
Ver o The Rose (더로즈) no Brasil já estava no meu checklist de shows. O lançamento de “You’re Beautiful” há dois anos, pouco antes da chegada do álbum DUAL, colocou a banda definitivamente no meu radar de K-Rock. Desde então, Woosung, Dojoon, Hajoon e Taegyeom vêm ganhando mais espaço nas minhas playlists até expandirem seu domínio com a passagem pelo Coachella no ano passado e, mais recentemente, com o álbum WRLD que dá nome ao Once Upon a WRLD Tour — que desembarcou no Vibra São Paulo no dia 8 de agosto de 2025.
É a quarta vez do The Rose no Brasil, mas, para muitos aqui — inclusive para mim — é a primeira (de muitas que ainda virão). Uma semana já se passou e hoje, estou aqui para compartilhar com você como foi minha experiência. Estamos prestes a entrar em outro mundo criado a partir de uma noite inesquecível. Embarca comigo?
Uma noite com The Rose em São Paulo
Sem VIP dessa vez, apenas com o ingresso da Pista Premium e o desejo de ver os meninos pelo menos de uma distância razoável, chego na fila por volta das 14h. Para passar o tempo, o que mais se ouve é a troca de histórias sobre outros shows — principalmente a memorável passagem do Stray Kids pelo Brasil — e a vinda do ator Woo Do Hwan no dia seguinte.
Enquanto alguns posam para fotos com o lightstick, outros distribuem photocards pra lá e pra cá, pulseiras artesanais e muito amor pelo The Rose. Sinto até um cheirinho de tangerina vindo da fila quilométrica que já se forma atrás de mim, misturado a diferentes aromas de comidinhas que cada um começa a tirar da mochila (ou receber do iFood) para dividir com o grupo — que veio junto ou se formou ali mesmo na espera pela grande noite.
O vento frio de agosto também está presente para nos fazer companhia, assim como as idas e vindas das nuvens, com a ameaça constante de carregar o céu e abrir espaço para a passagem da chuva. Torcida para o tempo se manter firme não faltou. No entanto, como se fosse um ritual, uma tradição que precede quase todos os eventos em que participei no Vibra SP, ela marca presença (e com força). Hora de vestir a capa de chuva!
Quando o céu começa a escurecer é sinal de que os portões vão abrir em breve. Demora, mas assim que um segurança abre a porta lateral, o burburinho logo se transforma em gritos. A fila anda gradualmente. Os ingressos são conferidos, enquanto as pulseiras de PP são presas no pulso. A cada passo para dentro, o barulho da cidade e da chuva vão ficando para trás, e a ansiedade toma conta.
Portas que se abrem para outro mundo
A noite do dia 8 de agosto de 2025 começa fria do lado de fora, mas dentro do Vibra São Paulo o ar já é quente — não só pela temperatura, mas pela expectativa. A fila de horas se dissolve na entrada, e cada passo ecoa como se estivéssemos atravessando um portal que dá acesso ao universo do The Rose. O palco não é nem tão grande, nem tão pequeno. Para mim, eles dominariam facilmente um estádio, mas hoje optam por algo mais íntimo.
À primeira vista, minha distância até eles parece boa, considerando os VIPs que permaneceram na Pista Premium e o horário que cheguei na fila. Tem poucas pessoas altas ao meu redor. E eu não sou tão baixa. Sem celulares ou lightsticks, consigo ver bem. Só o tempo dirá como será depois.
Às 20h05, as luzes se apagam. Na mão esquerda, meu lightstick iluminado e pronto para o The Rose. Na mão direita, a câmera só esperando as estrelas da noite subirem no palco. Um storytelling em português apresenta a chegada da banda. Com um humor discreto que arranca risadas, um jogo de luzes e narração, a intro funciona como um prólogo irreverente para o conto que está prestes a se desenrolar.
