
Não sei você, mas a minha infância não seria a mesma se eu não tivesse um mangá ao meu lado. Os quadrinhos japoneses fazem parte da minha história, tanto quanto os animes e os doramas. O K-pop veio um pouco depois, quando conheci Girls Generation, SHINee e outros grupos que marcaram os primeiros passos da música coreana para o cenário global. Por isso, no Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos ou Dia do Quadrinho Nacional, quero recomendar a leitura de alguns mangás clássicos que me marcaram.
Fiz uma seleção de 10 obras que foram importantes para mim de alguma forma, seja como introdução ao universo dos comics, enredo marcante (ou polêmico) ou popularidade, o que abriu caminho para muitos outros títulos. Se você ainda não leu, recomendo fortemente que inclua na sua lista. Vamos lá? Que a leitura comece!
Dia do Quadrinho Nacional
O Dia do Quadrinho Nacional Dia, popularmente chamado de Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos, começou a ser comemorado em 1984. A data, 30 de janeiro, foi escolhida por marcar a publicação daquela que é considerada a primeira história em quadrinhos brasileira, “As Aventuras de Nhô-Quim ou Impressões de uma Viagem à Corte”, do cartunista Angelo Agostini, em 1869. A popularidade dos comics aqui no Brasil veio com o lançamento de clássicos como “A Turma da Mônica” e o “Menino Maluquinho”, entre outros títulos.
As histórias em quadrinhos, ou HQs, são ainda mais populares nos Estados Unidos. Por lá, a linguagem baseada em desenhos e balões para expressar falas e pensamentos teria começado com o norte-americano Richard Outcault e a publicação de “Yellow Kid”, em 1895.
Diferenças entre HQs e mangás

Os mangás, por sua vez, guardam uma origem mais histórica e diretamente ligada à cultura japonesa. Reza a lenda que os quadrinhos orientais surgiram na época feudal, tendo sido originados a partir do teatro das sombras (Oricom Shohatsu) — lendas contadas por meio do uso de fantoches para entreter os vilarejos. A primeira obra similar ao mangá que conhecemos hoje passou pelas mãos do pintor Katsuhika Hokusai nos anos 20.
Quem é considerado o verdadeiro autor japonês de quadrinhos é Kitazawa Rakuten. De acordo com “O Grande Livro dos Mangás”, foi ele que escreveu a primeira história com personagens fixos — “Tagosaku to Mokubê no Tokyo Kenbutsu” (“A Viagem a Tokyo de Tagosaku e Mokubê”). Mas a popularidade veio mesmo por volta de 1950 com as obras de Osamu Tezuka e aí não parou mais.
Embora estejam incluídos na categoria de quadrinhos, há algumas diferenças entre os mangás e as HQs ocidentais. Desde a orientação de leitura até os traços dos desenhos, o enredo e desenvolvimento dos personagens, bem como a adaptação para outras mídias. Então antes de recomendar a seleção que eu preparei para compartilhar com você, vou repassar rapidamente pelas principais características dos mangás.
Orientação para a leitura
Diferente dos comics tradicionais, os mangás seguem outra orientação de leitura. Isso significa que você deve começar a ler da direita para a esquerda, ou seja, a partir do “fim”. O que seria a última página para nós, nos quadrinhos japoneses é onde a história começa. E a leitura segue da direita para a esquerda toda vez que virar a página.
Traços dos desenhos
Esta talvez seja a característica mais evidente à primeira vista. Ao comparar um mangá com uma HQ, você verá como os traços dos desenhos são diferentes. Nos quadrinhos japoneses, tudo é muito mais estilizado e marcante. Um dos maiores destaques fica por conta dos olhos grandes e expressivos, marca registrada dos mangakás.
Além dos traços, de modo geral, as páginas são em preto e branco, exceto as capas e ilustrações especiais. Claro que existem exceções. Por falar nisso, as HQs tendem a ganhar tons mais brilhantes, já que os desenhos são coloridos.
Enredo e personagens
Enquanto os quadrinhos ocidentais, geralmente, são curtos e com duração de cinco a sete revistas, os quadrinhos orientais podem superar 100, 200 ou até mesmo 300 volumes. Com um enredo mais extenso, o desenvolvimento dos personagens no mangá tende a ser mais profundo. Já na HQ, o foco maior é na ação. Além disso, os formatos podem seguir desde o mangá padrão até a light novel, one-shot, entre outros. Sem contar a periodicidade, semanal para as obras japonesas e mensal para os comics brasileiros e norte-americanos.
Adaptações para as telas
Já vimos adaptações de HQs no cinema (reparou na quantidade de filmes de heróis por aí?), em séries e desenhos. Quando se trata de mangás, o mais comum é ver o enredo sendo adaptado para animes — no formato de série com uma ou mais temporadas, OVA (Original Video Animation) ou como longa-metragem. Também temos algumas versões de live-action — adaptação com atores reais.
10 mangás clássicos que valem a leitura
Enfim, chegou a hora de compartilhar a lista de mangás para você ler no Dia Nacional dos Quadrinhos. A seleção que eu fiz a partir daqui levou em conta obras que marcaram não apenas a minha infância, mas uma geração inteira e as próximas. Quem não conhecia, teve a chance de acompanhar alguns clássicos que tiveram remakes e continuações como Cardcaptor Sakura: Clear Card, Sailor Moon Crystal e Cavaleiros do Zodíaco da Netflix.
Desde então, muita coisa nova saiu em forma de mangá e anime. Aliás, eu já falei aqui de animações como Fate/Stay Night e algumas outras adaptações, Violet Evergarden, Kujira no Kora e mais recentemente Sword Art Online. No entanto, um clássico é sempre um clássico, não é mesmo?
E o que transforma uma obra em um clássico? Não sei se isso tem mais a ver com a popularidade (sucesso de vendas), o enredo (inovador para a época ou polêmico) ou com a influência que uma leitura pode causar. Seja como for, listei aqui 10 mangás clássicos para mim e que valem a leitura. Quem sabe você não ache um clássico para chamar de seu! 😉
1. Rurouni Kenshin (Samurai X)

