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A Hundred Memories: lições de amor, amizade e crescimento

K-Drama A Hundred Memories na cena em que Kim Da-Mi (Go Young-Rye) e Shin Ye-Eun (Seo Jong-Hee) estão com seus uniformes como cobradores de ônibus em uma Seul dos anos 80

Prepare-se para embarcar com o K-Drama A Hundred Memories (은중과 상연) em uma viagem pela Coreia do Sul dos anos 80: uma época de sonhos grandes, amizades sinceras e amores da juventude. Além de despertar nostalgia, a série também nos convida a acompanhar memórias da juventude: o início de uma amizade poderosa entre Young-Rye e Jong-Hee, o primeiro amor compartilhado por Jae-Pil e o crescimento pessoal de cada um quando seus destinos se cruzam novamente sete anos depois.

A série coreana estreou no dia 13 de setembro e, logo depois de ver o último episódio, estou aqui para compartilhar o que achei. A forma como o roteiro do K-Drama da JTBC é conduzido, deixa espaço para que cada um interprete a história com base nas suas próprias experiências. Embarca comigo para descobrir como foi a minha?

Ficha técnica de A Hundred Memories

Série: A Hundred Memories (백번의 추억)

Gênero: Juventude, Romance e Comédia

Número de Episódios: 12

Estreia: 13 de setembro de 2025

Direção: Kim Sang-Ho (Thirty Nine)

Roteiro: Yang Hee-Seung

Elenco principal: Kim Da-Mi (Go Young-Rye), Shin Ye-Eun (Seo Jong-Hee), Heo Nam-Jun (Han Jae-Pil) e a lista completa


Ambientada nos anos 80, Go Young-Rye (Kim Da-Mi) trabalha como cobradora de ônibus da empresa Cheong Transportation. Mesmo enjoada pelo movimento, ela se mantém firme para ajudar a mãe enquanto sonha com o dia em que poderá estudar na universidade. Quando Seo Jong-Hee (Shin Ye-Eun) vira sua colega, as duas se tornam amigas inseparáveis. A chegada de Han Jae-Pil (Heo Nam-Jun), filho de um rico empresário e aspirante a boxeador, transforma a amizade das duas, e suas vidas, para sempre. Será que esses laços são mais fortes do que o amor que elas compartilham por ele?

O triângulo amoroso que se forma entre os três é apenas a superfície de uma narrativa mais profunda: A Hundred Memories fala sobre amizade, amadurecimento e as feridas que o tempo pode curar ou eternizar.

Review de A Hundred Memories

A ambientação é um dos grandes acertos do K-Drama. Ela recria os anos 80 com delicadeza e autenticidade — dos uniformes das atendentes aos sons das ruas movimentadas de Seul. Cada detalhe contribui para uma contextualização calorosa, quase tátil, que torna a jornada dos personagens ainda mais convidativa. Do quarto dividido entre Young-Rye, Jong-Hee e as colegas ao toque de recolher — lembra um pouco Snowdrop, mas o plot de A Hundred Memories é mais profundo e delicado. 

O roteiro acerta quando foca na amizade entre Young-Rye e Jong-Hee, o eixo emocional da série: divertida, protetora e, às vezes, dolorosa. Mesmo quando o amor ameaça separá-las, o elo entre elas é o verdadeiro motor da história. É impossível não torcer para que as duas encontrem seu próprio final feliz — seja ele como for e com quem for.

A força imbatível de uma amizade 

Não há como negar que o que mais impressiona em A Hundred Memories é a profundidade e a autenticidade da relação entre as protagonistas, Go Young-Rye (Kim Da-Mi) e Seo Jong-Hee (Shin Ye-Eun). A rotina compartilhada entre as duas como cobradoras de ônibus na Seul dos anos 80 rapidamente forja um laço de amizade que parece inquebrável.

Inicialmente ingênua, mas dona de uma alma pura e determinada, Young-Rye encontra em Jong-Hee, a girl crush carismática, divertida e aparentemente forte, o apoio de que precisa. A primeira metade do K-Drama brilha ao construir essa cumplicidade entre as duas, marcada por momentos engraçados, gestos genuínos de cuidado e sacrifício mútuo. A química entre as atrizes é inegável, tornando a amizade delas o grande ponto de apoio da narrativa. Cada cena com elas era motivo para estampar um sorriso no rosto.

