K-Drama · Review

Tour pelos K-Dramas: seleção de outubro (+estreias)

Bem-vindos a bordo de mais um tour pelos K-Dramas! O embarque no voo KD2410 traz uma programação bem extensa para este mês. Apesar das rotas extras (estudos, entrega de projeto e apresentação), a tripulação fez o possível para manter o roteiro de viagem com diversas conexões — desde estreias do mês a impressões finais de séries coreanas que chegaram ao seu último episódio.

Passageiros com destino ao tour pelas séries coreanas, embarque liberado. Prepare um lugar confortável para sentar, acompanhar e aproveitar a experiência. Vem comigo? 

Love Next Door

Love Next Door (엄마친구아들) é uma joia rara entre os K-Dramas pela forma realista e ao mesmo tempo leve ao abordar as complexidades da vida. A história proporciona um sentimento de conforto e encorajamento através de vários plots:

  • Um amor de infância guardado em segredo;
  • A química adorável de um casal secundário que constrói uma família;
  • O renascimento de Bae Dong-Jin (interpretado por Lee Seung-Hyub, do N.Flying), que encontra seu propósito após um longo período de incertezas;
  • O quarteto inseparável de amigas do grupo Lavender.

Ao evitar o clichê de vilões e o melodrama exagerado que muitas vezes vemos em produções coreanas, Love Next Door foca em emoções mais genuínas. Além disso, o roteiro aborda questões como burnout, a pausa necessária para encontrar seu verdadeiro sonho e o momento certo de deixar ir para abrir espaço para algo novo.

Metáforas…

O episódio 14 apresentou um dos diálogos que mais me marcou, quando Choi Seung-Hyo (Jung Hae-In) e Bae Seok-Ryu (Jung So-Min) discutem suas vidas usando metáforas de culinária e arquitetura: “Without you in my life, there is no flavor. I can become your roof, and you can be my rafters. We’ll take shelter from the wind and rain, and we’ll get plenty of sunshine. We can become stronger and closer.”

Esse diálogo resume perfeitamente o espírito da série: um equilíbrio entre leveza e profundidade, mostrando o valor das pequenas alegrias e dos laços duradouros. O que me marcou também foi a atuação de Jung So-Min e Jung Hae-In. As interações entre os dois transbordou autenticidade do início ao fim — como se fossem amigos de longa data.

Sem um close maior no futuro dos personagens, o final ficou com aquele gostinho de ‘quero ver mais’. Ao mesmo tempo, o realismo da trama faz esse desfecho parecer o caminho mais natural. Love Next Door é um K-Drama que cura, conforta e faz refletir sobre o tempo, a amizade e a vida.

DNA Lover

DNA Lover (DNA 러버) traz uma abordagem única e divertida sobre o amor ao questionar se o sentimento é determinado pelo DNA ou pelo coração. Com uma trama leve e cheia de comédia, o K-Drama nos leva a refletir sobre destino, coincidências e escolhas pessoais. E, no final, mostra que amar alguém é mais sobre conexões humanas do que sobre ciência.

Um dos grandes destaques da série é a interação entre Han So-Jin (Jung In-Sun), Sim Yeon-Woo (Choi Si-Won) e Kang-Hoon (Lee Tae-Hwan). As dinâmicas entre o trio são naturais e espontâneas, deixando cada cena mais envolvente e realista. Kang-Hoon, em especial, é o personagem que conquistou um espaço especial no meu coração. Como não gostar dele? Como não querer alguém como ele do seu lado? Não necessariamente no sentido romântico, mas como um amigo leal e sempre presente. Foi difícil não torcer para ele ficar com a So-Jin, mesmo sabendo desde o início qual seria o desfecho.

Apesar do romance ser o foco central, a amizade do Kang-Hoon com a 누나 e seu respeito pelo 형, mesmo quando se tornam rivais pelo amor, são os elementos que fazem valer a pena dar uma chance para DNA Lover. Yeo Jung-Tam (Lee Si-Hun) e Nam Seong-Mi (Bang Eun-Jung) também deixam sua marca ao trazer doçura e momentos de alívio cômico.

A mensagem principal de DNA Lover é clara: “Ao invés do DNA ou do destino, vamos dar uma chance para o amor”. A série explora de forma leve e reflexiva a ideia de que o amor não é algo determinado pela genética ou pelo acaso, mas sim pelas escolhas que fazemos.

Dear Hyeri

Dear Hyeri (나의 해리에게) começa como uma história promissora de cura emocional para Joo Eun-Ho (Shin Hae-Sun), que desenvolve transtorno dissociativo de identidade (TDI) após uma sequência de traumas. Os gatilhos incluem o sentimento de culpa pelo desaparecimento da irmã e o rompimento frio e sem explicações do seu relacionamento de oito anos com Jung Hyun-O (Lee Jin-Uk): “Whether it’s eight years or eight weeks, breaking up is all the same.”

