup), ela tem um encontro com Goo Chan-Sung, deixando a Man-Wol cheia de ciúmes.

Drama coreano Hotel del Luna (tvN)

Por fim, Kim Soo-Hyun surge na cena final como o novo CEO do agora Hotel Blue Moon. Isso deixou todo mundo na expectativa por uma segunda temporada, trazendo o personagem como novo protagonista, embora não seja muito comum entre os dramas coreanos. Será?

2. Estética marcante e trilha sonora cativante

 

Drama coreano Hotel del Luna (tvN)

Vamos começar pela parte estética! Nos cenários, nas roupas e na maquiagem, Hotel del Luna explorou bastante cores vibrantes para compor as cenas em paralelo com os efeitos do CGI. Curiosa, fui atrás de algumas locações que ganharam vida no dorama. O café chamado Hotel Seine em Ikseon-dong (Seul) ajudou a dar o toque vintage do escritório da Man-Wol. Outro lugar também utilizado para as cenas do hotel, mas do lado de fora, foi o Mokpo Modern History Museum, considerado um dos prédios mais antigos da cidade de Mokpo.

Não sei você, mas a casa do Sanchez (Cho Hyun-Chul) chamou muito a minha atenção. Eu moraria em um lugar como aquele se eu pudesse. Na vida real, o lugar abriga uma galeria particular que ainda preserva o estilo Hanok — casas tradicionais coreanas.

Por falar em locais históricos, quero compartilhar mais duas locações. Uma delas é a árvore Zelvoka, bem popular entre os turistas para fotos. Ela aparece rapidamente nos sonhos de Goo Chan-Sung durante um encontro do passado entre Jang Man-Wol, Ko Choeng-Myung (Lee Do-Hyun) e Yeon-Woo. Eu também não poderia deixar de citar a memorável ponte — conhecida como Bukhangang Railroad Bridge — que marca a passagem dos espíritos para a vida pós-morte.

A trilha sonora também não fica para trás, com 13 músicas e versões instrumentais para embalar a trama. Ao pesquisar os nomes para compartilhar aqui, eu descobri uma canção que não conhecia até então. Chamada “Happy Ending”, parece que ela não teve lançamento oficial e é de ninguém mais, ninguém menos do que a própria IU. Não consegui encontrar, mas vou deixar uma das playlists do Spotify com o restante do soundtrack, se você quiser ouvir também.

3. IU + Yeo Jin-Goo

IU como Jang Man-Wol

Drama coreano Hotel del Luna (tvN)

“I’m a little sad because the ocean looks more beautiful now…that it did earlier.”

Chegou a hora de começar a falar mais sobre os personagens. O que me levou a assistir Dream High, Hotel del Luna e Moon Lovers: Scarlet Heart Ryeo foi a participação da IU. Mesmo sendo fã da cantora há bastante tempo, não tem como negar que ela interpretou o seu papel com maestria. A IU atraiu todos os holofotes da série desde o primeiro episódio, não apenas pelas roupas exuberantes ou os carros pomposos da sua coleção, mas também pela personalidade que ela deu à Man-Wol.

Com uma atuação sólida e versátil, ela se mostrou forte e vulnerável, séria (nos momentos de vingança) e brincalhona (ao lado de Goo Chan-Sung), vingativa e dócil, conduzindo a sua evolução ao longo do dorama. CEO do Hotel del Luna, Man-Wol se vê forçada a ficar à frente do hotel por mais de 1 mil anos. Com uma personalidade fria e até meio sarcástica no início, dinheiro e bens materiais são o que mais importam para ela. Por trás de tudo isso, podemos dizer que a protagonista é uma mulher que se sente traída por seu passado e quer encontrar — mesmo que inconscientemente — uma forma de seguir em frente.

Yeo Jin-Goo como Goo Chan-Sung

Drama coreano Hotel del Luna (tvN)

“I’m sure you have things you miss in the old times… that you can’t go back to.”

Ao contrário da IU, a atuação do Yeo Jin-Goo como Goo Chan-Sung me deixou um pouco frustrada. Que ele emana carisma e teve química com a protagonista de Hotel del Luna, não resta dúvidas. No entanto, eu achei o seu papel meio superficial, sabe? É como se ele estivesse apenas seguindo o roteiro, sem se entregar ou se envolver por inteiro, sem a mesma autenticidade ou naturalidade que percebi na atuação da IU. Não sei se foi uma impressão minha, mas foi o que eu senti ao longo da série e especialmente no final.

