
Teogonia 「神統記 (テオゴニア)」 logo chamou atenção por seu estilo visual nostálgico e uma narrativa que combina ação, fantasia e reflexões quase filosóficas sobre sobrevivência, destino e bênçãos divinas (concedidos apenas aos escolhidos). Com estreia no dia 12 de abril, foi um dos melhores animes da temporada para acompanhar. E é na simplicidade da história que está o seu charme.
Apesar de deixar pistas que possivelmente conectam ao gênero isekai (ou não), isso é feito de forma sutil e misteriosa, através de fragmentos de memórias sobre um conhecimento desconhecido. Teogonia é uma adaptação da light novel de Tanimai Tsukasa (história) e Kawano Kouichirou (arte), com produção do estúdio Asahi Production (Otonari ni Ginga, Hazure Skill “Kinomi Master”). Vem comigo?
Ficha técnica de Teogonia
Anime: Teogonia
Gênero: Ação, Aventura e Fantasia
Número de Episódios: 12
Estreia: 12 de abril de 2025
Estúdio: Asahi Production
Adaptação: light novel de Tanimai Tsukasa (história) e Kawano Kouichirou (arte)
Ambientado em uma região hostil onde humanos e criaturas demi-humanas se enfrentam para proteger suas terras, Teogonia acompanha a evolução de Kai. No início, ele é um guerreiro inexperiente, mas não é uma pessoa comum. Fragmentos de memórias de um conhecimento que parece vir de outro mundo ou, quem sabe, de uma vida passada sempre surgem em sua cabeça. Após sobreviver a uma lesão quase fatal, ele adquire poderes que o transformam em um dos guardiões divinos.
Com essas novas habilidades, Kai começa a perceber a lógica desigual do mundo em que vive: aqueles abençoados por um “Deus da Terra” possuem poderes especiais, já os que não têm, vivem em desvantagem constante. E Kai era um deles…até agora.
Review de Teogonia
Narrativas que se apoiam em lembranças da vida passada ou de outro mundo têm sido recorrentes entre animes e até K-Dramas. Ver como o tema ganha vida é sempre curioso. Porém, em Teogonia, esse recurso é utilizado de uma forma diferente: sem deixar claro se realmente existe essa conexão.
Ao longo da história, Kai tem alguns lapsos de memória, mas não faz ideia do que são. Através delas, ele aprende a usar o fogo como magia, a cortar coisas como se sua mão fosse uma lâmina, a curar e até a desejar bolinhos de arroz (algo impensável no contexto onde ele vive). Do primeiro ao último episódio, ele evolui de um guerreiro inexperiente a mais do que uma das promessas do vilarejo.
>>> Alerta de spoiler!
Conforme consome as pedras divinas dos adversários que vence, Kai fica mais forte. No final, ele derrota o maior vilão da história — Diabo, maior que os macacos ou os porcos guerreiros — e volta para o vale, não como um herói ou lutador promissor, como um deus ainda poderoso e pronto para criar uma nação.
Mas isso ficou para uma segunda temporada (se houver), assim como sua ligação com o mundo moderno. Afinal, o que são aquelas memórias? Ele veio de outro mundo? E a Elsa, será que vai acordar? E a relação de Kai com Jose? Na abertura, eles parecem os personagens principais com potencial de desenvolver algum relacionamento, mas na história parece que Kai é mais próximo de Elsa. Será que vem sequência? Espero que sim!
Mesmo com as batalhas constantes, a história é mais “pé no chão”. As lutas são brutais, estratégicas e sem exageros. A mitologia também brilha: os Deuses da Terra, atrelados a locais específicos, conferem poderes a seus portadores, tornando-se elementos quase sagrados — e alvos de quem almeja por eles.
Estética nostálgica dos animes antigos
O visual de Teogonia remete aos animes do final da década de 90 e início dos anos 2000, com uma paleta terrosa, traços expressivos e direção de arte que lembra obras como Mononoke Hime. A divisão das terras em feudos me lembrou de Record of Grancrest War, um dos animes que mais gosto e um dos mais bem resolvidos com seus personagens.
Cada episódio começa com uma narração e um breve resumo para nos ajudar a lembrar dos acontecimentos da semana anterior. Isso é algo raro hoje em dia, mas traz um charme especial. A abertura “Shoudou (衝動)“, de Emi Noda, é delicada, envolvente e tem até um feeling mágico. Já o encerramento “Tsuki to Boku to Atarashii Jibun (月と僕と新しい自分)“, do grupo STU48, encerra cada capítulo com um tom suave e esperançoso.
Curiosidade: o que significa “Teogonia”?
O nome do anime provavelmente faz referência a Teogonia de Hesíodo, um poema mitológico escrito por volta dos séculos VIII-VII a.C. Nele, o poeta grego narra a origem do mundo e a genealogia dos deuses, mostrando como eles surgiram, se relacionaram e, ao final, interagiram com os humanos para dar origem aos heróis.
Na mitologia grega, esses deuses simbolizavam forças da natureza e traços da condição humana — como o caos, o amor, a guerra e o tempo — servindo como uma forma antiga de explicar o universo e a nossa própria existência.
Com a ascensão de Kai e as bênçãos divinas, é bem possível que o anime tenha escolhido esse nome para sugerir uma história em que os deuses moldam o destino das pessoas e o protagonista trilha seu caminho como um possível herói (ou algo maior) em um mundo guiado por forças divinas e ancestrais.
Impressões finais de Teogonia

O anime entrega um mix de ação, tensão e momentos de contemplação em um bom ritmo — que não é acelerado, nem demorado. Também tem uma boa dosagem entre a transição de um para o outro, além de passar uma sensação de tranquilidade. Apesar de dar indícios de que poderia ser um isekai, isso não se confirma até o final da primeira temporada. E nem é o foco no fim das contas, pelo menos não agora.
As relações de Kai com Elsa, Jose e os demais personagens são construídas com naturalidade, mesmo que alguns pontos fiquem em aberto — como a origem exata de suas memórias ou o futuro da vila. Apesar do final não resolver tudo, ele mantém nossa curiosidade em estado de alerta e deixa espaço para uma possível continuação.
Teogonia é o tipo de anime que precisaria de pelo menos 24 episódios para desenvolver a história sem pressa e sem deixar perguntas no ar. Será que a sequência vem? Só o tempo dirá, além da percepção de quem acompanhou seus 12 episódios. Se depender de mim, pode vir. Afinal, seu mundo ainda tem muito a revelar.
Animes que apostam na simplicidade tendem a virar uma boa companhia das maratonas. Kanpekiseijo, definitivamente, é um deles. ˆ-ˆv