Atenção passageiros! Chegou a hora de mais um novo tour pelos animes com o voo A2409. Devido a algumas turbulências que surgiram pelo caminho (trabalho em grupo, projeto e poucas horas livres para maratonar), a programação deste mês terá um formato compacto. Sem tempo livre para finalizar o que tentei começar da minha lista, vamos acompanhar as impressões finais sobre os animes finalizados da temporada.
- Bye Bye, Earth
- Shoushimin Series
- Roshidere
- Gimai Seikatsu
- Madougushi Dahliya wa Utsumukanai
- Katsute Mahou Shoujo to Aku wa Tekitai shiteita
- NieR: Automata Ver1.1A (Cour 2)
- Naze Boku no Sekai wo Daremo Oboetenai no ka?
- Tsue no Tsurugi no Wistoria
Ao todo, foram nove obras — sem contar KimiSen, que teve sua produção interrompida diante da visível queda na qualidade da animação, Oshi no Ko ainda em andamento e Kimi ni Todoke. Esperei tanto pela sequência, mas, até agora, ainda não consegui encaixar. Apesar dos atrasos, embarca comigo?
Bye Bye, Earth
À primeira vista, Bye Bye, Earth 「ばいばい、アース」 se destaca por sua premissa única e criativa. Ambientado em um mundo dominado por outras raças, o anime acompanha a jornada de Belle Lablac em busca de suas origens. A história explora temas profundos como solidão, identidade e sobrevivência em um ambiente onde Belle é uma completa estranha. Afinal, não há outros humanos como ela. Para se proteger e descobrir mais sobre si mesma, Belle tenta se tornar uma nômade e viajar por terras distantes.
Uma característica marcante de Bye Bye, Earth é o formato das batalhas, orquestradas como uma grande sinfonia em modo de combate. O uso de conceitos musicais traz uma dimensão artística às lutas, que são coreografadas com maestria e se entrelaçam com a narrativa. O mundo construído ao redor de Belle tem um estilo de arte que capta a complexidade desse universo de forma impressionante.
Além disso, o anime faz uso de metáforas para retratar a vida, com diálogos intelectuais e momentos que convidam à reflexão. A espada de Belle (Runding) remete à Excalibur com a espada escolhendo seu dono. Ao longo da trama, os personagens são peças em um jogo divino, onde a busca pelas origens se entrelaça com a luta contra forças desconhecidas e uma sociedade opressiva.
Apesar de sua riqueza conceitual, o ritmo da história pode ser um desafio. A complexidade do enredo e a falta de explicações claras exigem atenção constante. Adonis, que tinha tudo para ser um dos meus personagens favoritos, desperdiçou sua chance depois do tratamento extremamente agressivo com a Belle. Nada justifica o que ele fez, por mais que estivesse sofrendo pela maldição que carrega.
Com uma segunda temporada confirmada para 2025, espero enxergar novamente o potencial que vi no início da jornada de Belle. Será? Espero que sim!
Shoushimin Series
Shoushimin Series 「小市民シリーズ」 é um anime que reflete o que seu nome sugere: uma narrativa construída sobre uma série de episódios aparentemente comuns, onde a ação é mínima e o ritmo é deliberadamente lento. Com uma premissa que envolve conversas tranquilas, refeições e pequenos mistérios cotidianos, a obra se destaca por sua simplicidade e o foco nos personagens Kobato-くん e Osanai-さん. Os dois compartilham o mesmo desejo de se tornarem “小市民” (pessoas comuns).
Após acompanhar os 10 episódios, mantenho a mesma percepção. A abordagem visual é um ponto forte, retratando bem os processos de pensamento dos personagens e suas interações com os mistérios que enfrentam. Embora esses enigmas envolvam situações comuns, como o mistério do chocolate quente do episódio 2, eles contribuem para o tom introspectivo do anime.
O maior mistério, no entanto, está nos próprios personagens Kobato e Osanai, com comportamentos que permitem a expansão de possibilidades narrativas. Afinal, qual será a motivação deles para se tornarem comuns? Como eles se conheceram? E, por fim, mas não menos importante, onde fica o romance no meio de tudo isso? Pelo menos, eu achei que teria. Hmm…pode ter sido uma confusão da minha parte, já que o gênero nem indica isso.
A reta final traz um toque de realismo que se distancia das convenções do gênero. O episódio 10, por exemplo, entrega uma das melhores reviravoltas ao focar no crescimento dos protagonistas e revelar um pouco mais de suas personalidades. O clima fica mais pesado, com direito a envolvimento da polícia e uma grande trama por trás dos acontecimentos.
