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Hip Hip Hooray! Stray Kids celebra o auge em KARMA

Stray Kids para o álbum KARMA, com roupas em preto e branco que aparecem no MV de "CEREMONY"

[Atualizado em 4 de setembro] Um comeback em clima de vitória. É assim que o Stray Kids (스트레이 키즈) apresenta seu novo álbum KARMA nesta sexta-feira, 22 de agosto. Em um streak de lançamentos desde o início do ano, primeiro com a mixtape dominATE em março e depois com o EP japonês Hollow em junho, o grupo consolidou sua presença global com uma turnê massiva que atravessou 34 regiões em 54 shows. 

A passagem do Stray Kids no Brasil deixou um sentimento forte de saudade, pelas noites memoráveis que o grupo compartilhou por aqui, além de uma conquista histórica como a maior turnê de K-Pop no país. Tudo isso pavimentou o caminho para a chegada do novo álbum. Embarca comigo?

Review do álbum KARMA

KARMA não é apenas uma escolha simbólica. É a síntese de uma fase de colheita que carrega o significado de destino e retribuição, mas com aquele jeitinho Stray Kids de ser. Um álbum que, mais do que um comeback ou uma coleção de novas músicas, representa um marco. É um manifesto que converte todo o esforço do grupo nos últimos anos em combustível para a próxima fase.

Com a titletrack “CEREMONY” (incluindo duas versões alternativas) e oito b-sides, Bang Chan, Changbin, Han, Felix, Hyunjin, I.N, Lee Know e Seungmin apresentam um disco que tem gosto de comemoração. E a proposta é clara: transformar conquistas em música, e gratidão em festa.

Mas nem tudo são flores. Com o peso da bagagem também vêm as pressões, as cobranças e o sentimento de vazio mesmo cercado por multidões. Quem nunca experimentou essa sensação ao menos uma vez? Isso transparece nas letras e na produção, mais uma vez liderada pelo 3RACHA com Bang Chan, Changbin e Han.

Na tracklist, uma variedade de gêneros, estilos e novos lados do SKZ. “CEREMONY”, “In My Head”, “Phoenix” são os destaques instantâneos do grid para alcançar o pódio da primeira rodada. Antes de cruzar a linha de chegada, vamos fazer um pit stop em cada faixa do álbum.

🏆 Titletrack “CEREMONY”: o hino da consagração

Escolhida como titletrack do álbum KARMA, “CEREMONY” é tudo o que se espera de uma música feita para ecoar em estádios. E para celebrar — não só do sucesso do grupo, mas da jornada que os trouxe até aqui.. A faixa é barulhenta, caótica, energética e, ao mesmo tempo, incrivelmente precisa. 

Com uma base hip-hop experimental e um refrão que alterna entre a saudação “hip hip hooray” divertida do Bang Chan no início (que, aliás, tem tudo para virar bordão entre os STAY pelo mundo) e a repetição quase ritualística de “karma, karma, karma, karma” — especialmente marcante na voz grave e acolhedora do Felix no final — a música traduz perfeitamente o estado de espírito do grupo neste momento: euforia pura.

É curioso como a faixa consegue ser divertida e autocelebrativa sem parecer convencida demais. O instrumental mistura o caos organizado do trap com elementos melódicos que surgem e desaparecem como fogos de artifício, enquanto o arranjo brinca com dinâmicas: versos com rimas afiadas e percussão marcada se harmonizam com um pré-refrão melódico. 

O resultado é um hino que equilibra o carisma do grupo com uma estrutura pouco convencional, bastante experimental e, ao mesmo tempo, tão Stray Kids. É quase impossível não se deixar levar pela batida e pelo espírito de vitória que ela evoca.

Hyunjin e Lee Know participaram ativamente com ideias para a coreografia, criando uma performance à altura do caos controlado da música. O MV, aliás, converte a proposta da música em imagens muito bem, com direito à cameo do Faker no final. *LoL feelings*

Se há algo que pode incomodar é a curta duração (2:44). Talvez seja proposital, não apenas pela tendência do consumo rápido, mas para representar uma verdadeira cerimônia: aquele pico de energia que desaparece rapidamente, deixando no ar a sensação de “quero mais”.

🌟 B-sides: estilos e estados de espírito em alta rotação

O impacto da largada vem com “CEREMONY” pelo boom caótico que ela provoca assim que os motores da música são ligados. No entanto, ao lado dela, outros sons, cada um no seu box, também disputam um lugar no pódio.

🏅 “BLEEP (삐처리)”

A abertura da corrida na pista de KARMA fica por conta de “BLEEP (삐처리)”, um hip-hop com batida pesada e ar cinematográfico em clima de filme de ação. Por trás da produção expansiva, um recado: “Doesn’t mattеr what they say, I’m driven / Filter out their ways and listen / Music to my ears, your silence / I can’t hear you”. Críticas não abalam os meninos. Eles seguem em frente acreditando no próprio caminho. Felix brilha logo de cara, e sua voz ganha destaque em um refrão que é puro Stray Kids.

🏅 “CREED”

Com um arranjo retrô e uma aura divertida, “CREED” é quase um mantra em “Yeah, I’m doing what I say”. Produzida entre um intervalo e outro em um quarto de hotel durante a dominATE tour, a faixa mistura batidas de trap com uma letra que segue seu próprio ritmo, enquanto carrega as crenças do grupo: “No need to be impatient, it’s my pace, still pushing myself today…I’ll make sure I get what I want / My creed, it keeps me breathing, uh, uh, yeah”

🏅 “MESS (엉망)”

Uma das faixas mais antigas (para eles, nova para nós) da tracklist, revisitada cinco anos depois de sua primeira versão, “MESS (엉망)” traz guitarras distorcidas e um tom melancólico. Não sei se é por ter visto o Stray Kids de perto, se é a saudade que ainda não passou, mas alguns trechos da letra deixaram um impacto nostálgico. 