Diferente de Hyun-O, Kang Ju-Yeon (Kang Hoon) e Hye-Ri (a outra personalidade de Eun-Ho, espelhada em sua irmã desaparecida) compartilham dores semelhantes — ambos vivem sob o peso dos sonhos e arrependimentos dos irmãos que partiram. Ju-Yeon enxerga Hye-Ri como ela é, independentemente da doença. Hye-Ri, por sua vez, ajuda Ju-Yeon a amenizar o sentimento de culpa pela morte do irmão, enquanto ele segue vivo: “Being alive is a good thing, so please be grateful.” 

Ju-Yeon se torna um pilar de apoio, entendendo Hye-Ri e colocando seu bem-estar acima de seus próprios sentimentos: “Even if you are not by my side, as long as you’re alive and healthy, that’s enough for me.” 

Ao invés de focar nesse propósito, o enredo opta por dar ênfase ao romance tóxico, diluindo o impacto emocional que a jornada de cura poderia ter trazido. Nos episódios finais, o K-Drama flerta com temas sérios, mas o realismo dá lugar a reviravoltas forçadas, transformando o que poderia ser uma história tocante de autorreflexão em uma trama confusa. 

O amor se sobressai à busca de Eun-Ho para superar seus traumas emocionais, ignorando a oportunidade de questionar toxicidade e codependência. Dear Hyeri tinha um enredo pronto para ser transformador, mas termina sem explorar plenamente a complexidade emocional dos personagens. A série deixa uma leve sensação de frustração, especialmente por Ju-Yeon e amor incondicional que merecia um final menos raso.

The Judge From Hell

The Judge From Hell (지옥에서 온 판사) realmente foi um K-Drama divertido de acompanhar, sem mais, nem menos. Não tem uma história super cativante. Não reinventa a roda dentro do gênero de fantasia. Não traz um romance de tirar o fôlego (até porque o foco não era esse). E também não mergulha com profundidade no universo policial para resolver casos. A punição (em suas mais diversas formas) é a grande protagonista da série.

Após ver os 14 episódios, posso dizer que os nomes de Park Shin Hye e Kim Jae Young seguem como os principais motivos para incluir o K-Drama na sua lista. Como a juíza Kang Bit Na, Shin Hye traz uma energia intensa à personagem, apesar de algumas expressões faciais parecerem um pouco forçadas em algumas cenas (e olha que eu admiro a atriz). 

No papel do detetive Han Da On, Jae Young eleva seu carisma às alturas. Que vontade de cuidar dele, abraçar, proteger e oferecer algum conforto! Ele já fez isso comigo em Love in Contract e despertou o mesmo sentimento, ainda mais forte, em The Judge From Hell. No entanto, o roteiro limita sua atuação, deixando o personagem mais apático do que se esperaria de um policial. Mesmo sabendo da origem demoníaca de Bit Na, Da On demonstra certa inocência ao lidar com suas ações cruéis e acaba sendo pouco convincente.

Lee A-Rong (Kim A-Young) e a dupla Moon Dong-Joo (Ha Kyoung-Min) e Kim Jae-Hyun (Lee Joong-Ok) oferecem momentos leves que contrastam com a atmosfera densa da série. Também gosto da participação de Kim Young-Ok como o anjo Oh Mi-Ja, além da caracterização de Shin Sung-Rok como Bael, que poderia render um spin-off interessante.

Vale a pena?

The Judge From Hell apresenta cenas violentas que, em certos momentos, parecem excessivas e desnecessárias. Aliás, por que Kang Bit Na precisava libertar os criminosos no tribunal para dar a punição final nas sombras? Ela não poderia simplesmente prendê-los e puni-los dentro da cadeia? Eis uma pergunta que me seguiu até o último episódio…

Outro ponto que eu gostaria de compartilhar com você é o estilo visual exagerado da abertura e do encerramento me lembrou de produções como Jiraiya e Jaspion. Apesar de ter visto muitos tokusatsus na época, isso me incomodou um pouco.

Embora envolvente ao seu próprio modo, o final deixa perguntas em aberto — como o destino da alma de Kang Bit Na e sua possível redenção ou retorno ao inferno. É uma série de fantasia, então já comecei a acompanhar mais como um passatempo do que com expectativas altas. Entre as produções do mesmo gênero, a que mais se destaca para mim ainda é Tale of the Nine Tailed 1938. The Judge From Hell se posiciona como entretenimento leve, com um desfecho morno e aberto para uma possível continuação.

Our Beautiful Summer

Our Beautiful Summer (아름다운 우리여름) é uma daquelas histórias que aquecem o coração e permanecem com você. Parte do projeto O’PENing 2024 da tvN, a série foi ao ar nos dias 14 e 15 de setembro. Em apenas dois episódios, o K-Drama consegue transmitir uma sensação de conforto e cura que ressoa através de uma narrativa sensível embasada por laços familiares e pela amizade. 

