
Assim que o primeiro episódio de Kanpekisugite Kawaige ga Nai to Konyaku Haki sareta Seijo wa Ringoku ni Urareru 「完璧すぎて可愛げがないと婚約破棄された聖女は隣国に売られる」 foi ao ar no dia 10 de abril, o anime se tornou um dos meus favoritos da temporada.
Kanpekiseijo é uma adaptação do estúdio TROYCA (Atri: My Dear Moments) baseada na light novel escrita por Kouki Fuyutsuki, com arte de Masami. A obra mistura fantasia e romance (não espere muito, tá?) com uma sensibilidade especial para o desenvolvimento da protagonista — que começa como a santa ‘perfeita’ até se redescobrir como humana e perceber seus próprios sentimentos. E talvez seja justamente aí que ela mais brilha. Vem comigo?
Ficha técnica de Kanpekiseijo
Anime: Kanpekisugite Kawaige ga Nai to Konyaku Haki sareta Seijo wa Ringoku ni Urareru
Gênero: Fantasia e Romance
Número de Episódios: 12
Estreia: 10 de abril de 2025
Estúdio: TROYCA
Adaptação: light novel de Fuyutsuki Kouki (história) e Masami (arte)
Philia Adenauer vem de uma linhagem nobre de santas, sendo considerada a mais poderosa de todas. Perfeita, diligente e com um poder extraordinário, ela é considerada uma pessoa fria e sem charme. Após ser rejeitada por seu noivo, o príncipe Julius, e até por sua própria família (exceto sua irmã Mia), ela é vendida para um reino vizinho que perdeu sua santa. Em Parnacorta, Philia espera mais frieza, mais exploração, mais ingratidão. Em vez disso, encontra algo que jamais experimentou: acolhimento, gratidão e carinho.
Review de Kanpekiseijo
Kanpekisugite Kawaige ga Nai to Konyaku Haki sareta Seijo wa Ringoku ni Urareru reúne todos os elementos que eu gosto de ver em um anime com romance: uma história interessante, uma protagonista cheia de carisma e uma boa animação — com direito a versões chibi da personagem para dar um toque divertido e um contraste com seu jeitinho mais fechado. O que faltou mesmo para deixar a experiência mais completa foi o romance.
Kanpekiseijo não é sobre milagres espetaculares, embora um ou outro tome forma, mas sobre os pequenos encontros que podem transformar a vida de uma pessoa. Philia, com sua serenidade quase robótica, vai aos poucos descobrindo que sua missão como santa não precisa ser sinônimo de solidão. Ela começa a confiar, a criar vínculos, a permitir que outros cuidem dela também. E, nesse processo, começa a se curar e a permitir que seu lado humano floresça.
O anime não força a barra no romance, mas também não incentiva tanto quanto poderia (talvez). A relação com o príncipe Oswald cresce com naturalidade, oferecendo suporte emocional sem assumir o protagonismo. O final é satisfatório e coerente com o desenvolvimento da história, ainda que deixe a sensação de que mais poderia ser explorado em uma segunda temporada, especialmente no romance recém-desabrochado.
>>> Alerta de spoiler!
Depois que a ameaça de Asmodeus é resolvida, todos encontram um final feliz — exceto ele, que tem sua existência apagada, e o príncipe Julius, que volta para a prisão depois de conspirar contra o reino. O final é bem fechadinho, mas eu gostaria de ver uma segunda temporada mostrando o relacionamento da Philia com o príncipe Oswald. Afinal, terminou com a declaração, mas não vimos mais nada depois: apenas uma troca de sorrisos. A relação de Mia com o príncipe Fernando também tem espaço para evoluir.
Mia: a irmã que quebra expectativas
A relação de Philia com Mia, sua irmã mais nova, foge dos padrões convencionais que vemos por aí. Normalmente, qual é o caminho natural ou, pelo menos, o mais utilizado nos animes? Mia estaria do lado da família, desprezando a irmã. Mas não é isso que acontece. Mesmo distantes e, inicialmente sem saber sobre o exílio de Philia, Mia não perde a admiração pela irmã. E uma apoia a outra de longe.
Fugindo do arquétipo da irmã invejosa, Mia é um exemplo de amadurecimento e afeto genuíno. Seu reencontro com Philia no episódio 10 é um dos momentos mais marcantes do anime, selando a reconciliação não só entre irmãs, mas com um passado doloroso de exigências familiares e negligência emocional.
Uma história sobre cura, não sobre vingança
Diferente de outras obras que colocam heroínas em busca de vingança, Kanpekiseijo escolhe outro caminho: o da cura. O anime foca no desenvolvimento silencioso de uma personagem que foi moldada para ser perfeita — e que precisa, aos poucos, aprender a ser imperfeita, vulnerável e, acima de tudo, humana.
O roteiro sabe exatamente onde quer chegar. Não há reviravoltas espetaculares, nem batalhas épicas. Mas há crescimento, reflexão e um forte senso de recompensa emocional. Para quem gosta de histórias com foco no desenvolvimento pessoal e na forma como as relações ao nosso redor podem nos mudar para melhor, Kanpekiseijo é uma joia escondida da temporada.
O trabalho do estúdio TROYCA é elegante e contido. Sem exageros visuais, a animação foca na expressividade dos personagens e na ambientação tranquila dos reinos — um pano de fundo adequado para a introspecção que marca a jornada de Philia. A abertura “Ai toka. (愛とか。)” de Riria e o encerramento “Sister” de WON reforçam o tom emocional e melancólico da história, mesmo que não sejam trilhas marcantes a ponto de permanecerem após os episódios.
Impressões finais de Kanpekiseijo
Kanpekisugite Kawaige ga Nai to Konyaku Haki sareta Seijo wa Ringoku ni Urareru pode não revolucionar o gênero, mas entrega exatamente o que promete. É um anime sobre encontrar seu lugar no mundo, mesmo quando ele parece não querer te acolher. Uma narrativa sobre como, às vezes, ser “perfeita” é menos importante do que ser compreendida.
A ida de Philia a Parnacorta não começa da melhor forma — poderia ter sido um exílio ou qualquer outro meio que não envolvesse a venda de uma pessoa. No entanto, não poderia ter trazido um desfecho melhor. O ditado “há males que vêm para o bem” faz muito sentido nesse contexto, pois algo bom veio de algo ruim. E, com isso, o anime também mostra como ter pessoas boas ao seu redor pode fazer a diferença.
Em Parnacorta, Philia não apenas cumpre seu papel de santa como também evolui como ser humano: recebe a gratidão e o afeto do reino, aprende a olhar para os seus próprios desejos e a ter voz, cria laços de amizade e se permite depender dos amigos quando precisa, fica mais próxima da sua mãe e ainda descobre o amor. Se você procura uma história sobre cura, empatia e o poder das conexões, vale a pena embarcar nessa jornada com Philia.
Se sentir falta de romance, sempre tem uma obra mais amorosa esperando por você, como Honey Lemon Soda — que também mostra o crescimento da protagonista. ˆ-ˆv