Mangás · Review

Chobits pondera sobre relacionamento no convívio com os “persocom”

Já leu Chobits? Para mim, é uma das obras mais interessantes da lista de mangás clássicos. Não apenas pelos traços dos personagens, mas também pela mensagem que traz nas entrelinhas. De forma resumida, toda a história se passa em um cenário onde a tecnologia é bem avançada, possibilitando o convívio entre humanos e os “persocom”. Isso coloca em xeque a forma como nos relacionamos entre nós e com esses robôs humanóides. 

Chobits é bem diferente de outras referências que eu trouxe nos últimos posts. Não tem nada de mágico como Sailor Moon, nem cenas de ação como Yu Yu Hakusho ou Saint Seiya. Talvez o que mais se aproxime (de longe) é Fushigi Yuugi pela densidade que a trama toma no desenrolar das coisas. O mangá faz parte da coleção de muita gente que conheço, inclusive da minha, e por isso vou compartilhar um pouco dele com você. Vem!

O que você precisa saber sobre Chobits?

Ilustração de Chii do mangá Chobits

O mangá Chobits foi escrito e ilustrado pelo renomado grupo Clamp — que você já conheceu por outras obras que eu compartilhei, como Cardcaptor Sakura e Guerreiras Mágicas de Rayearth. No Japão, o mangá foi publicado pela editora Kodansha nas páginas da Weekly Young Magazine entre os anos 2001 e 2002, com 8 volumes. Aqui no Brasil, Chobits chegou com a editora JBC em 2003, seguindo os moldes da obra original. 

Resumo

O mangá Chobits nos apresenta um mundo em que humanos e máquinas coexistem, isto é, um faz parte do dia a dia do outro. A tecnologia é tão avançada que há robôs humanoides chamados de “persocom”. Chii é uma delas, mas ela é especial e única. O estudante Motosuwa Hideki a encontra no lixo. Sem pensar duas vezes e sem ter dinheiro para comprar a sua, ele a resgata e leva Chii para casa. Será que vai ser tão fácil assim? Muitos mistérios se escondem por trás desse robô tão perfeito.

Por que ler o mangá Chobits?

Para fechar a lista de mangás clássicos, resolvi incluir mais uma obra do grupo Clamp — formado por Nanase Ohkawa, Satsuki Igarashi, Tsubaki Nekoi e Mokona. Dessa vez, o enredo nos apresenta um universo em que o avanço da tecnologia propicia o convívio entre humanos e robôs de uma forma bastante conectada. Tanto que praticamente todo mundo tem o seu próprio “persocom” (um, dois ou até mais) para ler e-mails, acessar a internet, fazer ligações e por aí vai. Motosuwa Hideki, no entanto, é exceção. Afinal, ter o seu próprio computador pessoal humanoide pode custar caro. 

Por sorte ou força do destino, ele encontra Chii — um “persocom” super avançado (o lendário modelo Chobits) e com uma aparência fofinha — aparentemente descartada no meio do lixo. Assim como outros robôs, ela é capaz de fazer tudo o que o seu dono pedir, mas muitos mistérios rondam a sua criação. Por que ela foi abandonada? Qual é o segredo por trás de tamanha perfeição? Ao acompanhar o dia a dia de Hideki e Chii, aos poucos, começamos a ter algumas respostas e vemos a influência de Chii sobre outros persocom. 

Além da tecnologia…

Por trás da história fofinha, levemente romântica e com pitadas cômicas, podemos observar críticas a uma sociedade predominantemente machista. Mesmo que, no mangá, homens e mulheres possam “comprar” o par dos seus sonhos (romanticamente falando), a história foca mais em personagens masculinos com as suas persocom à disposição.

Também há o debate sobre o convívio entre humanos e máquinas. Até que ponto você pode ou não gostar de um robô humanoide? O enredo mostra pessoas que tratam os robôs como um eletrodoméstico mais avançado e os que vão além por meio do casamento entre humanos e máquinas para conduzir a discussão. Além disso, qual é a influência dos persocom? Será que os humanos ficaram muito dependentes da tecnologia? Vira e mexe, vemos um personagem defender as máquinas, enquanto outros reforçam as relações humanas. 

Um dos pontos altos é a personalidade do casal. Enquanto Hideki é relativamente ingênuo e era uma das poucas pessoas sem um persocom (não é barato ter um para chamar de seu), Chii carrega um ar de inocência e um jeitinho de ser cheio de carisma, falando “chi” e imitando os movimentos do Hideki. No início, ela parece ser diferente dos outros persocom, com vontade própria, embora também possa realizar os desejos do seu dono. No decorrer do mangá, é possível perceber que Chobits nada mais é do que o desejo humano de injetar humanidade em coisas inanimadas.

Relacionamento entre humanos e robôs

A mensagem final deixa claro que um persocom jamais poderá substituir um relacionamento “normal”. Isso vale para todos os tipos de relações, não apenas as românticas, como é o caso do Minoru com a sua irmã. E também mostra que os sentimentos que podemos ter por um objeto — aqui no caso o persocom — podem ser tão verdadeiros quanto o que sentimos por outras pessoas. Polêmicas à parte, Chobits traz um tema bastante atual, embora já não seja mais uma obra tão recente. Isso, por si só, já vale a leitura.

Assim como Fushigi Yuugi, o mangá de Chobits traz uma história leve pelo ponto de vista do relacionamento entre Chii e Hideki. Porém, sob a perspectiva geral que avalia o grau de dependência da tecnologia e a predominância masculina, o desenvolvimento se torna um pouco mais denso e coloca alguns questionamentos em xeque. Seja como for, Chobits é um clássico e traz uma discussão interessante sobre temas atuais, mesmo não sendo uma obra tão recente. Então, não deixe de incluir na sua lista de leitura.

Se você gosta de acompanhar animes e séries que abordam o tema tecnologia, fica a recomendação do k-drama My Holo Love.

Deixe um comentário