Imagine embarcar em uma jornada sem destino certo, apenas com uma mochila nas costas e o coração aberto para o desconhecido. No Brasil, os trilhos que poderiam ligar paisagens tão diversas levam apenas a alguns passeios turísticos aqui e ali. Mas e se, como no Japão, o trem fosse parte do dia a dia, como um companheiro de viagem? É nessa viagem que Zatsu Tabi: That’s Journey 「ざつ旅 -That’s Journey-」 nos convida a embarcar.
Nossa guia é Suzugamori Chika, uma jovem mangaká que passa por um momento de bloqueios criativos e prazos apertados. Em um impulso de liberdade, ela decide fazer o que poucos se permitem: sair de casa sem roteiro, movida apenas pelo desejo de respirar novos ares, buscar inspiração e reencontrar o próprio ritmo. Vem comigo?
Ficha técnica de Zatsu Tabi: That’s Journey
Anime: Zatsu Tabi: That’s Journey
Gênero: Aventura e Slice of Life
Número de Episódios: 12
Estreia: 7 de abril de 2025
Estúdio: Makaria
Adaptação: mangá de Ishizaka Kenta
Com o desejo de se tornar bem-sucedida como mangaká, Suzugamori Chika entra em uma crise criativa após ver três de seus rascunhos rejeitados no mesmo dia. Prestes a desistir, ela toma uma decisão impulsiva: embarcar em uma viagem solo pelo Japão, escolhendo o destino com base nas respostas de uma enquete online. A partir daí, o que começa como uma fuga se transforma em descoberta — não apenas de novas paisagens, cidades e comidas típicas, mas também de si mesma.
Review de Zatsu Tabi: That’s Journey
Zatsu Tabi é aquele tipo de anime que desacelera o ritmo frenético do dia a dia. E rapidamente se tornou uma fonte de relaxamento para começar as semanas. Em cada episódio, Chika embarca em uma viagem de trem em direção a um lugar diferente.
O anime mistura aventura e slice of life com uma proposta simples. O foco aqui é o cotidiano, a contemplação e o prazer de conhecer o novo — algo que, para quem vive em um país como o Brasil, onde o transporte entre cidades pode ser limitado ou caro, torna a facilidade do sistema ferroviário japonês ainda mais encantadora.
A forma como Zatsu Tabi retrata essa mobilidade — com trilhos que ligam o país de ponta a ponta — é um lembrete de como explorar pode ser simples e acessível em lugares com estrutura para isso. Ao longo da história, Chika visita locais como Hiroshima, Ise, Onomichi e outros pontos menos conhecidos que fogem do circuito turístico tradicional.
Um dos momentos mais marcantes é quando ela vê a transição do pôr ao nascer do sol no mar durante o episódio 9. A calmaria da cena, acompanhada por um silêncio reconfortante, me fez lembrar do nascer do sol que vi na praia da Joaquina, uma das praias mais bonitas de Florianópolis (SC), pouco antes da virada de 2024 para 2025. Até os pensamentos das pessoas ao redor sobre o melhor lugar para ver ou a hora de preparar a câmera, eu me vi na Chika como se eu estivesse lá.
Outro destaque vai para a trilha sonora, que embala o anime com delicadeza. A abertura “Tabi Shiyo! don’t you? (旅しよ！don’t you？)” do duo harmoe traz aquele sentimento animado de “partiu viagem!”, enquanto o encerramento “bookmarks” (Sizuk) encerra cada episódio como se fosse uma pequena lembrança depois da volta para casa.
Imprevisível ou planejado, eis a questão
Depois da primeira viagem solo, suas amigas e colegas mangakás Koyomi, Yui, Fuyune e Riri começam a embarcar, uma a uma, nas aventuras de Chika. Quando eu viajo, costumo deixar tudo bem organizado — desde a hospedagem até as reservas dos passeios.
Ver a Chika fazendo tudo no improviso (inclusive a escolha do destino) despertou em mim uma nova perspectiva sobre as coisas. Como seria experimentar algo assim em uma próxima viagem? Será que eu teria coragem? Até mesmo quando fiz meu primeiro mochilão pela Europa, nem mesmo as passagens de trem foram compradas na hora. Saí do Brasil com tudo planejado nos mínimos detalhes.
Minha viagem mais improvisada até agora deve ter sido o show do Baekhyun no Brasil recentemente. Eu já tinha me conformado de não poder ir depois de participar de tantos eventos em São Paulo, mas um inesperado (e muito bem-vindo) convite de última hora mudou tudo.
Impressões finais de Zatsu Tabi: That’s Journey
Zatsu Tabi não é apenas sobre viajar pelo Japão. A cada estação, Chika encontra pequenas joias escondidas ao embarcar em jornadas imprevisíveis: um café acolhedor, um céu diferente, um restaurante escondido em um caminho que estava fora do seu roteiro, um diálogo silencioso com estranhos ou com ela mesma.
A conexão entre as personagens e como cada uma tem seu jeito de encarar o mundo também cumpre um papel importante. Para criar, é preciso viver. Respirar novos ares, provar sabores diferentes, observar o cotidiano de outras pessoas. E isso transparece nas interações e nas decisões ao longo da história.
Chika não é uma heroína épica. Ela é uma pessoa comum, como nós, em busca de um sentido. Sua jornada é feita de silêncios, estações esquecidas e a leveza de não saber onde estará no dia seguinte. Com imagens simples e delicadas, o anime desperta a vontade de estar em movimento: não para chegar a algum lugar, mas para simplesmente ir e se deixar levar.
>>> Alerta de spoiler!
E quem diria que entre o fim de uma viagem e o início de outra, Chika veria seu mangá finalmente ser aceito e publicado como especial em uma revista? Ela começa sem destino certo, mas consegue chegar onde precisava. Isso também é inspirador!
Zatsu Tabi vem como um bilhete de ida para desacelerar, sentar ao lado de Chika em um trem e observar pela janela as pequenas belezas da vida. É um anime gostosinho e que aquece o coração. Vai deixar saudades nas segundas-feiras. E se vier uma segunda temporada? Eu embarco sem pensar duas vezes. 🙂
Para seguir na trilha turística pelo Japão, você pode embarcar em um novo tour com Nihon e Youkoso Elf-san e mergulhar um pouco mais na cultura oriental com Marie. ˆ-ˆv
Hasta La Tour 