Shoushimin Series abre novos caminhos para Kobato, com a entrada de Nakamura Tokiko, e para Osanai, com Urino Takahiko. Qual será o impacto entre suas interações? Somente a segunda temporada, prevista para abril de 2025, poderá nos dizer.
Roshidere
Um conceito único com um toque russo, dinâmicas de personagens interessantes e uma estética que estabelecia altas expectativas. Tokidoki Bosotto Russia-go de Dereru Tonari no Alya-san 「時々ボソッとロシア語でデレる隣のアーリャさん」 parecia ter todos os ingredientes para ser um dos destaques das comédias românticas da temporada. No entanto, embora comece forte, o anime gradualmente perde o fôlego, lutando para se destacar em um gênero já saturado.
O núcleo da trama gira em torno de Alya, que ocasionalmente deixa escapar seus verdadeiros sentimentos em russo — achando que Masachika não a entende. Essa “gimmick” é divertida no início, mas o charme começa a se desgastar à medida que a história não aproveita totalmente o potencial de sua premissa.
Além disso, em algum ponto, o romance fica em segundo plano e as eleições para o conselho estudantil assumem o protagonismo. Entre os personagens, quem se destaca é a Yuki, que rouba os holofotes em todas as suas cenas. De muitas formas, ela acaba sendo mais dinâmica e divertida, muitas vezes ofuscando o foco principal em Alya.
Visualmente, Roshidere se destaca. A animação é suave, com traços atraentes e expressões detalhadas, que complementam o tom leve do anime. Em termos de história, a narrativa falha em aprofundar o desenvolvimento dos personagens, inclusive do romance entre Alya e Masachika.
Embora Tokidoki Bosotto Russia-go de Dereru Tonari no Alya-san não esteja à altura do hype, ainda é uma boa opção para os fãs do gênero. É divertido e tem seus momentos encantadores, especialmente quando a Yuki entra em cena. Além disso, a segunda temporada já foi confirmada e, provavelmente, entrará no tour pelos animes mais uma vez. Assista pelas travessuras da Yuki, mas modere suas expectativas em relação à trama geral. ˆ-ˆv
Gimai Seikatsu
Gimai Seikatsu 「義妹生活」 é um anime que foge do convencional e pode não agradar a todos. Desde o início, a obra adota uma abordagem experimental, com um ritmo extremamente lento e cenas prolongadas em locais estáticos. Diálogos simples podem durar minutos, sem mudança de cenário ou movimentos de câmera. Em alguns momentos, os personagens aparecem de longe, sem expressões faciais ou até mesmo sem traços nos rostos, como no último episódio, que mostrou figuras quase em silhuetas.
A falta de cenários variados e a repetição de ambientes passam uma sensação de monotonia. Esse estilo minimalista pode afastar quem busca dinamismo ou cenas mais elaboradas.
O maior destaque de Gimai Seikatsu é a trilha sonora que se alinha perfeitamente à atmosfera proposta pelo anime. As escolhas musicais ajudam a criar uma ambientação mais contemplativa e suave, acentuando o tom introspectivo da narrativa. A história, por sua vez, é construída com base nas interações entre os protagonistas Yuuta e Saki, que compartilham momentos de descoberta emocional de maneira lenta e gradual.
Gimai Seikatsu é para quem busca uma experiência diferente e está com a mente aberta para apreciar uma narrativa mais conceitual. No meu caso, foi um mix de curiosidade, atração visual e vontade de desviar da rota tradicional para descobrir onde a trilha iria me levar. O final da primeira temporada (ainda sem uma sequência confirmada) encerra o ciclo — de estranhos à família ou algo mais — de forma razoável e com possibilidade de continuação.
Madougushi Dahliya wa Utsumukanai
Madougushi Dahlia wa Utsumukanai 「魔導具師ダリヤはうつむかない」 é um anime que brilha pela simplicidade. A história acompanha o nascimento de uma amizade genuína entre Dahlia, uma jovem artesã de dispositivos mágicos, e Wolf, um cavaleiro com um passado traumático. O anime apresenta seus personagens de forma calma e suave, com diálogos educados e respeitosos que dão um toque especial à narrativa.
