
Se você já se pegou imaginando como nasce aquele seu volume favorito de mangá — desde os primeiros storyboards até a arte finalizada que chega nas bancas — então precisa conhecer o universo de Futami Nana. Egao no Taenai Shokuba Desu (A Mangaka’s Weirdly Wonderful Workplace) nos transporta para o dia a dia frenético de uma mangaká iniciante que equilibra o talento bruto com delírios ocupacionais hilários.
Adaptada do web mangá de Kuzushiro, a obra mergulha fundo na indústria do mercado editorial e entretenimento, mostrando que, por trás de cada ilustração impecável, existe uma rotina de prazos apertados, poucas horas de sono, altas doses de café e muito apoio mútuo. Embarca comigo?
Ficha técnica: Egao no Taenai Shokuba Desu
Anime: Egao no Taenai Shokuba Desu 「笑顔のたえない職場です。」
Gênero: Comédia
Número de Episódios: 13
Estreia: 6 de outubro de 2025
Estúdio: Voil
Adaptação: web mangá de Kuzushiro
Futami Nana é uma jovem autora que acaba de estrear como mangaká profissional. Talentosa, mas extremamente ansiosa, ela vive intensamente o seu trabalho — às vezes até demais! Ao menos, nossa protagonista sempre pode contar com sua dedicada editora, Satou Kaede, e sua fiel assistente, Hazama Mizuki, para puxá-la de volta à realidade. Juntas, elas compartilham uma rotina intensa e surpreendentemente acolhedora, onde cada capítulo finalizado é uma pequena vitória. Entre prazos apertados e delírios ocasionais de exaustão ocupacional, Futami-先生 mostra que trabalhar com o que se ama pode ser tão caótico quanto divertido.
Uma imersão leve e autêntica no universo dos mangakás
Criar mangá vai muito além de desenhar páginas bonitas ou escrever diálogos envolventes. Inclui também viver entre prazos apertados, revisões intermináveis, inseguranças criativas e, ainda assim, encontrar motivos para sorrir depois de ver tudo publicado. O universo de Egao no Taenai Shokuba Desu propõe um verdadeiro mergulho em storyboards rabiscados de madrugada, ideias que ganham vida em séries semanais e na construção coletiva por trás de uma obra que chega às mãos dos leitores.
Com um olhar sensível e bem-humorado, o anime transforma o dia a dia de uma mangaká em uma narrativa aconchegante, mostrando que por trás de cada página publicada existe todo um ecossistema de pessoas e processos.
É uma comédia que conversa diretamente com quem cria — ou com quem já se sentiu pressionado a transformar hobby em profissão. Os diálogos entre Futami-先生 e Satou-さん são rápidos, divertidos e estabelecem uma química que sustenta toda a obra. As duas compartilham uma relação que não é apenas sobre desenhar, mas serve também para mostrar a confiança entre autor e editor.
Um slice of life sobre criar e sobreviver criando
Desde o primeiro episódio, Egao no Taenai Shokuba Desu deixa claro que seu foco está nos detalhes desse cotidiano criativo: conversas em frente à mesa de desenho, revisões de storyboard, bloqueios criativos, cafés esquecidos e esfriando enquanto as ideias surgem. Definitivamente, não é um trabalho para qualquer perfil.
⚠️ >> Alerta de spoiler!
O final do segundo episódio, após os créditos, mostra a decisão da Ha-さん de seguir carreira na área como assistente depois que ela entrou em pânico com uma proposta de serialização semanal. É um momento que mostra como oportunidades podem ser assustadoras, especialmente para quem ainda duvida do próprio talento. Ou seja, nem todo mundo está pronto para o holofote de imediato.
Criar é apenas uma parte do processo, sobreviver criando é um dos maiores desafios que vêm com ele. No início, já vemos um lado mais sensível da profissão: a ansiedade de ser notado. No contexto dos autores de mangás, isso envolve a criação dos mundos e personagens que podemos tanto amar quanto odiar.
A indústria sem glamour (mas com backup)
Além de acompanhar Futami-先生 virando noites para cumprir prazos insanos, o anime faz questão de mostrar o quanto a rotina de uma mangaká vai muito além da mesa de desenho. Entre consultas com especialistas de shogi para garantir a representação correta do esporte em seu mangá, brainstorms para novos capítulos, capas de volumes e ajustes de storyboard, ela ainda precisa ter tempo para eventos de lançamento, sessões de autógrafos e premiações.
A vida de um mangaká está longe de ser fácil. Para muitos que continuam tentando, falhando e se levantando novamente, trata-se de um verdadeiro teste de força de vontade: até onde dá para ir antes do cansaço vencer? O anime aborda esses altos e baixos sem glamourizar o excesso de trabalho, mas também sem perder a leveza que define sua proposta.
