Mangás · Review

X-1999 mergulha no apocalipse com o destino da humanidade em jogo

Quando comecei a criar a minha lista de mangás clássicos, logo pensei em X e se deveria incluí-lo na seleção. Mesmo com histórias intensas como em Fushigi Yuugi ou com questionamentos atuais como em Chobits, X é diferente de tudo. Por abordar um universo mais sombrio e caótico, a obra divide opiniões, mas não deixa de ser um prato cheio para quem busca uma leitura com foco em temas como o apocalipse e debates voltados para o destino da humanidade. Acho que um mangá que segue uma linha similar (e que também merece espaço na sua lista) é Angel Sanctuary. Vamos conhecer mais sobre X-1999? Vem comigo!

O que você precisa saber sobre X-1999?

O mangá X, que também é conhecido como X-1999, foi escrito e ilustrado pelo grupo Clamp — como Cardcaptor Sakura, Guerreiras Mágicas de Rayearth e Chobits. No Japão, o mangá foi lançado pela editora Kadokawa Shoten na revista Monthly Asuka em 1992, com 18 volumes, e entrou em hiato em 2003. No Brasil, X chegou com a editora JBC em 2003, contando também com o mesmo número de volumes. 

A pausa, ainda não retomada, ocorreu pelo teor da história, que aborda o fim do mundo (universo apocalíptico), além de eventos como catástrofes naturais e assassinatos. Em 2005, a Clamp tentou encontrar uma revista mais apropriada para a densidade da trama, mas, desde então, X permanece em hiato por tempo indeterminado. Vou falar sobre isso com um pouco mais de detalhes ao longo do review.

Resumo

O ano é 1999. E a previsão traz uma visão apocalíptica para quem vive no planeta terra. Em plena virada do milênio, o destino da humanidade está nas mãos de Shiroi Kamui. Quando o Dia Prometido chegar, ele terá que escolher entre os Dragões do Céu para salvar os humanos, mesmo que eles destruam a terra depois, ou os Dragões da Terra para já colocar um fim em tudo e acabar com a trilha sombria que aguarda o mundo no futuro, purificando, assim, o planeta. Não existe bem e mal, apenas o caminho escolhido.

Por que ler o mangá X-1999?

X-1999 é um dos mais conhecidos, mais aclamados e mais polêmicos mangás do grupo Clamp. Por “questões sociais no Japão”, a obra chegou a ser suspensa antes de seu encerramento e até hoje segue incompleta com os seus 18 volumes. Mesmo sem saber se um dia conheceremos o desfecho da história de Kamui, Kotori, Fuuma, os Dragões do Céu  ou Sete Selos (Arashi, Sorata, Subaru, Yuzuriha, Aoki Seiichiro e Karen) e os Dragões da Terra ou Sete Anjos (Yuto, Satsuki, Sakurazuka Seishiro, Kusanagi, Nataku e Kakyo), recomendo a leitura. Aliás, se quiser um final alternativo, pode acompanhar o anime. 

E para ter uma prévia de X/1999, vale ler Tokyo Babylon. Embora seja um mangá independente, mostra o background de dois personagens — Subaru e Sakurazuka Seishiro — e também o seu desfecho. 

O fim do mundo começou…

A história começa com uma visão do apocalipse, que estava prestes a acontecer, através dos sonhos de Hinoto. Diante desse cenário, dois grupos são formados. Os Dragões do Céu querem salvar a terra e a humanidade, enquanto os Dragões da Terra, querem destruí-la para que o planeta possa renascer purificado. A escolha está nas mãos de Kamui, que deve se aliar a um dos grupos para selar o destino de todos, como o salvador do mundo ou o Armagedom. Não existe bem e mal, tudo o que ocorre depende do significado que cada um de nós, como leitores, dá aos acontecimentos.

O tom mais sombrio e caótico — visual e escrito — além de inserção de elementos da mitologia e temas religiosos (em especial o cristão), me lembra bastante outro mangá que eu gosto, Angel Sanctuary. Os traços (como era de se esperar de Clamp) são lindos de acompanhar e cheios de detalhes, ora com imagens de Tokyo atual, ora com um cenário de destruição, onde restam apenas a Torre de Tokyo e o Prédio da Dieta Nacional (casa dos parlamentares japoneses). Tsubasa feelings aqui com o arco Tokyo Revelations. 

Cada um com o seu destino

Enfim, mesmo diante de caos, metáforas e sonhos (que se tornam tão protagonistas quanto Kamui), há lógica em toda a loucura que cerca X/1999. Acompanhar o destino dos personagens pode levar a um cansaço mental, até um sentimento de angústia (Arashi e Sorata foram os principais responsáveis por esses sentimentos em mim), como acontece também com Code Geass, Evangelion e muitos outros títulos por aí. 

Por trás de toda a ótica apocalíptica, questionamentos — Destino x Livre-Arbítrio — motivações e os laços emocionais que ficam após cada página virada, X/1999 explora camadas profundas e o conceito da dualidade, comum nas obras de Clamp. 

O mangá traz um pouco de tudo em outro nível de leitura e visual, com personagens memoráveis e relacionamentos dolorosos, mas também preza pelo amadurecimento (principalmente do protagonista) mesmo diante de infortúnios e fatalidades. E, por fim, aquele sentimento de “WHAT?” Acho que essa é a expressão que melhor resume X. É assim que me sinto até hoje e espero, quem sabe uma hora dessas, descobrir as respostas para as perguntas que ficam no ar. Mesmo sem fim, X-1999 merece um cantinho na sua estante.

Gostou do tema do mangá? Então, deixo como recomendação a leitura de Yu Yu Hakusho. Embora retrate a morte também, a obra é mais leve e cheia de cenas de ação.

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