
E se no lugar de um típico herói justiceiro que enfrenta o submundo do crime, o protagonista só quisesse ser… normal e escrever poemas? The Nice Guy (착한 사나이) brinca com essa inversão de expectativas. Em vez do mafioso cruel ou do policial destemido, Park Seok-Cheol é um “cara legal” que faz parte de uma família de gangsters, mas não se encaixa nessa tradição.
Inspirado em narrativas clássicas de gângsteres, o K-Drama propõe uma perspectiva melancólica e romântica da vida de alguém que deseja se afastar desse meio. Em meio a dilemas morais, um pouquinho de romance e muitas tentativas de escapar do destino pré-determinado, a série da JTBC chegou ao último episódio nesta sexta-feira, 29 de agosto. Embarca comigo?
Ficha técnica de The Nice Guy
Série: The Nice Guy (착한 사나이)
Gênero: Ação, Romance, Família e Melodrama
Número de Episódios: 14
Estreia: 18 de julho de 2025
Direção: Song Hae-Sung, Park Hong-Soo
Roteiro: Kim Woon-Gyung, Kim Hyo-Seok
Elenco principal: Lee Dong-Wook (Park Seok-Cheol), Lee Sung-Kyung (Kang Mi-Young), Park Hoon (Kang Tae-Hoon) e a lista completa
Park Seok-Cheol (Lee Dong-Wook) é o neto mais velho de uma família que já está há três gerações envolvida com o crime organizado. Mas ele é diferente. Além do desejo de escrever poemas, ele tem um coração puro que nutre um amor sincero por Kang Mi-Young (Lee Sung-Kyung), seu primeiro amor e uma jovem sonhadora que deseja se tornar cantora. A história se desenrola entre tentativas de Seok-Cheol de abandonar o submundo e viver uma vida honesta ao lado dela, enquanto enfrenta traições, armadilhas de gangues rivais e os próprios conflitos familiares.
Review de The Nice Guy
The Nice Guy é, antes de tudo, uma obra que gera ambivalência. Por um lado, o elenco chama atenção, especialmente pela presença carismática de Lee Dong-Wook, que entrega um protagonista melancólico, dividido entre o amor e a lealdade a uma família criminosa. A química com Lee Sung-Kyung é natural e convincente (sem aquela romantização típica das séries coreanas), criando momentos de ternura que contrastam com a violência do ambiente ao redor.
Já Mi-Young se destaca como uma protagonista forte, que não hesita em enfrentar seja quem for para defender seus sentimentos. Suas expressões passam insegurança pelas experiências que viveu na escola no passado, mas isso some quando seu relacionamento com Seok-Cheol entra em jogo.
Por outro lado, o roteiro carece de intensidade em alguns pontos — e até um pouco mais de personalidade. Muitos episódios são mornos e passam sem deixar marca, enquanto o ciclo de confrontos entre gangues se repete e impede Seok-Cheol de romper definitivamente qualquer vínculo com o submundo. Essa falta de dinamismo pode afastar a ponto de fazer 14 episódios parecerem longos demais para o K-Drama.
Por falta de opções mais atraentes entre os lançamentos de julho, eu mantive minhas expectativas baixas desde o início. E acho que isso contribuiu para eu acompanhar sem esperar muito em troca. Um dos momentos mais memoráveis de The Nice Guy não foi uma cena de rivalidade, nem de romance, mas ouvir a voz do Xdinary Heroes (엑스디너리 히어로즈) em “Break the Darkness (나를 깨워줘)”, parte da trilha sonora.
E por falar em música, a sonoridade acústica que encerra o episódio 10 tornou a cena mais memorável e reforçou a tensão emocional. Ainda lembro dela enquanto escrevo, apesar de ser um momento cheio de melancolia entre Seok-Cheol e Mi-Young.
Uma narrativa limpa, sem exageros
O final de The Nice Guy é clean, previsível de certa forma e sem grandes (nem pequenas) reviravoltas. Cada episódio é minimalista do início ao fim e não parece ter pretensão de ir além disso. Para quem não criar expectativas, frustração e satisfação passam longe. A neutralidade predomina. Fica apenas a sensação de ‘Ok! Acabou, próximo ’.
>> Alerta de spoiler!
Eu não esperava ver o Seok-Cheol na prisão, apesar de fazer sentido dentro da natureza do seu trabalho como gangster. Mas como pode um personagem sofrer tanto? O acidente de carro causado por Tae-Hoon por um mal-entendido (sem falar nas investidas para conquistar sua namorada), além da surra por sair da gangue (movida pelo ciúme e o desejo de poder do Oh Sang-Yeol) e a facada pelo seu próprio clã.
Ainda assim, há uma sensação de vazio por algumas brechas que ficam pelo caminho. Uma delas é a conversa entre Seok-Cheol e Kang Tae-Hoon (Park Hoon) no último episódio. Senti falta de mais peso emocional. Esse toque aparece na música de abertura, mas aqui já soa fora de contexto por não refletir a história de The Nice Guy. Se ao menos a série tivesse explorado o sonho de Seok-Cheol de escrever poemas ou a união da família para superar uma adversidade, por exemplo, faria sentido.
The Nice Guy não se encaixa no skip nem no stream. Fica em um meio-termo: tem bons atores, química convincente e uma trilha sonora agradável, mas peca pela falta de ousadia narrativa. A história tem seu charme, especialmente pela dupla surpreendentemente encantadora formada por Mi-Young e Seok-Cheol, mas pode ser dispensável se tiver opções melhores na sua lista de K-Dramas.
Com muitas cenas de ação e uma direção bem conduzida, Good Boy de Park Bo-Gum já é um mustwatch.