Pesquisa criativa como parte do processo
Um dos grandes méritos do anime é destacar o valor do conhecimento técnico. No terceiro episódio, por exemplo, a equipe se encontra com Toko-さん, uma profissional de shogi, para dar realismo a um personagem do mangá de Futami, reforçando a seriedade por trás da “obra dentro da obra”. Esse cuidado com os detalhes não só enriquece a narrativa, como aprofunda a imersão do espectador no universo dos mangakás.
Cada episódio amplia essa sensação de proximidade com o dia a dia criativo, e os epílogos pós-créditos funcionam como um bônus sempre bem-vindo: curtos, bem-humorados e perfeitos para fechar o episódio mantendo o clima relaxante.
Por trás de um mangá, sempre tem um time
Egao no Taenai Shokuba Desu acerta ao mostrar que talento, sozinho, não sustenta uma carreira. Networking, timing e, principalmente, apoio emocional fazem parte do jogo. Isso é algo que o anime constrói com cuidado ao longo dos episódios, a partir da introdução gradual dos personagens que fazem parte do dia a dia de Futami.
O trabalho que começa em trio, com Ha-さん e Satou-さん, gradualmente ganha a forma de um time para dar conta da carga de trabalho cada vez maior. A chegada de novos personagens, como Nashida, caótica e hilária na medida certa, e Nekonote, a nova assistente em início de carreira e que ajuda remotamente, adiciona camadas tanto de humor quanto de dinâmica profissional.
O título em inglês, A Mangaka’s Weirdly Wonderful Workplace, não poderia ser mais preciso. São personalidades diferentes, vibrantes e às vezes excêntricas, que se encaixam de forma estranhamente harmoniosa.
Futami não seria a mangaká — nem a pessoa — que é sem esse backup. O fato de quase todas serem adultas (exceto por Nekonote) também torna suas inseguranças mais fáceis de se relacionar. Afinal, sabemos bem como é a sensação de estar no limite e precisar desabafar com pessoas que entendem exatamente pelo que estamos passando.
Quando o “workplace” vira lar
O clima cozy se intensifica conforme o elenco cresce, transformando o espaço de trabalho em algo que vai além da função profissional: um lugar de pertencimento, um ambiente cada vez mais vivo e acolhedor.
⚠️ >> Alerta de spoiler!
Do episódio 9, com a chegada de Takara-chan (o cachorrinho), ao episódio 11, que mostra o trabalho em equipe em um escritório coletivo dentro de casa, o anime reforça o senso de comunidade.
Esse “ambiente de trabalho estranhamente maravilhoso” ganha contornos afetivos. O workplace se transforma em lar, um espaço majoritariamente feminino, divertido e cheio de pequenas imperfeições. Egao no Taenai Shokuba Desu deixa claro que você não precisa de um grande script para contar uma boa história quando existe motivação para continuar criando.
Reconhecimento que vem em pequenos (e grandes) passos
Para um slice of life, o anime sempre passa a sensação de movimento: seja pela energia das personagens, pela progressão da carreira de Futami ou pelos marcos que ela vai alcançando ao longo do caminho. Nos episódios finais, a ideia de reconhecimento ganha peso real.
⚠️ >> Alerta de spoiler!
O episódio 12 é um dos meus favoritos: uma conversa entre mangakás durante a reunião comemorativa com pizzas traz uma reflexão madura sobre carreira criativa. Habilidade é essencial, mas sorte e conexões podem mudar completamente o rumo da sua vida. O signing event da Futami-先生 fecha o episódio com uma sensação genuína de conquista, não apenas profissional, mas pessoal.
O final com Futami sendo convidada para atuar como jurada em uma premiação de mangás e Satou-さん conhecendo sua família em uma cena de apoio e confiança mútua, sintetiza perfeitamente o espírito do anime: crescimento, reconhecimento profissional e relações construídas com cuidado.
Veredito: o retrato afetuoso de um caos criativo

Egao no Taenai Shokuba Desu é leve, divertido, relaxante e um dos animes mais subestimados da temporada. A obra acerta em cheio ao mostrar que a vida de um mangaká (e qualquer outra profissão) não é feita apenas de talento. Tem um pouquinho de tudo, principalmente caos criativo e trabalho em equipe — entre editores, assistentes e consultores.
Por que pode valer a pena dar uma chance?
- Cotidiano criativo: mostra desde reuniões de contrato até eventos de autógrafos, o dia a dia da indústria de mangás.
- Personagens relacionáveis: o elenco adulto traz dilemas reais de carreira entre seus altos e baixos e o work-life balance no meio.
- Vibe relaxante: clima aconchegante perfeito para quem busca um anime de conforto, com bônus em forma de situações hilárias do dia a dia.
Com trilha sonora delicada (destaque para a ending “Thankful” de Sizuk) e personagens carismáticas, Egao no Taenai Shokuba Desu é um daqueles animes que você termina querendo mais — e que facilmente assistiria novas temporadas. Um slice of life que entende que criar é difícil, mas raramente solitário.
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