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Review: Fate Extra Last/Encore é diferente de tudo que você já viu

Se a dinâmica em Fate/Apocrypha já era diferente de seus antecessores, em Fate Extra Last/Encore, animação mais recente com base no jogo que leva o mesmo nome, veio para mostrar que o universo de Fate pode ser ainda mais excêntrico do que se imagina. Não apenas a premissa mudou, mas também os takes da câmera, a forma de narrar os acontecimentos e até os próprios personagens.

Fate Extra Last Encore_Logo (Reprodução)

Fate Extra Last/Encore foi ao ar em janeiro deste ano, mas só entrou no catálogo da Netflix no final de junho e não levei nem uma semana para eu terminar todos os episódios. Nossa! Foi tão bom assim? Na verdade, vi tudo de uma vez para poder comparar com os outros animes inspirados no universo de Fate e compartilhar minhas impressões aqui com vocês. Antes se seguir adiante, é hora de analisar a ficha técnica.

Do universo dos magos à realidade virtual

Anime Fate Extra Last Encore_Saber e Kishinami 03 (Type-Moon Wikia Reprodução)

Gênero: Ação, Drama, Sobrenatural
Estúdio: Shaft
Baseado em: Fate/Extra (jogo de PSP)
Número de Episódios: 10 (por enquanto)
Estreia: 2018

O protagonista da vez é Hakuno Kishinami, um colegial que acorda em uma escola Tsukumihara Academy, mundo fictício criado dentro de um ambiente online chamado Moon Cell. Ao que tudo indica, o enredo segue 999 anos depois dos acontecimentos no jogo. O ano é 3020. Lá ele descobre que, na verdade, está preso em uma realidade virtual, sem memórias e com alguns segredos, até mesmo sobre sua criação, que vão sendo revelados ao longo da narrativa.

Seu servo é ninguém menos do que Saber (Nero), a mesma que vimos em Fate/Stay Night e Fate/Zero. Bom, quase a mesma. A aparência é muito similar, mas a dublagem em japonês, o jeito de falar e seu comportamento refletem uma personagem totalmente nova.

E ela não é o único rosto conhecido por aí. Tohsaka Rin também ingressa nesse mundo virtual, mas com uma essência modificada, assim como Saber. Acho até que ela se assemelha um pouco mais à personagem da obra original, só que não totalmente a sua imagem e semelhança.

Você ainda vai ver outros rostos familiares, como Matou Shinji, Sakura e o padre Kotomine Kirei (a participação mais rápida na série). Tenho a impressão de ter visto o Archer também, aquele da versão de Fate/Stay Night logo no início do anime. Uma breve passagem.

Anime Fate Extra Last Encore_Saber e Kishinami (Reprodução)

Aliás, Fate/Extra Last Encore é o spin-off mais incomum de todos. A única semelhança, ou melhor, o único elo que une Last Encore aos outros Fates é a Guerra pelo Santo Graal. Só que aqui ela deixou de acontecer por algum motivo, mas Hakuno e Saber lutam para reativá-la.

Saber surge em meio a uma sequência de batalhas entre 128 participantes. O objetivo é eliminar todos, amigos ou não, para ser reconhecido como mestre. O vencedor é o 129º mestre e é transportado para um lugar formado por sete estratos.

Rumo ao topo dos estratos pelo Santo Graal

Tudo começa no estrato mais baixo, o primeiro. Todos os níveis são habitados por NPCs. Cada um conta com um mestre (chamado de performer) e um servo. A única forma de subir e passar para o próximo nível é vencendo. Ao ganhar a luta, uma escada celestial desce para levar os vencedores até o próximo estrato. O sistema que replica a Guerra do Santo Graal de Fuyuki é chamado de SE.RA.PH (Serial Phantasm). E a partir dele servos e mestres são convocados.

1º Estrato
Mestre: Matou Shinji
Servo: Rider (Francis Drake)

2º Estrato
Mestre: Dan Blackmore
Servo: Archer (Robin Hood)

3º Estrato
Mestre: Alice
Servo: Caster (Cantiga de Roda)
Obs.: alusão ao universo de Alice no País das Maravilhas. Diferente dos outros mestres, Alice não representa um espírito heroico e seu servo é feito a partir de seus sentimentos.

4º e 5º Estratos
Mestre: Julius Harwey (ele tem muitas semelhanças com o Hakuno, depois de assistir vocês vão descobrir)
Servo: Berserker (Li Shuwen)
Obs.: no game Fate/Extra, este servo é da classe Assassin. E eu coloquei o 4º e o 5º estratos juntos, mas aparentemente o 4º ficou para trás.

Anime Fate Extra Last Encore_Rani e Rin (Type-Moon Wikia Reprodução)

6º Estrato
Mestre: Rin e Rani
Servo: sem servos
Obs.: as duas acompanham Saber e Hakuno durante a ascensão pelos estratos. Mais tarde, a série mostra que as duas eram mestres do 6º estrato e que a luta entre elas foi dada como empate pelo sistema.

7º Estrato
Mestre: desconhecido
Servo: desconhecido
Obs.: o anime terminou antes de nos revelar mais detalhes deste andar.