Mangá: 28 volumes (1994 a 1999)
Autor: Nobuhiro Watsuki
Adaptações: 95 episódios de anime (1996 a 1998) + 2 OVAS + 3 Filmes (live action)
Resumo: O mangá Rurouni Kenshin é ambientado na Era Meiji e traz as aventuras do espadachim Himura Kenshin, mais conhecido pelo seu passado como Hitokiri Battousai — Battousai, o Retalhador — que ajudou a colocar um fim no Shogunato (Era Edo) e abrir o caminho para uma nova era no Japão. Em busca de uma vida mais pacífica e sem mortes, Kenshin se torna um andarilho e, durante as suas andanças, conhece Kamiya Kaoru. O dojo Kamiya se torna, então, o seu novo lar e também marca o início de novas amizades (Yahiko, Sanosuke, Misao e mais) e batalhas inevitáveis.
2. Sailor Moon

Mangá: 18 volumes, sendo 12 na edição revisada (1991 a 1997)
Autor: Naoko Takeuchi
Adaptações: 200 episódios de anime (1996 a 1998) + Live Action (2003) + Musicais + 39 episódios com o remake Sailor Moon Crystal (2014 a 2015) + filme Sailor Moon Eternal (2021)
Resumo: O mangá Bishoujo Senshi Sailor Moon apresenta Tsukino Usagi, uma estudante de 14 anos que vê a sua vida se transformar ao descobrir a sua identidade como Sailor Moon. Com os seus poderes, ela deve reunir as outras guerreiras — a inteligente Sailor Mercury (Ami), a sensitiva Sailor Mars (Rei), a imbatível Sailor Júpiter (Makoto) e a enérgica Sailor Vênus (Minako) — para proteger a terra das forças do mal. Enquanto se acostuma ao novo mundo que se forma ao seu redor, Usagi também conhece o misterioso Tuxedo Kamen (Chiba Mamoru).
3. InuYasha

Mangá: 56 volumes (1996 a 2008)
Autor: Rumiko Takahashi
Adaptações: 167 episódios de animes (2000 a 2004) + 26 episódios para finalizar a história (2009 a 2010) + 4 Filmes + 1 OVA + 24 episódios da continuação com Hanyou no Yashahime
Resumo: O mangá InuYasha traz em seu enredo uma conexão que une dois mundos, Tokyo atual e o Japão feudal, por meio de um velho poço no quintal de um antigo templo. Como um portal, ele transporta a estudante Kagome para a época em que a terra era habitada por humanos e youkais . Lá, ela encontra InuYasha (meio humano e meio youkai) selado em uma árvore. O seu despertar marca o início da busca pela lendária Joia de Quatro Almas, que teve os seus fragmentos espalhados por todo o Japão feudal e atraiu a atenção dos youkais. No caminho, a dupla encontra outros personagens como Sango, Miroku, Koga, Sesshoumaru e Naraku.
4. Cardcaptor Sakura (Sakura Card Captors)

Mangá: 12 volumes (1996 a 2000)
Autor: Clamp
Adaptações: 70 episódios de anime (1998 a 2000) + 2 Filmes + 1 OVA + 22 episódios de Clear Card (2018)
Resumo: O mangá Cardcaptor Sakura conta a história de Kinomoto Sakura, uma menina de 10 anos que leva uma vida normal até encontrar um misterioso livro na biblioteca do seu pai. Quando a curiosidade fala mais alto, ela decide abri-lo e acaba liberando as Cartas Clow, cartas mágicas criadas pelo poderoso mago Clow. Com elas, o guardião Kero também desperta e repassa a Sakura a missão de recuperá-las para evitar que um desastre assole o mundo. E assim, Sakura se torna uma cardcaptor.
5. Yu Yu Hakusho