Goo Chan-Sung foi “prometido” por seu pai a assumir o cargo de gerente do Hotel del Luna 20 anos depois da Man-Wol salvar a sua vida. No início, ele se assusta facilmente, ainda mais depois de ganhar a habilidade de ver os mortos. Cheguei a pensar que a interação do personagem iria deslanchar, assim como a IU e o trio do hotel, mas me pareceu que a evolução dele não foi orgânica, nem conseguiu entregar a intensidade que o dorama pedia. Senti falta de mais emoção em algumas cenas, que deveriam ser românticas, especialmente a final.

Jang Man-Wol e Goo Chan-Sung

“The view is much better now that I have company.”

A química entre os atores em Hotel del Luna divide opiniões. Embora eu não tenha sentido um ar de romance real no dorama, eu acredito que o casal tinha tudo para dar certo não fosse pela falta de autenticidade de um dos lados. É uma pena, porque eu gostei muito do Goo Chan-Sung. Só não me convenceu como par romântico.

Posso dizer que uma das cenas (episódio 11) que mais me chamou a atenção pela naturalidade que passou foi aquela em que os dois estão em um restaurante e começam a rir enquanto conversam. Eu até acredito que a interação foi tão real, que nem precisou seguir um roteiro, e o próprio diretor decidiu mantê-la. Outro momento que gostei muito foi quando o Goo Chan-Sung deixou a timidez de lado para conseguir um autógrafo do comediante Kim Joon-Hyun, sabendo o quanto deixaria a Man-Wol feliz.

Em momentos que deveriam ser românticos, como na cena em que ele diz que não vai sair do lado dela, quando se declara para a protagonista ou desenha a lua em sua mão para mostrar que pertence a ela e, principalmente, na despedida final. Em um ambiente carregado de emoção, os dois prestes a se separarem para sempre, a Man-Wol declarando o seu amor por Goo Chan-Sung e dizendo que carregaria as memórias com ele até os seus últimos passos na ponte, não houve uma reação com o mesmo apelo que o momento pedia, sabe? Sem lágrimas, sem reciprocidade, sem qualquer tipo de emoção. Foi frustrante!

Se fosse eu a escrever o script, teria mantido a relação entre Jang Man-Wol e Goo Chan-Sung no nível de amizade, em que ele cumpriria um importante papel na evolução dela. Nada mais! Sem contar que temos toda a história do passado com o Ko Choeng-Myung, que vou falar mais à frente. Não estou dizendo que o Yeo Jin-Goo não é um bom ator, só não foi convincente como par romântico da IU em Hotel del Luna. Não sei se por falta de experiência nesse tipo de papel ou se a direção deixou a desejar de alguma forma.

4. Trio de Hotel del Luna + Kim Yoo-Na + Sanchez

Chega de falar sobre os protagonistas, né? Quero destacar o trio de fantasmas — Choi Seo-Hee (Bae Hae-Sun), Kim Sun-Bi (Shin Jung-Keun) e Ji Hyun-Joong (P.O do grupo de K-pop Block B) — que atuaram ao lado da Man-Wol em Hotel del Luna e o amigo fiel Sanchez. Tem ainda a Kim Yoo-Na (Kang Mi-Na do grupo de K-pop Gugudan depois de sair do I.O.I.), que acaba se tornando estagiária no hotel e par romântico do Ji Hyun-Joong, e o simpático No Joon-Seok (Jeong Dong-Hwan), o gerente antes de Goo Chan-Sung. Cada um deles trouxe um quê a mais que deixou a série ainda mais interessante.

Mesmo sendo fantasmas, os personagens ganharam consistência ao lado de Man-Wo. Ao invés de ser um elemento secundário ou de pano de fundo no roteiro, o trio conquista o protagonismo, conforme conhecemos o passado e as histórias de cada um. Eles também mostram um lado humano de carinho, lealdade e preocupação no decorrer do dorama:

  • Choi Seo-Hee: tomada pelo rancor, ela aguarda a morte do último descendente homem da família que causou a morte da sua filha;
  • Kim Sun-Bi: com o sentimento de frustração, o bartender do hotel tem o desejo de limpar o seu nome como estudioso;
  • Ji Hyun-Joong: com uma personalidade meiga e carinhosa, ele espera pacientemente pela irmã, para irem juntos ao outro lado;
  • Kim Yoo-Na: em um corpo que não é o seu original e cheia de energia, ela divide cenas engraçadas e fofinhas com Ji Hyun-Joong;
  • No Joon-Seok: gerente do hotel no início, ele passou praticamente a vida todo a serviço da Man-Wo e tem grande carinho por ela.

