Ouvir ou não? Itzy deixa dúvidas com álbum Kill My Doubt

Quando a expectativa é alta demais, esperamos que a experiência siga no mesmo nível, não é mesmo? Pelo menos, acredito que este seria o caminho natural. Porém, nem sempre é o que acontece, como mostra o álbum Kill My Doubt do Itzy (있지), que chega nesta segunda-feira, 31. Apesar do nome, o que não faltam são dúvidas sobre a experiência que o novo disco proporciona.

A primeira amostra veio com “Bet On Me”, no início do mês, apresentando um som mais maduro do que costumamos ver e despertando a curiosidade pelo que viria a seguir. Depois foi a vez de “None of My Business”, mais um pré-release antes da chegada do álbum. Hoje, a tracklist completa foi liberada, com a titletrack “Cake” e mais três músicas inéditas.

O 7º EP do Itzy tem seis faixas, sendo três delas mais curtas, seguindo uma tendência que outros grupos do K-Pop como NewJeans já mostraram. Neste post, vou compartilhar minhas impressões sobre o álbum. Vem comigo?

Minhas impressões do álbum Kill My Doubt

Acompanho Itzy desde o debut com “Dalla Dalla” em 2019 pela JYP Entertainment, mas apenas quatro músicas do grupo estão na minha playlist: “Wannabe”, “Not Shy”, “In the Morning” e “LOCO”. Mais pela coreografia do que pela sonoridade. Aliás, as performances de Yeji, Ryujin, Yuna, Chaeryeong e Lia, principalmente nas premiações, são sempre uma motivação a mais para ver.

O último disco, Cheshire, lançado em novembro de 2022 não trouxe um grande impacto, nem com as músicas, nem com as coreografias. Comecei a criar expectativas pelo álbum Kill My Doubt quando ouvi “Bet on Me”, que me mostrou um lado mais maduro do girl group. 

Então, no dia 24, veio “None of My Business”. Não sei se você reparou, mas não teve review aqui no blog. Quando comecei a ouvir, achei o som agradável e bem no clima de verão. No entanto, conforme a música avança o som se torna um pouco cansativo. O pré-release já baixou um pouco minhas expectativas. 

Hoje, ouvi toda a tracklist de Kill My Doubt, que inclui a titletrack “Cake”, “Bratty”, “Psychic Lover” e “Kill Shot”, além dos dois pré-releases. Entre as seis músicas, gosto de “Bet on Me” e “Psychic Lover” (um pouco, mas nem tanto). Por isso, ainda tenho dúvidas sobre o que o álbum desperta em mim.

Bet On Me

Como um bom cartão de visitas ou aperitivo, “Bet on Me” chegou no dia 2 de julho deixando uma primeira impressão satisfatória. A música traz um pop mais maduro — diferente da habitual energia explosiva do Itzy — mas ainda com aquela mensagem de confiança sempre presente nas letras de outras canções. 

A melodia tem uma batida dançante e contida ao mesmo tempo, com um refrão que cativa com seu arranjo instrumental rítmico. “Bet on Me” tem potencial para ganhar popularidade nas paradas internacionais. Quanto mais ouço, melhor fica — principalmente para momentos como uma caminhada no parque, uma corrida, uma volta pelo bairro ou para acompanhar uma série de exercícios. 

Cake

Quando penso em “Cake”, logo lembro da ousada coreografia da música do KARD que tem o mesmo nome. Porém, as semelhanças com Itzy param no nome. Enquanto a primeira tem uma vibe mais provocativa, a segunda traz a mensagem de superar as dificuldades como se fosse “a piece of cake” (“mamão com açúcar”, moleza, fácil). 

“Cake, cake, cake, cake, cake / It’s a piece of cake, cake, cake, cake, cake” marca a primeira colaboração de Itzy com o duo Black Eyed Pilseung — nome por trás de “Fancy” (Twice), “Touch my Body” (SISTAR), entre outras músicas na cena do K-Pop. O estilo de “Cake” lembra um pouco as origens do grupo, especialmente “Dalla Dalla”, mas com alguns elementos diferentes.