O ponto mais encantador é o desenvolvimento de Dahlia e Wolf, que não segue um caminho clichê de romance imediato, mas sim uma conexão baseada no respeito e na confiança mútua. Ver ambos crescerem como indivíduos é gratificante – Dahlia, agora líder de sua própria empresa, trabalha para honrar o legado de seu pai e se tornar uma artesã ainda mais talentosa, enquanto Wolf finalmente encontra a paz com seu passado.
A simplicidade dos personagens e ambientações cria uma atmosfera aconchegante e relaxante. Seu ritmo tranquilo é perfeito para quem busca um slice of life que aquece o coração. Cheguei ao último episódio com a mesma percepção de quando comecei — uma boa companhia para as tardes de sábado.
Apesar de não ter batalhas épicas ou uma animação deslumbrante, Madougushi Dahlia wa Utsumukanai cativa pela proposta simples, mas cheia de charme. A mistura de magia com tecnologia também é interessante. Eu gostaria de ver uma continuação que explorasse ainda mais o relacionamento de Dahlia e Wolf, além de mostrar o sonho dela — de se tornar uma grande inventora (maior que seu pai) — perto de se concretizar.
Katsute Mahou Shoujo to Aku wa Tekitai shiteita
Apesar de sua premissa de rivalidade entre uma garota mágica e o líder de uma organização maligna, Katsute Mahou Shoujo to Aku wa Tekitai shiteita 「かつて魔法少女と悪は敵対していた」 apresenta uma narrativa relativamente leve (exceto pelas cenas com os familiares) e cheia de fofura. Ao invés de travar batalhas intensas, os dois passam as tardes degustando chás e docinhos — enquanto se conhecem melhor e percebem o quanto têm em comum.
Com episódios curtos de 12 minutos, o anime foca mais nas interações sutis e nos momentos agradáveis entre os protagonistas do que em grandes conflitos. A simplicidade da trama traz um toque adorável ao relacionamento. Embora assuma o papel de vilão, Mira tem um lado extremamente gentil. Contrariando a imagem das garotas mágicas que lutam para salvar o mundo, Byakuya encara a tarefa como mais um trabalho (de uma lista infinita de part-time jobs que faz para pagar as contas no final do mês xD).
A diferença de idade entre Byakuya e Mira é notável, mas é tratada de forma delicada e respeitosa. No entanto, os familiares de Byakuya e Hibana trazem um toque excêntrico. Ao invés de acrescentar humor ao roteiro, sinto que a presença deles (principalmente do gato) é pesada, obscura e abusiva. Um combo que destoa do clima agradável de Katsute Mahou Shoujo to Aku wa Tekitai shiteita.
A animação é visualmente agradável e combina bem com a atmosfera leve do anime, apesar dos diálogos simples e um pouco limitados. A trilha sonora também é um ponto forte, com uma abertura suave e encantadora que reflete bem o clima de Katsute Mahou Shoujo. A simplicidade da narrativa, seu tom despretensioso e a fofura dos personagens fazem deste anime uma boa escolha para relaxar, apesar de alguns detalhes incômodos.
NieR: Automata Ver1.1A (Cour 2)
O que começou como um anime para acompanhar sem pretensões, acabou se tornando uma experiência bem interessante. A 2ª temporada de NieR: Automata Ver1.1A (Cour 2) conseguiu elevar a narrativa a um novo patamar. O desenvolvimento dos personagens 2B, 9S e A2 é um dos pontos altos. Os três são extremamente carismáticos, cada um ao seu modo. Até mesmo os Pods fisgam o coração no final — que ganha todo um significado com o despertar da consciência e a escolha de um propósito.
A trajetória de 9S, em particular, que lentamente mergulha na escuridão após eventos traumáticos, contrasta de forma belíssima com a redenção de A2, que abre seu coração para o mundo novamente. Essa dualidade de narrativas foi executada de maneira magistral, adicionando camadas emocionais complexas aos personagens.
O final da temporada é melancólico, mas satisfatório. Ele abraça o tom filosófico e existencialista que permeia todo o anime, enquanto provoca a uma reflexão profunda sobre a natureza humana e os sentimentos dos androides. O despertar dos Pods para sua própria existência adiciona um toque significativo e cheio de impacto ao final.
Se na 1ª temporada, a animação apresentava algumas inconsistências, ela é aprimorada para a sequência, especialmente nas cenas finais — inclusive na luta entre 9S e A2. São cenas de tirar o fôlego. A trilha sonora continua sendo um dos destaques, elevando o impacto emocional das cenas mais intensas. Confesso que fiquei com vontade de expandir minha visão com o universo de NieR através do jogo.