Também podemos acompanhar a evolução dos três até o final. O que começa como rancor e desejo de vingança, transforma-se em um fechamento bem executado no episódio final, abrindo caminho para que os três sigam adiante e libertem seus espíritos.

Cho Hyun-Chul como Sanchez

Drama coreano Hotel del Luna (tvN)

Com um charme natural e uma personalidade que atrai o interesse dos espectadores, Sanchez convence no papel de melhor amigo do Goo Chan-Sung. Eu acho que a sua participação tinha muito potencial a ser explorado em HDL, mas, por algum motivo, acabou sendo colocada como segundo plano. Além disso, a cena em que ele recebe a notícia sobre a morte da sua namorada quando estava prestes a pedi-la em casamento é de cortar o coração. Por que não deixaram que ele fosse feliz? O personagem merecia um carinho!

5. Os vários “egos” de Mago + Grim Reaper

Uma das personagens mais divertidas e misteriosas de Hotel del Luna, Mago (Seo Yi-Sook) surpreende de uma forma positiva e, às vezes, faz a gente meio que torcer contra também. Ela assume diversos “egos” no papel de irmãs que, na verdade, são parte dela. Em alguns momentos, cada uma parece ter uma personalidade própria, enquanto em outros, temos a impressão de que todas são a mesma pessoa ou uma entidade superior.

Além dela, temos o personagem do Grim Reaper ou Ceifador (Kang Hong-Suk). Embora ele não tenha tanto destaque em Hotel del Luna, gostei da sua participação. Acho até que poderia ter sido um pouco mais explorada, como vemos acontecer com os hóspedes e outros personagens no decorrer do drama coreano.

6. Presente e as conexões com o passado

http://asianwiki.com/Kang_Hong-Suk

As inserções do passado são um dos pontos mais altos de Hotel del Luna. Para mostrar as motivações por trás das ações de Man-Wol e interligar os acontecimentos do presente, nós temos a chance de saber o que aconteceu com ela 1 mil anos atrás. Além da participação da IU, estes momentos de flashbacks históricos me prenderam na série do início ao fim. Gosto demais de aprender sobre épocas antigas na Coreia do Sul e no Japão.

Por isso, a cada episódio, a curiosidade só aumentava para descobrir como a protagonista foi parar no hotel e como os personagens do passado voltariam no presente. Eu sinto apenas por não ter tido mais interações, principalmente do relacionamento entre a Man-Wol e o Choeng-Myung. Além da química dos dois, o fluxo foi bem mais natural. Mesmo que a aproximação deles não tenha levado a um romance (pelo desenrolar das coisas,) a troca de olhares, os gestos, as palavras, cada detalhe mostrou a evolução dos sentimentos — de desconhecidos a apaixonados.

Lee Do-Hyun como Ko Choeng-Myung

Drama coreano Hotel del Luna (tvN)

No passado, Choeng-Myung é um dos guardas da família real e se apaixona por Man-Wol ao tentar capturá-la depois de uma emboscada. Ele é gentil e carrega um ar de inocência que, aos poucos, transforma-se em carinho, amor e cumplicidade. Em cada encontro, Choeng-Myung é aberto sobre os seus sentimentos e tem falas que fariam muitos corações dispararem. Ele também deixou a emoção rolar no triste reencontro com a protagonista antes de seu casamento e 1 mil anos depois. No presente, ele é o primeiro hóspede do Hotel del Luna e sempre esteve observando o seu amor de longe, mantendo a promessa que fez durante a sua morte.

Lee Tae-Sun como Yeon-Woo/Young-Soo

Drama coreano Hotel del Luna (tvN)

No passado, Yeon-Woo é como um irmão para a Man-Wol e morre após fazer um pacto com Choeng-Myung (sem que a protagonista soubesse) para salvá-la. Embora seu papel tenha pouco destaque, o que eu acho que também poderia ter recebido mais atenção, seu personagem é cativante. No presente, ele é Young-Soo, um detetive que acaba se apaixonando por Lee Mi-Ra — a responsável por sua morte no passado. Em uma das cenas do episódio 10, ele vê a Man-Wol de longe e parece sentir, de forma inconsciente, alguma conexão inexplicável. Por que será? Nós sabemos!

Jang Man-Wol e Ko Choeng-Myung

Drama coreano Hotel del Luna (tvN)

“Every sight you see with me will look different. From now on, drinking alone here won’t make you happy. Mark my words. You’ll be waiting for me to suddenly show up like today.”

