Para fechar o ano, fiz uma seleção de K-Dramas bem equilibrada. Primeiro, incluí o clássico One Spring Night com o mesmo diretor de Something in the Rain. Em contraste com o tema mais maduro, optei por acompanhar também At a Distance, Spring is Green inspirado nas histórias de três estudantes, em seus momentos de alegrias e dores. Como complemento, adicionei um filme coreano e uma série recente, que estreou em novembro.
Neste post, vou compartilhar minha experiência com One Spring Night e At a Distance, Spring is Green. Também vou contar como foi o impacto do filme 20th Century Girl e o que estou achando de My Demon. Vem comigo?
One Spring Night
Com foco na minha lista de K-Dramas clássicos, resolvi acompanhar One Spring Night (봄밤), que já estava na lista há algum tempo. Disponível na Netflix, a série coreana estreou no dia 22 de maio de 2019, com 16 episódios — embora alguns sites indiquem 32 (talvez 32 com 30 minutos cada, o que seria o mesmo que 16 com 1 hora cada). Durante sua transmissão pela MBC, One Spring Night teve seu último episódio no dia 11 de julho do mesmo ano.
Um dos motivos para a escolha de One Spring Night foi ver o nome do Jung Hae-In no elenco. Conheci seu trabalho em Snowdrop, que marcou a estreia da Jisoo (Blackpink) como protagonista em um K-Drama. Depois acompanhei Something in the Rain e A Piece of Your Mind, além de ver participações mais rápidas em While You Were Sleeping e Goblin (destaques de maio e julho).
O roteiro tem um ar bem realista, que poderia ser a história de amor entre qualquer casal. Não tem chaebol, nem CEO poderoso se apaixonando pela mocinha humilde ou vice e versa, muito menos clima de conto de fadas. One Spring Night retrata o encontro entre o farmacêutico Yu Ji-Ho (Jung Hae-In) e a bibliotecária Lee Jeong-In (Han Ji-Min) em uma noite de primavera.
Ji-Ho é pai solteiro, quase um taboo na Coreia do Sul. Jeong-In está em um longo relacionamento, que passa por um período mais morno, talvez até cômodo, mesmo a um passo do altar. Porém o encontro dos dois promete trazer mudanças e quebra de paradigmas, não apenas para o casal, mas também para as famílias e todas ao redor.
Vale a pena?
Quem viu Something in the Rain, vai reconhecer muitos rostinhos em One Spring Night. Além do Hae-In, Gil Hae-Yeon, Joo Min-Kyung, Kim Chang-Wan, Kim Jong-Tae, Lee Chang-Hoon e Seo Jung-Yeon. O mais engraçado foi ver Hae-Yeon como a mãe da protagonista novamente, mas, dessa vez, mais coerente e compreensiva. Também me chamou a atenção ver Chang-Wan agindo de forma tão oposta ao seu personagem de My Love From the Star.
Aproveitando o embalo, One Spring Night é bem similar a Something in the Rain. E não poderia ser tão diferente, já que tanto o diretor quanto o roteirista são os mesmos nas duas séries. Por isso, eu estava relutante sobre tirar o K-Drama da lista ou não. Apesar do elenco, Something in the Rain passa longe de ser uma das minhas preferidas.
One Spring Night mantém o mesmo ritmo lento, enquanto explora a complexidade dos relacionamentos da vida real. A trama começa a desenrolar e a despertar mais a atenção lá pelo episódio 13. Foi aí que eu comecei a me interessar mais, porque o início é confuso, os personagens hesitam e não deixam suas intenções claras. Quantas vezes precisa dizer que terminou para terminar?
Tem traição de um lado, mesmo que indiretamente, e obsessão do outro. Depois, com o amadurecimento dos protagonistas, a história também amadurece. Senti falta de um desenvolvimento maior para explicar alguns comportamentos ou até mesmo criar empatia. Jeong-In também pode incomodar um pouco (talvez seja implicância minha com as FL), assim como as longas cenas dentro do carro.