É como se carregassem um pedacinho das memórias que eles criaram por onde passaram nos últimos meses: “The atmosphere feels different from before, and I / Feel awkward, but I wander, hoping we might run into each other…”, “When will we meet again?”, “Can we meet again?”.

🏅 “In My Head”

Um dos grandes destaques do álbum. “In My Head” tem uma pegada de soft rock dos anos 2000 com refrão de festival. É leve, libertadora e combina com a trilha sonora de uma road trip na hora em que o sol está prestes a se pôr. Felix brilha novamente com o efeito healing da sua voz, não importa em qual tom ele cante. Todos se encaixam bem no mood da música. É fácil imaginá-la sendo cantada por milhares de vozes em um festival de rock. É esse o tipo de vibe que ela desperta.

🏅 “Half Time (반전)”

“Half Time (반전)” marca o meio do álbum com um groove contagiante. A música apresenta uma estrutura que brinca com camadas e efeitos que lembram vidro tilintando, além de inserir pequenos trechos em espanhol. A letra é um destaque à parte, especialmente no refrão: “I’m at the half time, play time / Now I’m (Now I’m) just getting started / At my prime time”. Ela reforça o momento do Stray Kids, ao mesmo tempo em que sabe que ainda há muito pela frente.

🏅 “Phoenix”

EDM brilhante, refrão explosivo e mensagem de renascimento. Um lado diferente do SKZ, que deixa o grupo ainda mais atraente. “Phoenix” é o tipo de música que conquista fácil à primeira ouvida e te faz querer dançar até o sol nascer. Como minhas playlists sempre têm os dois pezinhos na pista de dança, a faixa virou a queridinha do álbum e entrou rapidinho no repeat. 

O apego por ela só aumenta cada vez que toca por aqui. Se eu ainda fosse DJ, já estaria no meu setlist: uma candidata natural a “hit de after party” — talvez até minha b-side favorita entre os últimos lançamentos. A letra é tão boa quanto o som: “Like a phoenix / Light up the night, I’m reborn with fire / I can’t stop the fight, living like a phoenix / Light up the night, I’m reborn with fire / I can’t stop the fight, living like a phoenix”.

🏅 “Ghost”

Embalada por synths, “Ghost” é mais um experimento bem-sucedido de KARMA. Soa diferente, ao mesmo tempo em que se mantém fiel à essência do SKZ. Tem jeito de soar ainda mais poderosa ao vivo — ainda mais por encapsular toda a exaustão física e mental do grupo durante a maratona de apresentações pelo mundo. 

Minha parte favorita é a ponte do Felix, apesar da letra melancólica que reflete a sobrecarga: “Rendezvous with the déjà vu / Repeated blues, yeah, the world’s so cruel / Howling “boo” when the time is due / I don’t know what to say / Just pray that I’m okay”.

🏅 “0801”

Dedicada ao fandom STAY (em referência ao dia 1º de agosto), “0801” é aquela música de conforto, doce e sonhadora que transborda gratidão: “It’s gonna be okay, I’m right here…I’ll stay forever, oh, I’ll stay here”. Com um tom nostálgico, a música evoca o clima de despedida de show, com promessas de reencontro e afeto. Uma escolha perfeita para encerrar shows e aquecer corações que aguardam a próxima vez.

🏅 Versões alternativas de “CEREMONY”

O álbum ainda traz duas variações da faixa-título. Assim como “Chk Chk Boom” do álbum ATE, “CEREMONY” também ganhou uma “Festival Ver.”: sob medida para explodir ao vivo com batidas mais intensas em um estádio lotado. Para completar, quem encerra o álbum KARMA é a versão em inglês, que mantém o mesmo espírito vibrante. Fico imaginando uma terceira versão, instrumental, acompanhada por diferentes tipos de remix.

KARMA é a recompensa mais do que merecida

Se algumas faixas soam curtas demais, isso não compromete o conjunto da obra: puro caos no melhor estilo SKZ, além de divertido e cheio de personalidade. KARMA é um álbum que consolida o Stray Kids como um dos grupos mais criativos e influentes do K-pop atual. É um disco de celebração, mas também de reflexão sobre o caminho percorrido, o presente brilhante e o futuro que eles continuam a construir.

E, sim, talvez a titletrack “CEREMONY” soe estranha para algumas pessoas na primeira volta, como uma curva inesperada em alta velocidade — assim como algumas músicas do ATEEZ (에이티즈). Mas se tem algo que os dois grupos sabem fazer bem é transformar o exótico em irresistível. Stray Kids não é apenas o piloto, mas um time com a mesma sinergia de uma equipe de Fórmula 1, incluindo os STAY, correndo juntos pelos últimos sete anos. Palavras do Lee Know.

Com o tempo e sem perceber, você pode até se deixar levar pela vibração festiva e se pegar cantando “hip hip hooray” como aquele coro da torcida que ecoa das arquibancadas a cada ultrapassagem: na fila do mercado, limpando a casa ou no caminho para a universidade/trabalho. Afinal, quando o karma é bom, a gente canta junto. 🏁

Já conferiu todas as faixas? Ouça o álbum KARMA completo no Spotify e compartilhe suas favoritas. 🎧

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