
Antes de seguir com o review de outro anime, volto aqui no blog para falar sobre o filme Fruits Basket: Prelude 「フルーツバスケット -Prelude-」 que nos apresenta uma prequel de Furuba. Além das duas adaptações para anime — uma versão em 2001 e um remake em 2019 incluindo toda a obra original do mangá de Natsuki Takaya, o clássico ganhou um longa em 2022, acompanhando a história de amor entre Honda Kyoko e Katsuya.
Eu estava bem ansiosa para ver o filme e saber mais sobre a mãe da Tohru. Afinal, mesmo sem aparecer muito na série, ela assume um papel de protagonismo quase tão significativo quanto o da filha. O melhor de tudo é que consegui acompanhar os dois animes e o filme em sequência, o que deixou minha experiência mais completa. Vem comigo?
Ficha técnica
Gênero: Drama, Romance, Sobrenatural
Estúdio: Studio Deen
Estreia: 18 de fevereiro de 2002
Em 18 de fevereiro de 2022, o filme Fruits Basket: Prelude trouxe uma prequel, acompanhando a história da mãe de Tohru, Honda Kyoko, e seu encontro com Honda Katsuya. Assim como os animes, o longa tem um lado dark com os desafios que Kyoko enfrenta durante sua vida escolar sem sentido até seu envolvimento com Katsuya atingir outro nível. O encontro dos dois traz um novo rumo para sua trilha, deixando para trás seu passado como membro de gangue para se tornar uma mãe amorosa.
Review do filme Fruits Basket: Prelude



Depois de finalmente mover o anime Fruits Basket da minha lista de ‘assistir’ para a posição ‘visto’, eu não poderia deixar o filme Fruits Basket: Prelude de fora, né? Quando começo a acompanhar uma produção, gosto de maratonar todas as mídias disponíveis (filme, OVA, especiais) para ter uma experiência mais completa e aprender o máximo que puder sobre a obra a partir de diferentes perspectivas.
Fruits Basket: Prelude mantém o clima denso e cheio de contrastes do anime. O que muda é o foco. Se nas adaptações anteriores os holofotes estavam na maldição da família Souma e nos elementos sobrenaturais, no filme o protagonismo fica por conta da Kyoko com um alto grau de realismo. Por trazer uma história anterior, quando Tohru nem tinha nascido ainda, não recomendo começar pelo filme se quiser conhecer o universo de Fruits Basket.
Inclusive, a primeira metade de Fruits Basket: Prelude traz uma retrospectiva dos principais momentos entre Tohru e Kyo, com muitas cenas das três temporadas do remake do anime de 2019 — e algumas cenas extras fofinhas dos dois no futuro.
Então, se não quiser spoilers, comece pela história sobre a maldição do zodíaco, enquanto se familiariza com os personagens e, somente depois, veja o longa. Você precisará desse contexto para acompanhar o encontro da Kyoko com o Katsuya.
O passado sombrio de Kyoko

O filme realmente começa na segunda metade, apresentando a linda, porém trágica história de amor entre os pais da Tohru. Antes de conhecer o Katsuya, Kyoko era considerada uma delinquente que raramente participava das aulas e, para completar, fazia parte de uma gangue. Sempre acumulando um ou outro machucado ao se envolver em brigas, ela se tornou uma gangster lendária.
Além disso, sua vida em casa tornava as coisas ainda mais tensas com a falta de apoio dos pais. Ao se sentir abandonada pela própria família e rejeitada pela sociedade, Kyoko optou por seguir a vida como delinquente, colocando seu futuro em risco. A falta de interesse em frequentar a escola e as constantes birras nos momentos de advertência de professores ou da família só mostram o quanto ela se sentia vazia, sozinha e perdida.
Com uma personalidade gentil e atenciosa, Katsuya mostra um outro lado da vida para Kyoko — um lado com gestos sinceros que até então ela desconhecia. Katsuya aparece como professor em uma das poucas ocasiões que Kyoko esteve na escola.
Apesar dos perfis opostos, os dois se aproximam lentamente. Aos poucos, ela começa a se abrir, passa a frequentar mais as aulas e cria coragem para deixar a gangue.
De delinquente à mãe amorosa


