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Montanhas capixabas: 5 cidades para conhecer em uma viagem bate-volta

Dia nublado nas montanhas capixabas

Desde que eu comecei a falar sobre a minha viagem para o Espírito Santo, as praias de Vila Velha e a orla de Vitória ganharam destaque por aqui. Sem contar os cartões-postais como o Convento da Penha e o Morro do Moreno. Chegando ao final do tour, vou compartilhar uma viagem bate-volta pelas montanhas capixabas na véspera do Natal. Em um único dia, conheci cinco cidades na região serrana, visitei três famílias de imigrantes com seus produtos coloniais e conheci a charmosa Pedra Azul.

O Parque Estadual da Pedra Azul, aliás, que fica no Distrito de Aracê em Domingos Martins foi o principal motivo para escolher o ES como o meu destino de férias. Embarca comigo no final dessa viagem? Última chamada para o passeio nas montanhas capixabas! Pé na estrada…

1. Cariacica 

Trem que liga Cariacica a Belo Horizonte, passando pelas montanhas capixabas

Se você me acompanha nessa viagem para o Espírito Santo desde o início, já sabe que fiz alguns passeios com excursão, né? Embora não seja o meu jeito preferido de explorar um novo destino, foi a melhor forma que eu encontrei para conhecer mais coisas viajando sozinha e dentro do tempo que eu tinha. O tour pelas montanhas capixabas passa por diversas cidades até chegar ao fim da linha em Domingos Martins. A primeira delas é Cariacica.

Seu nome tem origem indígena e vem de uma expressão utilizada para identificar o porto onde era feito o desembarque dos imigrantes. Seu significado, portanto, reflete a “chegada do homem branco”. Com cerca de 380 mil habitantes, Cariacica faz parte da Grande Vitória, juntamente às cidades de Vila Velha e Serra. Ela abriga a segunda montanha mais alta da região — Monte Mochuara e seus 728 metros de altitude —  e também o Ceasa ES. 

Além disso, Cariacica é o ponto de partida do trem que liga o estado do Espírito Santo a Minas Gerais. São 515 quilômetros entre a cidade e a capital Belo Horizonte, o que equivale a aproximadamente 13 horas de viagem.

2. Viana 

Igreja Matriz em Viana ES a caminho das montanhas capixabas

Depois de Cariacica, a próxima cidade que aparece das janelas da van é Viana com quase 80 mil habitantes conforme estimativa mais recente do IBGE. Seu nome foi inspirado em um português que incentivou a vinda de açorianos para a região. Com localização privilegiada — próxima ao litoral, fácil acesso a MG pela BR-262, conexão entre norte e sul do ES e também portal de entrada para a região das montanhas capixabas — o município é referência em logística. Não por acaso, muitas transportadoras se instalaram na área.

Viana também é conhecida pela produção de leite e banana, além da criação de búfalos e opções de lazer para o agroturismo. Durante a nossa passagem pela cidade, a guia compartilhou uma curiosidade sobre a igreja com torres diferentes. Em 1848, após ser atingida por um raio, houve um incêndio. Ao reconstruir uma das torres perdidas no incidente, a comunidade mudou as características arquitetônicas.

3. Marechal Floriano 

Cena rural em Marechal Floriano a caminho das montanhas capixabas

Já na região das montanhas capixabas, a 45 quilômetros da capital Vitória, a cidade de Marechal Floriano tem menos de 20 mil habitantes. Seu nome é uma homenagem ao ao primeiro vice-presidente da República, Marechal Floriano Peixoto, que visitou a região durante a inauguração da Rede Ferroviária Leopoldina Railway. Também é conhecida como a “Cidade das Orquídeas” devido à grande presença dessas flores nas matas remanescentes.

É composta majoritariamente por imigrantes italianos e alemães, cuja cultura se reflete diretamente na culinária, arquitetura, dança e música. Cortada de oeste a leste pelo Rio Jucu — rio que abastece Cariacica, Vila Velha e grande parte de Vitória — a cidade se destaca pela produção de madeira (eucalipto), plantio de café e granja. 

4. Venda Nova do Imigrante 

Vista verde em Venda Nova do Imigrante, nas montanhas capixabas

A última cidade antes de Domingos Martins é a primeira parada do passeio nas montanhas capixabas. Com forte influência italiana, Venda Nova do Imigrante tem a maior colônia de descendentes italianos do Espírito Santo. Em busca de novas oportunidades, os primeiros imigrantes chegaram no final do século XIX e adquiriram pequenas propriedades rurais que, mais tarde se transformaram em uma das maiores fontes de turismo hoje na região.

Agroturismo

Embora a cidade não tenha o mesmo charme da arquitetura europeia que vemos em Domingos Martins, Venda Nova do Imigrante ainda mantém o legado dos seus imigrantes como um dos principais centros do agroturismo no Espírito Santo. Com cerca de 25 mil habitantes, a cidade se emancipou de Marechal Floriano e hoje concentra 70 propriedades com 300 famílias e diversos produtos coloniais locais.

No tour que eu fiz, paramos em três lugares para conhecer os produtos, com direito à degustação, e comprar o que a gente quisesse levar para casa. O primeiro é conhecido principalmente por sua produção de morangos e derivados da fruta. O segundo, por sua vez, tem uma variedade de caponatas. Já o terceiro é a pedida para quem gosta de queijos e café. Vou contar um pouco mais sobre cada família que conheci. Vem comigo!

