
Watashi no Shiawase na Kekkon 「わたしの幸せな結婚」 foi amor à primeira vista. Apesar de apresentar uma história de cortar o coração, especialmente no início, também mostra um amor que desabrocha aos poucos, assim como uma flor. E tudo isso é representado através de traços delicados, com uma animação de encher os olhos, uma trilha sonora sensível, uma narrativa profundamente emocional e personagens bem construídos.
A adaptação da novel de Agitogi Akumi ganhou duas temporadas. A primeira, com 12 episódios, foi ao ar entre 5 de julho e 20 de setembro de 2023, além de uma versão em live action. No ano seguinte, veio um OVA. Recentemente, de 6 de janeiro a 9 de abril, a sequência trouxe 13 novos episódios para encerrar, ao menos por enquanto, a história de Miyo e Kiyoka.
O anime foi produzido pelo estúdio Kinema Citrus (Tate no Yuusha no Nariagari). Demorou um pouquinho até eu conseguir finalizar tudo, mas hoje estou aqui para compartilhar o que achei. Vem comigo?
Ficha técnica de Watashi no Shiawase na Kekkon
Anime: Watashi no Shiawase na Kekkon
Gênero: Drama, Fantasia e Romance
Número de Episódios: 12 (1ª temporada) + OVA + 13 (2ª temporada)
Estreia: 5 de julho de 2023 + 15 de março de 2024 + 6 de janeiro de 2025
Estúdio: Kinema Citrus
Adaptação: novel de Agitogi Akumi
Saimori Miyo leva uma vida marcada por abusos e traumas, mesmo com toda a bondade no seu coração. O tratamento indiferente e repreensivo vem da própria família, mas quando ela sai de casa para se casar, as lembranças ruins ficam para trás e dão a ela a chance de construir novas memórias felizes ao lado de Kudou Kiyoka, seu 旦那様. Juntos, os dois enfrentam eventos sobrenaturais, descobrem mais sobre o passado da família Usuba e os poderes adormecidos de Miyo, além de começar uma nova família. Dessa vez, cheia de afeto.
Review de Watashi no Shiawase na Kekkon
Em um primeiro momento, a história de Watashi no Shiawase na Kekkon pode até parecer releitura sombria de Cinderela. Elementos para isso não faltam! Saimori Miyo é maltratada pela madrasta e pela meia-irmã, desprezada por seu pai, e vista como inútil por aparentemente não ter herdado qualquer habilidade sobrenatural.
Condenada a uma vida de servidão dentro da própria casa, seu destino muda quando ela é forçada a se casar com Kudou Kiyoka, um oficial militar conhecido por sua frieza e por dispensar todas as noivas anteriores. No entanto, o que Miyo encontra ao chegar à casa dos Kudou não é frieza — mas sim paciência, respeito, cuidado e uma vida digna. Aos poucos, um amor verdadeiro, puro e genuíno começa a florescer entre os dois.
Além de nos apresentar a história de Miyo, a primeira temporada foca no processo de cura dela e de Kiyoka. Enquanto ela descobre um mundo afetuoso que até então era desconhecido, ele aprende a se abrir aos poucos e mostrar sua verdadeira natureza: gentil, cordial e preocupado com as pessoas ao seu redor.
Uma produção que toca o coração
O que realmente torna Watashi no Shiawase na Kekkon especial é sua apresentação visual e emocional. A animação, assinada pelo estúdio Kinema Citrus, carrega uma beleza serena. Cenas cuidadosamente iluminadas e expressões delicadamente animadas transformam cada momento entre Miyo e Kiyoka em um espetáculo visual. E a qualidade se mantém nas duas temporadas, sem tirar, nem pôr.
O romance se desenvolve em um ritmo que não tem pressa de avançar, mas isso parece intencional. A lentidão é necessária, pois não se trata apenas de um casal se apaixonando aos poucos. O encontro entre Miyo e Kiyoka representa duas pessoas aprendendo a amar, confiar e se curar.
Miyo, que passou a vida ouvindo que não merecia ser amada, precisa de tempo para acreditar que pode ser feliz. Já Kiyoka precisa derrubar as barreiras emocionais que construiu para não se machucar novamente. É nesse processo que o anime brilha: em gestos sutis, palavras gentis e silêncios cheios de significado.