Naze Boku no Sekai wo Daremo Oboetenai no ka?
Naze Boku no Sekai wo Daremo Oboeteinai no ka? 「なぜ僕の世界を誰も覚えていないのか?」 apresenta uma premissa interessante, com um ciclo de reencarnação mundial e mistérios envolvendo a origem do Last Rizer. Sua existência parece estar enraizada no ódio do mundo. No entanto, o anime falha em explorar todo o potencial desse enredo e deixa mais perguntas do que respostas. Apesar de ter gostado de acompanhar, cheguei ao final com um leve sentimento de frustração.
Enquanto a história tenta se aprofundar nos enigmas que cria, ela parece apressada em certos momentos, pulando de uma cena de ação para outra sem dar tempo para o desenvolvimento adequado dos personagens ou da própria trama.
Os personagens, em sua maioria, não correspondem às expectativas iniciais. Rinne, que parecia ser uma figura forte e central, acaba frequentemente sendo resgatada por Kai. Aliás, o relacionamento dos dois parece um pouco forçado — quase como se estivessem nos obrigando a torcer pela dupla, deixando de lado o vínculo com Jeanne em seu mundo original.
Embora realista e focado, Kai carece de profundidade para sustentar o peso da história. Jeanne, que deveria assumir um papel de liderança, não convence completamente como sucessora de Sid. Entre os personagens secundários, Reiren, Falin e Kyuoko são meus preferidos, mas recebem pouco tempo de tela.
Naze Boku no Sekai tem momentos que despertam a curiosidade, afinal a história e todo o universo que ela cria ao seu redor é seu ponto forte. Porém, a execução, a falta de aprofundamento dos personagens e tantos mistérios sem solução acabam apagando todo o brilho que o anime tinha potencial de mostrar. É como se o anime apenas existisse na temporada, sem deixar qualquer impacto — positivo ou negativo.
Tsue no Tsurugi no Wistoria
Entre todos os animes que acompanhei nesta temporada, Tsue no Tsurugi no Wistoria 「杖と剣のウィストリア」 é o que mais me deixou na expectativa a cada semana com a chegada de um novo episódio. E, após acompanhar o final, confirmou seu favoritismo por aqui como o melhor lançamento ao trazer um universo mágico bem construído e personagens cativantes. Foi tão bom que cada episódio passou com um piscar de olhos.
A determinação de Will Selfort em subir a Torre para encontrar Elfaria, apesar de não poder usar magia, torna o desenvolvimento do protagonista um dos pontos altos da narrativa. Aos poucos, ele vai conquistando o respeito de seus colegas. Afinal, mesmo sem magia, ele utiliza sua inteligência e experiência em explorar masmorras, além das habilidades de combate e instintos aguçados para superar desafios que pareceriam impossíveis.
É muito satisfatório acompanhar como ele analisa seus oponentes e faz conexões que, a princípio, parecem insignificantes, mas acabam sendo essenciais para suas vitórias. A animação tem uma qualidade visual consistente, assim como a escolha da trilha sonora — opening, ending e as músicas de fundo para ambientar as cenas. Um dos meus momentos preferidos é a batalha contra o Evil Grand Duke, que combina coreografias intensas com uma trilha sonora que eleva ainda mais a tensão.
Além disso, o mundo de Wistoria é fascinante. A combinação de varinhas e espadas, magia e combate corpo a corpo e o mistério envolvendo a “Magia Vander” mantém nossa atenção do início ao fim. O último episódio também nos mostrou um novo personagem interessante e que parece ter uma conexão com o Will. Com uma segunda temporada já confirmada, mal posso esperar para saber mais sobre a união entre espada e varinha. Até onde será que vai a força real do Will?
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Como foi seu voo deste mês? Espero que tenha aproveitado mesmo com uma programação mais enxuta e sem a tradicional seleção de animes mais antigos para acompanhar a viagem. Após finalizar as obras da última temporada, minha maior recomendação é Tsue no Tsurugi no Wistoria com seu universo mágico de espadas e varinhas. Menção especial a Madougushi pela simplicidade dos personagens e ambientação aconchegante. Oshi no Ko também conseguiu manter o nível de curiosidade do início ao fim, com mais uma temporada memorável.
Obrigada pela preferência mais uma vez. Nos vemos no próximo voo? Espero que sim! Até lá, confira o review de Heroine Tarumono! e sua mensagem de apoio para seguir em frente. ˆˆ