Ao som de “숨 (Breathe)” ao fundo, eles surgem: Kim Woosung (Sammy), Park Dojoon (Leo), Lee Hajoon (Dylan) e Lee Taegyeom (Jeff). Não há tradutores. É só eles, nós e o inglês direto, sem filtro, olho no olho, como um diálogo entre amigos que atravessa qualquer barreira linguística.
Primeiro capítulo: entrada em tom acústico
A primeira música, “Ticket to the Sky”, chega como um convite simbólico para embarcarmos nessa viagem sonora. É impossível esquecer — ainda mais com os assobios que ganham vida nas vozes das Black Roses no final. Até o Dojoon fica impressionado e deixa escapar um “Wow” enquanto canta.
Na sequência, “Childhood” e “Definition of ugly is” mantêm a atmosfera de proximidade. O público escuta atento em alguns momentos, canta junto em outros e, no meio do caminho, deixa os gritos falarem mais alto. É difícil segurar a emoção com o The Rose no palco.
Woosung pede desculpas por não estar com a voz 100%. Além da maratona de shows, a banda chegou no Brasil no mesmo dia da apresentação e, logo depois, na manhã seguinte, já embarcou para a próxima parada da turnê no Chile. Mesmo com o timbre sem estar na potência máxima e com a voz um pouco rouca, ele entrega mais do que imagina. A emoção vale mais do que qualquer perfeição técnica.
“She’s in the Rain” começa com uma luz branca mais forte sobre Woosung e se expande para todos os membros. E as Black Roses logo acompanham, em um coro que logo se torna tão alto quanto o som da banda.
“Tomorrow we'll be okay / Don't worry too much / As long as we keep hoping for better…”
Quando chega a vez de “Tomorrow”, Woosung e Dojoon se animam, arriscando alguns passinhos de uma dança improvisada e cheia de simpatia. Até agora, a banda se apresentava em um formato mais intimista, todos sentados em cadeiras. Mas embalados pela melodia otimista de “Tomorrow”, os dois se levantam e andam pelo palco para interagir com as Black Roses.
Segundo capítulo: as cortinas se abrem
Quando “Nebula” começa a tocar, o cenário é revelado: um quarto aconchegante e acolhedor, com luz baixa e móveis que dão a sensação de estarmos na casa deles. Não em um show, mas uma apresentação mais íntima para uma roda de amigos. Woosung puxa a introdução com seus nomes em inglês: Dylan, Jeff, Leo e ele, Sammy. E um “Welcome to Once Upon a WRLD”.
“Lifeline” é cantada com todos erguendo os braços como antenas tentando captar cada vibração. Eu canto o mais alto que consigo. A música tem uma vibe muito boa que dá vontade de projetar a voz para o maior alcance possível.
Chega a vez de uma das minhas preferidas na discografia do The Rose. não apenas pela letra e melodia, mas também por ser um marco, trazendo a banda para mais perto das minhas playlists de K-Rock. “You’re Beautiful” me pega desprevenida: ao vivo é ainda mais arrebatadora, mais bonita e mais marcante. Agora, sempre que eu ouvir, vou sempre lembrar das palavras do Woosung: “We are so happy to be here. We missed you”. ˆˆ
Depois da declaração, chega a vez de “Shift”, com Dojoon sorrindo o tempo todo. Ele parece muito à vontade. É uma energia que contagia. “Slowly” vem em seguida, puxando o coro. Gravar aqui começou a se tornar um desafio. Quanto maior a animação, mais difícil ultrapassar a barreira de braços, celulares e lightsticks que se forma no meio da pista.
O momento mais marcante da noite
Com “Nauseous” vem aquela sensação de que o show mudou de marcha. E se a animação já estava nas alturas, o nível sobe ainda mais. Mas é em “Yes” que tudo explode: o fanchant de “yes” ecoa pela casa como um mantra, um momento que ficará gravado para sempre na minha memória. O sorriso de surpresa estampado no rosto do Woosung também. O Dojoon não preciso nem falar, não é mesmo? E o Taegyeom cantando? ❤
Se o vídeo pudesse transmitir 1% da sensação de estar lá na frente do The Rose nesta hora e toda a energia na resposta das Black Roses…
But I can't make you come back to me...
