Já ouviu falar em Monte Verde? O destino no interior de Minas Gerais se tornou um dos queridinhos de quem busca aquele clima aconchegante das montanhas e baixas temperaturas, inclusive no verão. A cerca de 1.600 metros de altitude, o pequeno distrito de Camanducaia lembra um pouco Gramado (serra gaúcha) pelo charme da arquitetura típica e a paisagem emoldurada por araucárias, hortênsias e todo o verde da Serra da Mantiqueira.
Cercada por belezas naturais, Monte Verde tem muitas trilhas para os aventureiros de plantão. E também todas as características dos destinos serranos — fondue, vinho, chocolate quente e uma lareira para acompanhar — para quem é do time mais relax. Quer saber o que fazer em Monte Verde? Então, embarque comigo nesta viagem!
Onde fica Monte Verde?
Monte Verde é, na verdade, um distrito da cidade de Camanducaia, no interior de Minas Gerais, com menos de 5 mil habitantes. Fica a menos de quatro horas de Poços de Caldas (MG) — o trajeto mais curto passa por Pouso Alegre (MG) e tem 211 km. A vizinha famosa, Campos do Jordão (SP), está a apenas 140 km, enquanto a capital Belo Horizonte (MG) está a 484 km e São Paulo (SP), 163 km.
O acesso a Monte Verde começa por Camanducaia e tem os seus 30 km finais em uma rodovia asfaltada, com velocidade reduzida e cheia de curvas. Quem dá as boas-vindas é um pórtico em estilo europeu logo na entrada, seguido por um letreiro com coração e o nome do destino.
Quando visitar Monte Verde?
Por mais que o inverno seja a estação preferida de quem vai para Monte Verde, o destino pode (e deve) ser visitado durante o ano todo. O período mais tranquilo para viajar começa em setembro e se estende até março. Durante o verão e, principalmente agora que poucas pessoas estão viajando, não há filas, nem trânsito ou dificuldade para estacionar.
E o melhor é que as temperaturas são amenas, com direito a friozinho de noite. Então, o clima é perfeito para acompanhar um rodízio de fondue ou um chocolate quente.
Eu estive em Monte Verde no início do ano, baixa temporada e tranquilidade total, mas também uma das épocas mais chuvosas. A chuva, aliás, não atrapalhou em nada a minha experiência. A pousada onde nos hospedamos já deixou um guarda-chuva no nosso quarto para os nossos passeios. E levamos ele para todos os lados! Se você for pelas trilhas, melhor evitar e marcar a viagem para mais à frente.
Apesar de ter sido a época de menor movimento, muitas lojinhas de souvenirs e restaurantes estavam abertos.
O que fazer em Monte Verde?
Monte Verde é bem pequenininha, quase como se fosse uma versão de Gramado em miniatura. É possível conhecer o centrinho em uma manhã ou tarde, dando uma volta pela Avenida Sol Nascente até a Avenida Monte Verde, que é a principal, onde ficam lojinhas, restaurantes, bares e todo o agito.
Eu fiquei duas noites para andar pelo centrinho, visitar o aeroporto mais alto do Brasil e fazer a Trilha do Pinheiro Velho. Se não fosse pela chuva e pelo cenário atual, teria dado tempo de fazer mais. Se você quer explorar outras trilhas da região, conhecer mais atrações e descansar, melhor ficar pelo menos três dias ou até mesmo uma semana (se puder).
Visite o charmoso centrinho de Monte Verde
A atração mais famosa é a Avenida Monte Verde, onde fica o charmoso centrinho de Monte Verde. E a melhor forma de conhecer tudo por ali é andando a pé, de ponta a ponta. Toda a arquitetura ao redor segue o estilo europeu, com floreiras espalhadas pela rua, árvores decoradas e banquinhos com pinturas típicas alemãs. Se tiver tempo, caminhe por ali de dia e durante a noite para curtir a vibe.
Galerias
Na Avenida Monte Verde, você também encontra diversas galerias — Vila Europa, Galeria Suíça, Vila Germânica e Inverness Mall. Cada uma tem um charme próprio, além de lojas de roupas de frio, artesanato, chocolates, queijos, vinhos e também restaurantes.
É na Galeria Suíça que fica a lojinha das geleias Edelweiss. Eu li sobre elas antes de viajar e resolvi experimentar. Ao todo, são 18 sabores com pedaços de frutas, algumas produzidas localmente e outras importadas. Para levar, escolhi morango (uma das mais vendidas), damasco, blueberry e framboesa. Não são tão doces. Vale provar, mas os preços são um pouco elevados. Então, prepare o bolso!
