Animes

Tour pelos animes: seleção de maio

Atenção passageiros! Um novo tour pelos animes está prestes a começar. Mantenha sua bagagem de bordo, passaporte e passagem nas mãos para embarcar no voo A2405. Na programação deste mês, você encontrará duas obras inspiradas pela China Imperial com Koukyuu no Karasu e Saiunkoku Monogatari.

Para mudar um pouco o mood histórico, a seleção de abril também inclui um anime guiado pela comédia, com um toque de slice of life. Seu representante é Wotakoi, explorando as relações entre otakus de uma forma divertida.

Após acomodar sua bagagem no compartimento acima do seu assento, afivele seu cinto e mantenha o encosto da poltrona na posição vertical. Nosso voo sairá em instantes. Vem comigo? 

Koukyuu no Karasu

O tour pelos animes deste mês começa com a influência de Kusuriya no Hitorigoto, que segue forte por aqui. Depois de Tong Ling Fei, Koukyuu no Karasu 「後宮の烏」 é a próxima obra inspirada pela cultura chinesa e com ambientação histórica a entrar na seleção. A adaptação da light novel de Shirakawa Kouko (história)  e Ayuko (ilustrações) ganhou 13 episódios — com transmissão entre 1º de outubro e 22 de novembro de 2022. A animação ficou por conta da Bandai Namco Pictures.

Koukyuu no Karasu acompanha o dia a dia da Consorte Corvo na China antiga. Diferente das consortes tradicionais, ela tem poderes místicos e vive isolada no palácio interno — quase sem contato com o mundo externo (incluindo o imperador) e sem o direito de desejar qualquer coisa. Sua única companhia é um pássaro dourado misterioso chamado Xingxing. すごく可愛いですよね!

Porém, o destino de Jusetsu começa a mudar depois de uma visita do imperador Koushun, que pede sua ajuda para resolver alguns mistérios sobrenaturais que rondam o palácio.

Jusetsu não está mais sozinha e, além do imperador, a dama de companhia Jiujiu, os eunucos Kai e Kei, o pequeno aprendiz Ishiha e a consorte Kajou passam a fazer parte de sua vida. A partir dessa mudança, a Consorte Corvo começa a questionar seu destino e a buscar por sua verdadeira essência.

Vale a pena?

A forma como o roteiro conduz esses laços entre os personagens é um dos pontos altos do anime. Sem contar que a animação é linda e a história com seus mistérios intrigam, deixando uma vontade imensa de maratonar todos os episódios. 

Também temos a chance de conhecer um pouco mais sobre cada personagem, seu passado e suas motivações. Alguns carregam um fardo bem tenso.

Já a trilha sonora é um destaque à parte (a opening carrega uma mensagem interessante em sua letra e a ending tem um toque artístico envolvente). Além disso, a aparência e a personalidade da Jusetsu me lembram um pouco a Kaguya de Kaguya-sama wa Kokurasetai. É quase impossível não gostar dela.

No decorrer da história, comecei a perceber que 13 episódios não seriam suficientes. E o final confirmou o que eu previa. Foi satisfatório? Não! Quero mais! Se você gostar tanto quanto eu, também vai desejar que a história de Jusetsu ganhe asas. Como não há indícios de uma segunda temporada, filme ou OVA, vou ter que recorrer à light novel. *でも…どこ? * Recomendo para quem gosta de mistérios sobrenaturais, uma boa história, trilha sonora marcante e a ambientação durante a China Imperial.

Saiunkoku Monogatari

Quando resolvi acompanhar Harukanaru Toki no Naka De 「遙かなる時空の中で」 em agosto do ano passado, Saiunkoku Monogatari 「彩雲国物語」 também estava na lista. Fiquei em dúvida entre os dois na época e acabei optando pelo primeiro. 

Finalmente, chegou a vez dele. O anime é uma adaptação da light novel de Yukino Sai (escrita) e Yura Kairi (ilustrações) pelo estúdio Madhouse (Chobits, Cardcaptor Sakura, X-1999 e títulos mais recentes como Takt Op. Destiny, Mushikaburi-hime, Yamada-kun to Lv999 no Koi wo Suru e Sousou no Frieren). A obra ganhou duas temporadas. A primeira foi transmitida entre 8 de abril de 2006 e 24 de fevereiro de 2007 com 39 episódios, enquanto a segunda foi ao ar de 7 de abril de 2007 até 8 de março de 2008, incluindo mais 39 episódios.

