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NCT Dream [Go Back To The Future]: o passado como ponto de partida

Cena do MV de "Chiller" do álbum Go Back To The Future do NCT Dream com todos os membros sentados em cima de um carro, que poderia ser uma máquina do tempo

A estrada que conecta o passado e o futuro é feita de coleções de memórias, sonhos e o agora. É assim que o NCT Dream (엔시티 드림) apresenta o álbum Go Back To The Future, que chega nesta segunda-feira, 14 de julho. Com nove faixas que brincam com o tempo e os gêneros, o grupo celebra sua trajetória sob um olhar nostálgico, mas confiante, de quem se prepara para o 9º aniversário de estreia.

Em sequência ao álbum DREAMSCAPE (novembro de 2024), Mark, Renjun, Jeno, Haechan, Jaemin, Chenle e Jisung entregam agora um projeto com cara de filme cult. Literalmente, já que todo o conceito é inspirado no filme De Volta para o Futuro, com referências visuais e sonoras ao clássico dos anos 80. A narrativa se apoia na premissa de que o passado não é um lugar para se ficar, mas é uma força propulsora para o amanhã. Embarca comigo?

“BTTF”: o passado como combustível

Pela primeira vez desde o debut, o NCT Dream escolheu duas titletracks para marcar o comeback do grupo. “BTTF” (Back to the Future) veio como pré-release no dia 9 de julho e abre o álbum já na força bruta: vocais gritados, batidas pulsantes e aquela energia característica que lembra muito o estilo do NCT 127 (엔시티 127). 

Musicalmente, “BTTF” é densa, carregada de transições dramáticas e sons sintéticos que se alternam com o hip hop. É quase como se o grupo tentasse encapsular nove anos de história em três minutos. A música declara com confiança: “I am the future”, com a certeza de quem já percorreu um bom caminho e aprendeu com ele.

Isso se reflete no MV. Além de cenários inspirados no filme De Volta para o Futuro, o vídeo faz referências a momentos marcantes da carreira do NCT Dream, como a estreia com “Chewing Gum” e os famosos hoverboards (que simbolizam seus sonhos). A proposta é clara: reviver o passado para avançar em direção ao futuro e continuar brilhando. 

A coreografia, por sua vez, incorpora elementos que remetem ao tema de viajar no tempo, com movimentos que simulam a abertura de um portal, por exemplo. Durante a coletiva de imprensa para apresentar o novo álbum, Jisung revelou que a dança é uma das mais intensas do grupo. 

Para mim, “Chewing Gum” sempre vai ser uma das mais complexas (e uma das minhas memórias mais divertidas no K-Pop). Os passos não são tão difíceis, o maior desafio é acertar o timing de cada movimento. Não parece, mas é muito rápido. Perdi a conta de quantas vezes ensaiei para uma apresentação alguns anos atrás. Trabalhoso, porém divertido. ˆˆ’

“Chiller”: o agora como declaração

Se “BTTF” é sobre olhar para trás, “Chiller” é um retrato do presente. Leve, funky e com uma batida mais relaxada, a música aposta no carisma do NCT Dream. A produção brinca com texturas inesperadas e uma combinação de gêneros, enquanto os vocais ganham espaço em uma letra tão chill quanto o arranjo que acompanha: “Nowhere, nowhence, I’m that chiller / Cutting through chaos, it’s a thriller”

A estética do MV com a coreografia de Leejung Lee — que incorpora vários estilos de dança como locking e moonwalking — transformam a música em uma experiência visual atraente.

Embora diferentes, as duas titletracks compartilham a mesma raiz: a dupla passou pelas mãos da Kenzie. Ela também participou da música de estreia do NCT Dream em 2016, além de ser bastante ativa na discografia do grupo. E a letra de “BTTF” está diretamente conectada à mensagem de “Chiller”.

B-sides: o caminho para o futuro

Mesmo com duas faixas principais, são as b-sides que conquistam um lugar de imediato na minha playlist. Na maioria das vezes, músicas mais melódicas tendem a despertar o meu interesse com mais facilidade. “I Like It” é a primeira pelo riff de guitarra elétrica que conduz o arranjo por uma trilha divertida, combinada à voz dos meninos, que parece brilhar enquanto cantam.

“Dream Team” também chama a atenção, mesmo que em uma intensidade menor. A faixa mescla hip-hop, sintetizadores e um toque de rock. É o tipo de som que deve se sobressair ao vivo em um estádio, como se fosse um hino. 

Na sequência, “Interlude: Back to Our Paradise” entra como uma transição poética, embalada pelas notas do piano dentro da narrativa temporal. Essa ponte marca a entrada de “’Bout You (나의 소나기), uma balada pop sonhadora que soa como um lullaby delicado para ouvir antes de dormir. 

“That Summer (여름 바람이 불어오면)” volta a mostrar o lado mais brilhante do NCT Dream, com efeitos que simulam uma fita sendo rebobinada para passar a ideia de voltar no tempo — como explora todo o conceito do álbum. A linha de rap adiciona um contraste à suavidade da música, que parece uma brisa fresca do verão. — daquele que refresca dias na praia

Em uma vibe similar, “Miss Me (새벽별)” deixa o clima nostálgico com um mood retrô que combina elementos do R&B ao pop dos anos 90. “Beautiful Sailing (항해)” entrega um dos momentos mais bonitos do álbum, fechando a seleção de Go Back To The Future de uma forma delicada, emotiva e poética. Já imagino a música como despedida simbólica em uma turnê. É um final em tom cinematográfico: “Looking back on us / It’s a beautiful sailing”.

O futuro é deles

Com Go Back To The Future, o NCT Dream mostra que revisitar o passado não é apenas nostalgia, mas uma construção para o presente que leva até o futuro. O álbum equilibra o peso de quem cresceu no palco com a leveza de quem ainda se diverte no processo. 

Mesmo que nem todas as músicas entrem nas minhas favoritas pessoais — como foi com “Rains in Heaven” e o álbum ISTJ — fica difícil não se encantar com uma proposta tão diversa e que celebra todas as experiências construídas pelo caminho. Ao final de “Beautiful Sailing”, Go Back To The Future deixa claro que, para o NCT Dream, o futuro é mais do que um destino: é algo que eles mesmos estão desenhando, passo a passo, música a música.

Já conferiu todas as faixas? Ouça o álbum Go Back To The Future completo no Spotify e compartilhe suas favoritas. 🎧

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