E então, “Back to Me”. O hino que eu espero ouvir ao vivo desde o Coachella, começa a tocar. Se já estava difícil gravar, ficou quase impossível. Afinal, quem consegue ficar parado nessa música? Ninguém! Uma chuva vermelha começa a cair, com fogos digitais no telão, e o chão parece tremer com a batida dos pés de todo mundo pulando e cantando o mais alto que dá. Esse é o momento de perder a voz para chegar no final da música com aquela sensação de liberdade. “Alive” mantém a energia no topo.
Quando “Red” começa, uma onda vermelha ilumina a casa. Mas no meio da música, alguém na grade passa mal. A banda interrompe. Silêncio. Eles distribuem água, garantem que está tudo bem e recomeçam. A segunda tentativa vem com ainda mais força, iluminada por lightsticks e celulares todos sintonizados na cor vermelha.
Desabafo, rosas e mais hinos para cantar
Logo depois, “Sorry” traz uma das falas mais sinceras da noite: Woosung abre o coração sobre os altos e baixos e sobre quase ter desistido da carreira. É um momento de vulnerabilidade que aproxima ainda mais banda e fãs e um dos raros momentos que eu consegui enquadrar os quatro na mesma tela. 미안해, Dojoon. 미안해, Taegyeom.
Em “Eclipse”, o palco parece ainda mais íntimo, apesar da intensidade do refrão com todos cantando junto. Mas é em “Beauty and the Beast” que o cenário ganha um toque mágico: um mar de rosas erguidas pelas Black Roses, como um jardim vivo.
Esse mesmo sentimento, agora com um ar de nostalgia acompanha “Nevermind”. No final da música, trechos da letra aparecem no telão para dar aquela força extra na hora de cantar.
E mais um hino começa a tocar, dessa vez com o instrumental marcado pelas batidas da bateria de “Wonder” e pelos movimentos do meu lightsick, em sincronia com o Hajoon. “Sour” chega carregada de emoção, arrepiando cada canto do Vibra. Se no fone já é bom, ouvir The Rose ao vivo, com todo mundo cantando e cantar junto: melhor experiência.
O mundo inteiro em um abraço
“Cosmo” transforma a pista premium em uma pista de dança, todos pulam e cantam como se não houvesse amanhã. Eu também! Confetes brancos caem devagar, como neve. As luzes iluminam cada rosto, enquanto as vozes se unem para aproveitar ao máximo o show antes que as cortinas se fechem novamente.
E então vem “O”, a última do setlist de Once Upon a WRLD Tour, ao som de ‘The Rose, eu te amo’. A letra ausente no título do álbum WRLD se completa, simbolizando união e totalidade. É o abraço final entre a banda e as Black Roses. Não importa de onde viemos, que idioma falamos ou o que nos trouxe até aqui: por alguns minutos, estamos todos no mesmo mundo.
“Na na, na na, na na na na na na, na na, na na / We are the world / No colors to divide / Just come as one / We go as one”
Às 22h05, saio do Vibra com o corpo quente, a garganta arranhada, o coração cheio e a certeza de ter vivido algo único. The Rose, com sua sonoridade que mistura rock alternativo, indie e baladas emocionantes, não só tocou músicas: contou histórias, abriu corações e construiu um mundo inteiro para a gente habitar por uma noite. E essa noite não termina quando as luzes acendem, ela continua ecoando, como um refrão que não acaba.
A Once Upon a WRLD Tour pelo Vibra São Paulo encerrou, por enquanto, mas você pode levar o The Rose para uma nova turnê no Spotify. Ouça a playlist completa do show!