Já que Way Back Love foi mais triste do que leve, fui atrás de um K-Drama que pudesse preencher essa lacuna para trazer o equilíbrio que busco todos os meses. Ao consultar minha lista de possibilidades, cheguei em Love, Andante (사랑의 안단테), uma série coreana de 8 episódios transmitida pela TVING e Lifetime Channel entre 7 e 29 de agosto de 2024.
Se você procurar avaliações para ter um termômetro antes de resolver investir seu tempo nela, perceberá que a obra não está nem bem cotada, nem mal falada. A história divide opiniões e, depois de acompanhar todos os episódios, entendi o porquê. Quer descobrir se vale a pena ver ou não? Então embarca comigo?
Ficha técnica de Love, Andante
Série: Love, Andante (사랑의 안단테)
Gênero: Slice of Life, Romance e Comédia
Número de Episódios: 8
Estreia: 7 de agosto de 2024
Direção: Yoon Ryoo-Hae
Roteiro: Kim Yeon-A
Elenco principal: Kwon Hyun-Bin (Im Ju-Hyeong), Song Ji-Woo (Ha Na-Gyeong), Ki Hyun-Woo (Nam Gyeong-Ho), Heo Ji-Won (Kim Joo-Hee) e a lista completa
Ambientado em um vilarejo fictício chamado de “Peace Village”, o K-Drama apresenta um projeto experimental na Zona Desmilitarizada (DMZ) entre a Coreia do Sul e a Coreia do Norte. Durante um ano, pessoas selecionadas dos dois países vão conviver neste espaço como um teste na esperança de promover a paz, a reconciliação e a reunificação das Coreias. Por um erro do sistema, Im Ju-Hyeong, um famoso pianista sul-coreano, e Ha Na-Gyeong, filha de um oficial norte-coreano e pesquisadora em hidroponia, acabam dividindo a mesma casa. E uma história de amor floresce entre dois corações de mundos opostos.
Review de Love, Andante
A proposta inicial de Love, Andante desperta a curiosidade ao mostrar a possibilidade de harmonia entre sul-coreanos e norte-coreanos convivendo lado a lado. O que não falta é referência a Crash Landing On You (사랑의 불시착), K-Drama que se tornou um clássico no mundo todo com o RiRi couple. ˆˆ
Enquanto Se-Ri cai de paraquedas na vida do capitão Ri Jeong-Hyeong, Ju-Hyeong e Na-Gyeong se veem obrigados a viver sob o mesmo teto — dando início a uma convivência repleta de atritos, mas também de aproximações inesperadas. A série se desenrola de forma leve, explorando temas como amizade, senso de comunidade, um pouco da cultura local de cada lado da Coreia e, claro, romance (com direito a três casais).
Altos e baixos
O cenário do “Vilarejo da Paz” e a dinâmica multicultural dos moradores são os pontos altos da série, trazendo momentos de companheirismo e reflexão sobre a divisão entre as Coreias.
Apesar da premissa promissora, a execução falha em vários aspectos. O potencial por trás dessa ambientação foi deixado de lado para focar, na maior parte do tempo, no relacionamento entre os protagonistas. Nem mesmo as histórias secundárias têm espaço para receber o devido desenvolvimento.
Como o próprio nome sugere, Love, Andante se propõe a ser uma narrativa “andante” — nem rápida, nem lenta demais. No entanto, alguns episódios sofrem com mudanças bruscas de ritmo, fazendo com que o desenvolvimento do casal principal parecesse, por vezes, apressado ou desconectado (mesmo com todo o foco que recebe). Essa inconstância também se reflete nas histórias secundárias, que têm pouco espaço para se desenvolver.
Visualmente, o K-Drama se destaca por belas locações e uma fotografia que valoriza a serenidade da região da DMZ. A trilha sonora, com peças clássicas e músicas originais como “Scenery of Peace Village”, “Tears are falling” e “Call It Love”, acrescenta um charme especial à atmosfera da série.
Senti falta de ouvir a música mais integrada ao dia a dia dos personagens. Pelo pôster de Love, Andante, imaginei que o casal tocaria junto em vários momentos, mas isso acontece apenas uma vez. Ju-Hyeong é pianista e, em uma ou outra cena, aparece tocando. Quando vi Na-Gyeong com o violino, pensei que ela fosse violinista, mas é um hobby apenas e o foco nela é maior em seu trabalho no laboratório como pesquisadora.
Impressões finais de Love, Andante
Love, Andante oferece uma experiência agradável para quem busca uma história romântica leve, sem se aprofundar nas emoções, sem criar conexões e sem mostrar o desenvolvimento dos personagens. Tudo acontece de forma rasa, inclusive as próprias atuações — talvez pela inexperiência de parte do elenco.
>>> Alerta de Spoiler
Três casais, representando a união dos dois países, se formam, mas nenhum deles tem o devido desenvolvimento e passam a impressão de serem superficiais. O ritmo oscila entre lento e rápido, sem dar tempo ou argumentos suficientes para nos convencer de que o amor realmente está no ar.
O final é especialmente anticlimático pela falta de sentimentos e pela forma como as despedidas são conduzidas (um beijo ou lágrimas poderiam fazer a diferença aqui). O que falar do casal de médicos? Sem palavras! Nam Gyeong-Ho e Kim Joo-Hee se saem um pouco melhor com a conversa na praia e o último adeus com a promessa. Os protagonistas são os únicos, aparentemente, a terem um reencontro ao acaso no Japão, mas a cena, além de passar a impressão de que não era o final, me lembrou da falta de expressão do Goo Chan-Sung (Yeo Jin-Goo) em Hotel Del Luna.
Sem grandes pretensões, o K-Drama propõe uma reflexão sobre a esperança de união entre duas nações separadas há décadas — uma mensagem que, apesar das falhas de execução, pode ser uma das maiores motivações para incluir Love, Andante na sua lista. Mas lembre-se de manter suas expectativas em cheque.
Para quem quer ver um romance bem desenvolvido, Lovely Runner não deixa a desejar em nada nesse quesito. 🙂
Hasta La Tour 