Como o nome sugere, Saiunkoku Monogatari reflete histórias do reino de Saiunkoku sob o reinado do imperador Ryuuki e a ascensão da primeira mulher oficial do governo, Kou Shuurei. No início, Ryuuki não demonstra tanto interesse em governar, mas seu mindset muda após conhecer Shuurei. Ele a quer do seu lado no trono. Ela quer ajudar a resolver os problemas do reino, não como imperatriz, mas como funcionária pública.

Assim, a política da época da China Imperial se torna uma das protagonistas de Saiunkoku Monogatari, mais até do que qualquer possibilidade de romance. Existe, de forma remota, levemente confusa e sem avanços. Confiança e traição estão entre os elementos mais marcantes da trajetória de Ryuuki e Shuurei.

Vale a pena?

Entre Harukanaru Toki no Naka De e Akatsuki no Yona 「暁のヨナ」, ambos ambientados em universos similares, Saiunkoku Monogatari se aproxima mais do primeiro. Minhas expectativas eram mais baixas para Akatsuki no Yona, mas tudo mudou quando risquei o trio da minha lista. Após terminar todos os 78 episódios, Saiunkoku Monogatari me deixou com uma impressão similar a Harukanaru Toki no Naka De.

Não sou muito fã de harém, reverso ou não. Simplesmente não consigo entender como todos os personagens de um anime podem se apaixonar pela protagonista como se fosse a única mulher do mundo. Isso me incomoda um pouco com a Shuurei. E se agrava com sua incapacidade de frear o beijo de um desconhecido. Parece que qualquer um pode fazer o que quiser com ela, sem que ela realmente se importe. Quando o Sakujun aparece no final da primeira temporada, quase dropei o anime. 

Shuurei é inteligente e perspicaz nos assuntos políticos, mas, diferente da Yona, não é uma personagem forte, muito menos independente. Todos ao seu redor dão os créditos a ela o tempo todo, mas, no fim do dia, Shuurei sempre é resgatada por um de seus pretendentes. Achei que gostaria dela, até por me lembrar (visualmente) da Kaoru de Rurouni Kenshin

Pontos altos

Se eu pudesse trocar os papéis, colocaria a Jyuusan-hime como protagonista. Além de ter mais força, ela realmente sabe se virar sozinha quando precisa. Jyuusan-hime, aliás, é um dos pontos positivos, assim como os fiéis aliados do imperador: Kouyuu, Shuuei, Ryuuren, Ensei e Seiran. A história de Eigetsu e Kourin também é interessante, apesar dos personagens sumirem depois que Shuurei volta a Kiyou (capital de Saiunkoku).

A participação de Yuushun ao lado de Ryuuki e de Ta-Tan ao lado de Shuurei traz mais profundidade. Enquanto o primeiro ajuda o imperador a evoluir como governante, o segundo é muito honesto em tudo o que diz e é um dos únicos a não se apaixonar pela protagonista. Cada um deles ganha uma boa dose de desenvolvimento, em especial Ryuuki com sua determinação de se tornar um imperador capaz de orgulhar seus aliados. 

Prefiro a segunda temporada à primeira, sem o Sakujun, com um desenvolvimento mais interessante, mudanças de cenários (adorei a cidade da família Lan) e um pouco mais de ação. Shuurei também ganha novas roupas e penteados. Ryuuki, antes sozinho, agora tem aliados próximos em quem pode confiar para governar. Além disso, a opening de Saiunkoku Monogatari (a mesma do início ao fim) ficará comigo por muito tempo. 綺麗でしょう?

A história começa com uma boa premissa, se perde no meio do caminho e melhora na segunda temporada, apesar de alguns recaps desnecessários. Alguns detalhes ficam em aberto, como se tivessem sido esquecidos pelo roteiro: a família Hyou, a maldição da Shusui, a motivação de Seiga e a busca de Ou Ki pelo trono. Recomendo, mas não? Hmm, mixed feelings por aqui…

Wotakoi

A última visita do tour pelos animes deste mês passa por Wotaku ni Koi wa Muzukashii 「ヲタクに恋は難しい」 e sua reflexão sobre a complexidade do amor entre otakus. Enquanto Koukyuu no Karasu entrou no roteiro para manter a influência chinesa por aqui e Saiunkoku Monogatari veio como um dos resgates mais antigos da minha lista de animes, Wotakoi foi selecionado para preencher a lacuna dos temas mais levinhos, com um gostinho de slice of life e momentos de comédia.

