
Como uma sinfonia que começa suave antes de atingir seu clímax, Ao no Orchestra 「青のオーケストラ」 é uma jornada composta por ensaios, notas e a busca pela harmonia do som entre os instrumentos. A história acompanha jovens que encontram na música não apenas uma paixão, mas também uma forma de se reconectar com quem são. No compasso entre drama e arte, o anime traduz com maestria a intensidade da adolescência e o poder transformador de uma orquestra.
Inspirado pelo mangá de Akui Makoto, o anime estreou em 2023 com 24 episódios. E agora, com a segunda temporada prestes a subir no palco — com Akine Ritsuko, Aono Hajime, Saeki Nao e companhia — é hora de relembrar essa melodia. Embarca comigo?
🎻 Ficha técnica de Ao no Orchestra
Anime: Ao no Orchestra (Blue Orchestra)
Gênero: Drama e Música
Número de Episódios: 24
Estreia: 9 de abril de 2023
Estúdio: Nippon Animation
Adaptação: web manga de Akui Makoto
Aono Hajime era um jovem prodígio do violino, até que um escândalo envolvendo seu pai, um renomado violinista, destroi a reputação da família e o faz abandonar a música. Quando entra no último ano do ensino fundamental, o som do violino de sua colega Akine Ritsuko reacende sua antiga paixão pela música. Inspirado por ela, ele decide tentar uma vaga na prestigiada Umimaku High School, onde a orquestra é conhecida em todo o país. Lá, Hajime descobre que a música é mais do que técnica — é um diálogo entre notas em busca de uma harmonia entre a cicatrização de feridas e a realização de sonhos.
Review de Ao no Orchestra
Eu sou movida à música, por isso, assisto a quase tudo — animes ou K-Dramas — relacionados ao tema. Depois de acompanhar Kono Oto Tomare! 「この音とまれ!」, um dos melhores animes do gênero, eu me senti ainda mais inspirada a seguir nesse universo.
Ainda falta encaixar Hibike! Euphonium 「響け!ユーフォニアム」na programação por aqui, mas Nodame Cantabile 「のだめカンタービレ」 e Piano no Mori 「ピアノの森」 são alguns dos nomes que me marcaram nessa jornada, assim como Ao no Orchestra. Nem preciso dizer o quanto estou ansiosa pela segunda temporada.
Para quem dedica uma playlist inteira (eu!) para músicas clássicas, Ao no Orchestra é uma peça obrigatória em seu repertório de animes. Além de obras de Pachelbel, Vivaldi, Bizet, Tchaikovsky, Dvorak e tantos outros nomes conhecidos, cada som produzido age como um fio condutor para o desenvolvimento dos personagens — enquanto também nos apresenta os bastidores de uma orquestra.
Personagens que vibram como notas
No centro da partitura, está Aono, um protagonista assombrado por traumas do passado envolvendo sua família e que compartilha com o violino um sentimento entre dor e esperança. Além da carga pessoal, ele sempre tocou como solista. Ao entrar no clube de orquestra, ele aprende a perceber os sons ao seu redor para buscar a harmonia com os outros instrumentos, enquanto cria seu próprio timbre.
Apesar de ser uma violinista iniciante, com dedicação e muita prática, Akine mostra que pode estar no mesmo palco de seus colegas músicos. Na orquestra, ela chega como um arco que faz a corda vibrar: determinada, intensa e capaz de inspirar não apenas o protagonista, mas também o público que ouve sua música.
Saeki completa as notas da partitura como o maior rival do Ano, além de também ser um prodígio no violino. Um encontra no outro a motivação para melhorar. A tímida violinista Kozakura Haru e o violoncelista veterano Yamada Ichiro enriquecem o conjunto, representando diferentes maneiras de se conectar com a arte: competição, paixão, timidez, ou simples desejo de pertencer a um lugar.
Também vale a pena prestar atenção em três coadjuvantes: Harada, Hatori e Takeda-sensei. Harada é o primeiro violino da orquestra e é também o guia de todos os músicos, como braço direito do maestro. Hatori segue seus passos como um dos candidatos a próximo líder, além de estar sempre aconselhando Aono. Já Takeda-sensei é uma influência exemplar como professor para os seus alunos.
Entre performance, palco e o peso emocional
A Nippon Animation mostra um visual consistente, mesmo com algumas limitações técnicas. As apresentações — em orquestra ou nos solos de Aono e Saeki — usam CGI na tentativa de trazer mais realismo na execução dos instrumentos. O resultado pode não ser visualmente perfeito, mas há autenticidade nos movimentos e na intenção de capturar a sincronia entre corpo e som.
