
Mês de abril anda movimentando para o cenário do K-Pop. Entre os lançamentos do mês, veio o aguardado álbum D-DAY do Suga — um dos rappers do BTS e também conhecido como Agust D (aka Min Yoongi). A obra que encerra a trilogia que começou em 2016 com Agust D e seguiu em 2020 com D-2 chegou aos streamings no dia 21 de abril.
No dia, eu não consegui ouvir e, por isso, não compartilhei nada aqui no blog. Mas hoje, após ouvir todo o álbum finalmente, eu assisti o episódio 9 do programa 슈취타 no YouTube. É lá que Suga recebe convidados para um papo de bar (recomendo ˆ-ˆv) sobre carreira, desafios, conquistas e sonhos. Dessa vez, o anfitrião foi o líder do BTS, RM, que conversou com Agust D sobre o álbum D-DAY.
Neste post, vou contar como foi o programa e aproveitar o gancho para compartilhar minhas impressões sobre o primeiro disco solo de Suga. Vem comigo?
Agust D fala sobre processo criativo do álbum D-DAY no 슈취타
Para o último álbum, Suga (aka Agust D) foi até as montanhas de Dangjin em busca de inspiração. Enquanto escrevia as letras para Haegeum e Amygdala, o rapper contou ao líder do BTS, RM, que passou por um momento de bloqueio criativo e sentiu que precisava sair de Seul.
Aliás, viajar para diferentes lugares foi parte do processo para dar vida ao álbum. Ao pegar a estrada para Dangjin, Suga tinha três objetivos: fazer versos para as músicas Haegeum e Amygdala e compor Polar Night do zero. Mesmo em um lugar remoto, sozinho e afastado de todos, nem sempre a criatividade está do nosso lado. E com Suga não foi diferente.
Por isso, no primeiro dia, apesar da tentativa com luz baixa e música de fundo, ele não conseguiu criar nada. Já no segundo dia, com a meta de voltar para Seul, as letras fluíram. Suga conta que escreveu Polar Night, do início ao fim, em menos de 1 hora. Depois foi a vez de completar os versos que faltavam para Haegeum e Amygdala.
Então, no terceiro dia, Suga voltou para Seul e foi direto para o estúdio. Porém, ao repassar suas mais novas criações, ele não se sentiu satisfeito e decidiu fazer uma pausa. Durante uma visita ao hospital para cuidar da sua saúde, o rapper olhou novamente o que tinha escrito e gostou. E embalou na criação da letra para Snooze. Mais à frente, em uma viagem para Los Angeles, para uma sessão de fotos, ele escreveu Interlude: Dawn e finalizou as 10 canções do álbum D-DAY.
Álbum D-DAY revela experiências pessoais e foca no presente
Enquanto conversa com RM, Suga conta que o álbum D-DAY traz mensagens com foco no presente, diferente de Agust D e D-2 ambos voltados mais para o passado — memórias de infância e escola. O que une a trilogia é o que está por trás das letras, inspiradas em experiências pessoais do rapper.
Ao mesmo tempo em que elas carregam um tom sombrio e de escuridão, trazem esperança e luz. Palavras do RM, mas não tem como não concordar. É exatamente o sentimento que todo o álbum D-DAY transmite. Para você entender melhor o que estou dizendo, vamos para a tracklist.
D-Day
A música que abre o disco é D-Day, representando o fim de um ciclo e um recomeço, com foco no presente, para o que vem de agora em diante. O que se encerra são os arrependimentos, o sentimento de inferioridade, a comparação com os outros.
“Future’s gonna be okay” "Don't regret the past, don't be afraid of the future"” "The past is just the past (Yeah) The present is just the present (Yeah) The future is only the future"
Tudo fica para trás por um futuro em que as coisas vão melhorar, pois um novo capítulo pode ser escrito, um novo eu pode renascer e superar os limites. É uma das minhas músicas preferidas no álbum, com uma melodia que prende desde o início, um refrão cativante e uma letra meio sombria ao mesmo tempo em que encoraja. Switch over!
Haegeum
Haegeum é a title track do álbum D-Day. De acordo com Suga, seu nome guarda dois significados — como é chamado um tradicional instrumento de cordas coreano e também o desejo de liberar o que é proibido.
"And you believe that your freedom is on the same level as others Then don’t hesitate, just get on board Liberation from all that's forbidden"
Na conversa com RM, ele conta que pensou no apelo da música, melodia e storyboard para o MV há três anos. A letra converte para o abuso da liberdade de expressão ao julgar as pessoas, disseminar comentários de ódio, fazer bullying e espalhar rumores sem pensar nos efeitos para quem está do outro lado.
Huh?
Não sei você, mas quando vi J-Hope ao lado do nome da música a reação foi bem essa: “Huh?” Enquanto a collab foi uma agradável surpresa para mim, para Suga o processo de criação da melodia foi um desafio. O rapper quis tentar o gênero drill rap, que se caracteriza por um agressivo acompanhado por uma letra mais franca e direto ao ponto.
"Whatever you think, huh No matter what you do No matter what you say, huh Whatever you have, huh No matter what you know No matter what you may be, huh"
E por falar em espalhar rumores por aí, a letra de Huh? questiona o que as pessoas sabem sobre as outras quando incentivam fofocas ou acreditam em artigos falsos. Existem limites que não deveriam ser ultrapassados nas redes sociais, pois levam a consequências muitas vezes irreversíveis na vida real.
Amygdala
Outra música do álbum que entra na minha lista de preferidas pela melodia principalmente é Amygdala. O nome é uma referência às amígdalas cerebrais, responsáveis pelas emoções despertadas pelo medo de algo, como traumas.
