
“銀河楼へようこそ!” Você está prestes a ser recebido por Yachiyo-ちゃん em um universo onde um único gênero não é capaz de definir as histórias que ganham vida nos corredores do último hotel que ainda se mantém de pé em um planeta devastado por um misterioso vírus. Em uma temporada repleta de estreias mais genéricas do que chamativas, Apocalypse Hotel 「アポカリプスホテル」 chegou discretamente e, sem alarde, conquistou um espaço especial no coração de quem se permitiu assistir.
Com o check-in e check-out de hóspedes de todas as partes das galáxias, o anime original do estúdio CygamesPictures combina ficção científica, comédia e uma sensibilidade poética rara — e um tanto peculiar. Vem comigo?
Ficha técnica de Apocalypse Hotel
Anime: Apocalypse Hotel
Gênero: Sci-Fi
Número de Episódios: 12
Estreia: 9 de abril de 2025
Estúdio: CygamesPictures
Adaptação: história original
Séculos após a humanidade abandonar o planeta Terra para escapar de um vírus fatal, o mundo caiu em silêncio. Exceto por um lugar: o imponente Galaxy Tower Hotel, no coração de Ginza, em Tóquio. Lá, Yachiyo, uma robô-hoteleira programada para receber hóspedes com excelência, mantém viva a missão deixada por seu dono: cuidar do hotel até que os humanos retornem. Mas ela não está sozinha. Mesmo sem humanos por perto, Yachiyo conta com o apoio de seus colegas robóticos e a ajuda de uma excêntrica família de tanukis.
Review de Apocalypse Hotel
Ao longo de muitos anos, Yachiyo e seus colegas autômatos mantêm a última recepção da Terra em pleno funcionamento. Os primeiros hóspedes demoram a aparecer e, quando fazem o primeiro check-in no hotel, descobrimos que são tanukis capazes de assumir a forma humana.
Depois de aprontar todas (um tanto por diferenças culturais e outro tanto por uma falta de sensibilidade inconsciente, talvez), surge uma amizade inesperada. A família se estabelece de vez por ali, enquanto Ponko passa a ajudar Yachiyo na recepção. Desde a chegada dos tanukis, outras formas de vida extraterrestre começam a se hospedar na Terra — levando a situações excêntricas e engraçadas, com uma série de referências a filmes clássicos.
Juntos, eles mantêm o local funcionando com uma dedicação extrema, mesmo sem nenhum hóspede humano por mais de 500 anos. Essa premissa que mistura comédia, melancolia e reflexão serve de ponto de partida para uma jornada que surpreende a cada episódio.
Personagens que crescem com o tempo
E o que não falta é tempo para que cada um possa se desenvolver no seu próprio ritmo. Entre as idas e vindas de robôs, tanukis e outras formas de vida, a passagem dos anos não se restringe aos padrões humanos. Se você acha que manter uma amizade por 10, 20 ou 30 anos é muito, o que dizer dos mais de 527 anos que unem Yachiyo e Ponko? A forma como a passagem do tempo é retratada aqui é um dos charmes do anime.
Apesar de serem robôs (ou tanukis), os personagens de Apocalypse Hotel muitas vezes são mais humanos do que muita gente por aí. Como se espera de um robô, Yachiyo começa como uma funcionária perfeita e que segue protocolos, mas ao longo dos séculos ela desenvolve traços únicos de personalidade: humor, raiva, dúvidas e saudade.
>>> Alerta de spoiler!
Ponko, a parceira cômica de Yachiyo, dá um ar de leveza e rebeldia — especialmente no episódio 8, onde a nossa robô hoteleira decide “quebrar regras” depois de passar anos perdida no espaço e ter que se contentar com um corpo improvisado. É engraçado descobrir um lado rebelde que nem eu, nem a própria Yachiyo conhecia.