O ritmo narrativo pode parecer lento em alguns momentos, principalmente nos episódios que focam nos coadjuvantes, mas essa cadência dá espaço para que os personagens se desenvolvam e encontrem seu próprio tom. Aí está o verdadeiro destaque do anime: a interpretação musical. Cada peça apresentada carrega peso emocional, refletindo o estado interno dos personagens.
O roteiro acerta ao apresentar adolescentes inseguros, apaixonados, às vezes frágeis, mas sempre movidos por um desejo sincero de se expressar. Dá para sentir a tensão nas cordas, a leveza dos arcos e o impacto de cada nota. Acredito que mesmo quem não é fã de música clássica consegue se envolver pela atmosfera que a obra cria.
Uma trilha sonora que fica no coração
O tema de abertura, “Cantabile” da banda Novelbright (que também embala a opening de Yubisaki to Renren), é um convite para se deixar pelo som do violino que abre a música. Seu tom traduz bem o espírito do anime: vulnerabilidade, esperança e harmonia.
Já o encerramento, “夕さりのカノン” de soshina (粗品) feat. Yuika (ユイカ), revisita a clássica melodia de Pachelbel com delicadeza e modernidade, fechando cada episódio como o último acorde de uma apresentação inesquecível.
Impressões finais da 1ª temporada de Ao no Orchestra

Ao no Orchestra não é apenas um anime sobre música, é uma ode aos recomeços. A história de Aono e Akine toca em temas universais como trauma, superação e amizade, usando a música como linguagem emocional. Assim como uma sinfonia que alterna entre momentos suaves e intensos, a narrativa oscila entre o drama familiar e a leveza das descobertas na convivência escolar, sempre com uma trilha sonora que emociona.
Mesmo com a inserção de CGI (não sou muito fã, mas entendo que às vezes é necessário), o anime toca mais do que notas — encanta pela honestidade e pela forma como traduz o poder de cura da música. É uma obra sobre se redescobrir quando tudo parece desafinado, sobre aceitar o passado e encontrar um novo ritmo para seguir em frente.
Estou ansiosa para acompanhar a segunda temporada, reviver essa sinfonia que começou em 2023 e descobrir até onde o som azul do violino de Aono, Akine, Saeki e companhia vai nos levar dessa vez. Se você gosta de slice of life e prefere uma abordagem mais realista do gênero, Ao no Orchestra não pode ficar de fora do seu repertório.
Expectativas para a 2ª temporada de Ao no Orchestra
A sequência de Ao no Orchestra estreia neste domingo, 5 de outubro de 2025, com a promessa de 21 episódios. O diretor Seiji Kishi, roteirista Yuuko Kakihara, e o estúdio Nippon Animation continuam envolvidos, indicando uma continuidade de estilo, ritmo e sensibilidade similar à primeira temporada.
A história deve retomar o passo depois do grande concerto anual da orquestra escolar e da formatura dos alunos do terceiro ano. Isso abre espaço para explorar como os membros restantes — especialmente Aono, mas não apenas ele — vão redefinir o som do clube, lidar com novas responsabilidades, e construir sua identidade musical sem o apoio dos veteranos.
Ensaios, afinações, estratégias de elenco, escolha de repertório e como cada instrumento dialoga com os outros devem ganhar mais destaque. Podem surgir desafios técnicos maiores, discussões mais profundas sobre estilo musical, afinidade com peças clássicas vs desafios modernos e também conflitos internos do grupo.
A continuação também pode mostrar como Aono lida com o medo de falhar ou de não corresponder às expectativas externas, ainda sob a sombra dos conflitos internos que carrega pelo passado familiar. A reconstrução da confiança, tanto na música quanto em si mesmo, deve continuar sendo um eixo central de Ao no Orchestra.
A segunda temporada de Ao no Orchestra provavelmente será uma fase de formação e reafirmação: novos papéis, expectativas maiores, amadurecimento musical e pessoal. O relacionamento de Aono com a música deve se aprofundar, assim como o crescimento dos colegas e da própria orquestra. Além disso, pode haver um foco maior em concertos ou competições, elevando os desafios técnicos e emocionais.
Enquanto acompanhamos como será a evolução do clube sem seus membros veteranos e como cada personagem vai achar seu próprio ritmo, podemos nos aquecer com o som acapella de Utagoe wa Mille-Feuille.