"Traveling to memories Things I wanna erase I'ma bring back my memories, I can't even remember Things I never ask for Things that are outta my control Let's put them back in, one after another"
Além de compartilhar experiências pessoais e situações que trouxeram momentos de dor no passado (em relação à mãe e ao pai), Suga conta que escrever a letra foi um desafio, muito provavelmente pela carga que ela carrega. No contexto, Amygdala vem como um pedido de ajuda para superar a agonia. O MV, que saiu hoje, retrata isso muito bem.
SDL
A partir de SDL, o álbum D-DAY fica um pouco mais leve, deixando o tom sombrio um pouco de lado para dar lugar à esperança de dias melhores. A melodia é bem tranquila e explora o vocal de Suga além do rap, em harmonia com uma voz feminina no fundo para apoiar a música.
"Yeah, somebody does love But I'm thinking 'bout you Somebody does love oh, oh, oh"
A letra fala sobre amor, memórias, as emoções que sentimos ao gostar de alguém e os desafios de um relacionamento.
People Pt. 2
Por mais que eu goste de People Pt. 2 (acho que segue sendo a minha preferida no álbum D-DAY), não vou me estender muito. Afinal, no dia em que o single foi liberado no início de abril, eu preparei um post para falar de mais uma parceria entre Suga e IU (aliás, viu o encontro dos dois no IU’s Palette? ). Se quiser saber o que achei, não deixe de conferir. 🙂
Vou acrescentar uma curiosidade que fiquei sabendo sobre a música depois do lançamento. Se você prestar atenção em todos os detalhes e ouvir com fone, dá para perceber adlibs do RM no fundo para preencher o som, além da participação de V no refrão com a IU.
Polar Night
Chegamos na música que Suga, ou melhor Agust D, escreveu em menos de 1 hora enquanto estava fora de Seul. Além da melodia marcante, a letra é bem interessante. O início já dá um spoiler do que você está prestes a ouvir:
"Between so many truths and so many lies Are we seeing this world right?"
Eu interpreto como a nossa visão seletiva do mundo. Já ouviu alguém dizer que cada um vê o que quer ver? Ultimamente, eu tenho refletido bastante sobre isso. Dependendo da sua percepção das coisas, a resposta fica ainda mais clara. Será que enxergamos o mundo como ele realmente é ou apenas vemos o que nossa mente quer enxergar?
Interlude: Dawn
O som criado durante sua viagem aos Estados Unidos é o mais curto do álbum, com apenas 1 minuto e 45 segundos. Outra diferença em relação ao restante do repertório é que se trata de uma música instrumental, ou seja, sem letra.
Acho que o nome combina bem tanto com a melodia quanto com seu significado. O intervalo na madrugada, quando um novo dia está prestes a começar. Feche os olhos e dê play na música enquanto imagina o dia amanhecendo, sendo iluminado pelos primeiros raios de sol.
Snooze
Depois de IU e J-Hope, o feat da vez é com Ryuichi Sakamoto & Woosung (também conhecido como Sammy) para Snooze. Enquanto o compositor japonês Ryuichi Sakamoto traz o seu toque para a melodia, a voz de Woosung, vocalista e guitarrista da banda The Rose, preenche um dos versos da música.
"Dream I will be there for your creation 'til the end of your life Dream Be generous, wherever you might be Dream You will fully bloom, after all the hardships Dream The beginning may be weak, but the end may be great Dream"
Na letra, sonhar ganha os holofotes. E no caminho para a realização do sonho vêm os altos e baixos. O sucesso traz desafios, que podem fazer você desistir, mas ao superar todos eles, é possível brilhar. O início pode ser fraco, mas o final pode ser grande. Além disso, Agust D nos encoraja ao dizer que sempre há pessoas para oferecer apoio nos momentos difíceis. Snooze também entra na minha lista de preferidas.
Life Goes On
Achou o nome da última música familiar? Para fechar o álbum D-Day, Suga traz sua própria Life Goes On — uma homenagem de Agust D aos sete membros do BTS? Seja qual for a intenção, se você, assim como eu, gosta de BTS suas emoções devem ter ficado à flor da pele. Afinal, a música original (lembra do álbum BE?)foi lançada durante um momento difícil das nossas vidas, com a pandemia nos mantendo afastados por tempo indeterminado.
"Time goes by Someone will be forgotten Just do what you want Time is like a wave It will be washed away like the ebb tide But don’t forget to find me"
Se antes a gente vivia a incerteza, agora vivemos a despedida temporária dos meninos que, aos poucos, começaram a se alistar para cumprir o serviço militar obrigatório. Emoções divididas com o retorno do Taemin e a ida de Jin e J-Hope. Sem contar a recente perda do Moon Bin (ASTRO), nesse caso, de forma definitiva. Eu estava ouvindo tanto Madness nos últimos dias. Parece surreal! *-*
Enfim, seja como o produtor, Suga Suga do BTS ou o rapper Agust D, não tem como não admirar seu talento. Quem me acompanha no blog, sabe que eu sempre gosto de falar dos idols que admiro pelas habilidades artísticas natas ou pela ligação com a música. Com o álbum D-Day, seu primeiro trabalho solo, Suga encerra (ao mesmo tempo em que começa um novo ciclo) com chave de ouro ao condensar histórias que se completam nas letras de cada música e experimentar diferentes gêneros (e instrumentos) para compor as melodias.
E aí, já ouviu todo o álbum? Durante o post, eu compartilhei minhas músicas preferidas, além de falar um pouco sobre cada uma. Qual delas está no topo da sua lista?