Diferente de Fate/Apocrypha que traz as lutas como foco principal da trama, em Fate/Extra Last Encore acontece exatamente o contrário. As batalhas não duram nem 5 minutos na sua tela, então não se empolgue com isso.

A Guerra pelo Santo Graal acaba se tornando pano de fundo. O core do enredo é mostrar a jornada do protagonista, que luta contra uma forte crise de identidade enquanto tenta encontrar a si mesmo e seu propósito.

Ao todo, são apenas 10 episódios. Cada 2 ou 3 dedicados a um estrato, alguns com mais detalhes e outros mais apagados. Li que há a possibilidade de uma continuação com três episódios adicionais, até porque no último episódio Saber e Hakuno ainda não chegaram ao último estrato e não vimos um final para o anime.

Achei interessante explorar a temática da realidade virtual. É um tema bem em alta ultimamente, inclusive um dos animes que mais gosto fala sobre isso: Sword Art Online (SAO). Ah! Isso me lembrou que não fiz resenha ainda. 🙂

Voltando ao universo de Last Encore, a narrativa é um pouco confusa. E os movimentos da câmera me deixaram um pouco tonta. Não é muito o estilo que gosto de acompanhar, não me entendam mal. Outro ponto que achei ter passado um pouco dos limites (mas novamente pelo estilo de anime que eu gosto, é algo pessoal) foi o ‘fan service’.

Anime Fate Extra Last Encore 04 (Reprodução)

A trilha sonora conta com uma música de abertura e uma de encerramento. O tema que abre o anime é “Bright Burning Shout”, embalado pelo cantor Takanori Nishikawa, também conhecido como T.M. Revolution. Aliás, é dele a voz de um dos encerramentos de Rurouni Kenshin (um dos meus animes preferidos): Heart of Sword. A abertura me lembrou muito os sons de bandas que tocam em eventos de anime e cultura japonesa. Deu sentimento de nostalgia, então gostei do que ouvi. Tem uma pegada meio rock.

O fechamento é da jovem cantora japonesa Sayuri com “Tsuki to Hanataba” (“Moon and Bouquet”). Sua voz é super suave e seu estilo (voz e violão, com notas musicais que vão ganhando força ao longo da música) me lembra muito a Yui, que protagonizou uma das versões do dorama ‘Taiyo no Uta’.

Anime Fate Extra Last Encore_Saber 05 (Reprodução)

Em termos de animação, vi tudo que tinha para ver de Fate. Last Encore, na minha opinião, é o mais diferente de todos. Para começar, foge das explicações clássicas sobre a Guerra do Santo Graal, sempre presentes nas introduções dos outros Fates. Os confrontos, por si só, exploram uma guerra muito mais cibernética do que mágica, como seus antecessores.

As regras aqui também não se aplicam. É cada um por si, mas os servos não existem na primeira eliminatória para definir o mestre. O sistema é formado por estratos e nem todos desejam a guerra. Sem contar outros temas mais profundos, como a venda de servos em troca de uma vida mais confortável, a própria morte. E por aí vai…

Isso não é necessariamente algo ruim, mas não faz muito o meu estilo. E não é só pelo enredo. A movimentação da câmera e o ‘fan service’ excessivo colocaram Last Encore em outro patamar. Nem vou me aprofundar tanto nesse universo (vou deixar aqui o link de um review que achei bem interessante e complementar), porque, além de não ser o meu preferido das séries Fate, achei um pouco confuso para me aventurar, sem contar que ainda não vi os especiais, nem joguei Fate/Extra.

A pergunta que fica é: o universo de Last Encore é uma distopia digital? Uma referência ao que vimos em Sword Art Online, em que as pessoas ficam presas em um mundo virtual ou até mesmo o que é mostrado em Matrix, com uma realidade simulada e controlada por um sistema.

Indo um pouco mais longe, eu me lembrei até da série Westworld, que também explora o tema de consciências armazenadas em um sistema virtual e o ciclo de repetições (criação e destruição). Em uma das falas da luta entre Hakuno e Julius faz uma alusão ao loop temporal que o protagonista parece passar, algo como: “você não aprende e insiste em voltar”. Não é bem esse o diálogo, apenas a ideia.

Pode até ser confuso, mas o enredo, certamente, faz você questionar algumas coisas. E embora não seja o meu preferido, deixo aqui a recomendação para todos que gostam de Fate. 🙂

4 comentários em “Review: Fate Extra Last/Encore é diferente de tudo que você já viu

  1. Obrigado pela citação!

    Preciso terminar de assistir ainda (fiquei puto que deixaram míseros dois episódios pra depois), daí vou reler seu artigo com calma, e quem sabe escrever minha própria resenha =)

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  2. Parabéns pela página. Estou vendo três anos depois. Já assisti com a segunda temporada completa. O enredo é um pouco confuso pq as respostas são dadas somente em episódios para frente. Nesta linha, o final ficou um pouco em aberto também, faltando algumas respostas ao meu ver.Achei interessante, mas acabou sendo um pouco mais complexo que os demais.

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    1. Oi, Marcos! Concordo demais! 🙂
      Eu vi o final depois que escrevi o post e também achei confuso, sem as respostas que a gente esperava. Fate/Stay Night segue sendo o meu preferido.

      Obrigada pelo comentário. E que bom que gostou! ˆˆ

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