Não é um K-Drama para recomendar sem ressalvas, uma vez que depende do perfil de cada um. Seu ponto forte é o grau de realismo, o que pode facilmente criar identificação. Se você gostou um pouquinho de Something in the Rain, pode valer uma chance.
At a Distance, Spring is Green
“Habits are hard to fix. People live the way they used to. Even when you try to change, you go back to the place your mind and heart remember”. Esta é uma das frases que mais chamou minha atenção em At a Distance, Spring is Green (멀리서 보면 푸른 봄). É um K-Drama de 12 episódios da KBS2, que foi transmitido entre 14 de junho e 20 de julho de 2021.
Resolvi adotar o nome At a Distance, Spring is Green por convenção, uma vez que o maior volume de buscas pela série ocorre a partir dele. Porém, a tradução também poderia ser Blue Spring From A Distance, já que 푸른 significa tanto azul quanto verde em coreano dependendo do contexto de uso. Por exemplo, 푸른 바다 (mar azul) 푸른 숲 ou (floresta verde). Se encontrar os dois nomes ao pesquisar, já sabe que é o mesmo K-Drama. 🙂
A série já estava na minha lista e, ao ver o trailer, passou a impressão de ser uma história levinha para acompanhar a seriedade de One Spring Night. Também tinha o contraste entre um tema mais maduro e adulto com um enredo mais juvenil. Acho que acabou sendo um bom balanço para equilibrar as emoções, embora At a Distance, Spring is Green tenha seu toque de melodrama em alguns momentos.
Vale a pena?
At a Distance, Spring is Green é baseado em um webcomic de Ji Nyoong. Em um ambiente universitário, a história acompanha a jornada de três estudantes: Yeo Joon (Park Ji-Hoon), Nam Soo-Hyun (Bae In-Hyuk) e Kim So-Bin (Kang Min-Ah).
Cada um tem suas próprias dores e alegrias no coração, mesmo que aos olhos dos outros tudo pareça diferente. Yeo Joon vem de uma família rica e aparenta ter a vida perfeita. Soo-Hyun é constantemente chamado de psicopata por ser mais reservado e manter suas interações com os outros ao mínimo. So-Bin tem uma personalidade introvertida, o que facilmente causa mal-entendidos.
Mas isso é o que as pessoas enxergam do lado de fora. Ao olhar para dentro, descobrimos que Joon é menosprezado pela família e carrega alguns traumas da infância. Soo-Hyun se fechou para focar em trabalhar até a exaustão, enquanto se privava da sua juventude, para cuidar da mãe e do irmão mais novo. So-Bin é tímida e, por questões familiares do passado, não se abre facilmente, nem consegue se expressar tão bem.
At a Distance, Spring is Green não tem um plot tão marcante a ponto de ser um #mustwatch. Porém, é uma daquelas séries coreanas boas para passar o tempo. A história sabe dosar bem entre os momentos de drama e leveza, enquanto retrata a amizade, a juventude e o processo de aceitação. Além da química do trio, traz dois personagens divertidos de acompanhar: a melhor amiga do Soo-Hyun, Wang Young-Ran (Kwon Eun-Bin), e o amigo de infância da So-Bin, Hong Chan-Ki (Choi Jung-Woo).
Ponto positivo: desenvolvimento dos personagens conforme um aprende a se apoiar no outro através de uma amizade genuína (e a inesquecível trilha sonora). Ponto negativo: roteiro com um final que parece aleatório e sem contexto.
20th Century Girl
Além de séries coreanas, no mês de dezembro incluí um filme que não estava na minha lista, mas apareceu para mim de forma inesperada enquanto eu escrevia o review de Twenty-Five, Twenty-One. O filme 20th Century Girl 「20세기 소녀」 estreou no dia 21 de outubro de 2022 e, assim como o K-Drama que me levou até ele, é ambientado nos anos 90.
A história acompanha a carismática Na Bo-Ra (Kim You-Jung), enquanto descobre seu primeiro amor ao tentar ajudar a melhor amiga Kim Yeon-Doo (Roh Yoon-Seo) a se aproximar de Baek Hyun-Jin (Park Jung-Woo). No meio da missão, a protagonista conhece o melhor amigo do crush de Yeon-Doo, Poong Woon-Ho (Byeon Woo-Seok). Gradualmente, Bo-Ra se apaixona por ele. E eu me apaixonei pelos dois.
