
Uncontrollably Fond (함부로 애틋하게) entrou na lista de K-Dramas para acompanhar há muito tempo. Desde a estreia em 2016, muitos anos se passaram enquanto uma incontrolável (trocadilhos à parte) vontade de priorizar outras produções manteve a série na gaveta. Nem mesmo Kim Woo-Bin e Bae Suzy foram capazes de mudar isso. Com o anúncio do reencontro da dupla para Genie, Make a Wish — a obra, enfim, ganhou sua vez por aqui.
Dirigido por Park Hyun-Suk e escrito por Lee Kyoung-Hee, o melodrama da KBS2 foi ao ar entre 6 de julho e 8 de setembro de 2016. Após acompanhar, lentamente, seus 20 episódios, chegou o momento de compartilhar o que achei. Vem comigo?
Ficha técnica de Uncontrollably Fond
Série: Uncontrollably Fond (함부로 애틋하게)
Gênero: Drama, Romance e Melodrama
Número de Episódios: 20
Estreia: 6 de julho de 2016
Direção: Park Hyun-Suk
Roteiro: Lee Kyoung-Hee
Elenco principal: Kim Woo-Bin (Shin Joon-Young), Bae Suzy (No Eul), Lim Ju-Hwan (Choi Ji-Tae), Lim Ju-Eun (Yoon Jung-Eun) e a lista completa
As pessoas podem mudar, mas e o coração? Shin Joon-Young (Kim Woo-Bin) e No Eul (Bae Suzy) se apaixonam durante os tempos de escola, mas circunstâncias incontroláveis separam seus caminhos. Joon-Young se torna um dos idols mais populares da Coreia do Sul, enquanto No Eul se dedica a produzir documentários para revelar segredos e esquemas de propina — depois que o acidente fatal com seu pai é acobertado por forças maiores. Quando os dois se reencontram, eles tentam consertar o passado e encontrar sentido em meio ao caos de suas vidas ao mesmo tempo em que começam a se aproximar novamente.
Review de Uncontrollably Fond

Uncontrollably Fond pode ter mostrado os laços incontroláveis que se formam entre Joon-Young e No Eul, mas essa forte atração não teve o mesmo efeito para manter meu interesse em um nível tão irresistível quanto o desejo dos dois de estarem juntos.
Comecei a acompanhar o K-Drama no início do ano, talvez até antes, mas por diversos fatores externos (aliado à falta de engajamento) precisei interromper. E sempre que eu tentava engatar um episódio novamente, circunstâncias incontroláveis me faziam parar.
Após alguns meses entre idas e vindas, finalmente consegui chegar no 20º e último episódio. A história, porém, só começou a tocar no coração de mansinho depois da metade, entre os episódios 12 e 13. Nos dois últimos episódios, as lágrimas tomaram conta.
Apesar de contar com um apelo emocional e dois protagonistas de peso, Uncontrollably Fond demora a criar vínculos. No meio do caminho, a execução se perde em exageros e escolhas narrativas que facilmente frustram. O ritmo irregular e as inconsistências que levam a um excesso de reviravoltas melodramáticas — como doenças terminais, acidentes, rivalidades familiares, filhos ilegítimos e a eterna batalha entre ricos e pobres — acabam tornando a experiência cansativa. Essa sensação é maior do que o sentimento de apreciar a história.
Personagens incontrolavelmente unidimensionais
A natureza humana pode até ter suas dualidades, mas No Eul leva a ambiguidade de sua personagem a outro nível. Enquanto tenta sobreviver em um mundo injusto com quem não tem poder suficiente para revidar, suas ações muitas vezes são incoerentes e sua evolução emocional é pouco convincente.
O mesmo vale para Joon-Young. Apesar da fama e do sucesso, sua jornada é marcada por conflitos internos intensos, especialmente com a mãe, interpretada por Jin Kyung — uma das atuações mais marcantes da série, ainda que sua personagem também provoque certa irritação pelo comportamento com o filho. Sem falar no pai, que começa como um exemplo a ser seguido até Joon-Young descobrir seu envolvimento com a família de No Eul. E a Choi Ha-Roo (Ryu Won) também não fica para trás, primeiro pelo fanatismo com Joon-Young e depois pela forma como ela expressa o que sente por No Jik (Lee Seo-Won).