O web manga de Fujita ganhou 11 episódios, um trio de OVAs e um filme no formato live-action. A animação ficou por conta do estúdio A-1 Pictures (Sword Art Online, Shigatsu wa Kimi no Uso, Fate/Apocrypha, Fairy Tail, Magi: The Labyrinth of Magic, Grancrest Senki, Kaguya-sama wa Kokurasetai e Kuroshitsuji). Wotakoi foi ao ar entre 13 de abril e 22 de junho de 2018. Já os OVAs foram lançados entre 2019 e 2021.

Wotaku ni Koi wa Muzukashii, o nome por si só já nos dá indícios do que esperar. E o anime cumpre o que promete. Momose Narumi começa a trabalhar em um novo escritório com um único objetivo em mente: esconder sua identidade otaku e sua paixão por yaoi de todos a qualquer custo. Porém, logo no primeiro dia ela reencontra seu colega da escola Nifuji Hirotaka. Como fica o segredo da Narumi agora?

Como diz o ditado “há males que vêm para o bem”. Assim como Narumi, Hirotaka também é otaku, um hardcore gamer. Hirotaka é o melhor amigo de Kabakura Tarou, seu colega de trabalho e namorado da Koyanagi Hanako, responsável por guiar a Narumi no escritório. Se antes ela estava sozinha, agora ela está cercada por um grupo que divide interesses em comum. Afinal, Kabakura é fã de mangás e Hanako é cosplayer.

Vale a pena?

Wotakoi é o clássico slice of life com aquele toque de comédia, algumas vezes duvidosa. Embora o tema envolva romance de escritório, o amor parece fora do ar. Em um episódio ou outro, você verá alguma cena romântica esporádica, mas não espere muitos avanços. Wotaku ni Koi wa Muzukashii é mais comédia do que romance e tem o dom de fazer você rir, pelo bem ou pelo mal.

O início do roteiro é um pouco lento e não prende muito a atenção, mas fica mais interessante no decorrer dos episódios com a entrada de Nifuji Naoya e Sakuragi Kou. Minhas cenas preferidas é quando todos se juntavam para jogar. 懐かしい! Me fez lembrar de quando eu costumava fazer o mesmo. 

E tem algumas referências engraçadas para quem conhece outros animes e jogos, como no episódio 2 com o pôster de Koikimo no elevador de uma livraria de mangás. Ou no último OVA quando a Narumi está tentando invocar o personagem de um gatcha, uma referência clara a Fate/Grand Order (FGO) — que se confirma com a breve aparição da Brynhildr em sua versão lancer logo depois. xD

Já falei que Wotakoi é pura comédia? É só para reforçar que não tem drama, nem tanto romance ou desenvolvimento dos personagens (exceto pelo Hirotaka, talvez, de forma sutil). Mesmo assim, é divertido, principalmente pelas referências que o anime traz, e a opening é muito boa. Se tivesse mais episódios, eu acompanharia. 

Quem gosta do universo de mangás, animes, games e cosplay, pode se identificar facilmente. Recomendo bastante os OVAs, mas não deixe de ver o anime antes. O primeiro revela o início do relacionamento de Kabakura e Honako. Nao e Kou protagonizam o segundo em muitas cenas no game center. O terceiro mergulha em uma viagem de trabalho para as fontes termais. 

* * *

Como foi seu voo neste mês? Espero que tenha aproveitado a seleção de animes que preparei para acompanhar sua viagem até aqui. Entre as três obras, minha maior recomendação é Koukyuu no Karasu pela história, trilha sonora e desenvolvimento dos personagens (apesar de ter poucos episódios). Deixo Saiunkoku Monogatari por sua conta em risco, enquanto Wotakoi pode ser uma boa pedida para passar o tempo. Obrigada pela preferência mais uma vez. Nos vemos no próximo voo?

Até nosso reencontro, fica minha recomendação dos 14 melhores animes que acompanhei em 2023. ˆˆ

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