
Fushigi Yuugi é mais uma memória saudosista que compõe a minha lista de mangás clássicos. Mas a obra não tem nada de mágico como Sailor Moon e Guerreiras Mágicas de Rayearth, nem de história como Rurouni Kenshin e InuYasha. Bem, até tem um pouco de história, já que se passa em outra época. No entanto, o mangá explora camadas mais profundas (e trágicas) que podem abalar as estruturas de quem não estiver preparado durante a leitura. Com cenas de derreter o coração ao mesmo tempo que pode deixá-lo bem apertado, FY deixou a sua marca no gênero shoujo. Vem comigo para saber mais!
O que você precisa saber sobre Fushigi Yuugi?

O mangá Fushigi Yuugi foi escrito e ilustrado por Yuu Watase — nome por trás de outras obras conhecidas como Ayashi no Ceres e Zettai Kareshi. No Japão, o mangá mais popular da mangaká foi lançado pela editora Shogakukan entre os anos de 1992 e 1995, com 18 volumes. Já aqui no Brasil, FY chegou com a editora Conrad em 2002 e ganhou 36 volumes.
Vale destacar que a época (anos 90) foi marcada por outros nomes importantes, como Sailor Moon, Guerreiras Mágicas de Rayearth, Yu Yu Hakusho, Rurouni Kenshin, InuYasha, Cardcaptor Sakura e por aí vai. Boa parte da minha lista, aliás, resgata obras noventistas.
Resumo
Yuki Miaka é uma estudante colegial, como outra qualquer, passando pelo período de exames na escola. Quando ela e sua melhor amiga Hongo Yui visitam a biblioteca, Miaka ignora o aviso de “proibido” e entra em uma sala. Um livro logo chama a sua atenção, mas ao abri-lo as duas amigas são sugadas para dentro dele e vão parar em um universo paralelo na China medieval. Na história, um mal-entendido transforma as duas em rivais. Para voltar ao mundo onde viviam, elas precisam reunir os guerreiros de Suzaku e de Seiryu.
Por que ler o mangá Fushigi Yuugi?



Fushigi Yuugi é um mangá mais famoso pela versão em anime. Inclusive, o meu primeiro contato foi com o anime há alguns anos e, recentemente, revisitei a história pelo mangá. Eu não lembrava que a história era tão densa e com um apelo emocional de abalar as estruturas. Então, prepare bem o coração antes de começar a leitura!
Fushigi Yuugi é um isekai, mesmo gênero de obras como Sword Art Online, ou seja, a história se passa em um mundo dentro do livro (no caso de SAO foi dentro do jogo), e também uma mistura de shoujo com shonen. Miaka e Yui se transformam, acidentalmente, em personagens do livro Shijin Tenchisho (algo como “Livro dos Quatro Deuses do Céu e da Terra”) e passam a viver em um mundo que remete à China antiga. De amigas a rivais, as duas se desentendem e passam a focar os seus esforços nas lendas sobre a realização de desejos. Para isso, uma delas precisa se tornar a lendária sacerdotisa de Suzaku (Miaka) ou Seiryu (Yui), salvar o mundo dentro do livro e retornar ao mundo real.
Para cumprir a missão e voltar ao mundo onde viviam, as duas precisam reunir os guerreiros de Suzaku — Tamahome, Hotohori, Nuriko, Tasuki, Chichiri, Mitsukake e Chiriko — e os guerreiros de Seiryu — Nakago, Amiboshi, Suboshi, Soi, Tomo, Ashitare e Miboshi.
A partir daí, a trama traz um mix de aventura e ação, com pitadas de comédia, muito romance (com interferências que aproximam e afastam o casal), amizade colocada à prova por suspeita de traição, lágrimas e sentimentos intensos do início ao fim.
Tudo fica mais denso




O que começa de um jeito leve e bem-humorado, fica mais sério no desenrolar dos acontecimentos, levando a conflitos violentos, mentiras, tentativas de estupro e morte. Como eu falei, é denso, mas vale acompanhar pela variedade de personagens, cada um com sua personalidade única e carisma. Sem contar os traços bonitos do “harém” que cerca as duas estudantes/sacerdotisas. Fica até difícil saber para quem torcer! Gosto do Tamahome, mas confesso que tive pena do Hotohori e da Nuriko, principalmente.
Os capítulos do mangá também trazem notas da autora, responsável por outro anime triste e intenso que eu vi há muito tempo e preciso rever para relembrar: Ayashi nos Ceres. Yuu Watase compartilha a rotina de produção, memórias de viagens, cartas de leitores e uma série de coisas que dão um tom de proximidade à leitura.
Fragmentos do coração

O que eu não gosto tanto assim é a segunda parte. Ao encerrar os eventos do livro, o amor de Miaka e Tamahome faz o personagem renascer no mundo real como Sukunami Taka, porém parte do seu coração ficou no livro, dividido em sete partes em locais que representam os seishis de Suzaku (os guerreiros). Por acaso, lembra as memórias da Sakura em Tsubasa Reservoir Chronicles, né?
Pois é! Adivinha o que acontece? Miaka precisa retornar ao livro para recuperar esses fragmentos, evitar que o Tamahome desapareça e ainda salvar o mundo das trevas. A parte mais legal fica por conta das lembranças dos outros seishis. Podemos vê-los novamente, inclusive os que perderam suas vidas durante as batalhas. Existe ainda uma prequel, que conta a história da Genbu no Miko. Preciso ler!
Fushigi Yuugi começa como uma história doce, leve e romântica, que parece ter saído de um conto de fadas. Mas a leveza logo dá lugar a uma sequência mais densa e profunda, cheia de dúvidas, intrigas e momentos trágicos. Eu li o mangá duas vezes, além de assistir o anime e os OVAs. E a reação é sempre a mesma! Começo com aquele sentimento de carinho, que não demora a se transformar em uma sensação de aperto pela forma devastadora com que as coisas acontecem. Seja como for, FY tem um cantinho especial e, por isso, recomendo.
Se você gosta do contexto histórico, deixo como recomendação o k-drama Moon Lovers: Scarlet Heart Ryeo que, assim como Fushigi, é bem intenso.