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[Review] Dynamite Kiss: beijos explosivos e clichês assumidos

Review do K-Drama Dynamite Kiss: personagens Ji-Hyeok (Jang Ki-Yong) e Go Da-Rim (Ahn Eun-Jin) dançando

Se você procura sua próxima maratona de rom-com, Dynamite Kiss (키스는 괜히 해서!) provavelmente já cruzou seu ponto de partida. Durante sua exibição, o K-Drama rapidamente escalou o Top 10 global da Netflix, conquistando corações com uma proposta simples, direta e assumidamente romântica.

Aqui, o amor não espera, nem segue etapas: o romance começa exatamente onde muitas séries coreanas costumam terminar: com um beijo intenso logo no primeiro encontro. A partir daí, o roteiro abraça os clichês do gênero sem culpa, equilibrando momentos fofos, conflitos previsíveis e aquele conforto narrativo que faz das comédias românticas um refúgio para quem quer entretenimento sem grandes exigências.

Com 14 episódios, a história encontra seu espaço entre o conforto do previsível e pequenas tentativas de subversão do gênero. Embarca comigo?

Ficha técnica de Dynamite Kiss

Série: Dynamite Kiss (키스는 괜히 해서!)

Gênero: Romance e Comédia

Número de Episódios: 14

Estreia: 12 de novembro de 2025

Direção: Kim Jae-Hyun 

Roteiro: Ha Yoon-A, Tae Kyeong-Min

Elenco principal: Jang Ki-Yong (Gong Ji-Hyeok), Ahn Eun-Jin (Go Da-Rim), Kim Mu-Jun (Kim Seon-U), Woo Da-Vi (Yu Ha-Yeong) e a lista completa


Go Da-Rim (Ahn Eun-Jin) é uma mulher solteira que precisa urgentemente de um emprego para ter a estabilidade financeira que sua família precisa. Para conseguir uma vaga temporária na Natural BeBe, uma gigante de produtos infantis, ela mente sobre sua vida pessoal e se apresenta como mãe casada. O que ela não esperava era que seu novo chefe seria Gong Ji-Hyeok (Jang Ki-Yong), o mesmo homem com quem viveu um encontro “mágico” e uma conexão instantânea que terminou em um beijo explosivo na Ilha de Jeju. 

O reencontro no escritório, que poderia ser um sonho, se torna um pesadelo. Para Ji-Hyeok, a mulher que ele não esqueceu é uma “mãe de família” comprometida, criando um labirinto de mal-entendidos e sentimentos reprimidos. Presa à própria mentira, Da-Rim precisa escolher entre ser efetivada e corresponder aos sentimentos de Ji-Hyeok.

Um rom-com que quebra regras… só um pouco

Um dos pontos mais interessantes de Dynamite Kiss aparece logo no primeiro episódio. Ao contrário da fórmula tradicional que costuma guardar o primeiro beijo para o episódio 4 (ou além), a série decide começar justamente por aí. Essa escolha define o tom da narrativa: menos sobre quando o romance começa e mais sobre como ele se sustenta diante dos obstáculos que virão.

Mesmo assim, o K-Drama não abandona os clichês — e nem tenta escondê-los. Eles estão todos ali: o chefe rico e emocionalmente fechado, a funcionária dedicada, o pai autoritário, os mal-entendidos exagerados e até aquele famoso “beijo acidental” que desafia qualquer lógica da vida real. A diferença é que, na primeira metade, alguns desses elementos funcionam melhor, embalados por um ritmo leve, diálogos divertidos e a química entre os protagonistas.

Uma mentira, um beijo e muitas complicações

Assim como o próprio título sugere, Dynamite Kiss aposta em um começo explosivo: clichês na medida, pequenas reviravoltas proporcionalmente inseridas no decorrer dos episódios e um tom levemente ousado para um rom-com. O primeiro encontro entre Go Da-Rim e Gong Ji-Hyeok inclui uma viagem a Jeju, situações dignas de conto de fadas moderno e um beijo tão intenso quanto inesperado (o tal dynamite kiss). 

Mas, como na clássica história da Cinderela, a magia dura pouco. Da-Rim desaparece sem deixar rastros, e o “sapatinho de cristal” que a liga a Ji-Hyeok surge na forma de uma mentira: para conseguir um emprego, ela finge ser casada e mãe. O aguardado reencontro acontece no ambiente corporativo, quando ela passa a integrar a equipe liderada por Ji-Hyeok. A farsa, carregada de responsabilidades e sentimentos mal resolvidos, se torna o fio condutor central do K-Drama.

Jang Ki-Yong entrega um Ji-Hyeok que começa como o típico “cold male lead”: pragmático, focado no trabalho e descrente do romance. No entanto, após o beijo explosivo, o personagem revela um lado desajeitado, afetuoso e até bobo — um contraste que funciona muito bem e o diferencia de papéis anteriores do ator, como o marcante Park Mo-Gun de Search: WWW

Ahn Eun-Jin, como Go Da-Rim, constrói uma protagonista inicialmente madura, prática e surpreendentemente assertiva. Ela também carrega um forte senso altruísta, sempre disposta a ajudar quem está ao seu redor. Com o avançar da história, porém, Da-Rim começa a cair gradualmente no estereótipo da mocinha ingênua, perdendo parte da firmeza que a tornava tão interessante no início. Além disso, seus gestos e expressões acabam lembrando bastante a Lee Mi-Ju do recente Genie, Make a Wish.