A melodia é mais calma comparada a outras faixas do álbum, mesclando metais distorcidos e uma estrutura que beira o monótono. Não sei se pelo som levemente açucarado ou pela repetição de “cake” ao longo da música. É fácil se desligar do som enquanto ouve para prestar atenção em outras coisas. Às vezes me lembra um pouco NMIXX. 

Ouvir “Cake” com o MV melhora um pouco a experiência, já que as imagens são divertidas de acompanhar. Yeji, Ryujin, Yuna, Chaeryeong e Lia andam por vários sets de filmagem, enquanto cantam, dançam e se divertem. 

Para mim, a música não oferece uma experiência boa, nem ruim, algo no meio do caminho. É como se o bolo tivesse saído do forno antes da hora, sabe? Talvez eu precise de um pouco mais de tempo para acabar com as minhas dúvidas. 

None of My Business

Em antecipação ao álbum Kill My Doubt, Itzy liberou “None of My Business” como o segundo pré-release antes de “Cake” e toda a tracklist. A B-side veio com MV no dia 24 de julho.

Assim como “Bet On Me”, “None of My Business” também apresenta um lado mais maduro de Itzy. Isso é perceptível não apenas pela linha vocal, mas também nos passos da coreografia e em todo o aspecto visual do MV. O álbum Kill My Doubt deve realmente representar o amadurecimento do girl group daqui para frente como veteranas do K-Pop.

A vibração de “None of My Business” pode soar agradável no início, mas não demora muito a cansar conforme a música avança. A falta de dinâmica traz um ar quase monótono, fazendo com que a melodia pareça repetitiva. Além disso, a linha vocal explosiva que costumamos ouvir quando se trata de Itzy é mais reservada e temperamental aqui. 

“None of My Business” é agradável, mas não tenho certeza se a sensação seria a mesma no modo repeat. É uma música boa de ouvir com moderação.  

Bratty

Ao ouvir o álbum Kill My Doubt, “Bratty” quase passa em branco. Se eu fosse comparar a música a uma temperatura, seria morna, por não trazer nenhum elemento que se destaque. Tanto a melodia quanto a linha vocal são bem lineares. Além disso, “Bratty” abre a sequência de faixas curtinhas — com “Psychic Lover” e “Kill Shot” — o que parece ser uma tendência no cenário musical, não apenas do K-Pop. 

Psychic Lover

Se eu tivesse que escolher uma ou duas favoritas no álbum, “Psychic Lover” seria minha segunda opção, acompanhada por “Bet on Me”. É uma faixa divertida, com um refrão e pós-refrão cativantes: “A strong attraction that cannot be hidden / Psychic lover only for you / Even if you pretend to be dеceived and beliеve me / You won’t regret it, psychic lover”. 

A melodia de “Psychic Lover” tem uma pegada meio rock, pop punk. É o principal destaque, além de ser o motivo para colocar a faixa na minha seleta lista de preferidas do EP. Também é uma música divertida, que combina com uma viagem de carro ou um acampamento na praia com os amigos.

Kill Shot

“Kill Shot” é a faixa que fecha o álbum. Há algo em sua sonoridade que me soa familiar, mas ainda não sei dizer o que é. Sua melodia segue um arranjo mais sombrio, similar à vibe de “In the Morning”, mas com seu próprio estilo. Minha parte preferida é quando as vozes da Ryujin e da Yuna entram em cena: “Kill shot, guess what? / Without leaving a single one, hit ya / Kill shot, one remaining count / Everything falls down, so never doubt (Swish, swish)”.

O álbum “Kill My Doubt” não poderia ter um nome mais apropriado para expressar como me senti após ouvir toda a tracklist. Se o objetivo de Itzy era acabar com dúvidas e incertezas, o grupo não cumpre a missão comigo. O lançamento antecipado de “Bet on Me” trouxe expectativas, mas “None of My Business” começou a esfriar. Quando “Cake” saiu do forno com as músicas que faltavam, apenas “Psychic Lover” ganhou um lugar na minha playlist. Não sei se foi a temperatura, o tempo de preparo ou a escolha dos ingredientes. Faltou uma pitada extra para completar o comeback de Itzy.

Sabia que julho também marcou a volta do NewJeans com o álbum Get Up? Se ainda não viu, deixo como recomendação de leitura para você. ˆˆ