Episódios que transitam entre gêneros
O que torna Apocalypse Hotel tão especial é a liberdade criativa que a história assume. Cada episódio mergulha em um estilo diferente: investigação noir, paródia de filmes de ação, drama familiar, ficção filosófica…até mesmo um casamento-funeral com trilha sonora comovente e convidados excêntricos.
Nada é previsível, e ainda assim tudo parece fazer sentido ao seu próprio modo, dentro do universo criado pelo anime. Mérito do roteiro, que constrói uma linha narrativa sensível à passagem do tempo e sem se prender a gêneros. O episódio 9 é o exemplo perfeito dessa mistura: um casamento e um velório acontecem simultaneamente. Rir e chorar ao mesmo tempo nunca fez tanto sentido.
>>> Alerta de spoiler!
“Pon poko pon…” O episódio 9 foi um dos mais marcantes para mim. Quem imaginaria ver um casamento e um funeral ao mesmo tempo? E com uma sensibilidade que toca, pela escolha da trilha sonora, pela forma como as cenas ganham vida aos olhos dos personagens e pela mensagem de conforto que a avó tanuki deixa para trás antes de partir.
Se o 9º episódio marca pela excentricidade e a dualidade de sentimentos, o 11 nos faz lembrar da solidão enquanto Yachiyo explora um mundo devastado, mas ainda repleto de beleza.
>>> Alerta de spoiler!
Forçada a tirar um dia de folga do trabalho, ela sai em uma aventura solo em busca de um novo chip para manter seu bom funcionamento. No caminho, ela se depara com a frustração de não achar o que precisa e descobre outras facetas de um mundo do lado de fora das portas do hotel. Ela também encontra outro robô como ela. Mesmo desativado, ele acaba tendo o que ela tanto procurava. E tem ainda a cena com o cavalo que me lembrou de The Walking Dead quando o Rick anda no meio dos carros.
Final agridoce com sabor de eternidade
E então, no episódio 12, o milagre acontece…
>>> Alerta de spoiler!
Um humano finalmente retorna à Terra. Mas meio milênio se passou desde então, o corpo já não é mais compatível com o planeta. A emoção de Yachiyo logo se transforma em uma frustração cômica, culminando em uma das cenas mais engraçadas e tristes da temporada. Ao se despedir, Tomari diz que “voltará em breve” e simplesmente…vai embora. Será que Yachiyo terá que esperar mais 500 anos?
A inversão de expectativa é brilhante. Esperávamos reencontros calorosos, mas recebemos a constatação de que o tempo muda tudo — até as pessoas. Yachiyo não reconhece a nova humana como a espécie que ela esperava. E talvez nem seja mesmo. Ou talvez o verdadeiro retorno que ela ansiava era do dono do Hotel Gingarou, não da humanidade como um todo.
Impressões finais de Apocalypse Hotel
Do ponto de vista técnico, Apocalypse Hotel é um espetáculo. Os cenários urbanos tomados pela natureza, o design dos personagens robóticos, a direção fluida e criativa, tudo contribui para uma experiência imersiva. Até mesmo a escolha da trilha sonora que abre com Yachiyo dançando ao som da música “skirt” da aiko, a mais marcante das três, ajuda a elevar o clima emocional.
Apocalypse Hotel é um anime divertido ao seu próprio modo, com episódios marcantes (como o casamento com o velório ou o dia de folga da Yachiyo), além de referências a filmes clássicos, um toque de ternura, alguns absurdos e muita comédia. Também carrega uma mensagem de esperança na solidão após décadas de espera, propósito, despedidas e reencontros — mesmo que nem sempre aconteça como sonhamos.
Se você procura um anime parar rir alto em um episódio, chorar quieto no outro e refletir sobre a passagem do tempo, Apocalypse Hotel é a hospedagem certa para um check-in digno de maratona. É uma obra que emociona, diverte e permanece com você mesmo depois do check-out.
Para quem gosta de histórias originais, Zenshuu também é uma boa pedida. ˆ-ˆv