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Review: Blackpink, o que esperar do documentário Light Up the Sky na Netflix

Blackpink Light Up the Sky

“Blackpink in your area…”

Quantas vezes ouvimos esta frase, não é? De “Boombayah” a “Kill This Love” e, recentemente, em “How You Like That” e “Pretty Savage”, Blackpink está em todos os lugares. E nesta semana, no dia 14 de outubro, fez a sua estreia no documentário Light Up the Sky da Netflix. Aliás, 2020 foi um ano bem agitado no K-pop, especialmente para Rosé, Lisa, Jennie e Jisoo. 

O ano do primeiro álbum completo — The Album. O ano do vídeo mais visto do YouTube em 24 horas, 86.3 milhões de visualizações (ao menos até o lançamento de Dynamite do BTS) e cinco recordes no Guinness World Records. O ano de colabs pra lá de girl power com “Sour Candy” (ft. Lady Gaga), “Ice Cream” (ft. Selena Gomez) e “Bet You Wanna” (Cardi B). O ano da parceria com o PUBG — um game no estilo Battle Royale. E por aí vai!

No dia do lançamento, eu acompanhei o documentário da Netflix, que mostra os bastidores dos quatro anos de carreira das meninas — dos tempos de trainees na YG Entertainment ao sucesso global. Uma estreia de classe, arrebatando o 1º lugar no top 10 da Netflix em vários países na primeira semana. Neste review, vou trazer os detalhes que mais chamaram a minha atenção. Então prepare a pipoca e um cantinho no sofá para me acompanhar. Vamos lá?

Blackpink: Light Up the Sky 

Blackpink Light Up the Sky

Poucas semanas depois de lançar o tão aguardado álbum completo, Blackpink chegou nas nossas telas com o documentário Light Up the Sky. Dirigido por Caroline Suh, o longa-metragem de 79 minutos intercala entrevistas exclusivas com fotos e imagens — antigas e recentes — da trajetória de Rosé, Lisa, Jennie e Jisoo nos últimos quatro anos. A proposta, aliás, era trazer um novo olhar sobre o grupo, com imagens raras e nunca vistas, além de um ponto de vista mais humanizado.

“Mal podemos esperar para compartilhar as nossas histórias pessoais com Blinks ao redor do mundo através da Netflix. Esperamos que esse filme traga alegria e luz a quem assistir, e que todos apreciem ver na tela a nossa jornada juntas nos últimos quatro anos.”

Acompanhamos os bastidores da época dos treinos constantes até a estreia em 2016, altos e baixos da fama durante os quatro anos de carreira, a imagem de perfeição que o K-pop sustenta, momentos pessoais, depoimento do produtor Teddy Park (que também apresenta cada uma das meninas) e o reconhecimento global com turnê fora da Coreia do Sul, ingressos esgotados em todos os shows e o ápice da performance no Coachella em 2019. Afinal, Blackpink foi o primeiro girl group de K-pop a subir no palco do festival.

Ao apresentar cada uma das meninas, o documentário destaca as principais características de cada uma. O lado responsável de Kim Ji-soo como a “unnie” (“irmã mais velha”) do grupo e seu senso de humor. O amadurecimento de Kim Jennie com as constantes mudanças de vida. As pastas secretas com músicas criadas pela Rosé e seu sentimento quando está no estúdio gravando. Toda a positividade de Lalisa Manoban e o seu dom em despertar sorrisos no grupo, além do domínio da arte de dançar. E a força das quatro, juntas, como Blackpink.                                                                       

Com a estreia de Light Up the Sky, os assinantes da Netflix também poderão usar em seus perfis avatares com as imagens de Blackpink ao logar no streaming. Ao todo, são quatro ícones, cada um representa uma integrante do grupo. 

O que esperar do documentário da Netflix sobre Blackpink

Light Up in the Sky começa com a apresentação de Blackpink para a imprensa. Em uma sala silenciosa, as integrantes entram — uma a uma. Não tem trilha sonora, nem narração ou qualquer outro som. O zoom da câmera mostra os passos tímidos até palco, mãos trêmulas segurando o microfone e os olhares dos repórteres para o mais novo grupo de K-pop que estava prestes a nascer.  

