Atenção passageiros! Vamos nos preparar para mais um tour pelos animes que saíram da lista em fevereiro. Dessa vez, a bordo do voo A2402, você encontrará uma seleção que inclui obras da temporada de 2023, ou melhor, sequências de histórias com a segunda temporada de Seijo no Maryoku wa Bannou Desu e Kage no Jitsuryokusha ni Naritakute!, além do spin-off de Horimiya (o que foi uma grande surpresa para mim).
No caminho, também faremos uma conexão um pouco mais distante. Após passar por 2023, vamos para 2008 com Amatsuki, incluindo uma obra histórica que começa com uma simulação da Era Edo no Japão. Então, aperte os cintos e certifique-se de que sua poltrona está na posição vertical, pois a viagem está prestes a começar. Vem comigo?
Seijo no Maryoku wa Bannou Desu
Nossa primeira parada em fevereiro passa pela temporada de outubro de 2023 depois que o anime Seijo no Maryoku wa Bannou Desu 「聖女の魔力は万能です」 ganhou uma continuação. Vamos sobrevoar por sua sequência que veio dois anos depois. A adaptação da light novel de Tachibana Yuka (história) e Syuri Yasuyuki (ilustrações) teve sua primeira temporada em 2021, com 12 episódios e animação do estúdio Diomedéa (Fuuka). Em 2023, entre 3 de outubro e 19 de dezembro, veio a segunda temporada e mais 12 episódios.
Seijo no Maryoku wa Bannou Desu acompanha a chegada de Takanashi Sei a outro mundo, completamente diferente do Japão moderno que ela conhece, após ser convocada como uma das candidatas à santa com a missão de purificar o reino. Misono Aira responde ao chamado também e, por sua aparência, todos pensam que ela é a verdadeira santa.
Na primeira temporada, Sei alcança uma série de realizações milagrosas, provando ser ela a dona do título. Já na sequência, vemos a protagonista cumprir sua missão como santa. E agora ela precisa definir um novo rumo, inclusive para o amor.
Comecei a ver o anime sem grandes expectativas, como uma opção leve para relaxar e distante de qualquer proposta mais complexa. Seijo no Maryoku wa Bannou Desu cumpre muito bem os dois quesitos e, por isso, acompanhei as duas temporadas.
O ritmo da história é bem lento, alguns diálogos são desconexos e a troca de ângulos uma cena e outra parece estranha. Mesmo assim, a gente acostuma com o direcionamento das coisas até chegar em um momento em que nada disso incomoda. A tranquilidade da narrativa e a aproximação gradual entre Sei e Albert Hawke (uma das pessoas que ela salva na primeira temporada) é a combinação que faz valer dar uma chance ao anime.
Kage no Jitsuryokusha ni Naritakute!
Vamos sobrevoar mais uma área? Dessa vez, deixaremos a purificação da santa para mergulhar nas sombras com Kage no Jitsuryokusha ni Naritakute! 「陰の実力者になりたくて!」 e a sequência que veio na mesma temporada. Tenho a impressão de que este é um dos animes mais comentados e, após ver a continuação, ainda não sei bem o motivo. A adaptação também é baseada em uma light novel, escrita por Aizawa Daisuke e com ilustrações de Tōzai.
Na primeira temporada, que começou a ser exibida em 2022, Kage no Jitsuryokusha ni Naritakute! Ganhou 20 episódios. A sequência não demorou a vir, trazendo mais 12 episódios dos planos surreais da eminência das sombras — que deixou temporariamente sua identidade como Shadow de lado para incorporar seu mais novo personagem John Smith — entre 4 de outubro e 20 de dezembro de 2023.
A história do anime traz à tona o tema de universos paralelos. No Japão, Kagenou Cid é apenas um estudante comum (talvez nem tanto, já que seu objetivo é ser o mais forte). Após sofrer um acidente, ele acorda em outro mundo. Graças às particularidades do seu novo lar, seu sonho se torna real. “我が名はシャドー!” Cid consegue o poder que tanto queria e se torna Shadow, líder de uma organização que opera nas sombras: Shadow Garden. Mas nem todos conhecem sua real força, já que ele finge ser um personagem mob.
Na primeira temporada, Cid cria toda uma narrativa que aparentemente existe apenas na sua imaginação. Por mais surreal, ele recruta uma série de agentes extremamente fiéis e apaixonadas pelo seu líder. Na continuação, ele incorpora o papel de John Smith e encontra novos aliados para mais um plano mirabolante.
Vale a pena acompanhar as ‘loucuras’ do Shadow?
A combinação de uma sorte fora do comum, planos surreais e uma sequência de mal-entendidos (que levam ao caminho oposto do que se esperaria), Shadow consegue tudo o que quer, além de aliados cada vez mais leais. Sem contar sua força estrondosa e suas entradas triunfais antes do início das batalhas. E as falas repetidas na Cidade sem Lei? E a frase “I am atomic”, com suas consequências devastadoras? É tão surreal que é quase impossível não achar graça. xD
Um dos pontos que mais me incomoda no anime, nas duas temporadas, é o excesso de fanservice desnecessário (ao menos para mim). Tem um episódio na sequência que acontece em um parque aquático com puro fanservice (T-T). Outra coisa é o primeiro episódio da primeira temporada. Parece um anime à parte. Fui e voltei várias vezes no segundo episódio para confirmar que eu estava no lugar certo.