Entre a química que convence e os clichês que cansam

A relação entre Ji-Hyeok e Da-Rim evolui sem grandes enrolações, sendo freada apenas pela mentira do falso casamento. Os momentos mais fortes do casal surgem nas cenas simples do dia a dia: conversas despretensiosas, pequenas rotinas compartilhadas e silêncios confortáveis. É nesses instantes que Dynamite Kiss encontra sua forma mais explosiva.

A química entre Jang Ki-Yong e Ahn Eun-Jin é palpável e sustenta grande parte do apelo do K-Drama. Ki-Yong equilibra bem a frieza profissional com a leveza de quem está apaixonado, enquanto Eun-Jin traz vivacidade e naturalidade às interações.

Ainda assim, o rom-com não escapa de algumas armadilhas. Certos clichês surgem de forma forçada, como a clássica cena do esbarrão que resulta em um beijo acidental — um recurso que soa datado para uma produção de 2025. Além disso, personagens secundários como o “pai vilão” e a “irmã ambiciosa” seguem agendas bem previsíveis que poderiam ter sido melhor exploradas para uma mudança de ares no gênero.

Kim Seon-U: o coração silencioso da história

Entre os personagens que mais aquecem o coração em Dynamite Kiss, o Kim Seon-U de Kim Mu-Jun seria a minha primeira escolha. Em meio a conflitos exagerados e decisões questionáveis, ele aparece como uma presença gentil, atenta e emocionalmente madura — aquele tipo de personagem que enxerga o outro sem precisar de grandes gestos.

Seon-U é um pai solo dedicado e ver a relação dele com o pequeno Jun (que é uma fofura absoluta!) traz uma camada de ternura essencial para deixar a história ainda mais leve, principalmente em contraste com o velho recurso da família chaebol. Ele é aquele amigo atencioso, capaz de ler as entrelinhas e ver através das pessoas. Sua presença equilibra a energia caótica da Da-Rim e a seriedade do Ji-Hyeok. É impossível não torcer por ele e pela sua felicidade, mesmo que não seja ao lado de Da-Rim.

Quando fórmulas clássicas do rom-com pesam demais

A segunda metade de Dynamite Kiss perde parte da maturidade apresentada no início. Alguns conflitos parecem inseridos apenas para “preencher episódios”, e certas decisões dos personagens — especialmente da protagonista — adotam um tom artificial, afastando a história da naturalidade que a tornava tão agradável.

Além disso, algumas subtramas ficam mal resolvidas ou simplesmente esquecidas, como o arco da irmã de Da-Rim.

Mother TF Team: um dos pontos altos do K-Drama

O verdadeiro brilho de Dynamite Kiss não está apenas no casal principal. O Mother TF Team é, sem dúvida, o melhor núcleo do K-Drama. Acompanhamos mulheres que tentam retornar ao mercado de trabalho após a maternidade, cada uma com suas inseguranças, falhas e aprendizados. 

A série não as romantiza desde o início — elas erram, se acomodam, se frustram — mas têm a chance de crescer juntas. A inclusão do time mostra que a experiência de vida e a maternidade podem trazer insights ainda mais valiosos e que nem sempre a graduação consegue ensinar. E isso vale para qualquer área. 

Ver a evolução desse grupo, que inicialmente parecia pouco promissor, mas floresceu sob a liderança de Da-Rim, traz uma camada inesperadamente inspiradora e reforça a ideia de que somos mais do que os papéis que a sociedade espera que ocupemos.

Impressões finais de Dynamite Kiss

Review do K-Drama Dynamite Kiss: personagens Ji-Hyeok (Jang Ki-Yong) e Go Da-Rim (Ahn Eun-Jin) em uma cena ao estilo "A Dama e o Vagabundo"

Dynamite Kiss é aquele tipo de K-Drama que funciona melhor para quem quer relaxar sem precisar analisar cada detalhe lógico. O roteiro aposta na ousadia para conduzir a primeira metade da história, mas se deixa levar por alguns exageros e clichês clássicos do gênero enquanto se encaminha para a reta final. 

Se você… 

  • não dispensa uma boa comédia romântica na sua maratona de séries coreanas
  • valoriza uma produção com belos visuais (o guarda-roupa da Ahn Eun-Jin é impecável, mesmo que nem sempre o estilo corresponda ao que se espera da etiqueta para um ambiente de escritório) 
  • torce para casais sem enrolação (exceto por uma mentira que os impede de avançar ainda mais rápido)

Dynamite Kiss pode ser uma experiência agradável, mesmo quando nem tudo faz muito sentido, além de ser leve e divertida em alguns momentos. Talvez não seja inesquecível, mas certamente deixa alguns sorrisos, muitos clichês… e alguns beijos explosivos pelo caminho. 💥💋

Você prefere os romances que demoram para o primeiro beijo acontecer ou gosta dessa pegada mais direta? Me conte nos comentários!  ˆ-ˆv

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