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[Review] Danjoru: menos drama e mais romance, por favor

Imagem do anime Danjoru com Himari rindo do Yuu enquanto ele trabalha na criação de acessórios

Danjo no Yuujou wa Seiritsu Suru? (Iya, Shinai!!) 「​​男女の友情は成立する?(いや、しないっ!!)」 — ou simplesmente Danjoru — entrou como potencial candidato do lado romântico das coisas, com pinceladas de humor, mas acertou em cheio outro gênero: o drama. E de uma forma desnecessariamente dramática, em todos os sentidos.

A adaptação do estúdio J.C.Staff (Kaichou wa Maid-sama!, Golden Time, Nodame Cantabile, Kare Kano e Sugar Apple Fairy Tail) ganhou 12 episódios. A proposta inicial parece promissora: uma comédia romântica entre dois amigos de infância que juraram manter uma amizade “pura” enquanto cultivam flores no clube de jardinagem e criam acessórios com elas. 

Mas como o nome do anime já sugere com ironia: “A amizade entre homem e mulher pode existir? (Não, não pode!!)”, o romance inevitável logo dá as caras e infelizmente, de um jeito bem menos envolvente do que se esperava. Vem comigo?

Ficha técnica de Danjoru

Anime: Danjo no Yuujou wa Seiritsu Suru? (Iya, Shinai!!)

Gênero: Comédia e Romance

Número de Episódios: 12 

Estreia: 4 de abril de 2025

Estúdio: J.C.Staff

Adaptação: light novel de Nanana Nana (história) e Parum (arte)


Inuzuka Himari, uma garota extrovertida e brincalhona que ainda não conheceu seu primeiro amor, e Natsume Yuu, um rapaz calmo apaixonado por plantas, estão juntos desde o ensino fundamental. A relação entre eles é marcada por piadas, provocações e uma constante tensão não resolvida, até que a chegada de Enomoto Rion, antiga paixão de Yuu, desperta o ciúmes de Himari e coloca a amizade dos dois à prova. Qual caminho a dupla decidirá seguir, o do amor ou o da amizade?

Review de Danjoru

Um romance escolar tende a ser leve e, na maioria das vezes, ajuda a equilibrar a seleção da temporada com outros gêneros. Danjo no Yuujou wa Seiritsu Suru? (Iya, Shinai!!) começa bem com a proposta de testar até onde vai a amizade entre um homem e uma mulher. Ao invés de explorar todo o potencial dessa premissa de uma forma romântica e divertida, o anime tenta mergulhar no drama do “e se?”, mas escorrega em clichês e inconsistências de roteiro.

A maior pedra no sapato, digamos assim, é a protagonista. Himari começa como uma personagem espontânea, divertida e cheia de energia até tropeçar em uma sequência de “bwa-ha”. No início, até tem graça, mas esse comportamento se torna um padrão que se repete sem dó, nem piedade — do Yuu e de nós. 

Himari é imatura e, em muitos momentos, manipuladora. Suas brincadeiras constantes com os sentimentos do Yuu minam qualquer tensão romântica genuína. E quando ela finalmente decide ser honesta, a reação de Yuu é de completa confusão — e com razão. Não há como culpá-lo por não levar suas palavras a sério. Isso me fez lembrar da fábula “O Menino e o Lobo”. Quem vai acreditar em alguém que mente ou brinca o tempo todo?

O episódio 10 até tenta entregar um momento mais coerente com o gênero que propõe em uma bela cena no campo de girassóis. Porém, com tanto “bwa-ha”, perde todo o impacto emocional e ainda deixa uma lição: quem brinca demais, não é levado a sério na hora que quer ser sério. 

Impressões finais de Danjoru

Se no início eu tinha minhas incertezas, finalizar os 12 episódios deixou tudo bem claro. Se eu fosse definir Danjoru com um único adjetivo, seria ‘dramático’ e acrescentaria ‘ao extremo’. 

Como em um passe de mágica, vemos decisões de personagens que surgem “do nada”, situações resolvidas de forma conveniente e um clímax romântico que soa vazio pela falta de timing e desenvolvimento real — além da sensação de ambiguidade sempre presente. 

Toda a situação da Himari, por exemplo, e até mesmo o envolvimento do Makishima, parece um drama forçado. Yuu dispensa comentários. É o tipo de protagonista sem ação, que aceita todos os absurdos dela e facilmente passa despercebido.

O anime pode até agradar, porque tem um pouco de romance aqui, seus momentos de comédia ali e alguns personagens que salvam o roteiro de se perder por completo. Enomoto Rion e Inuzuka Hibari roubaram a cena toda vez que apareceram. Ela, por sua postura empática e com mais afinidade para assumir o papel da protagonista ao lado de Yuu. Ele, por seu jeito divertido em suas interações com Himari e Yuu.

Danjo no Yuujou wa Seiritsu Suru? (Iya, Shinai!!) tinha potencial de sobra para ser uma comédia romântica doce e divertida, mas prefere se perder em um mar de conflitos forçados, dramatizações desnecessárias e uma sequência desenfreada de “bwa-ha”. O humor funciona no começo, mas se esgota rápido, e o romance nunca ganha o peso que deveria. No final, a pergunta que dá nome à obra é respondida com um “não” — não só no contexto da amizade entre os protagonistas, mas também no sentido mais amplo: essa história não funciona como deveria.

Ao no Hako é um exemplo de como o romance pode seguir seu próprio tom com o apoio de um roteiro bem desenvolvido.

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