A curiosidade foi minha maior motivação para acompanhar até agora. Sabe aquela vontade de saber no que vai dar? É isso! O anime termina em aberto, mas um filme já foi anunciado para continuar o arco. Apesar de ser bem surreal, devo continuar acompanhando. O final da segunda temporada foi bem interessante.
Horimiya: Piece
Durante a temporada de julho de 2023, alguns animes entraram no modo stand-by. E eu estou aproveitando o início do ano para maratonar o que posso, porque são obras que eu realmente queria acompanhar. Horimiya: Piece 「ホリミヤ -piece-」 foi mais um deles. Com animação do estúdio CloverWorks, o mangá de Hagiwara Daisuke ganhou sua primeira adaptação em 2021 (Horimiya) e 13 episódios. No mesmo ano, uma versão alternativa em forma de OVA foi lançada com 6 episódios.
Horimiya: Piece não é uma sequência, portanto não é uma segunda temporada de Horimiya. Também não é um remake. É como um spin-off, um ‘director’s cut’ ou simplesmente uma história paralela (várias delas, na verdade) acompanhando o dia a dia na vida escolar dos personagens — Miyamura, Hori, Ishikawa, Yoshikawa, Yanagi, Sakura, Remi, Sengoku e Shuu — que agora estão prestes a se formar. Ao longo de seus 13 episódios, eles relembram memórias compartilhadas durante os momentos que passaram juntos (e que não foram mostradas na primeira adaptação, apenas no mangá).
Qual a proposta de Horimiya: Piece?
O novo anime foi ao ar entre 1º de julho e 23 de setembro de 2023. Entrou na minha lista, pois, na época, eu tinha acabado de assistir Horimiya. A história não segue uma sequência lógica, mas essa é a proposta e faz sentido que seja assim. Afinal, são memórias, são as peças que faltavam para nós (como espectadores).
Apesar de gostar dos traços da animação e dos personagens, confesso que não apreciei tanto a experiência com Horimiya. O motivo é simples. Não me agrada a forma como a Hori trata o Miyamura, sempre tentando forçá-lo a adotar uma postura que não condiz com sua personalidade doce e gentil. No entanto, Horimiya: Piece foi uma surpresa muito, muito, muito agradável. Começa a trilha sonora. A opening tem um ar nostálgico e envolvente. Parece que cria uma conexão, além de combinar com a proposta de resgatar memórias.
Algumas histórias são tão engraçadas que é quase impossível não rir, seja pelas situações criadas ou pelos olhares expressivos dos personagens reagindo a elas. A animação acertou em cheio. Os personagens são carismáticos e têm uma química enorme entre eles, todos conseguem atrair os holofotes para si quando entram em cena. Os diálogos são divertidos de acompanhar, ao mesmo tempo em que instigam a curiosidade de saber como será a reação de quem ouve e de quem fala.
Este formato de narrativa não é tão comum entre os animes. A forma como ela foi conduzida em Horimiya: Piece traz uma sensação de que tudo flui naturalmente até completar o ciclo que começou com Horimiya. Então, se você gostou ao menos um pouquinho dos personagens de Horimiya, não deixe de acompanhar Horimiya: Piece. ^-^v
Amatsuki
Na seleção de fevereiro, também revisitei um anime mais antigo na minha lista e aproveitei o embalo do remake de Rurouni Kenshin para mergulhar mais uma vez na história do Japão. Baseado no mangá de Takayama Shinobu, Amatsuki 「あまつき」 ganhou 13 episódios, com animação do Studio Deen (Fate/Stay Night, Vampire Knight, Fruits Basket, Rurouni Kenshin de 1996, Hakuoki, entre outros nomes). O anime foi ao ar entre 5 de abril e 28 de junho de 2008.
Amatsuki começa com uma boa premissa, quando o protagonista Rikugou Tokidoki, um estudante que não liga tanto para a história japonesa, é teletransportado para um universo paralelo durante a Era Edo após visitar uma simulação. Acontece que a simulação se tornou a sua realidade. E ele precisa aprender mais sobre a história do Japão e sua nova vida ao lado não apenas de humanos, mas também de ayakashis.
Escolhi o anime pelo tema histórico e pelos traços da animação, que me lembram obras clássicas dos anos 90. Achei que seria uma boa dosagem com as produções mais atuais. O primeiro episódio parece promissor, assim como as novas descobertas de Toki, Shinonome e Boten — os personagens mais interessantes da história, já que os três vêm do Japão moderno. O problema é que a história não avança e ainda deixa a sensação de que todos os acontecimentos são aleatórios, confusos e sem aquele senso de continuidade, nem direção por uma linha cronológica lógica.
A animação é bem feita para época, assim como a trilha sonora, principalmente para a opening (uma mistura de Ayashi no Ceres e Pandora Hearts?). Se a história de Amatsuki tem potencial para se transformar em algo maior e mais memorável, o anime não soube explorar. Embora eu goste do tema, não recomendo.
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Tripulação, preparar para o pouso! Dentro de instantes, nossa viagem chegará ao fim. Agora que já passamos por todas as conexões no tour de animes por fevereiro, vamos aos principais destaques do mês. Minha maior recomendação é a história paralela contada através das memórias dos personagens de Horimiya. É uma obra leve, agradável de acompanhar e cheia de diálogos divertidos.
Já que passamos por alguns animes de 2023 (quase todos xD), deixo aqui a retrospectiva do ano passado com indicações do que vale assistir.