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Playlist K-Pop Tour: lançamentos da primeira metade de abril

Atenção passageiros! Em meio aos preparativos para uma das rotas mais disputadas neste ano, protagonizada pela passagem do Stray Kids no Brasil, a Playlist K-Pop Tour compilou os principais lançamentos de K-Pop da primeira metade de abril em um único roteiro de viagem. No catálogo de bordo, a tripulação preparou outras recomendações de músicas fresquinhas direto para a sua playlist. Embarca comigo?

WANT – Solar [MAMAMOO]

Após quase um ano desde o lançamento do álbum COLOURS, Solar (솔라) do MAMAMOO (마마무) retornou no dia 2 de abril com o single “WANT”. Se antes a aposta foi no gênero club, dessa vez ela traz uma explosão retrô-pop que mergulha nas cores vibrantes dos anos 80. O instrumental, cheio de metais, uma leve vibe de jazz e batidas dançantes, soa como um convite para dançar em uma pista de hotel chique no verão. Essa sensação pode ser influência da ambientação do MV.

O grande destaque de “WANT” está na entrega vocal potente e cheia de personalidade da Solar. Une isso ao carisma dela, e a música tem boas chances de envelhecer bem nas playlists mais retrô. Acompanhada por uma versão instrumental, “WANT” carrega uma vibe feel good divertida e upbeat, mas sinto que em alguns momentos a faixa se contém e limita a verdadeira potência que poderia ter alcançado.

ETERNALT – Close Your Eyes

Close Your Eyes (클로즈 유어 아이즈) — ou CYE (클유아) — fez seu debut no dia 2 de abril com o álbum ETERNALT. Composto por sete integrantes — Jang Yeojun, Jeon Minwook, Kim Sungmin, Ma Jingxiang, Sakurada Kenshin, Seo Kyoungbae e Song Seungho — o grupo foi formado pelo reality Project 7 da JTBC, que foi ao ar no dia 18 de outubro de 2024.

Inicialmente, a estreia dos meninos não estava no radar, mas não demorou para que eles chamassem a minha atenção pela escolha ousada de “All My Poetry” como titletrack. Diferente das faixas-título mais animadas, barulhentas ou carregadas de rap que ouvimos por aí, o CYE escolheu apostar em um mid-tempo R&B nostálgico, lembrando a era em que o K-pop equilibrava arte e apelo popular. Aliás, a coreografia é bem artística. 

O MV de “All My Poetry” complementa o debut com uma estética cinematográfica sensível — com direito a cenas que evocam memórias de shows iluminados por lanternas de celular. Um começo delicado, porém marcante. Na hora me lembrei do Stray Kids no Brasil e a experiência inesquecível que os meninos compartilharam comigo. 

Além disso, todas as faixas do álbum ETERNALT, exceto duas, quebram a barreira dos três minutos, tornando a experiência de quem ouve muito mais satisfatória e duradoura. Em vez de seguir a tendência atual, Close Your Eyes entrega vocais maduros, melodias suaves e uma produção refinada — e o resultado é refrescante. 

“How To Dance”, “Stay 4 Good” e “To The Woods” complementam minhas recomendações. “How To Dance” é um pop rock com uma mensagem de superação no seu próprio tempo e respeitando suas limitações. “Stay 4 Good” tem aquele som acústico relaxante que sempre tem espaço na playlist. “To The Woods” traz uma vibe chill que transmite conforto ao ouvir. 

Ouça o álbum ETERNALT completo no Spotify.

HOUSE OF TRICKY: SPUR – xikers

xikers (싸이커스) voltou com seu 5º miniálbum HOUSE OF TRICKY: SPUR e cinco faixas no dia 4 de abril. O último comeback do grupo — formado por Hyunwoo, Hunter, Jinsik, Junghoon, Junmin, Minjae, Seeun, Sumin, Yechan e Yujun — foi com o álbum HOUSE OF TRICKY: WATCH OUT em setembro do ano passado, antecipando o clima do Halloween.

Dessa vez, os meninos trocam o ar de mistério por uma forte influência do hip-hop, acompanhada por uma produção barulhenta e densa para a nova titletrack “BREATHE”. A faixa aposta em batidas intensas, rap enérgico e guitarras agitadas ao fundo. 

Apesar da performance poderosa e da coreografia explosiva (o refrão é o destaque, aliás) — um verdadeiro show de energia — a faixa soa um pouco repetitiva com uma estrutura que não favorece para torná-la mais memorável. Falta um pouco de personalidade? Talvez! Mesmo assim, eu gosto e acho que combina com o grupo, mesmo que o som seja mais contido em relação a lançamentos anteriores.

Entre as b-sides, “You Hide We Seek” abre bem o álbum, com energia, um rap afiado sobre base EDM e no estilo caótico (no melhor sentido da palavra) do xikers. Já “HIGHWAY” é minha favorita pela vibe rock. 

