K-Drama · Review

Would You Marry Me: sorte, destino e muitos clichês

Imagem do K-Drama Would You Marry Me com Choi Woo-Sik (Kim Woo-Joo) e Jung So-Min (Yoo Me-Ri) posando para uma foto de casamento

Em um cenário onde K-Dramas continuam apostando em fórmulas clássicas, Would You Marry Me (우주메리미) não esconde e nem se afasta dos clichês de comédias românticas. A produção da SBS se apoia em situações improváveis (mas, de certa forma, esperadas?), mal-entendidos divertidos, encontros guiados por pura sorte (além de um empurrãozinho do roteiro) e aquele toque de destino pregando peças no momento exato. Em 12 episódios, a série combina romance e humor cotidiano para construir uma narrativa que aquece o coração — mesmo quando tropeça em elementos conhecidos do gênero. Embarca comigo?

Ficha técnica de Would You Marry Me

Série: Would You Marry Me ((우주메리미)

Gênero: Romance e Comédia

Número de Episódios: 12

Estreia: 10 de outubro de 2025

Direção: Kwon Da-Som

Roteiro: Lee Ha-Na

Elenco principal: Choi Woo-Sik (Kim Woo-Joo), Jung So-Min (Yoo Me-Ri), Shin Seul-Ki (Yoon Jin-Gyeong), Bae Na-Ra (Baek Sang-Hyun) e a lista completa


Por fora, Kim Woo-Joo (Choi Woo-Sik) lidera a equipe de marketing da tradicional padaria Myungsoondang com perfeccionismo. Por dentro, ele vive assombrado por traumas, sentimento de culpa e expectativas familiares. Seu caminho cruza com o de Yoo Me-Ri (Jung So-Min), uma designer talentosa, impulsiva e cheia de personalidade, que enfrenta uma maré de azar: traição, golpe imobiliário e um prêmio recém-conquistado para recém-casados que ela não pode usufruir. Desesperada, ela faz uma proposta inusitada: um casamento falso por 90 dias. A partir daí, a convivência improvisada abre espaço para descobertas que estão mais conectadas ao destino do que eles imaginam.

Review de Would You Marry Me

Parte da magia de começar um novo K-Drama está em encontrar atores que já entregaram performances marcantes. Em Would You Marry Me, esse reencontro vem em dobro: Choi Woo-Sik de Melo Movie e Jung So-Min de Love Next Door. Juntos, eles dão vida a um casal que aposta no carisma de seus protagonistas e na dinâmica afetuosa entre eles para transformar uma premissa familiar em algo envolvente e confortável de assistir. 

Choi Woo-Sik e Jung So-Min mostram uma dupla carismática em um relacionamento fácil de torcer para que dê certo. É o tipo de química que sustenta uma narrativa mesmo quando o roteiro aposta em fórmulas já conhecidas. As interações são doces, divertidas e crescem de forma natural — assim como as proporções do casamento fake.

Um casal secundário que merecia mais espaço

Embora Would You Marry Me se apoie fortemente no carisma de seus protagonistas, é difícil não sentir que o casal secundário foi deixado à margem da narrativa — quase como personagens figurantes, aparecendo apenas para preencher cenas. Eles tinham química, dinâmica e até situações bem estabelecidas para um arco orgânico de “estranhos para amigos, para quem sabe algo mais”. Mas, no fim das contas, receberam tão pouco tempo de tela que suas interações pareciam mais sugestões do que uma história de fato. 

Sem evolução clara, momento decisivo ou desenvolvimento, o K-Drama desperdiça um dos elementos que poderia ter enriquecido a trama e equilibrado ainda mais as emoções do plot principal. Yoon Jin-Gyeong (Shin Seul-Ki) e Baek Sang-Hyun (Bae Na-Ra) entregam cenas tão naturais e agradáveis que fica evidente o quanto poderiam ter brilhado com mais espaço. A dupla é o contraponto que o casal protagonista precisava: leve, divertida, um pouco caótica e emocionalmente mais crível em vários momentos. 

O arco de Sang-Hyun merecia mais profundidade. Há nuances interessantes ali, não só pelas circunstâncias que o envolvem, mas também pelas escolhas que o definem. No início, Jin-Gyeong chega a protagonizar algumas cenas imaturas pelo amor não correspondido, mas isso logo perde o foco e sua personagem ganha leveza. 

Em várias cenas, a energia entre os dois parecia mais viva e honesta do que a dos protagonistas, o que torna ainda mais frustrante perceber que o roteiro ignorou o potencial dessa parceria. Fica a sensação de que, com alguns episódios extras ou melhor distribuição do tempo de tela, esse poderia ter sido um dos pontos altos da série.