Logo depois, o silêncio é quebrado pelo sucesso do hit “Boombayah”, que, juntamente ao single “Whistle”, marcou a estreia de Rosé, Lisa, Jennie e Jisoo, e os gritos de fãs. Ao lado do produtor Teddy Park, o quarteto conta que “Whistle” quase não foi lançada na época. Ainda bem que seguiram em frente, né? É uma das minhas músicas preferidas, aliás. 

“Muitas pessoas acharam que era arriscado. Tem uma vibração country estranha e é super minimal. Soou vazio para muitas pessoas. A maioria era contra, mas nós apenas avançamos.” 

Depois disso, ele apresenta cada uma delas. Vemos cenas das audições, dos tempos de trainees, no estúdio gravando, momentos pessoais, entrevistas, além de flashes do Coachella.

Ao revisitar os quatro anos de carreira de Blackpink, o documentário expõe algumas nuances do K-pop — os anos de treinamento intenso entre aulas de dança e canto, as avaliações competitivas em busca do debut, as amigas/rivais que não conseguem realizar o sonho de ser idol , a distância das famílias quando ainda novas, a falta de memórias dos tempos de escola, entre outras — a partir do olhar de quem viveu isso na pele. Também mostra os avanços de uma indústria que, enfim ganhou o mundo com popularidade global.

O desafio da adaptação cultural

Blackpink Light Up the Sky

Um dos pontos fortes de Blackpink: Light Up the Sky é a adaptação cultural que muitas meninas e meninos precisam enfrentar rapidamente antes de subir no palco. Isso nos é mostrado pela história das quatro e também nos vários momentos em que elas trocam o idioma entre uma cena e outra. Na maior parte do tempo, Rosé e Jennie falam em inglês. Lisa por vezes se une à dupla, enquanto alterna entre o coreano e o tailandês. 

“Cada grupo tem sua própria formação cultural que os torna quem são. Essa combinação é o que torna Blackpink único. É o equilíbrio perfeito, como eles se complementam. É fascinante.”

O que esperar do documentário então? Se você, assim como eu, acompanha o K-pop há tempos e conhece Blackpink, não vai encontrar tanta novidade. Quem é fã, já sabe que a Jisoo é a “unnie” do grupo e raramente chora, que a Lisa manda muito bem na dança (ela não foi mentora do Youth With You por acaso e ainda foi a responsável pelas coreografias do grupo quando ainda eram trainees), que a Rosé tem talento de sobra com o violão e o piano (só falta se soltar no estúdio para apresentar ao mundo as suas próprias canções), que a Jennie tem uma bagagem e tanto (amadurecimento) graças às mudanças de vida.

Entre Blinks e recém-chegados

K-poppers são extremamente dedicados e estão sempre ligados em todo e qualquer conteúdo desse universo — do presente ao passado. Acredito que este é um dos maiores desafios para qualquer documentário, filme, entrevista e afins: explicar tudo aos recém-chegados ao mesmo tempo em que precisa trazer algo novo a quem acompanha o K-pop, Blackpink e todo esse universo há anos. 

Mesmo com imagens nunca vistas antes, novas entrevistas, vídeos de infância (Lisa transbordando carisma aqui) e filmagens de estúdio (cenas da Rosé merecem destaque), não dúvido que Blinks já tenham se deparado com as gravações antigas da YG há muito mais tempo. Afinal, o YouTube é um verdadeiro baú de tesouros audiovisuais. E nem mesmo a demo gravada por Rosé no estúdio passou despercebida aos ouvidos atentos do fandom, que logo identificou a melodia de “What You Waiting For” lançada pela Somi neste ano.

Rastros de uma trilha de sucesso

O lançamento do primeiro álbum completo veio com um recorde, 590.000 cópias vendidas no primeiro dia, o que colocou o girl group no topo com o maior número de vendas para uma semana. Depois de ter a maior estreia no YouTube até então, três meses depois “How You Like That” já soma mais de 593 milhões de visualizações (e contando) e alcançou bilhões em outros — “Kill This Love”, “DDU-DU DDU-DU” e “Boombayah”. 

