
Cantar a cappella é uma das formas mais puras de se conectar pela música. Sem instrumentos, apenas vozes entrelaçadas em diferentes tons, criando harmonias tão frágeis quanto poderosas. Essa é a proposta de Utagoe wa Mille-Feuille 「うたごえはミルフィーユ」, um anime que transforma a experiência vocal em uma metáfora para a juventude: cheia de inseguranças, descobertas e o desejo de encontrar seu lugar no mundo.
As primeiras notas ganham forma em uma das salas de aula, onde um inusitado clube desperta sonhos, amizades e vínculos que pareciam inalcançáveis. A obra de 10 episódios é inspirada em um projeto musical da Pony Canyon com Yamanaka Takuya e produção do estúdio Jumondou. Embarca comigo?
Ficha técnica de Utagoe wa Mille-Feuille
Anime: Utagoe wa Mille-Feuille
Gênero: Música
Número de Episódios: 10
Estreia: 17 de julho de 2025
Estúdio: Jumondou (Akuyaku Reijou Level 99)
A estudante do primeiro ano do ensino médio Komaki Uta ama cantar, mas é tímida demais para entrar no clube de música pop da escola, mesmo sendo o seu grande sonho. Em todas as tentativas de entregar o formulário, a hesitação vence. Ao se sentir intimidada pelos colegas a ponto de pensar em desistir, ela recebe um convite inesperado de Kojou Airi, presidente do clube de a cappella. Lá, Uta encontra colegas excêntricas e apaixonadas, que juntas constroem algo especial: melodias em camadas, como um mille-feuille delicado, onde cada voz preenche uma parte essencial da receita.
Review de Utagoe wa Mille-Feuille
Embora seja uma das estreias da temporada de julho, Utagoe wa Mille-Feuille ficou na lista de stand-by e nem entrou no tour em que compartilho minhas primeiras impressões. Por questões de licenciamento, eu não tinha certeza se conseguiria acompanhar o anime. Que bom que deu certo! A animação é linda, cheia de brilho e de vida, além de bem detalhada.
Se o visual encanta, os personagens mantêm a melodia em sintonia. Uta é uma protagonista extremamente direta, fala o que pensa, mas sempre com respeito e disposta a ouvir o outro lado. Ela tem uma percepção aguçada, apesar do seu jeitinho pessimista de enxergar as coisas, o que adiciona um certo charme e deixa suas interações mais divertidas de acompanhar. Além de Uta, cada membro do clube — Airi, Rei, Musubu, Kumai e Uruu — carrega uma personalidade bem peculiar.
O anime brilha ao mostrar como cada uma delas traz um pedaço de si para o grupo. Suas vozes juntas a capella se completam Desde os primeiros episódios, a atmosfera é tranquila, calorosa e relaxante, com músicas que impressionam pela beleza, simplicidade e naturalidade das harmonias.
O episódio 8 é um dos meus favoritos, pois temos a chance de ver o grupo de veteranas da universidade no palco. Elas também cantam a cappella e revelam o desejo de se tornarem profissionais para transformar o gênero em uma categoria digna de chart próprio nas paradas musicais. 🙂
Impressões finais
Após uma leva de animes com o final em aberto, sem qualquer promessa de continuação ou força suficiente para reivindicar uma sequência, Utagoe wa Mille-Feuille apresenta seu último episódio de forma extremamente satisfatória. Um dos pontos centrais são os diálogos sobre como mudamos a partir de nossas interações e seguimos em frente, nos adaptando ao que vem a seguir. O jeito mais fácil é manter tudo como está (desejo da Airi), mas não é algo que pode ser controlado. Além disso, há mudanças que vêm para o bem, não é?
>>> Alerta de spoiler!
Foi divertido ver a nova aluna tentando entrar no clube de um jeito bem parecido com o que a Uta tentou no início do anime. Depois de entregar a personalidade de cada uma, ela deixa o convite. Enquanto isso, Rei decide conciliar as atividades do clube de a capella com a carreira profissional ao lado das veteranas de Parabola. ˆˆ
Em uma apresentação especial fora dos palcos da escola, um evento de Natal para famílias e crianças, surge o テトテ: símbolo de união entre vozes e o público. E mais uma música bonita para marcar a despedida, a união do grupo e o crescimento pessoal das personagens — enquanto mostra flashbacks de cada uma.
Utagoe wa Mille-Feuille é mais um anime de música que conduz bem o ritmo da história e fecha sua partitura em grande estilo, sem notas soltas ou vozes desafinadas. Mesmo com uma apresentação simples, o anime tem um charme único. Assim como o Mil-folhas, é doce, delicado e cheio de camadas finas que aquecem o coração. É aquele tipo levinho da temporada, para saborear sem pressa, curtindo cada pedacinho até o final.
Para quem gosta do gênero, recomendo seguir do a cappella para o rock com Rock wa Lady no Tashinami deshite. 🤘🏻🎸🎶