
Encontrar o próprio flow entre passos improvisados e uma rotina de dança pronta para entrar em sintonia com qualquer música pode ser um desafio. No palco de Wandance 「ワンダンス」, a dança não é apenas um esporte ou um hobby, mas uma forma de comunicação onde o beat substitui as palavras.
Lançado em outubro de 2025 pelos estúdios Madhouse e Cyclone Graphics, o anime adapta o mangá de Coffee. Em 12 episódios, acompanhamos o crescimento de Kabo-くん, um estudante com dificuldade de se expressar que encontra na liberdade de Wanda-さん o incentivo para entrar no clube de dança e se soltar.
Se você busca uma obra que capture a essência da cultura urbana e a adrenalina de uma batalha de dança, Wandance é uma jornada rítmica sobre superar limitações pessoais e encontrar sua própria voz através da coreografia. Embarca comigo?
Ficha técnica: Wandance
Anime: Wandance 「ワンダンス」
Gênero: Esportes
Número de Episódios: 12
Estreia: 8 de outubro de 2025
Estúdio: Madhouse (Death Note, No Game No Life, Sousou no Frieren, Nana, Takt Op. Destiny, Yamada-kun to Lv999 no Koi wo Suru, Chobits, Chihayafuru, Cardcaptor Sakura, Paradise Kiss, Kobato, Mushikaburi-hime, Piano no Mori) e Cyclone Graphics
Adaptação: mangá de Coffee
Kotani Kaboku, aka Kabo-くん, sempre preferiu o silêncio para evitar que sua gagueira o tornasse o centro das atenções. Ele começa a se abrir quando vê Wanda Hikari, aka Wanda-さん, dançar livremente, como se o mundo ao redor desaparecesse. Inspirado por essa liberdade, Kabo entra no clube de dança e inicia uma jornada de autoconhecimento, batalhas musicais e conexões que vão muito além do palco. Entre improvisos e técnicas de freestyle, ele descobre que, quando o corpo se move no tempo da música, o medo finalmente silencia — em uma dança que vale mais que mil palavras.
O ritmo que transforma timidez em expressão
Ao som de batidas de hip-hop, house e música eletrônica, Wandance nos convida a entrar no ritmo junto com seus personagens. A dança não surge como espetáculo imediato, mas como processo: sentir o beat, entender o tempo, respeitar o próprio corpo e aceitar que errar faz parte do aprendizado. Flow, improviso, sintonia e batalhas de dança se tornam ferramentas narrativas para falar de crescimento pessoal, identidade e liberdade de expressão.
A evolução de Kabo é construída passo a passo. Ele aprende a ouvir a música antes de tentar dominá-la, a observar outros estilos e a absorver referências sem perder sua essência. Cada tropeço vira ajuste, cada falha vira experiência e cada movimento se torna uma forma de se expressar sem recorrer a palavras — deixando a timidez e a preocupação com as limitações pessoais como trilha de fundo.
Essa progressão gradual, tão presente em animes esportivos, mostra o respeito pelo tempo do aprendizado. Não existe fórmula mágica, apenas dedicação, observação, repetição (erro e acerto) e sensibilidade para entender o próprio ritmo e encontrar seu estilo.
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O episódio 3 é um bom exemplo disso ao introduzir conceitos técnicos como ritmo e flow, usando a metáfora do cavalo-marinho que se deixa levar pela corrente. É nesse momento que o anime deixa claro que dançar não é apenas executar movimentos, mas dialogar com a música e com o espaço ao redor. Para quem ama dança ou já fez aulas, como eu, é inspirador.
Já Wanda dança como quem respira, como se fosse algo natural incorporado ao seu corpo. Seus passos são leves, intuitivos, guiados pelo som e cheios de confiança. Durante a batalha no parque, ela falha ao executar um movimento de breaking, lembrando que talento não é sinônimo de perfeição e também vem acompanhado por inseguranças.
Kabo & Wanda e seu próprio universo
A relação entre Kabo e Wanda é como aquele beat constante que guia a música do início ao fim. Ambos têm dificuldade com palavras e encontram na dança um espaço seguro para se expressar sem julgamentos. Inspirado pela dança de Wanda, Kabo vai dando forma ao seu estilo aos poucos, de dentro para fora, usando o corpo como extensão de sentimentos que não conseguem sair pela voz.
⚠️ >> Alerta de spoiler!
No episódio 12, Kabo brilha ao se entregar completamente ao flow em uma improvisação que fala mais alto do que qualquer coreografia ensaiada (né, Kabe?), simbolizando o ápice de sua evolução emocional e artística — mesmo que o resultado final não tenha terminado em vitória.