Romance e conflito: o teste do tempo

A história estabelece um triângulo amoroso com Han Jae-Pil (Heo Nam-Jun). Apesar de ser de uma família rica, ele luta contra suas próprias feridas emocionais e encontra no boxe uma forma de extravasar. Enquanto o amor de Young-Rye por Jae-Pil é sentido desde o primeiro episódio depois de três encontros (ao acaso ou predestinados), o interesse dele por ela não é inexistente. Seus olhos são naturalmente atraídos pela espontaneidade de Jong-Hee e por algumas similaridades que os dois compartilham na relação familiar.

Após o salto de sete anos, Young-Rye e Jae-Pil estão mais próximos do que nunca. Privar o espectador de acompanhar essa evolução enfraquece o roteiro, porque nós queremos ver isso acontecendo e nos sentir perto dos personagens. 

A passagem do tempo muda os protagonistas, afetando seu crescimento pessoal. Young-Rye fala mais abertamente sobre seus sentimentos. Jae-Pil trilha um novo caminho após mudanças na família. 

Mas Jong-Hee parece a mesma de antes, exceto pelo background. Embora suas ações em relação ao triângulo amoroso abalem a amizade entre os três, o K-Drama humaniza sua dor, mostrando suas lutas contra um passado difícil e uma mãe adotiva controladora. O sorriso constante no rosto dá lugar a um semblante triste. E os momentos compartilhados com Jae-Pil se tornam lembranças distantes de uma juventude que não volta mais.

Atuações encantadores, situações divertidas

Kim Da-Mi entrega uma performance encantadora como Young-Rye, alternando entre a inocência juvenil e a maturidade conquistada com o tempo. Já Shin Ye-Eun transborda carisma e vulnerabilidade, tornando Jong-Hee uma das personagens mais humanas e memoráveis. Heo Nam-Jun, por sua vez, dá profundidade a Jae-Pil, mostrando que mesmo os mais privilegiados enfrentam batalhas internas.

O trio principal tem uma boa química, capaz de nos fazer rir, chorar, suspirar e torcer por eles — além de compartilhar cenas de amizade sinceras, espontâneas e cheias de ternura. Ri muito do Jae-Pil no episódio 9, tentando segurar a pimenta no Tteokbokki até não aguentar mais.  

O elenco secundário também tem seu momento de brilhar, principalmente pelo lado dos meninos. A amizade pode não ter a mesma ligação das protagonistas, mas rende cenas hilárias entre eles, com pitadas de rivalidade.

O episódio 7 é um dos mais divertidos por causa das reações do Ma Sang-Chul (Lee Won-Jung) com o Jae-Pil, quando vê ele bêbado depois de uma competição de Soju e quando ouve como Jae-Pil se sente em relação a Young-Rye. E o irmão Go Young-Sik (Jeon Sung-Woo) só olhando a disputa do Jae-Pil com o Jung Hyun (Kim Jung-Hyun)? Ri demais! 

Impressões finais de A Hundred Memories

K-Drama A Hundred Memories com Shin Ye-Eun (Seo Jong-Hee), Kim Da-Mi (Go Young-Rye) e Heo Nam-Jun (Han Jae-Pil)

O K-Drama usa a ambientação dos anos 80 de forma magistral, com uniformes, ônibus antigos e a música da época criando uma atmosfera envolvente e imersiva. Por baixo da nostalgia, a história aborda temas sérios como a luta de classes, violência doméstica e expectativas sociais. Alguns deles moldam o crescimento dos personagens e suas escolhas.

O vínculo que liga os três — Young-Rye, Jong-Hee e Jae-Pil — flui de forma natural, acompanhado por momentos sutis de compreensão, dor compartilhada e conexão silenciosa. Ver uma história que permite que a amizade esteja no centro sem se precipitar no amor é um incentivo a mais, pois traz uma sensação de conforto e uma dinâmica que geralmente é deixada de lado. Seria ainda melhor se isso tivesse se mantido do início ao fim.

Memórias que ficam

A Hundred Memories é um K-Drama de conforto que abraça o coração. Equilibra perfeitamente a comédia leve, o romance agridoce e temas emocionais. É um must-watch para quem gosta de narrativas nostálgicas e valoriza a amizade feminina acima de tudo. 

Com trilha sonora delicada, atuações encantadoras e uma atmosfera nostálgica irresistível, A Hundred Memories conquista não apenas pela história, mas pelo sentimento que deixa no ar quando os créditos sobem. Um K-Drama que aquece o coração e nos lembra de que, por mais que o tempo passe, certas memórias nunca se apagam. Mesmo com o final, a história, os personagens e cada cena compartilhada ficam como lembranças de uma série que se tornou uma das minhas favoritas da segunda metade do ano.

Twenty Five Twenty One é uma série que traz a amizade como troca de apoio mútuo em um clima de nostalgia. Recomendo também! ˆ-ˆv

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