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[Review] Akujiki Reijou e sua exótica culinária de monstros

Cena do anime Akujiki Reijou to Kyouketsu Koushaku quando Melphie conhece Aristide

Damas da nobreza costumam ser associadas a gostos refinados e etiqueta impecável. Melphiera Marchalrayd até se encaixa nesse perfil, exceto por um “pequeno” detalhe: seus pratos preferidos são feitos de carne de monstros. Basta falar de novas receitas para os seus olhos brilharem — e esse entusiasmo é contagiante. Akujiki Reijou to Kyouketsu Koushaku (Pass the Monster Meat, Milady!) parte dessa deliciosa contradição para apresentar um universo excêntrico, conduzido por uma gastronomia nada convencional.

Lançado na temporada de outono, o anime é baseado no web mangá de Hoshi Kanata e conta com 12 episódios produzidos pelo estúdio Asahi Production. Entre ingredientes exóticos e panelas fumegantes, a obra nos convida a acompanhar Melphie enquanto ela transforma o repulsivo em pura esperança. Preparados para essa degustação?

Ficha técnica de Akujiki Reijou to Kyouketsu Koushaku

Anime: Akujiki Reijou to Kyouketsu Koushaku 「悪食令嬢と狂血公爵」

Gênero: Fantasia, Gourmet e Romance

Número de Episódios: 12

Estreia: 3 de outubro de 2025

Estúdio: Asahi Production (Otonari ni Ginga, Hazure Skill “Kinomi Master”: Skill no Mi (Tabetara Shinu) wo Mugen ni Taberareru You ni Natta Ken ni Tsuite, Teogonia)

Adaptação: web mangá de Hoshi Kanata (história) e Mizube Chika (arte)


Em um mundo marcado pelo preconceito, Melphiera tem uma missão audaciosa: provar que essas criaturas não são apenas ameaças, mas uma solução criativa para a fome e uma iguaria de alto nível. Entre receitas nada convencionais e perigos constantes, os caminhos da “Voracious Villainess” se cruzam com os de Aristide Rogier du Galbraith. Conhecido como o temido “Blood-Man Duke”, ele parece ser o par perfeito para a protagonista. Afinal, a dinâmica deles é única: enquanto o Duque luta contra os monstros na linha de frente, Melphie garante que nada seja desperdiçado na cozinha.

Review de Akujiki Reijou

A premissa pode causar estranhamento à primeira vista, e o próprio anime parece ciente disso. O primeiro episódio equilibra com maestria a apresentação desse universo com uma animação caprichada e uma atmosfera calorosa — sensação reforçada pela belíssima ending “Kibou Koudo (希望光度)” de Shunichi Toki.

Mesmo apresentando monstros e batalhas pontuais, o tom da obra se aproxima de animes como Madougushi Dahliya wa Utsumukanai (Dahlia in Bloom). É uma narrativa mais suave e cotidiana, focada muito mais em lidar com a percepção das pessoas e suas paixões do que em conflitos épicos ou questões políticas.

Gastronomia como mudança social

O que poderia ser apenas uma piada estendida sobre “comer coisas estranhas”, em Akujiki Reijou to Kyouketsu Koushaku se transforma em uma reflexão. O roteiro desloca o foco do “o que se come” para o “por que se come”.

A narrativa insiste menos no choque visual e mais na tentativa de mudar percepções sociais profundamente enraizadas. Ao apresentar a culinária de monstros como uma solução prática contra a fome em regiões pobres, a obra se torna inesperadamente atual e dialoga com debates reais sobre sustentabilidade alimentar e fontes alternativas de proteína.

Nesse contexto, o anime resgata uma ideia poderosa: comida é cultura e ponte entre mundos. A história da família Marchalrayd, marcada por gerações de uma pesquisa estigmatizada, reflete como o “diferente” tende a ser rejeitado antes mesmo de ser compreendido. Ao herdar esse legado, Melphiera também carrega o peso simbólico de desafiar tradições, deixando um convite para provar o desconhecido. 