Esse contraste cria uma sintonia especial entre os dois. Wanda inspira Kabo a se soltar, enquanto Kabo oferece a Wanda um ponto de ancoragem, alguém que a observa, entende e responde no mesmo compasso. A dança vira diálogo, parceria e, aos poucos, afeto. Juntos, eles criam o seu próprio universo dentro e fora dos palcos.
⚠️ >> Alerta de spoiler!
O episódio 5 é um dos meus preferidos. É meio aleatório e inesperado, mas fofo ao mesmo tempo: Wanda-さん e Kabo-くん de mãos dadas no final. *-*
Essa construção torna Wandance especialmente cativante: mais do que vencer batalhas, o anime se preocupa em mostrar como a dança transforma quem se permite ouvi-la.
Sintonia entre música e identidade
A trilha sonora é um dos grandes acertos, com destaque para a abertura “Stare In Wonder” (BE:FIRST) e o encerramento “Wondrous” (ELSEE), além de insert songs que valorizam a cena underground japonesa: com hip-hop e house no comando das batidas eletrônicas.
As duas músicas, assim como a trilha sonora — seja para marcar as aulas práticas do clube na escola ou as batalhas no palco das competições — trazem uma vibe moderna e ousada que ajuda a criar a identidade de Wandance.
E as batalhas…
Depois de toda a introdução técnica, o anime dá um passo adiante, levando Kabo, Wanda, Miyao On e Itsukushima Iori para os palcos das competições em grupo e individuais. É aqui que cada episódio começa a prender ainda mais, como aquela música que se desenvolve de formas inesperadas e ganha o repeat na playlist.
⚠️ >> Alerta de spoiler!
No episódio 6, a primeira competição oficial traz aquele frio na barriga típico de estreias esportivas. Não por acaso, o momento de Kabo-くん e Wanda-さん brilhando no palco é a imagem escolhida para ilustrar o review. Daqui em diante, é uma batalha atrás da outra…e não são apenas disputas pelo título de “melhor dança”, mas estilos que colidem e personalidades que se revelam em cada movimento.
Algumas sequências são memoráveis, como On vs. Usen, Wanda vs. Usen, Iori vs. Usen e Kabo vs. Kabe. Na última, Kabo se entrega totalmente ao improviso contra o set pronto de Kabe. Ele pode ter perdido, mas certamente deixou sua marca.
Cabe a Iori conquistar a vitória pelos dois (ou pelos quatro) no round final, mas o anime termina sem declarar o vencedor oficial do torneio, deixando o desejo por uma segunda temporada para vê-lo brilhar nas finais — e claro, ver também Wanda e Kabo brilhando ainda mais forte no centro do palco.
O desafio do visual: o CGI e o estilo artístico de Wandance
Eu já sabia que seria assim, mas as danças em CGI me incomodaram um pouco: visíveis demais, engessados e tirando todo o flow dos movimentos. O que me segurou até o fim foi a vontade de ver como o tema seria abordado pelo anime nos próximos episódios.
O recurso não anula a experiência de quem prioriza a temática, mas impacta (não vou negar) no design dos personagens. O 2D é vibrante e cheio de vida, especialmente a expressividade da Wanda, e o uso do CGI da forma como foi aplicado (sem tentar esconder seus traços) acaba drenando essa energia quando entra em cena.
Veredito: o poder de se expressar através dos movimentos

Mesmo com limitações técnicas, Wandance se sobressai pelo que se propõe a contar: uma história sensível sobre encontrar voz no movimento. É inspirador, honesto e cheio de amor pela dança. Embora o CGI não seja perfeito (bem longe disso, aliás), o amadurecimento gradual e a química entre os protagonistas sustentam a obra com maestria. Um anime que talvez funcione melhor emocionalmente do que visualmente.
Por que pode valer a pena dar uma chance?
- Batalhas de dança: a representação da dança como esporte e expressão pessoal ganha vida nas aulas e, principalmente, nas competições.
- Trilha sonora de elite: uma verdadeira vitrine para produtores e rappers do cenário underground japonês, com uma trilha sonora que sustenta o flow da narrativa.
- Kabo e Wanda: a parceria deles vai além do romance clichê; eles são “almas gêmeas” de pista que inspiram o melhor um do outro.
Wandance é um convite para você sair da zona de conforto. Mesmo que seus movimentos não sejam perfeitos no início, o importante é não parar de dançar. Com o tempo e muita prática, cada passo se torna uma forma de expressão mais forte do que você poderia imaginar.
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E você, já se sentiu livre como o Kabo-くん ao ouvir sua música favorita? Conta pra mim nos comentários qual estilo de dança preferido! ˆ-ˆv