O que dizer de Jang Man-Wol e Ko Choeng-Myung? Posso dizer que torci para eles? Afinal, os dois tiveram uma história que foi interrompida por uma fatalidade do destino. Bem que Hotel del Luna poderia ter dado uma segunda chance. Os flashbacks e todas as interações me conquistaram, ou melhor, passam muito mais naturalidade e romantismo do que as cenas do casal que deveria ser o oficial.

Tem uma cena em que o Goo Chan-Sung se perde à procura de uma criança no túnel que leva à ponte. Ele consegue voltar graças ao Choeng-Myung. Ao chegar na saída, a Man-Wol vai ao seu encontro desesperada até perceber algo errado. Recriaram a cena em que o primeiro amor da protagonista a abraça, colocando uma das mãos em sua cabeça, mas eu acho que faltou deixar que a gente visse (mesmo que por um segundo) o Choeng-Myung abraçando a Man-Wol antes dela notar que não era o Goo Chan-Sung.

Mesmo que eles não tenham começado um relacionamento (pelo curso inesperado das coisas), é visível o quanto um pensa e se preocupa com o outro. É intrigante pensar que a reviravolta provavelmente aconteceu por uma simples decisão: quando a Man-Wol resolve ver o Choeng-Myung uma última vez antes de ir embora. E para mantê-la viva, ele assume o papel de traidor e toda a história segue o caminho mais trágico possível.

Este parece ser um caminho sem volta, já que 1 mil anos depois, quando Choeng-Myung deixa a forma de vagalume para aparecer como humano diante da Man-Wol e pergunta: “This is the end for us, isn’t it?” — com os olhos cheios de amor, arrependimento e anseio. E então ela o acompanha até a ponte para enviá-lo à vida pós-morte. Em uma última tentativa, mesmo já sabendo o que esperar, ele estende a mão como um convite para ficarem juntos. Bem que ela podia ter aceitado! Não seria um final mais poético e realista a um amor de 1 mil anos?

7. Final de Hotel Del Luna

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“Feeling sad and disappointed is only natural when witnessing disappearances. When a flower withers away, just like it dreams of new blossom, you’ll live, meet, and love again.”

Apesar de não ter sido como eu imaginava, Hotel del Luna teve um final até que satisfatório, mas bem triste. Todos os sentimentos de rancor e vingança do trio que servia o hotel foram resolvidos no último episódio. Ou seja, foram despedidas atrás de lágrimas e resoluções de vida. Kim Sun-Bi consegue, enfim, limpar o seu nome com a ajuda da protagonista e de um ghost writer (literalmente). Hyun-Joong se reencontra com a irmã e, juntos, entram na limusine para a outra vida, deixando a Yoo-Na para trás em uma separação de cortar o coração. Choi Seo-Hee é a última a embarcar depois de ter uma conversa franca com a mãe de um bebê, que nasceria de uma das famílias que ela tanto amaldiçoava.

Está quase chegando a hora da Man-Wol, a última hóspede a ser enviada por Goo Chan-Sung para fechar o ciclo. Os dois compartilham do mesmo sonho, em que descobrimos que quando criança — em outra vida — ele a encontra após a morte de sua família e a ampara com palavras de conforto. Isso explicaria o porquê dele ser o escolhido para ajudar a protagonista em sua evolução. De qualquer forma, a cena não me convenceu muito, pelo menos em sua execução. O conceito é bom.

Chegou o momento da despedida final! De um lado, vemos a Man-Wol super emotiva e com a promessa de um reencontro em suas próximas vidas. Do outro, o Goo Chan-Sung quase que sem expressão e sem palavras para alguém que está prestes a se separar de uma pessoa tão importante. Algumas palavras de conforto cairiam bem.

Custava dizer o quanto ela era especial para ele, que os dois iriam se reencontrar, que tudo ficaria bem, que ela não precisava chorar. Tanta coisa que poderia ser dita, mas veio o silêncio em troca. Ele até chora depois, mas será que é o suficiente? Não me soou tão natural, ainda mais se compararmos com a despedida emocionante do Hyun-Joong e da Yoo-Na.

Drama coreano Hotel del Luna (tvN)

A mensagem final parece indicar — de uma forma pouco convencional e meio estranha — um reencontro entre Jang Man-Wol e Goo Chan-Sung em algum momento, em algum lugar e de alguma forma. Na mesma cena, vemos os outros personagens principais livres, leves e felizes. Para encerrar, o novo CEO aparece na área com Kim Soo Hyun se preparando para abrir o Hotel Blue Moon.