Por falar nisso, cartões de crédito e débito são aceitos em praticamente todos os lugares. Nem precisei usar dinheiro. Tem ainda uma agência do Bradesco, caixa eletrônico 24 horas e pequenos mercadinhos.
Shopping Celeiro
Não deixe de passar pelo Shopping Celeiro! Em janeiro, todo o corredor com as lojas ao redor estava enfeitado com decoração de Natal e luzes natalinas. Vá até o fundo, onde tem uma área aberta com árvores e uma praça de alimentação. Os esquilos costumam aparecer por ali para comer e, quem sabe, posar para as suas fotos. Eu consegui ver dois! Difícil foi registrar, porque eles são muito rápidos. Pegam a comida e saem correndo. Um deles estava escondendo tudo o que pegava embaixo da terra. Será um estoque para depois? Fofo! 😉
Chocolates
Há duas fábricas de chocolate. Por conta da pandemia, não visitei nenhuma delas, apenas a loja. A mais antiga — fundada em 1978 — é a Gressoney, bem na entrada de Monte Verde. O doce mais conhecido da marca é a Prímula, que se parece com uma mistura de pão de mel e alfajor, com leve gostinho de gengibre na massa, recheio de doce de leite e cobertura de chocolate preto ou branco. Tem também a Sopa de Morango, mas eu conto mais em outro post sobre onde comer em Monte Verde. A mais nova é a Sabor Chocolate, inaugurada em 2011.
Conheça o aeroporto mais alto do Brasil
Além do gostoso clima serrano, Monte Verde abriga o aeroporto mais alto do Brasil — a 1.560 metros de altitude. Meu ponto de partida até ele foi a pousada, na esquina da Avenida do Sol Nascente com a Rua do Aeroporto. Mais ou menos 10 minutos de caminhada por uma estrada de terra batida, cercada por araucárias e outras árvores.
Sem contar o visual inesquecível do alto, a cada passo dado em direção ao aeroporto, e o clima de tranquilidade. Apenas um ou outro carro passando pelo caminho. Sem pessoas na volta.
Vale conhecer pelo marco, pela vista de Monte Verde e das montanhas ao seu redor — Pedra Redonda, Pedra Partida, Chapéu do Bispo e Pico Selado. Mas não espere encontrar a estrutura de um aeroporto.
Ao chegar, você verá uma pista (bem modesta) de onde saem voos particulares e aeronaves de pequeno porte. Ao lado dela, um muro com grafites de asas coloridas e um esquilo (símbolo de Monte Verde). Aproveite para registrar o momento em fotos!
Siga o caminho da Trilha do Pinheiro Velho
Do aeroporto mesmo, você pode esticar a caminhada por uma das entradas para a Trilha do Pinheiro Velho. Foi o que eu fiz para aproveitar o tempo, enquanto não chovia. É a única trilha que fica no centrinho de Monte Verde e também uma das mais fáceis.
Ao todo, são cinco pontos de partida. Todos com placas para sinalizar o início da trilha. O acesso principal fica na frente da fábrica de chocolates Gressoney, mas estava bloqueado. Acredito que para não chamar a atenção e evitar aglomerações. Só descobri quando cheguei perto dele e tive que buscar outra saída para finalizar a trilha.
O trajeto de 1.850 metros passa por dentro da mata fechada, cheio de árvores centenárias, mas dá para ouvir o som das pessoas pela proximidade com a Avenida Monte Verde. No caminho até o Pinheiro Velho — uma araucária com cerca de 500 anos e 1,70 metros de diâmetro — que dá nome à trilha, há um pequeno lago.
Normalmente, a aventura leva em torno de 30 minutos a 1 hora. A minha se estendeu um pouco mais por causa da saída bloqueada até o centrinho. E uma outra saída estava levemente alagada, então não dava para atravessar. Ou seja, dos cinco pontos de partida, apenas três estavam efetivamente abertos, digamos assim.
No caminho de volta, enquanto eu procurava uma forma de sair pela foto que tirei do mapa logo na entrada, um cachorro preto com uma pontinha branca no rabinho apareceu do nada e pareceu nos guiar. Ele saía correndo na frente e parava quando se afastava. Era só alcançá-lo para ele voltar a correr, meio que indicando o caminho até a saída.
Explore outras trilhas famosas da região
Estar na Serra da Mantiqueira faz de Monte Verde um destino cercado por trilhas em meio à natureza, com um visual mais lindo do que o outro. Do nível fácil até o mais hardcore, não faltam opções para todos os tipos de aventureiros. Para chegar até as cinco mais famosas da região — Pedra Redonda, Pedra Partida, Chapéu do Bispo, Platô e Pico Selado — é preciso ir de carro e passar por uma estrada de terra.
