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[Review] Hunter With a Scalpel: o passado é o bisturi mais afiado

Pôster do K-Drama Hunter With a Scalpel com o nome da série do lado esquerdo e a atriz Park Ju-Hyun do lado direito com um bisturi que reflete a imagem de Park Yong-Woo

Algumas histórias começam com mistérios que levam a um crime. Outras, já revelam todas as pistas, inclusive a identidade do criminoso. Hunter With a Scalpel (메스를 든 사냥꾼) costura essas duas linhas com bisturi em mãos: um suspense sombrio e psicológico, em que uma médica legista encontra em um corpo os traços do passado que ela acreditava estar enterrado.

Esse roteiro é uma adaptação da novel de Choi Yi-Do. Com estreia no dia 16 de junho, o K-Drama da Disney+ foi apresentado em um formato diferente: quatro episódios semanais, de segunda a quinta, até completar 16. Cada um tem duração média de 30 minutos, tentando equilibrar ritmo acelerado e profundidade emocional. 

Mesmo com linhas desviadas no meio da costura, a série consegue nos manter refém da tensão até o último corte. Embarca comigo?

Ficha técnica de Hunter With a Scalpel

Série: Hunter With a Scalpel (사계의 봄)

Gênero: Thriller e Mistério

Número de Episódios: 16

Estreia: 16 de junho de 2025

Direção: Lee Jeong-Hun

Roteiro: Jo Han-Young, Park Han-Shin, Hong-Young-Yi, Jin Se-Hyeok

Elenco principal: Park Ju-Hyun (Seo Se-Hyeon), Park Yong-Woo (Yoon Jo-Kyun), Kang Hoon (Jung Jung-Hyun) e a lista completa


Seo Se-Hyeon (Park Ju-Hyun) é uma legista genial, conhecida por sua frieza e precisão. Mas quando um corpo traz evidências de que seu pai, Yoon Jo-Kyun (Park Yong-Woo) — um serial killer que ela julgava morto — está vivo e matando de novo, seu passado volta a assombrá-la. Para salvar seu futuro, ela conta com a ajuda do detetive Jung Jung-Hyun (Kang Hoon), enquanto mergulha em um jogo psicológico e perigoso, onde a linha entre caçadora e presa se torna cada vez mais tênue.

Review de Hunter With a Scalpel

Park Ju-Hyun entrega uma atuação intensa como Se-Hyeon, uma mulher marcada por traumas de infância. Essas cicatrizes se refletem diretamente na sua personalidade: fria, indiferente, sem qualquer interesse por interações sociais e sem confiar nas pessoas ao seu redor.  Suas atitudes são confusas, às vezes ambíguas, deixando no ar a pergunta sobre sua verdadeira intenção ao confrontar o pai sozinha. 

Alguns traços do seu comportamento me lembram da Choi Seon-Hee de Perfect Family (완벽한 가족). Se-Hyeon entra em um ciclo de repetições e decisões pouco coerentes. Por que uma pessoa lógica escolheria o caminho mais ilógico? Sua jornada é menos sobre redenção e mais sobre sobrevivência. É uma escolha interessante, embora mal costurada em certos momentos.

Park Yong-Woo no papel de Yoon Jo-Kyun é o grande destaque de Hunter With a Scalpel. Seu serial killer carrega uma presença ameaçadora, ao mesmo tempo em que dosa esse lado sombrio com o “amor” (pelo menos aos olhos dele) que sente pela filha. Ele não só assombra o passado de Se-Hyeon, mas também representa o lado obscuro que ela tenta negar. 

Kang Hoon dá um passo adiante em relação a Kang Ju-Yeon de Dear Hyeri (나의 해리에게). No início, o detetive Jung Jung-Hyun não tem o respeito da equipe e não inspira a confiança de Se-Hyeon. Aos poucos, suas ações começam a mudar essa percepção. Sua atuação foi boa e cheia de potencial, mas sinto que o roteiro restringiu o desenvolvimento do seu personagem.

As atuações infantis — Shim Ji-Yoo (Seo Se-Hyeon), Shin Yeon-Woo (Go Eun-Seo) e Kim Kyu-Na (Yoon Se-Eun) — também deixam sua marca na história, especialmente nos flashbacks, que ajudam a construir a atmosfera sufocante do K-Drama. 

Impressões finais de Hunter With a Scalpel

Hunter With a Scalpel promete muito: uma protagonista complexa, um vilão marcante e uma caçada cheia de reviravoltas. Mas entrega um enredo instável, que oscila entre momentos intensos, decisões ilógicas e situações que parecem desconectadas. 

Um dos maiores erros aqui está na forma em que a cronologia é construída e a ordem em que esses fragmentos são revelados para nós. Para mim, isso enfraqueceu o impacto da série.

Pela forma como é apresentado, o roteiro falha em sustentar a tensão. Hunter With a Scalpel começa cheio de gás, mas perde o fôlego ao tentar manter o suspense sem deixar espaço para revelar todas as pistas e nos dar tempo suficiente para desvendá-las. Resultado: o final deixa mais perguntas do que conclusões.

Talvez se os episódios seguissem o padrão de 1 hora ao invés de 30 minutos, a história teria mais tempo para ser contada. Ainda assim, para quem aprecia thrillers psicológicos e relações familiares disfuncionais, Hunter With a Scalpel tem material suficiente para envolver. Com um roteiro mais cuidadoso e cronologia organizada de uma forma melhor, o K-Drama poderia ter sido tão afiado quanto o bisturi que lhe dá nome.

Como foi a experiência para você? Me conte nos comentários se concorda comigo ou se a série prendeu sua atenção. 🙂

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