Jihyo está em sua zona de conforto com o álbum ZONE

O álbum ZONE é um dos poucos entre tantos que já ouvi por aí, seja no K-Pop ou em outros estilos, que combina 100% com a voz de quem canta em toda a sua tracklist. E vai além, elevando ao máximo suas habilidades vocais, enquanto entrega uma experiência agradável para quem ouve. O disco, que chegou às plataformas de streaming nesta sexta-feira, 18 de agosto, marca o debut solo da Jihyo (지효) do girl group TWICE (트와이스). 

A escolha do nome não poderia ser mais apropriada, já que explora a fundo os pontos fortes da vocalista — combinando o timbre de sua voz à melodia de cada uma das sete faixas do álbum. Em ZONE, Jihyo está em sua zona de conforto e mostra que está pronta para iniciar sua trilha como solista. Neste post, vou compartilhar minhas impressões sobre o álbum. Vem comigo?

Minhas impressões do álbum ZONE

TWICE é um daqueles grupos clássicos que sempre tem espaço nas minhas playlists. E o espaço vai muito além de uma música só. Geralmente, é um combo — “TT”, “Likey”, “What is Love”, “Dance the Night Away”, “I Can’t Stop Me”, “Cry For Me”, “Moonlight Sunrise”, “Set Me Free” — que aumenta a cada novo álbum lançado. 

Em junho de 2022, acompanhei o primeiro debut solo, com Nayeon (나연) abrindo o caminho. No último mês, TWICE ganhou sua primeira subunit com a estreia de MISAMO (ミサモ | 미사모), que foi um dos destaques de julho inclusive. E agora, pouco mais de um ano depois da Nayeon, é a vez da líder Jihyo. 

Depois de ouvir uma amostra do álbum com trechos de toda a tracklist, que a JYP Entertainment compartilhou no YouTube no dia 10 de agosto, senti que vinha coisa boa por aí. Quando dei play para ouvir o álbum ZONE pela primeira vez, começou a chover. Com o fone e olhando a chuva pela janela, achei que a tracklist combinou bem com o clima chuvoso. Quanto mais ouço, melhor a experiência. 

Todo o álbum é consistente e sólido em suas escolhas, mesmo que Jihyo tenha dito em uma de suas entrevistas que a tracklist diversa representa seu processo de descoberta em busca da mensagem que gostaria de transmitir. Difícil escolher uma favorita, mas “Talkin’ About You”, “Don’t Wanna Go Back” e “Nightmare”, além da titletrack “Killin’ Me Good” já estão gravadas na minha mente (especialmente as duas primeiras B-sides).

Processo criativo no álbum de estreia solo da Jihyo

Cada uma das sete faixas tem um estilo, com melodias distintas, mas que, ao mesmo tempo, se conectam pela voz de Jihyo. Além de combinarem com seu timbre, as músicas foram acompanhadas de perto pela idol — que participou tanto da composição quanto das letras. 

“I’ve gotten to a point where I really understand the industry and my style as an artist…I wanted to show what I do best there, and show other emotions and sides of me with my vocals on the B-sides.” 

Em entrevista para o portal Vulture, ela contou que no momento em que alguém faz seu debut precisa estar preparado para a estreia solo, seja quando for. Para Jihyo, agora é o timing perfeito para o álbum ZONE, já que seu entendimento sobre a indústria, bem como do seu estilo como artista está mais consolidado. Muito disso graças aos seus anos como trainee e, posteriormente, com o TWICE.

Com seu álbum de estreia, Jihyo também disse que quer mostrar o que faz de melhor, além de compartilhar diferentes emoções através de sua voz em cada uma das B-sides. E, para mim, ela realmente está em sua zona de conforto.

Enquanto participava do processo criativo, a idol tinha a preocupação de distanciar seu som do TWICE, que geralmente mostra um lado mais fofo e com músicas cheias de energia. Por isso, ZONE segue o caminho inverso, inclusive com letras e melodias com um toque dark — maior conforme se aproxima do final. A tracklist traz sete faixas: Killin’ Me Good”, “Talkin’ About You”, “Closer”, “Wishing on You”, “Don’t Wanna Go Back”, “Room” e “Nightmare”. Jihyo recebe créditos como compositora em quatro delas.

Killin’ Me Good

“Killin’ Me Good” abre o álbum ZONE e, sem demora, já mergulha na zona de conforto da Jihyo, mostrando tanto suas habilidades vocais como uma coreografia que combina bem com a vibe da faixa-título. 

A letra “You’re killin’ me, killin’ me good, good, good (So good, so good) / Feelin’ things I never knew that I could, ooh, ooh, ooh-ooh”, escrita por J.Y. Park, embala o cativante refrão. Antes de começar, o pré-refrão carrega um certo tom de elegância, enquanto prepara o caminho para que a voz da Jihyo ganhe todos os holofotes na hora certa. 

Com elementos de R&B, a melodia é brilhante, principalmente no refrão, com seu ritmo acelerado e contagiante. “Killin’ Me Good”, “Talkin’ About You” e “Closer” (mais à frente) têm uma vibe que me lembrou das músicas da Dua Lipa. Inclusive a presença de palco, ao acompanhar o MV, parece seguir o mesmo mood — com carisma, atitude, impacto e determinação. 