Mangá: 19 volumes (1990 a 1994)
Autor: Yoshihiro Togashi
Adaptações: 112 episódios de anime (1992 a 1994) + 2 Filmes + 2 OVAS inéditos em comemoração aos 25 anos da obra
Resumo: O mangá Yu Yu Hakusho traz um protagonista bem diferente, com um comportamento rude, agressivo e impaciente. Urameshi Yusuke é sinônimo de dor de cabeça para todos que o conhecem até que um dia ele salva um garotinho de ser atropelado por um carro, mas acaba morrendo. Acontece que a sua morte não era esperada no Mundo Espiritual (ainda mais motivada por uma boa ação), por isso ele ganha uma segunda chance. Se passar no teste da ressurreição, ele pode voltar à vida. Até lá, ele passa por diversas aventuras sobrenaturais ao lado de sua guia Botan, Kurama, Hiei e Kuwabara.
6. Magic Knight Rayearth (Guerreiras Mágicas de Rayearth)
Mangá: 6 volumes (1993 a 1996)
Autor: Clamp
Adaptações: 49 episódios de anime (1994 a 1996) + 1 OVA
Resumo: O mangá Magic Knight Rayearth transporta as três protagonistas diretamente da Torre de Tokyo para o país de Cefiro, um universo paralelo habitado por criaturas mágicas. Lá, as estudantes Umi Ryuuzaki, Fuu Hououji e Hikaru Shidou se transformam nas lendárias Guerreiras Mágicas de Rayearth e recebem a missão de salvar o reino da princesa Emeraude e evitar o colapso do mundo. Então, as três embarcam em uma jornada de autoconhecimento, enquanto protagonizam cenas de ação com direito a armaduras, espadas e gênios (mashin).
7. Saint Seiya (Cavaleiros do Zodíaco)

Mangá: 28 volumes (1985 a 1990)
Autor: Masami Kurumada
Adaptações: 114 episódios (1986 a 1989) + 1 OVA + 1 ONA + Filmes e outras séries
Resumo: Com o Santuário da Deusa da Guerra, Atena, ameaçado por forças do mal, a terra também pode sucumbir a qualquer momento. E os únicos que podem salvá-la são os lendários Cavaleiros do Zodíaco. Depois de passar por treinamentos em diversas partes do mundo, cinco jovens corajosos são reunidos na Guerra Galáctica para vestir a armadura sagrada de suas constelações, defender o Santuário e restabelecer a paz.
8. Fushigi Yuugi

Mangá: 18 volumes (1992 a 1995)
Autor: Yuu Watase
Adaptações: 52 episódios de anime (1995 a 1996) + 3 OVAS
Resumo: Yuki Miaka é uma estudante colegial, como outra qualquer, passando pelo período de exames na escola. Quando ela e sua melhor amiga Hongo Yui visitam a biblioteca, Miaka ignora o aviso de “proibido” e entra em uma sala. Um livro logo chama a sua atenção, mas ao abri-lo as duas amigas são sugadas para dentro dele e vão parar em um universo paralelo na China medieval. Na história, um mal-entendido transforma as duas em rivais. Para voltar ao mundo onde viviam, elas precisam reunir os guerreiros de Suzaku e de Seiryu.
9. X (X/1999)

Mangá: 18 volumes (1992)
Autor: Clamp
Adaptações: 24 episódios de anime (2002) + 1 OVA
Resumo: O ano é 1999. E a previsão traz uma visão apocalíptica para quem vive no planeta terra. Em plena virada do milênio, o destino da humanidade está nas mãos de Shiroi Kamui. Quando o Dia Prometido chegar, ele terá que escolher entre os Dragões do Céu para salvar os humanos, mesmo que eles destruam a terra depois, ou os Dragões da Terra para já colocar um fim em tudo e acabar com a trilha sombria que aguarda o mundo no futuro, purificando, assim, o planeta. Não existe bem e mal, apenas o caminho escolhido.
10. Chobits

Mangá: 8 volumes (2001 a 2002)
Autor: Clamp
Adaptações: 26 episódios de anime (2002)
Resumo: O mangá Chobits nos apresenta um mundo em que humanos e máquinas coexistem, isto é, um faz parte do dia a dia do outro. A tecnologia é tão avançada que há robôs humanoides chamados de “persocom”. Chii é uma delas, mas ela é especial e única. O estudante Motosuwa Hideki a encontra no lixo. Sem pensar duas vezes e sem ter dinheiro para comprar a sua, ele a resgata e leva Chii para casa. Será que vai ser tão fácil assim? Muitos mistérios se escondem por trás desse robô tão perfeito.
Enfim, por ora, encerro a minha lista de leitura de mangás clássicos para o Dia Nacional dos Quadrinhos. Mesmo que as obras já não sejam tão recentes em termos de data de publicação, todas tiveram grande impacto na minha infância e na de muitos outros leitores durante o lançamento e até os dias de hoje. Então, se você ainda não tem o hábito de ler quadrinhos orientais ou queria uma recomendação, esta é a chance de começar, conhecer novas histórias e colocar a leitura em dia.
Em breve, vou compartilhar uma série de reviews um pouco mais detalhados sobre cada mangá que eu indiquei na lista. Aguarde! Enquanto isso, se você gosta de ler, aproveite para ver a seleção de livros sobre o Japão que eu recomendei aqui no blog. Boa leitura!