Clichês agradáveis para quem gosta de rom-coms

Sim, o K-Drama traz o famoso trope de primeiro amor de infância. É previsível? Bastante. Pode tanto agradar quem gosta desse reencontro “escrito nas estrelas”, quanto cansar quem já não aguenta mais ver a fórmula amplamente disseminada pelas comédias românticas. Eu cheguei em um momento que estou mais inclinada para o segundo time.

Além do reencontro guiado pela sorte ou pelo destino, Would You Marry Me também abraça outros clichês clássicos que os fãs de rom-coms conhecem de longe: o casamento de conveniência que vira algo mais, o mal-entendido dramático que poderia ser resolvido com uma conversa de dois minutos e até aquele “quase beijo” estrategicamente interrompido para alongar a tensão. 

Algumas reviravoltas acabam parecendo mais convenções do gênero do que consequências naturais da trama, especialmente quando entram elementos como o ex insistente (já vamos falar dele), o prêmio que depende do casamento e o inevitável trauma do passado. 

É o tipo de estrutura que funciona quando bem amarrada, mas que também reforça a sensação de que a série não pretende arriscar nada fora da caixinha. Para quem gosta de conforto, é bem-vindo, mas para quem procura algo mais original, pode soar como um déjà-vu. Ainda assim, há momentos em que o clichê funciona justamente porque entrega aquilo que a gente espera. E, às vezes, essa previsibilidade também tem seu charme.

Excesso de subplots e um ex que insiste em aparecer

Would You Marry Me é uma daquelas séries coreanas que, ao tentar enriquecer sua narrativa com múltiplos arcos paralelos, acaba tropeçando no excesso. O K-Drama abre várias portas, mas poucas recebem o desenvolvimento necessário para levar a algum lugar dentro de uma história de apenas 12 episódios. O resultado é uma estrutura que parece inflada, onde subtramas surgem com potencial, mas rapidamente desaparecem ou são resolvidas às pressas. 

Entre todas as ramificações da história, a insistência em dar espaço ao ex Kim Woo-Joo (Seo Bum-June) que traiu Me-Ri é, talvez, a mais questionável. Ao invés de funcionar como uma ameaça pontual ou um gatilho para o desenvolvimento da protagonista, ele acaba ocupando um tempo de tela desproporcional, quase como se o roteiro tentasse empurrar um arco de redenção para um personagem que nem precisava estar ali. Suas idas e vindas quebram um pouco o ritmo da narrativa, tirando o foco tanto do casal principal quanto do casal secundário, que tinha muito mais potencial para crescer.

Essas escolhas deixam a sensação de que o roteiro perde tempo com conflitos artificiais enquanto negligencia o que realmente importa. O ex-noivo, em especial, parece existir apenas para criar um ruído que poderia ter sido substituído por desenvolvimento emocional, cenas mais sólidas entre os casais ou até mesmo um arco secundário mais coerente. É aquele caso clássico de subplots que, em vez de fortalecer a história, acabam arrastando a narrativa.

Impressões finais de Would You Marry Me

Cena do K-Drama Would You Marry Me com Choi Woo-Sik (Kim Woo-Joo) e Jung So-Min (Yoo Me-Ri) usando roupas que combinam

Would You Marry Me entrega exatamente o que promete: um rom-com clássico, charmoso e confortável, guiado pela química entre Choi Woo-Sik e Jung So-Min e por momentos sinceros que fazem valer a maratona. A direção é suave e visualmente agradável, criando uma atmosfera acolhedora que combina com o tom da história e ajuda a elevar até os episódios mais previsíveis.

Mesmo com seus tropeços narrativos — especialmente o excesso de subplots e a insistência em dar destaque ao ex-noivo — o K-Drama consegue manter uma identidade própria dentro do conforto dos clichês. É aquele tipo de série que não exige esforço emocional nem grandes reflexões. Para quem está disposto a aceitar alguns atalhos de roteiro e abraçar a familiaridade da fórmula, há muitos momentos doces esperando por você aqui.

Would You Marry Me é uma produção que sabe ser gentil com seu público, que aquece sem surpreender e que encontra seu charme na previsibilidade do gênero. Se você busca histórias leves, com um toque de destino, pitadas de humor e um romance que cresce aos poucos, pode ser uma adição acolhedora à sua lista. E, como a própria série sugere em sua mensagem final: às vezes a sorte — e o amor — aparece disfarçada nos caminhos mais inesperados.

Para quem confia mais em suas próprias escolhas do que no destino, The First Night With the Duke pode valer ainda mais o play. ˆ-ˆv

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