Choi Yeo-Reum (Jang Gyu-Ri) é uma jovem marcada pelo abandono da família — com um pai que não a reconhece após o divórcio e uma mãe que se casa novamente, deixando a filha por sua conta. Ela encontra consolo ao conhecer os irmãos Na Woo-Ri (Kim Min-Ki), Na A-Reum (Yoo Young-Jae) e Na Da-Woon (Son Sang-Yeon). A dinâmica entre eles é cativante — me lembrou Family By Choice. 

A história toca em temas profundos, como a perda e o valor do apoio emocional, transmitindo esperança e superação sem deixar de lado as dores vividas por cada personagem. Assim como Yeo-Reum encontra consolo com os irmãos, eles conseguem dar a volta por cima depois da chegada dela.

Our Beautiful Summer explora o poder transformador das conexões humanas em momentos de vulnerabilidade. A interação entre Yeo-Reum e os triplets é cheia de ternura. E a forma como cada um enfrenta seus traumas pessoais, ainda que com imperfeições, torna a história ainda mais real, emotiva (prepare os lenços *-*) e envolvente. O K-Drama é um convite para quem busca um alívio emocional e uma narrativa acolhedora ao lembrar que, às vezes, tudo que precisamos é de alguém ao nosso lado.


Estreias de Outubro

Family By Choice

Entre as estreias de outubro, Family By Choice (조립식 가족) é o K-Drama que veio para os holofotes com o maior potencial de engajar. Com estreia no dia 9, a série da JTBC terá 16 episódios — bem menos em relação ao original de 46 episódios. A história é um remake do C-Drama Go Ahead (以家人之名) de 2020.

Na adaptação coreana, a trama acompanha Kim San-Ha (Hwang In-Yeop), Yoon Joo-Won (Jung Chae-Yeon) e Kang Hae-Joon (Bae Hyun-Sung). Quando San-Ha e Hae-Joon são abandonados por suas respectivas mães, o pai de Joo-Won meio que adota os dois. E, assim, o trio acaba se transformando em uma família, incluindo ainda o pai do San-Ha, que, de certa forma, também é acolhido.

Não preciso nem dizer que Hwang In-Yeop é o maior motivo para acompanhar Family By Choice, né? Além dele estar no elenco, o roteiro também parece acolhedor, apesar de partir o coração quando San-Ha e Hae-Joon perdem o contato com suas mães. Até agora, já ri, chorei e me confortei com a série. A química do trio é um dos destaques. Em alguns momentos, parece que são realmente próximos.

Deixando isso de lado, já que, no papel, eles não têm qualquer vínculo familiar, San-Ha gosta da Joo-Won, acho que desde quando se conheceram ainda crianças. Pode ser que ela também goste dele e não tenha percebido, mas a distância após 10 anos tem tudo para esfriar esse sentimento, pelo menos por enquanto. Com Hae-Joon, tudo indica que um vê o outro como irmão. Eu só espero que a história não se transforme em um triângulo amoroso. É inspirador ver o trio se dando tão bem. Além disso, não quero ver um deles com o coração partido. 

Spice Up Our Love

Spice Up Our Love (사장님의 식단표) é um K-Drama que oferece um spin-off interessante de No Gain No Love, colocando o casal secundário no centro das atenções e transformando sua dinâmica em um romance leve e bem-humorado. Com apenas dois episódios, que estrearam no dia 3 de outubro na plataforma TVING, a trama acompanha o fervente romance entre Kang Ha-Jun (Lee Sang-Yi) e Seo Yeon-Seo (Han Ji-Hyun).

Em No Gain No Love, Lee Sang-Yi é o CEO Bok Gyu-Hyun, que se torna inimigo da escritora Nam Ja-Yeon após compartilhar comentários maliciosos sobre a novel Spice Up Our Love. Agora, nesta adaptação, Spice Up Our Love se transforma na nova realidade dos protagonistas, com Nam Ja-Yeon assumindo o papel de Seo Yeon-Seo e seu antigo hater, Bok Gyu-Hyun, seu interesse romântico.

A força deste spin-off está na química entre Sang-Yi e Ji-Hyun. Seus personagens são cativantes, enquanto o relacionamento entre eles flui de forma natural. A narrativa se destaca ao brincar com a linha entre ficção e realidade, o que me fez lembrar de W – Two Worlds.

Para quem acompanhou No Gain No Love, Spice Up Our Love é um complemento divertido, que enriquece o universo da história original. Minha recomendação: assista ao original antes para ter uma compreensão mais profunda dos personagens e da dinâmica que acaba unindo os dois.

* * *

Atenção passageiros, preparar para o desembarque! Chegamos ao final de mais um tour pelos K-Dramas. No roteiro de viagem desde mês, acompanhamos algumas estreias e séries que foram finalizadas. Minhas maiores recomendações são Family By Choice (apesar de ainda estar em andamento), Our Beautiful Summer (embora sejam apenas dois episódios) e Love Next Door.

Obrigada pela preferência mais uma vez. Espero vê-los no próximo voo e nas conexões pelo blog até lá! Aproveite que está aqui para navegar por outras séries coreanas. ˆˆ

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