Mesmo com sua transformação gradual, trocando o caminho de delinquente pela chance de um futuro melhor, o apoio da família de Kyoko não vem. Aliás, é o efeito contrário. Ela é expulsa de casa, restando apenas o amor de Katsuya e a vinda de Tohru. Ao saber da gravidez, Kyoko fica assustada, assumindo uma postura desconhecida para quem acompanhou o anime e a imagem angelical de Kyoko através das memórias da Tohru.
Se pararmos para pensar, sua reação de desespero e o medo de carregar uma nova vida faz todo sentido. Antes de conhecer Katsuya, ela nunca teve nada além da gangue e da falta de afeto da família. Como não se apavorar com a descoberta e questionar sua capacidade de criar uma filha, não é mesmo?
Alguns poucos anos depois do nascimento de Tohru, Kyoko passa por uma nova provação. Quando você vê o filme, já sabe que a qualquer momento isso ia acontecer, mas, mesmo assim, é quase impossível conter as lágrimas quando, de fato, acontece. E a forma como acontece me impactou ainda mais. Poderia ter sido evitado, sabe? Estou falando da perda do Katsuya. A dor que consome Kyoko, com os pensamentos suicidas e o esquecimento momentânea de que ela tinha uma filha que, mais do que nunca, precisava dela.
O abandono da família, seu tempo como gangster e todas experiências ao lado de Katsuya a transformam no mito que conhecemos através das memórias da Tohru. Sem o apoio dos pais, ela aprendeu a prestar atenção na filha. Quando estava nas ruas com a gangue, ela ganhou inteligência emocional e sabedoria para oferecer um impacto positivo na vida de outras pessoas. Graças a Katsuya, ela aprendeu a amar e a ser amada, o que a transforma em mãe amorosa mais para frente.
Impressões finais de Fruits Basket: Prelude

Fruits Basket: Prelude deixa de lado os elementos sobrenaturais dos animes para apresentar uma história mais realista através de Kyoko. Apesar da perda repentina do Katsuya e de seu passado aparentemente sem esperança, a mãe de Tohru passa por uma transformação.
A imagem angelical e radiante de uma mãe que parece ter recebido todo o amor da família é desconstruída no filme. Afinal, Kyoko não era nada disso. Ela era apenas uma pessoa real, que teve a chance de conhecer uma pessoa que a via e a amava de forma genuína. E, para mim, este é o elo comum e a maior mensagem que une todas as obras inspiradas em Furuba.
No fim das contas, Fruits Basket (como mangá e anime) e Fruits Basket: Prelude trazem uma percepção, sem romantizar as coisas. Os personagens se apaixonam pelas pessoas erradas, machucam as pessoas erradas sem querer e até a si mesmos. Porém, por mais indiferente que o mundo possa ser e por mais imperfeitos que cada um de nós possamos ser, tudo ficará bem se você tiver ao menos uma pessoa que se preocupe com você.
Vale a pena ver o filme Fruits Basket: Prelude? Apesar de trágico e de provocar lágrimas do começo ao fim (principalmente por já conhecermos o destino dos personagens), recomendo para quem gostou de acompanhar o anime. Você terá a chance de conhecer o pai da Tohru (que parecia ser uma boa pessoa) e aprender mais sobre a mãe da Tohru, enquanto entende como sua memória continua viva e lembrada com carinho por todos que a conheceram. E ainda pode ver cenas fofas entre Tohru e Kyo, além de rever a história de Furuba.
Já que estamos neste universo, aproveite para ler o review de Fruits Basket e relembrar mais um pouquinho da série. ˆ-ˆv