A trilha sonora, composta por Evan Call (Violet Evergarden e Sousou no Frieren), contribui para elevar as cenas dramáticas e românticas a um outro patamar de sensibilidade. Na primeira temporada, a opening “Anata no Soba ni. (貴方の側に。)” da Riria (りりあ。) é tão suave quanto a personalidade da protagonista, enquanto a ending “Vita Philosophica (ヰタ・フィロソフィカ)” de Kashitarou Itou (伊東歌詞太郎) provoca nostalgia. O tom me lembra um pouco de “Konayuki” (Remioren) do J-Drama 1 Litre of Tears 「1リットルの涙」.
Essa mesma sensibilidade volta na segunda temporada com a abertura “Shiawase na Yakusoku. (幸せな約束。)” e o encerramento “Tsukikage Okuri (月影おくり)” — também de Riria e Kashitarou Itou.
Evolução cheia de profundidade
Além do roteiro bem construído em sua maior parte e da animação que se sobressai em cada detalhe, os elementos sobrenaturais entram como coadjuvantes (quase protagonistas). Embora a história seja centrada no relacionamento do casal, eles ganham bastante destaque na segunda temporada e adicionam tensão e mistério aos novos conflitos políticos e familiares.
As habilidades especiais de famílias nobres — e o fato de Miyo ter um poder adormecido — criam um pano de fundo intrigante e ajudam tanto a expandir o universo de Watashi no Shiawase na Kekkon quanto a despertar nossa curiosidade sobre as possibilidades que se formam. O uso de simbolismos e a direção cuidadosa transformam o desenvolvimento de Miyo em uma verdadeira jornada de autodescoberta e força interior.
Na primeira temporada, temos uma protagonista frágil a ponto de quebrar e com uma personalidade que pode frustrar, mesmo sendo justificável. Na sequência, Miyo já não é mais a mesma enquanto começa a entender mais sobre sua linhagem (a misteriosa família Usuba) e a desenvolver sua habilidade especial: Dreamsight.
A menina vulnerável que deixou sua casa para trás sem saber o que esperar, aprende a se posicionar, enfrentar o passado e construir um futuro com mais segurança. O lado frio de Kiyoka praticamente some, dando lugar à postura de um noivo ainda mais protetor e afetuoso. O casal ganha um bom desenvolvimento, além de confiança para compartilhar seus sentimentos. Gradualmente, Miyo e Kiyoka conseguem extrair o melhor de cada um.
Impressões finais de Watashi no Shiawase na Kekkon
Depois de passar pelo processo de cura durante a primeira temporada, a continuação nos presenteia com o avanço do romance. Com Kiyoka mais aberto e Miyo mais confiante, as cenas românticas deixam a superfície em direção a níveis mais profundos.
Ver os dois juntos é tão fofinho. A forma como ele vai atrás da história da Miyo na primeira temporada para entender seu comportamento é uma motivação a mais para cuidar dela, além de ser um conforto para os nossos corações. Na continuação, ele deixa claro como se sente e até tenta se aproximar mais da Miyo como seu noivo. Aquela cena com o pôr do sol no fundo e na varanda da casa enquanto compartilham seus sonhos são as mais marcantes.
>>> Alerta de spoiler!
Por falar nisso, senti falta do principal: o CASAMENTO. Afinal, é uma palavra que está até no nome da obra. Então porque a segunda temporada termina sem essa cena? O 13º episódio acontece depois do incidente com o Usui, ou seja, quase 30 minutos livres para mostrar a união dos dois — e nada. O final foi lindo, romântico, uma calmaria depois de tudo o que os dois passaram. Senti falta apenas do casamento para fechar com chave de ouro. Não precisa nem de uma terceira temporada, mas ao menos um filme ou OVA seria bem-vindo.
Com uma protagonista vulnerável, mas incrivelmente resiliente, e um romance construído com base em respeito e crescimento mútuo, Watashi no Shiawase na Kekkon é um dos romances mais sinceros entre os últimos lançamentos. As interações do casal e a produção primorosa fazem desta obra uma boa recomendação para quem gosta de drama, fantasia e romance.
Se você prefere um amor mais maduro e sem enrolação, Kono Kaisha ni Suki na Hito ga Imasu é um dos melhores do gênero.