As cenas de dança se mesclam com os altos e baixos de um relacionamento, interligando cada take a uma narrativa, que lembra um curta-metragem bem produzido. A coreografia é um destaque à parte com movimentos em sinergia a cada nota do arranjo instrumental.

Talkin’ About You

Quando “Talkin’ About You”, as músicas da Dua Lipa logo ressoaram na minha mente. A combinação da melodia com a voz da Jihyo me lembraram bastante o estilo da cantora. Ao ouvir o pré-refrão, pensei no refrão de “Titanium” (David Guetta ft Sia). O instrumental é diferente, mas algum elemento musical fez a conexão na minha cabeça.

“Talkin’ About You” foi a minha primeira preferida do álbum. E bastou ouvir apenas uma vez. O featuring com o rapper 24kGoldn agregou tanto à música. Ao relembrar do processo criativo, Jihyo contou que a letra começou a ser escrita enquanto ela estava nos Estados Unidos e a levou a escrever a letra em inglês. Para completar, a idol buscou parceria com um rapper que fosse fluente no idioma. O eleito foi 24kGoldn.

Closer

Em “Closer”, a combinação melodia e voz também me fizeram lembrar da Dua Lipa, mas diferente de “Killin’ Me Good” e “Talkin’ About You”, a música tem uma vibe mais latina. Se a intenção era criar um som para destacar a coreografia em suas performances, Jihyo acertou em cheio, pois o instrumental deixa com vontade de dançar. 

Em entrevista ao portal Vulture, a idol disse que a linha de baixo ganhou peso durante a mixagem para que ela possa dar destaque à coreografia. Jihyo também deu seu toque na composição dos versos de “Closer”, a faixa mais curta do álbum ZONE.

Wishing on You

Com elementos de R&B, “Wishing on You” é cantada quase como um sussurro no ouvido, trazendo uma vibe totalmente diferente de “Killin’ Me Good”. Enquanto canta “You-ooh, ooh-ooh, ooh-ooh, ooh-ooh / I wanna be, I wanna be wishing on you”, a voz da Jihyo fica mais suave. Assim, ela expressa aqueles sentimentos secretos (ou não) de pensar em alguém especial quando não estamos por perto. 

Don’t Wanna Go Back

Assim como “Talkin’ About You”, “Don’t Wanna Go Back” ganhou minha atenção de forma imediata logo depois de ouvir a música pela primeira vez. A faixa traz um dueto de Jihyo com a Heize (헤이즈). As vozes das duas combinaram tanto com a melodia, levando ao contraste entre o suave e o profundo, que se complementam. 

Gostei dos estalos embalando a melodia antes do refrão. Entram como um elemento que deixa a faixa suave e prepara para a entrada do refrão, dando maior destaque à linha vocal da dupla. Não demora para que “I don’t wanna / Don’t wanna go back” fique na mente, enquanto se repete ao longo da música.

Room

Após ouvir “Room” pela primeira vez, Jihyo diz que pensou em um quarto vazio e solitário. Por isso, ao escrever a letra, ela compartilhou o desejo de não voltar para um lugar assim. Sua melodia segue a linha vocal, com um ar triste e sentimental. Para mim, a experiência foi um pouco diferente. O som me fez lembrar de K-Dramas nostálgicos. Dependendo do roteiro, poderia se encaixar bem na trilha sonora de uma série ou filme.

Nightmare

Você pode não acreditar no que vou escrever, mas assim que ouvi “Nightmare” fiquei curiosa para ouvir esta faixa ao vivo em um show. Pensei em como poderia ser uma apresentação memorável, principalmente com o acompanhamento de uma banda ou até mesmo de uma orquestra, já que a melodia tem um ar de mistério e carrega um certo impacto sonoro. 

Quando fui procurar o link do áudio para compartilhar aqui, vi o trecho de um show do TWICE com a turnê READY TO BE em Seul. E descobri que “Nightmare” entrou no setlist durante as apresentações solo do grupo. Dá para acreditar? Jihyo deve ter pensado a mesma coisa, pois a faixa tem um potencial interessante para performances ao vivo. Agora só falta ouvir com uma banda ou orquestra. Imagina o impacto! 와우!

Com “Nightmare” encerrando a tracklist do álbum ZONE, Jihyo começa sua trilha solo com potencial para nos surpreender daqui para frente. No TWICE, gosto mais do timbre melódico da Sana, mas a voz da Jihyo me entregou uma experiência positiva. Não apenas isso. A forma como a JYP está conduzindo os solos das meninas parece focar nos pontos fortes de cada uma, o que pode trazer retornos cada vez melhores. Vale a pena ouvir todas as músicas, com recomendação especial para “Talkin’ About You” e “Don’t Wanna Go Back”.

Já que falei de chuva quando comecei a ouvir o álbum, deixo o meu review de “Rainy Days” do V como recomendação de leitura. ˆˆ