Ouça o álbum HOUSE OF TRICKY: SPUR completo no Spotify.

Loose – ENHYPEN

No dia 4 de abril, o ENHYPEN (엔하이픈) fez seu primeiro comeback desde o lançamento do álbum ROMANCE: UNTOLD -daydream- em novembro de 2024. Dessa vez, o grupo apresentou “Loose”, um single 100% em inglês, que também já veio como um esquenta para a estreia de Heeseung, Jake, Jay, Jungwon, Ni-ki, Sunghoon e Sunoo no palco do Coachella neste fim de semana.  

“Loose” apresenta um mid-tempo pop com clima retrô suave, que me lembra bastante a sonoridade do álbum Orange Blood. A proposta da letra é espirituosa: reflete a tentativa de aliviar a tensão entre um casal através de mais abertura emocional, além do diálogo aberto e honesto no relacionamento. 

Embora tenha vocais harmoniosos — Ni-ki é quem mais se destaca — e uma produção que remete ao pop retrô dos anos 80, a faixa pode parecer genérica, assim como poderia facilmente ser apresentada por outras bandas fora do circuito de K-Pop. 

De modo geral, “Loose” entrega uma experiência morna, pouco marcante e distante da identidade sonora intensa que o ENHYPEN costumava entregar antes de Orange Blood (e que eu gostava mais de ouvir). Mas é apenas uma questão de gosto!

The Firstfruit – Mark [NCT]

Depois de anos sendo um dos rostos mais versáteis da SM Entertainment, Mark (마크) do NCT (엔시티) — NCT U, NCT DREAM, e NCT 127 — finalmente entregou seu tão aguardado primeiro álbum solo no dia 7 de abril. The Firstfruit reúne 13 faixas que passeiam por diferentes gêneros e influências, sem seguir uma direção musical muito clara.

A titletrack “1999” é divertida, imprevisível e nostálgica — uma homenagem ao ano de nascimento de Mark. A faixa mistura rap, vocais melódicos e arranjos que flertam com o pop alternativo dos anos 90 em meio a uma produção caótica e experimental. O som tem uma vibe leve, mas acaba se perdendo um pouco na tentativa de encaixar muitas referências de uma só vez. Seja como for, acredito que a música vai engatar por causa do Mark.

Entre os destaques, “Toronto’s Window” abre o álbum de forma íntima, com um instrumental acústico e delicado. É uma faixa curta, mas marcante. “Loser” é simples, introspectiva e carregada de emoção, talvez pela letra. Já “+82 Pressin’” (com Haechan do NCT), que chegou como pré-release no dia 19 de março, continua sendo um dos pontos altos, com uma vibe moderna e estilosa. Para completar a seleção, “200” pela progressão acelerada e o mood rock.

Embora The Firstfruit não seja um álbum coeso em termos de conceito ou sonoridade, ele cumpre o papel de mostrar quem é Mark fora dos moldes de grupo — curioso, versátil e com sede de explorar novos caminhos. 

Ouça o álbum Firstfruit completo no Spotify.

D’s WAVE – Daesung [BIGBANG]

No dia 8 de abril, Daesung (대성), membro do lendário BIGBANG (빅뱅) e com uma discografia japonesa de respeito, lançou seu primeiro álbum solo coreano — apesar da estreia como solista ter sido em 2008. Dá para acreditar? D’s Wave sucede o comeback parcial do grupo com o single “Home Sweet Home”, em novembro de 2024, ao lado de G-Dragon (지드래곤) e Taeyang (태양).

Com oito faixas, o álbum traz uma identidade sonora forte, guiada por influências do rock e, felizmente, quebrando a tendência de músicas curtas — com exceção de “Last girl”. 

Entre as recomendações, “Beautiful Life” abre o disco com uma vibe leve e otimista, além de vocais expressivos. É o tipo de música que já conquista à primeira ouvida. Em seguida, vem “Us Before”, parceria com a banda The Rose — que estará em turnê aqui pelo Brasil em agosto ˆ-ˆv. A collab traz uma emoção crua e uma delicadeza instrumental ao repertório.

A titletrack “Universe” é um espetáculo à parte. Soa como um hino grandioso, cheio de emoção e com vocais poderosos que só Daesung poderia entregar. A produção, com guitarras intensas e percussão marcante que cresce a cada segundo, amplia ainda mais a força da faixa. 

Para completar, escolho “JUMP” pela explosão de energia e cheia de personalidade, com guitarras afiadas e um refrão de peso. D’s Wave é um marco na trajetória de Daesung. O álbum soa como ele, vibra como ele, e o melhor, para quem curte uma vibe rock contagiante, é uma pedida sem skips.