Família Ronchi: morangos

Produção de morangos da Família Ronchi nas montanhas capixabas

A primeira parada foi na propriedade da Família Ronchi, conhecida pela produção de morangos e derivados da fruta — compotas, geleias, quitutes e as frutas frescas. Embora a visita seja apenas na lojinha para degustar um ou outro produto e fazer compras, aproveitei o tempo, mesmo curto, para espiar a plantação de morangos que fica do lado da lojinha. Se tiver a chance, vale a pena dar uma olhada. 

Morango é uma das minhas frutas preferidas, então eu queria ver como era a produção de perto. Ainda mais que o Espírito Santo é um considerado um dos quatro maiores produtores da fruta. Depois de tirar algumas fotos, comprei um café e pão de mel. Se for fazer compras, recomendo levar dinheiro. Nem sempre tem máquina de cartão ou sinal.

Sítio Lorenção: caponatas

Exposição de caponatas no Sítio Lorenção, nas montanhas capixabas

A segunda parada foi no Sítio Lorenção. Embora a família seja muito simpática, o local não é um grande atrativo para vegetarianos. Afinal, o maior destaque dessa propriedade é o socol, inclusive na hora da degustação. Para quem não come carne, provar as caponatas — ou antepastos — pode ser uma boa opção, já que tem 15 variedades de sabores com tomate seco, berinjela, parmesão, entre outros. Os preços não são tão acessíveis. Eu acabei não comprando nada dessa vez. Quem sabe em uma próxima visita, né?

A lojinha é decorada com alguns quadros da família, além de certificados de imigração. Tem até um pequeno museu com objetos e móveis utilizados pelos imigrantes da família Lorenção em Venda Nova do Imigrante.

Fazenda Carnielli: queijos e café

Queijos, cafés e outros produtos coloniais da Fazenda Carnielli, nas montanhas capixabas

A terceira e última parada do tour foi na Fazenda Carnielli, o meu lugar preferido entre todas as visitas. Afinal de contas, com queijos e café fica difícil resistir, né? A família Carnielli é uma das pioneiras quando se trata de agroturismo. Com o tempo, ela começou a ganhar destaque pela produção de cafés premiados e queijos, principalmente o “resteia” (produção exclusiva de origem italiana). Sem contar outros já conhecidos como o minas, ricota, morbier, parmesão, entre muitas outras variedades, inclusive sem lactose.

Café exótico

Tem um café bem famoso (e exótico) para comprar aqui. É um café gourmet produzido a partir das fezes do pássaro Jacu. Como depende da natureza para ser criado, é raro e consequentemente caro. Um pacotinho pequeno custa R$40 e uma xícara, para experimentar na hora, custa R$15. Eu não comprei, nem provei. Vai ficar para uma próxima visita. 

Dizem que o sabor é mais fraco, não tão encorpado. Eu gosto de café mais forte, então não me animei para tentar, mas eu já experimentei outro café exótico. Quando uma amiga viajou de férias para a Indonésia, ela trouxe o Kopi Luwak. Já ouviu falar? Considerado o café mais raro e mais caro do mundo, os seus grãos são produzidos a partir das fezes de um mamífero conhecido como Civeta.

Esse bichinho seleciona e come os melhores frutos que encontra nas fazendas de café da Indonésia. Ao passar pelo processo de digestão do Civeta, os grãos ganham um sabor exótico. Os agricultores, então, coletam as semente das fezes dos animais para produzir o café.

5. Domingos Martins

Arquitetura europeia em Domingos Martins nas montanhas capixabas

Por fim, Domingos Martins é um dos maiores atrativos das montanhas capixabas. A própria cidade já atrai visitantes pelos traços europeus em sua arquitetura e artesanato (especialmente a alemã), o jeitinho cinematográfico e o charme das montanhas entre as casas. Em época de Natal, tudo fica enfeitado com decoração natalina e luzinhas. 

De acordo com a guia do tour que nos levou até as montanhas capixabas, Domingos Martins também é a casa da fábrica de refrigerantes Coroa, além de vender café comestível. Como a visita foi relativamente curta, não consegui provar o café comestível. 

Parque Estadual da Pedra Azul

Vista de longe do Parque Estadual da Pedra Azul nas montanhas capixabas

Perto dali, no Distrito de Aracê, fica o famoso Parque Estadual da Pedra Azul. Criado na década de 90 para preservar a pedra, o nome Pedra Azul vem do efeito do reflexo do sol, que deixa a pedra com tons azulados ou até rosados, durante o pôr do sol. Considerada uma região mais romântica, muitos casais procuram o lugar para lua de mel. Além disso, aventureiros também visitam a região para percorrer trilhas e contemplar a natureza.

Com a proximidade entre o litoral do Espírito Santo e a serra capixaba, é fácil programar um bate-volta para conhecer mar e montanhas na mesma viagem. Pode ser no formato de tour, como eu fiz, passando rapidamente por várias cidades, ou de carro, parando com mais tempo em cada destino. Já que Domingos Martins e a Pedra Azul são os principais atrativos das montanhas capixabas, eu resolvi preparar um post especial sobre os os dois lugares que eu mais gostei de conhecer. Assim, vou fechar com chave de ouro a viagem para o Espírito Santo. 

Ficou com um vontade de fazer um passeio nas montanhas capixabas? No próximo post, vamos mergulhar nas tradições alemãs de Domingos Martins e nos atrativos naturais da Pedra Azul…

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