Por falar em mensagens, além das lições que eu compartilhei aqui, uma das mais legais foi mostrar a chance dada a quem morre de realizar coisas que não foi capaz de fazer enquanto vivia. Seguir em frente não é uma tarefa fácil, nem para quem fica, nem para que vai, mas a ideia de poder dar um passo adiante sem arrependimentos aquece o coração, não é? Esta talvez seja uma das maiores preocupações. Amor, amizades, a forma como vivemos e nos relacionamos com outras pessoas, tudo pode impactar em nossas vidas.

Se quiser outra recomendação de drama coreano ou anime, dá uma olhada nos outros reviews e depois me conta o que achou!

 

4 comentários em “Review: Hotel Del Luna é uma lição sobre perdoar, amar e seguir em frente

  1. Natalia,
    gostei muito da sua análise, faz jus ao seriado. Você destacou o que é importante.
    Eu gostei muito desse kdrama, foi be feito, bons personagens, boa condução. O recurso de manter a as 2 linhas do tempo, passado e presente, em paralelo traz a cada capítulo um novo contexto e mantêm a atenção para a trama. Ele é tudo menos óbvio ou melhor consegue lidar bem com o óbvio do fina no qual Man Wol iria embora. A gente sabia disso e eles fugiram o clichê.
    Eu gostei muito assim como todos os personagens eram muito interessantes. Poderia ter durado mais uns 6 episódios.
    Sobre o final, parabéns por sua observação para a reação do chang sun. Ele foi muito robô o tempo todo, sobrava expressão em IU e faltava a ele.
    aquela cena foi uma decepção em relação ao que ele poderia ter dito e tornado aquela separação mais dramática, como foi de fato.
    O final, muito complicado, foge ao padrão de kdrama que explicar bem. As autoras acharam óbvio que eles teriam que se separar, mas, eu não. Lidando com o supernatural tudo poderia ter ocorrido. Ok, poderia ter encerrado com aquele fim besta, mas aquela cena de pós crédito?? o que foi aquilo. Não foi a toa que elas tiveram que se explicar.
    Infelizmente não vai continuar, uma pena, seja pelos 2 personagens como pelo hotel.

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    1. Oi, Marcos!

      Hotel Del Luna é um k-drama único. Não é à toa que, assim como nós, muitas pessoas gostaram e sempre falam da série, né? Pois é, o final poderia ter sido um pouco melhor trabalhado. Realmente, tudo poderia ter acontecido, com uma despedida mais envolvente e, quem sabe, um final surpreendente.

      Obrigada pelos elogios. Fico feliz que tenha gostado do review. 🙂

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  2. Natalia

    Sua resenha é excelente, bom trabalho.
    Eu tenho apenas a adicionar que a história não tem nada de amar, perdoar e seguir em frente. Na verdade todos dos fantasmas aos personagens, somente seguiram em frente após resolverem suas mágoas passadas, ao estilo de Mystic Popup bar.
    O que ocorre é que as mágoas foram objetos de esclarecimentos ou finalizações, ninguém, de fato, deixou nada para trás sem ser resolvido. Claro que em alguns casos eles superaram seus piores sentimentos, mas foi um troco pelo caso principal ter sido resolvido.
    No caso de Man Wol coube a ela sofrer 2 vezes e de fato ter sido o amor, na maior parte responsável por sua liberdade, visto que além do seu amor, houve esclarecimentos e também um enorme esforço de Chan Sung para evitar o seu pior lado.
    Chang Sung foi o sacrificado pelas divindades. Ele entrou na vida de Man Wol para ser sacrificado, porque ele não tinha nenhuma mágoa no passado, mas, para libertar Man Wol ele envolveu sua vida atual em uma profunda mágoa por uma amor que jamais se realizará nesta vida.
    O que serão os dias de Chan Sung até morrer? Poderá seguir em frente ou a lembrança do amor a Man Wol vai se manter em seu coração?
    Chang Sun foi assim usado pelas divindades sem nenhum prêmio.
    Divindades? Pois é

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  3. Bom, terminei hoje esse dorama magnífico. A história me conquistou muito. Amei tudo, principalmente a IU, é incrível como ela conseguiu passar todos os sentimentos da personagem. E a trilha sonora? Meu Deus, tô muito viciada. Esse dorama ensina muito, é realmente bom refletir. Eu concordo na parte da atuação do Chan-Sung. Eu gosto muito do personagem, e também da personalidade e o jeito dele. Mas fique um pouco decepcionada no final,deveria ter mais emoção da parte dele, até pq era a despedida entre ele e a Man-Wol. Mas enfim, eu amei do ínicio ao fim, apesar de ter sido um pouco confuso. Aprendi muitas coisas e refleti muito. Pude chorar e rir ao mesmo tempo. Nota 10000

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