Em vez de oferecer complexidade, o roteiro muitas vezes opta por situações forçadas e atitudes irracionais. Até mesmo o relacionamento de Joon-Young e No Eul. quando ele começou a gostar dela? Por que ele gosta dela? E por que ela decide retribuir quando tinha praticamente acabado de se confessar pela 3ª, 4ª, 5ª (quem sabe ao certo quantas vezes) para o Ji-Tae? Os personagens passam a sensação de serem unidimensionais, presos a arquétipos exagerados que dificultam a identificação com suas dores e motivações.
Cenários e músicas incontrolavelmente marcantes
Uncontrollably Fond pode falhar na forma como apresenta sua história e personagens, mas encanta com a escolha de locações como a Ilha de Jangsado (que aparece no episódio 6) e a escolha da trilha sonora. A música “A Little Braver” da banda New Empire é uma peça fundamental em cenas mais comoventes da série — como a silenciosa e devastadora despedida entre Joon-Young e sua mãe.
“When it gets hard / I get a little stronger now I get a little braver now / And when it gets dark I get a little brighter now…”
>> Alerta de spoiler!
Aquele momento provavelmente foi o último compartilhado entre os dois. E a cena tem um peso emocional muito grande, já que no início Joon-Young não reconhece a mãe. Quando ele se dá conta, é de cortar o coração. Depois de uma conversa honesta entre os dois, a música some e o silêncio, carregado de emoção, toma conta até ela voltar lentamente. É uma cena extremamente densa e emotiva, e o som ambienta muito bem o sentimento que ela passa. Quem conseguiu conter as lágrimas?
Outro ponto alto é a forma como o K-Drama mostra, no episódio 13, a realidade sofrida de No Eul após a perda do pai: dificuldades financeiras, materialismo ao extremo e problemas com cobradores de dívidas. No extremo oposto, Yoon Jung-Eun vive uma vida de luxo no Hawaii, sem preocupações com dinheiro, apenas aproveitando e exibindo fotos nas redes sociais.
Além disso, vale destacar a participação especial de Lee Junho e Lee Yoo-Bi em uma cena do episódio 4. Bem curta, mas divertida. E também uma fala do Joon-Young no episódio 9: “I heard Brazilian people cry over my dramas…”. xD
Impressões finais de Uncontrollably Fond

Diante das idas e vindas que eu tive com o K-Drama, pode ser que minha experiência final tenha sofrido o impacto. Talvez o timing não tenha sido o melhor. Seja como for, pelos comentários que vi aqui e ali, pensei que a história seria mais marcante e envolvente. O que eu recebi em troca foi um melodrama intenso com exageros, diálogos dramáticos, situações estereotipadas e personagens que agem mais com o coração do que com a lógica.
Isso até poderia ser algo bom. No entanto, da forma como o roteiro apresenta, mais atrapalha do que ajuda — deixando a história um pouco confusa e reduzindo o impacto emocional que ela poderia causar.
Não é uma obra imperdível e muito menos um clássico entre as séries coreanas, mas também nem por isso é um caso perdido. Uncontrollably Fond é apenas uma história que se encaixa melhor em um gosto específico, com seus altos e baixos emocionais.
>> Alerta de spoiler!
O final é emocionalmente potente e deixa espaço para a interpretação sobre o destino de Joon-Young, sem confirmar diretamente se o protagonista morre ao lado de No Eul. Mas tanto a cena no balanço, quanto as próximas, sugerem fortemente que sim, encerrando o ciclo de forma melancólica e cheia de simbolismo. Ao menos, os dois ficam juntos até o final na casa dos sonhos que ele constrói.
Se você gosta de melodrama, pode ser que aprecie Uncontrollably Fond. Os personagens ganham pouco desenvolvimento e não tem qualquer tipo de alívio cômico para amenizar o peso emocional que vai se acumulando a cada episódio. Aliás, quase não há racionalidade na escrita e toda a trama é exagerada, mas esse talvez seja o charme do K-Drama.
Por falar em melodrama, sempre que penso no gênero Melo Movie vem em resposta quase que automaticamente. E vale a pena. ˆ-ˆv