Ouça o álbum D’s Wave completo no Spotify.

WILD & FREE – AMPERS&ONE 

AMPERS&ONE (앰퍼샌드원) também fez seu comeback no dia 8 de abril com seu segundo miniálbum WILD & FREE — seguindo o lançamento de ONE QUESTION em outubro de 2024. Com seis faixas que transitam entre o energético, o emocional e o nostálgico, o grupo traz um pouquinho de tudo, mas sem perder a identidade.

A titletrack “Kick Start” abre o álbum com força total. A batida pesada e a pegada hip-hop trazem uma energia vibrante. A coreografia, bem sincronizada e dinâmica, brilha no MV, que aposta em uma estética descolada e divertida. Apesar de seguir uma fórmula ainda comum entre boy groups, o carisma do AMPERS&ONE dá uma sobrevida à faixa.

Entre os destaques, “My Mistake” é uma deliciosa surpresa: com uma guitarra rítmica como base, é uma faixa dance pop que contagia já nas primeiras notas. “I Know You” também se sobressai pela mistura de influências retrô dos anos 80 com um toque moderno e vocais carregados de emoção. 

“WYD”, abreviação para “What Are You Doing”, complementa a seleção com uma balada pop gentil e aconchegante, encerrando a tracklist de forma sentimental.

Ouça o álbum WILD & FREE completo no Spotify.

Mess – Kang Daniel

Desde que fechou sua agência e recomeçou com a ARA, Kang Daniel (강다니엘) parece estar se contendo. Pode ser impressão minha, mas nem o álbum ACT lançado em setembro de 2024, nem seu mais novo single em inglês “Mess”, que chegou no dia 9 de abril deste ano, conseguem alcançar a mesma força de músicas anteriores como “SOS”, “PARANOIA” e “Who U Are”.

Em vez de seguir com um comeback completo ou mais impactante, Kang Daniel optou por uma abordagem mais intimista, mergulhando de vez no universo do rock melancólico e emocional que vem explorando nos últimos anos.

“Mess” carrega uma atmosfera sombria e introspectiva, apoiada por instrumentos sutis e arranjos minimalistas que combinam com seu tom emocional. A produção é contida, quase sussurrada em certos momentos, e isso pode tanto intensificar a sensação de vulnerabilidade quanto deixar a faixa em uma linha tênue entre o suave e o monótono.

Mesmo com um instrumental discreto, a voz de Kang Daniel segue sendo um ponto alto. Sua entrega vocal é sensível, sincera e cheia de nuances — é impossível não sentir a dor e o peso nas entrelinhas de cada verso. O MV que acompanha a faixa adota a mesma simplicidade: foco no artista, na interpretação, no sentimento.

Apesar de “Mess” não ser o lançamento mais memorável de sua discografia e soar um pouco genérico diante de obras anteriores, há uma beleza na forma como Kang Daniel mantém sua identidade. A música não tenta impressionar — ela só quer ser ouvida. E isso já diz muito.

Para quem acompanha sua trajetória, “Mess” é mais um capítulo honesto e sensível de um artista que segue fiel à própria essência.

Oh My – Oh My Girl

Para comemorar seus 10 anos de carreira, Oh My Girl (오마이걸) liberou o single especial “Oh My” no dia 9 de abril. Com Arin, Hyojung, Mimi, Seunghee, YooA e Yubin, o grupo celebra sua trajetória com uma música que carrega a leveza, a doçura e a energia que marcaram seus diferentes momentos ao longo da década.

“Oh My” é uma faixa ensolarada, leve e nostálgica, que remete à era de sucessos como Dolphin (2020), apostando em uma produção minimalista e vocalizações suaves. A proposta é clara: entregar um bop descomplicado, de clima quase veranil, que soa como um abraço carinhoso aos fãs.

Embora o instrumental seja agradável e as vozes sejam doces, a música carece de uma estrutura mais completa. Os versos são animados, mas o refrão parece incompleto. Ele flerta com a vibe viciante de “Dolphin”, mas não tem a mesma força melódica ou um bass marcante que sustente o impacto.

Ainda assim, como um single comemorativo, “Oh My” cumpre seu papel: é uma celebração que reforça esse espírito festivo e nostálgico, além de aquecer o coração. 

Chegamos ao final da programação especial de lançamentos de K-Pop da primeira metade de abril. Entre os maiores destaques do roteiro, o debut do Close Your Eyes sai na frente, acompanhado pelo primeiro álbum solo coreano do Daesung com sua vibe bem rock. E, apesar de não se aproximar tanto do meu estilo musical, o primeiro álbum solo do Mark também merece uma menção por aqui. 

Gostou do roteiro? Para seguir viagem, ouça os destaques da primeira metade de abril com a Playlist K-Pop Tour no Spotify.

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