Desde a sua estreia com o BLACKPINK (블랙핑크), Jennie (제니) sempre atraiu os holofotes ao imprimir seu próprio estilo em todos os passos que dá — dentro e fora do grupo. Com RUBY, seu tão aguardado primeiro álbum solo, ela nos convida a mergulhar em um universo sonoro que vai além da imagem de “It Girl” que a consagrou. Um projeto tão ousado e imprevisível quanto ela.
Se seu single de debut como solista em 2018, “SOLO”, foi uma declaração de independência, RUBY é a joia que consolida sua identidade artística, polida por anos de experiência, mas ainda repleta de arestas afiadas.
Com uma tracklist de 13 faixas e colaborações de peso como Dua Lipa, Doechii, Dominic Fike e Childish Gambino para ostentar, Jennie transforma RUBY em um mosaico de influências que vão do R&B alternativo ao pop, passando pelo hip-hop experimental e batidas eletrônicas etéreas. Mas, acima de tudo, o álbum soa como uma confissão artística: Jennie não quer apenas brilhar — ela quer incendiar e deixar sua marca por onde passar.
O álbum abre com “Intro: JANE with FKJ”, uma faixa atmosférica que serve como um prólogo sensorial. A produção minimalista do famoso multi-instrumentista francês FKJ enfatiza os vocais suaves de Jennie, lembrando o som de uma caixinha de música ou até mesmo uma canção de ninar.
E os destaques vão para…
O primeiro impacto vem com a titletrack “like JENNIE”, um hino de autoafirmação. O arranjo mistura basslines pesados e synths pulsantes, transformando a faixa em um manifesto de identidade. A letra brinca com a influência de Jennie: “Who wanna rock with JENNIE? / Keep your hair done, nails done like JENNIE / Who else got ‘em obsessed like JENNIE?”. Zico (지코), com quem Jennie colaborou em “SPOT!”, é um dos compositores.
Com um MV futurista, que me lembrou o conceito visual de “Abracadabra” da Lady Gaga, o maior destaque do vídeo fica por conta da capivara — que já estrelou ao lado de Jennie no lançamento de “Ice Cream”. ˆˆ
Entre as b-sides, a collab com Dua Lipa para “Handlebars” aposta no clássico R&B e se torna facilmente um dos destaques pela química magnética entre suas vozes. “with the IE (way up)” também se sobressai ao trazer uma vibe descontraída e nostálgica através de uma mistura de R&B e Hip-Hop que remete aos anos 2000.
No caminho para o final do álbum, “Filter” é uma das minhas favoritas de RUBY pela letra: “Undress me on the way to perfection, yeah / Underneath, finally found what’s been missin’ / When I take it off / I know I love me more … With no filter, filter, ooh-ooh”. A progressão afiada de rap e a mixagem do som elevam ainda mais o status da b-side como uma das melhores do álbum (para mim).
A faixa “twin” completa a lista de recomendações ao trazer um toque intimista para sua discografia, acompanhada por um violão acústico. A letra foi coescrita por Jennie, inspirada em uma amizade do passado: “Can you just bear with me? We were ten years in / And young and dumb and innocent, my friend / But I knew all along that we were both wrong”.
Um debut que transcende o óbvio
RUBY mostra confiança, vulnerabilidade e experimentação através de uma mistura de gêneros com uma pitada de ousadia. As músicas não seguem um caminho previsível e contribuem para uma experiência sonora bem dinâmica. Além disso, o inglês domina a tracklist. Com exceção de “like JENNIE” e “Starlight”, com um ou outro trecho em coreano, todas as faixas são cantadas integralmente no idioma.
Entre os solos do BLACKPINK, Jisoo (지수) com o álbum AMORTAGE ainda é o meu preferido por uma questão de gosto musical. No entanto, Jennie consegue equilibrar a abordagem pessoal da Rosé (로제) e a produção envolvente de Lisa (리사). RUBY encontra um meio-termo interessante entre os dois estilos, resultando em um álbum que tem tudo para se tornar um marco em sua carreira solo.
Se RUBY tem um propósito, é provar que Jennie é muito mais do que a imagem que o público projetou sobre ela. Com um álbum tão diversificado quanto ambicioso, ela redefine o que significa ser uma popstar nos dias de hoje. O projeto não busca apenas agradar fãs ou charts — é um manifesto artístico de quem passou anos por um processo de lapidação, mas que agora decidiu brilhar sob sua própria luz.
Já conferiu a tracklist? Ouça o álbum RUBY completo no Spotify e escolha as favoritas para a sua playlist.
Hasta La Tour 