Pelo pouco tempo que tive, pela frequência de chuva e pelo cenário da pandemia, não consegui conhecer nenhuma delas. Algumas estavam fechadas, enquanto outras precisavam de agências de turismo. Antes era possível visitar por conta própria, já que todas, exceto o Pico Selado, são bem sinalizadas. No entanto, para evitar aglomerações, os passeios guiados viraram uma obrigatoriedade.
Apesar de não poder compartilhar a minha experiência, vou apresentar cada uma delas. Quem sabe você não consegue fazer, né?
Trilha do Chapéu do Bispo
Entre as cinco trilhas da região, a do Chapéu do Bispo é a mais fácil. Tem cerca de 650 metros, o que pode ser feito em 1h/1h30 entre ida e volta. Seu ponto final lembra um chapéu de bispo, por isso o nome. Para chegar até a base, o trajeto é plano na maior parte e conta com vários mirantes. Já para subir até o topo, a tarefa não é tão simples
- Altitude: 2.030 metros
- Distância: 650 metros, totalizando 1,3 km ida e volta
- Dificuldade: Fácil
Trilha do Platô
Um pouco mais à frente do Chapéu do Bispo, começa a trilha do Platô, uma grande rocha com vista de toda a região e do Pico Selado ao fundo. Igualmente fácil para quem continua após a trilha do Chapéu do Bispo, o percurso tem 1.200 metros, com diversos mirantes pelo caminho. O tempo entre ida e volta é de cerca de 2 horas.
- Altitude: 1.900 metros
- Distância: 1.200 metros, totalizando 2,6 km ida e volta
- Dificuldade: Fácil a moderada
Trilha da Pedra Redonda
A Pedra Redonda é a trilha mais famosa de Monte Verde. Seu acesso é relativamente fácil, com algumas inclinações. No final, tem um trecho mais íngreme que leva a uma vista panorâmica, com direito a pôr do sol para quem vai mais tarde. O trajeto tem aproximadamente 900 metros, que pode ser percorrido em 1h30.
O mirante de madeira que aparece em diversas fotos fica a mais ou menos 600 metros de caminhada. Em dias de sol, dá para ver cidades. Já em dias nublados, a sensação é de estar acima das nuvens.
- Altitude: 1.990 metros
- Distância: 900 metros, totalizando 1,8 km ida e volta
- Dificuldade: Moderada
Trilha da Pedra Partida
Saindo das trilhas mais fáceis, vamos entrar no modo aventureiro nível hard. A trilha da Pedra Partida é mais longa e cansativa. O desvio é feito a partir da trilha da Pedra Redonda. Com uma extensão de 1.600 metros, o percurso entre subidas e descidas íngremes pode levar até 3 horas. Do alto, você tem uma vista 360º e pode até ver a Pedra do Baú de São Bento do Sapucaí (SP).
- Altitude: 2.046 metros
- Distância: 1.600 metros, totalizando 3,2 km ida e volta
- Dificuldade: Moderada a difícil
Trilha do Pico Selado
Para fechar, chegamos no nível hardcore. Assim como a Pedra Partida, a trilha até o Pico Selado é longa e pode ser bastante cansativa pelas subidas que fazem parte do trajeto. São 2.400 metros de percurso, que pode levar uma média de 4 a 5 horas de caminhada. A trilha do Pico Selado começa no Platô, passa por um bosque com mata fechada, mirantes e segue até o ponto mais alto do sul de Minas Gerais.
Ter habilidades de escalada e um bom preparo físico são reforços bem-vindos para completar a aventura com mérito. O caminho não é totalmente sinalizado, portanto é importante contar com um guia. Dizem que a trilha do Pico Selado é a mais bonita de Monte Verde.
- Altitude: 2.082 metros
- Distância: 2.400 metros, totalizando 4,8 km ida e volta
- Dificuldade: Difícil
Mesmo sendo pequena, Monte Verde tem muito a oferecer tanto para quem busca aventura como para quem quer apenas descansar e curtir o visual das araucárias. Além do centrinho e do contato com a natureza por meio de trilhas, o destino tem outros atrativos, como a Fazenda Radical, a Escola de Falcoaria, o Orquidário MV, o Lavandas na Varanda, o Ice Bar com temperaturas que podem chegar a -20ºC (❄☃) e a pista de patinação no gelo. Então, se tiver a chance, faça uma parada nesse aconchegante destino no interior de Minas Gerais.
Se estiver passando pela Serra da Mantiqueira, aproveite também para conhecer a cidade de Águas da Prata, no interior de São Paulo! 😉
Hasta La Tour 