O tempero do romance: Melphie e Aristide

Inteligente, obstinada e genuinamente gentil, Melphiera Marchalrayd se destaca não apenas por sua excentricidade gastronômica, mas pela resiliência. Ela encara o desprezo social sem deixar que isso a defina, tornando-se uma protagonista fácil de admirar.

Sua relação com Aristide Rogier du Galbraith nasce da admiração mútua. O relacionamento evolui de um encontro ao acaso para uma parceria baseada em apoio e cura. Ambos carregam o peso de serem julgados pela sociedade por preferências consideradas “estranhas”, e essa vivência compartilhada cria um porto seguro. Eles são socialmente desajeitados e avançam com cuidado — raramente recorrem a grandes declarações, mas constroem algo sólido na soma dos pequenos gestos.

Ritmo e desenvolvimento: um cozimento lento

Se você gosta de romances intensos e rápidos, talvez precise ajustar as expectativas. A narrativa de Akujiki Reijou funciona no estilo slow burn. A história frequentemente prioriza o aspecto gourmet e as mudanças sociais em vez de avanços românticos concretos.

Na segunda metade, quando a trama se desloca para a terra natal de Aristide, o ritmo desacelera perceptivelmente. Embora as interações com personagens secundários sejam agradáveis, fica aquela sensação de que o anime poderia ter explorado com mais profundidade o impacto das pesquisas de Melphie no reino ou até mesmo o relacionamento.

A força de Melphiera

O que sustenta a obra, mesmo nos momentos de ritmo mais lento, é o entusiasmo de Melphie para seguir em frente. Ela não é apenas apenas adorável, é uma pesquisadora competente movida pelo desejo genuíno de ajudar justamente aqueles que a ridicularizam — e ainda pode contar com o Duke, seja para ser mimada pelo seu futuro marido ou para ter em mãos os ingredientes que precisa.

Ao dar continuidade ao legado de sua mãe, Melphiera transforma a rejeição em perseverança. É natural querer vê-la prosperar, tanto em suas pesquisas quanto em sua nova vida ao lado de Aristide. É essa dinâmica acolhedora — excêntrica, sincera e surpreendentemente saudável — que mantém o casal como o ponto mais encantador da obra.

Veredito: Akujiki Reijou serve um banquete excêntrico, mas com afeto

Anime Akujiki Reijou to Kyouketsu Koushaku com Aristide segurando as mãos de Melphie

Akujiki Reijou to Kyouketsu Koushaku pode não ser um anime para todos os paladares, mas entrega uma experiência charmosa e visualmente apetitosa. Sua mensagem sobre empatia, preconceito alimentar e sustentabilidade é surpreendentemente atual.

Como vegetariana, eu me conectei com a jornada da Melphie; sei bem como é ter o prato julgado por escolhas que fogem do “padrão”. Ver a protagonista transformar essa barreira em ponte foi, para dizer o mínimo, inspirador.

Por que pode valer a pena dar uma chance?

  • Tempero na medida: o anime evita o choque gratuito e prefere o caminho do cotidiano e dos diálogos suaves.
  • Ingredientes cativantes: o trunfo está na dupla principal. Melphie defende suas ideias com entusiasmo e gentileza, enquanto Aristide oferece um suporte sólido através de pequenos mimos e gestos de carinho.
  • Uma pitada de reflexão: a obra nos convida a experimentar o novo, seja um ingrediente improvável ou uma forma diferente de enxergar o mundo.

Embora o ritmo perca um pouco do vigor na metade final, a sensação de comfort food (comida afetiva) permanece. Akujiki Reijou to Kyouketsu Koushaku nos lembra que, às vezes, transformar realidades começa com um pouco de coragem e uma boa receita compartilhada à mesa.


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Se essa vibe de romance gradual com crítica social e personagens carismáticos conquistou você, minha recomendação é: Zutaboro Reijou wa Ane no Moto Konyakusha ni Dekiai Sareru. ˆ-ˆv

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