Já conhecia Byeon Woo-Seok de Record of Youth e Search: WWW. Ele também aparece em Moon Lovers: Scarlet Heart Ryeo, embora eu não me lembre tanto, já que meu foco estava no Lee Joon-Gi e na IU. A atuação de Kim You-Jung foi uma grande surpresa para mim por ser o primeiro trabalho da atriz que eu vejo. Que gostoso foi acompanhar sua personagem e suas interações com o Woon-Ho. ˆˆ
Vale a pena?
20th Century Girl é um filme coreano que ficará marcado no meu coração com a frase mais inesquecível da obra: “I want to see you in the 21st century”. Só de ler ou pensar nela, as lágrimas já querem escorrer novamente. O filme me fez chorar tanto quanto os J-Dramas 1 Litre no Namida e Taiyo no Uta. Apesar de partir o coração, vale cada segundo.
Todos os aspectos são retratados de forma bela (com cenas que provocam borboletas no estômago), realista (primeiro amor na escola), nostálgica (final inesperado) e romântica (não apenas pelo roteiro mas também pela química entre Bo-Ra e Woon-Ho).
20th Century Girl também deixa uma preciosa lição na cena de despedida no trem: não tenha medo de arriscar e dizer o que sente. Nunca se sabe o que pode acontecer amanhã. Palavras não ditas podem se transformar em arrependimento para a vida toda.
Bônus: Primeiras Impressões
My Demon
Para fechar os últimos destaques de K-Dramas de 2023, comecei a acompanhar My Demon (마이 데몬) na Netflix. A série da SBS estreou no dia 24 de novembro e tem previsão de chegar ao final, com seus 16 episódios, em 20 de janeiro de 2024. Como estamos na metade da transmissão, provavelmente, eu voltarei com um review mais completo e minhas impressões finais já nos próximos destaques.
My Demon mistura romance, com uma pitada de comédia e fantasia. Afinal, a história apresenta um casal nada convencional, como já vimos em My Love From the Star e Goblin (um dos destaques de julho). Dessa vez, o par romântico da protagonista não é um alien, nem um goblin, mas o próprio demônio.
Do Do-Hee (Kim You-Jung) é candidata a se tornar CEO de um grande conglomerado, mas sua família adotiva não vê a situação com bons olhos. Afinal, os filhos legítimos querem o cargo para eles e não medem esforços para atingir seus objetivos. Em uma das inúmeras situações de perigo em que se encontra em meio à disputa pelo poder (e outros mistérios que ainda não foram revelados), a protagonista conhece Jeong Gu-Won (Song Kang). Por uma circunstância inesperada, ele se torna seu guardião e marido.
Até agora, My Demon tem sido um dos melhores K-Dramas entre todas as obras que acompanhei em 2023. Se já tivesse finalizado, teria grandes chances de entrar na minha retrospectiva. Song Kang já me conquistou em Forecasting Love and Weather e Navillera e está ainda mais envolvente no papel do Gu-Won. Kim You-Jung deixou uma boa impressão em 20th Century Girl. Além disso, os dois esbanjam química e dividem muitos momentos engraçados, inocentes e fofinhos.
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Em dezembro, teve o clássico One Spring Night e At a Distance, Spring is Green com suas lições sobre amizade e juventude. O mês também foi marcado por um filme coreano, o que raramente acontece (talvez pela força do hábito de acompanhar mais séries). Entre os três, o longa foi a maior e melhor surpresa, apesar de deixar o coração partido quando os créditos começaram a aparecer. Foi aí que meu último fio de esperança se desfez. My Demon também vem me surpreendendo. Vamos aguardar os próximos episódios. ˆ-ˆv
Já viu a retrospectiva dos melhores K-Dramas que acompanhei em 2023? Na lista, tem produções do ano que passou, clássicos e séries mais antigas.