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[Review] Unnamed Memory expande reset a múltiplas linhas temporais

Cena do anime Unnamed Memory com Tinasha e Oscar frente a frente em uma noite estrelada

Unnamed Memory honrou seu nome durante a primeira temporada e deixou sua marca como uma memória que não deve ser nomeada. A estreia em abril não demorou a ganhar uma sequência em janeiro deste ano — não sei se já estava nos planos desde o início ou se foi uma tentativa de redenção pela execução apressada, roteiro inconsistente e um final que deu o que falar ao reescrever toda a história num piscar de olhos. 

Para as duas temporadas, com 12 episódios cada, a adaptação da light novel de Furumiya Kuji (história) e chibi (arte) passou pelas mãos do estúdio ENGI (Otome Game Sekai wa Mob ni Kibishii Sekai desu e Kimizero). Se a primeira parte peca pelo reset inexplicado, a nova fase do anime corrige alguns problemas e aprofunda a relação entre Oscar e Tinasha, ao mesmo tempo que expande o universo temporal da obra. Vem comigo?

Ficha técnica de Unnamed Memory

Anime: Unnamed Memory

Gênero: Aventura, Fantasia e Romance

Número de Episódios: 12 (1ª temporada) + 12 (2ª temporada)

Estreia: 9 de abril de 2024 + 7 de janeiro de 2025

Estúdio: ENGI

Adaptação: light novel de Furumiya Kuji (história) e chibi (arte)


Após ser amaldiçoado pela Bruxa do Silêncio, Oscar, o príncipe de Farsas, busca a ajuda da Bruxa da Lua Azul para quebrar a maldição de não poder gerar um herdeiro. Ao conhecer Tinasha, ele faz uma proposta inesperada: casamento. Apesar de rejeitar o pedido inicialmente, ela aceita viver ao lado de Oscar por um ano, enquanto tenta encontrar a cura. O encontro entre os dois dá início a uma história que mistura romance e mistério em um mundo repleto de magia, intrigas e segredos que transcendem o tempo.

Review de Unnamed Memory

Antes de decidir seguir com a segunda temporada de Unnamed Memory, entrei em um dilema. Será que valia a pena dar mais uma chance a um anime que parecia ser promissor, mas se tornou uma das maiores decepções? Como gosto de terminar o que começo, optei por acompanhar a sequência e, quem sabe, ver sua redenção.  

Na primeira parte, Oscar e Tinasha trabalham juntos para quebrar a maldição. Enquanto ele se mantém firme com a proposta do casamento, ela se mostra relutante em ceder a qualquer investida do príncipe. A história começa com um ritmo acelerado, algumas cenas desconexas e pequenos arcos que gradualmente expandem o universo de Unnamed Memory. A falta de tempo, porém, para absorver tudo, deixou o roteiro superficial e confuso. 

A sequência tenta corrigir isso, trazendo um equilíbrio melhor entre os momentos de ação, romance e construção de um mundo conectado a múltiplas linhas do tempo. O problema no início é que um grande abismo se abre entre Oscar e Tinasha, graças às mudanças que entram em curso durante o último episódio da primeira temporada. Essa distância entre os dois, depois de tudo o que acompanhamos na primeira temporada, causa uma certa estranheza.

Aos poucos, o casal volta a se aproximar. Dessa vez, pelas circunstâncias dos acontecimentos, Tinasha está muito mais aberta ao relacionamento do que Oscar. A relação avança em segundo plano, enquanto o anime introduz algumas abordagens interessantes como o conceito de viagens no tempo (muitas mais do que a primeira temporada sinalizou), outsiders e as interferências externas, a geração de leitores da história com memórias que transcendem o tempo. Enfim, todo um universo de possibilidades passa a fazer parte de Unnamed Memory.

Oscar e Tinasha: um relacionamento fadado a acontecer

Um dos pontos mais fortes do anime é a química entre Oscar e Tinasha. Se na primeira temporada Oscar parecia determinado, mesmo que sua insistência beirava a imprudência, na sequência ele amadurece. Sua obstinação romântica ainda está presente, mas há um peso maior em suas decisões. Tinasha mantém a postura independente com um ar de mistério, só que a indiferença para o romance dá lugar a declarações abertas dos seus sentimentos pelo príncipe de Farsas.

Na segunda temporada, conhecemos mais sobre o passado dela, sua relação com as outras bruxas e sua ligação com o Oscar. 

Entre os personagens secundários, apenas Valt recebe um aprofundamento um pouco maior. Quando descobrimos sua verdadeira natureza, a história deixa o tom superficial da primeira temporada para trás e ganha uma profundidade maior. 

Os altos e baixos da animação e o desafio de manter o ritmo

A animação teve altos e baixos na primeira temporada, com cenas de ação bem coreografadas em alguns momentos, mas uma produção inconsistente e menos polida em outros. O episódio 6, certamente, ficará marcado na memória de todos que acompanharam o anime. A segunda temporada melhora nesse aspecto, especialmente nas sequências de magia e combate.

Durante os episódios, a trilha sonora é pouco memorável, mas a abertura “Unsung ballad” (True) e o encerramento “inclusion” (Arika) são marcantes na sequência. A primeira temporada não fica para trás com “Yobigoe (呼び声)” (Tei / 丁) e 「blan_」 (Arika). Todas combinam com o mood de Unnamed Memory.

Se houve uma crítica recorrente à primeira temporada, foi a falta de consistência no ritmo da história. Muitos eventos ocorriam de forma abrupta, com resoluções rápidas de conflitos e sem a devida construção emocional. A segunda temporada corrige isso parcialmente. Os acontecimentos fluem de forma um pouco mais natural, permitindo uma conexão melhor com os personagens.

Ainda assim, há momentos em que a história parece ter pressa para avançar, especialmente nos últimos episódios, nas tentativas de amarrar diversas pontas soltas. 

Impressões finais de Unnamed Memory

A segunda temporada de Unnamed Memory entrega uma história mais equilibrada que a primeira, corrigindo muitos dos problemas de ritmo e desenvolvimento de personagens. A relação entre Oscar e Tinasha se torna mais convincente, apesar da distância entre eles no início. Ainda que não seja perfeita, a sequência mostra sinais de crescimento e transforma o anime em uma experiência mais satisfatória para quem acompanhou desde o início.

Para quem gostou da primeira temporada, a sequência pode valer a pena. E para quem se decepcionou com a execução inicial, a nova fase pode ser uma redenção para a história e seus personagens. Resta saber se essa memória permanecerá inesquecível ou se continuará sendo um nome que poderia ter sido mais marcante no universo dos animes de fantasia e romance. Ainda tenho minhas dúvidas sobre recomendar ou não, mas se for assistir, o melhor jeito é maratonar as duas temporadas para que a história faça um pouco mais de sentido. 

Se prefere um romance mais bem desenvolvido e sem separação, Kono Kaisha ni Suki na Hito ga Imasu não vai decepcionar.

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