Blackpink também conquistou o pódio da Billboard Artist 100 como o primeiro girl group a liderar o ranking desde 2014. A parada musical leva em conta venda de álbuns, airplay em rádio, streaming e interação com fãs nas mídias sociais. No K-pop, as meninas assumem a terceira posição, juntando-se ao BTS e SuperM. “Blackpink is the revolution” já dizia a música “Forever Young”. Elas bem que avisaram, né? 😉

Assim como o produtor Teddy fala no documentário, o sucesso de Blackpink vem da combinação única do quarteto: a forte ligação de Rosé com a música, o talento de quem “nasceu para fazer isso” da Lisa, a resiliência da Jennie em dar sempre o seu melhor e o cuidado inabalável da Jisoo em cuidar do grupo. Sem contar as suas bagagens de outros países. E assim também Light Up the Sky explora o triunfo de Rosé, Lisa, Jennie e Jisoo através de suas individualidades, que levam a uma jornada com reconhecimento global, além das fronteiras da Coreia do Sul.

A indústria do K-pop e a busca pela perfeição 

Light Up the Sky foca na evolução de Blackpink, mas, mesmo que de forma rápida, traz uma pincelada da indústria do K-pop e a busca constante pela perfeição. Diferente de uma carreira musical nos Estados Unidos, por exemplo, na Coreia do Sul a cultura dos idols é extremamente visual. Isto é, a imagem é tão importante quanto as canções e se reflete nas coreografias, na produção dos MVs, na escolha das roupas dentro e fora dos palcos, nas expressões faciais, nos olhares para a câmera, enfim, na performance como um todo. 

Após passarem por audições, reality shows de sobrevivência ou serem descobertos por olheiros, meninas e meninos entram na agência como trainees. As mais conhecidas “escolas de K-pop” são SM, JYP e YG (Blackpink) — sem contar a Big Hit que ascendeu diante do sucesso global estrondoso do BTS. A idade costuma variar entre 12 e 22 anos, com um tempo médio de treinamento de dois a três anos. É só uma estimativa, já que há casos de idols com poucos meses — como Ni-Ki, Jake e Sunoo do ENHYPEN — ou até mais de 10 anos — como a Jihyo do Twice.

Rosé, Lisa, Jennie e Jisoo são bem abertas ao falar sobre as dificuldades de começar tão cedo, longe de suas famílias, com uma rotina puxada (média de 14 horas por dia) e avaliações rigorosas até a estreia. De qualquer forma, com foco na amizade, dedicação, resiliência e os altos e baixos para realizar o sonho de ser um idol no K-pop, o documentário da Netflix (aos meus olhos) é muito mais um merchan do que um mergulho na vida de cada uma das meninas — o que não é algo negativo. Um dos maiores destaques é o olhar humanizado que o longa-metragem tenta trazer no final, com as quatro reunidas para falar do futuro, sobre casamento, filhos e planos para uma família.

O nome por trás dos sucessos de Blackpink 

Blackpink Light Up the Sky Teddy Park

“Escrevi e produzi todas as músicas lançadas até agora”.

Blinks sabem de cor e salteado, não só o nome — um deles, claro — por trás dos sucesso de Blackpink, mas muitas outras coisas mostradas em Light Up the Sky. O quinto integrante do grupo, também conhecido pelo trabalho com o 1TYM é um dos mais famosos produtores da Coreia do Sul. Teddy Park, aparece bastante no documentário, falando (em inglês) sobre o seu trabalho de estúdio com o quarteto, enquanto apresenta as meninas, uma a uma, com base em suas personalidades. 

Uma das cenas mais engraçadas aqui é quando a Jisoo revela a primeira vez em que elas se viram o Teddy: “Se a gente encontrar ele significa que vamos fazer o nosso debut”. A Lisa também fala sobre isso: “Teddy era como um CEO. Se alguém fazia algum trabalho com ele ou se encontrava com ele, era considerado um grande negócio”

De trainees a um dos maiores girl groups do momento

A maior parte do documentário Light Up the Sky foca no tempo em que Rosé (4 anos), Lisa e Jisoo (5 anos) e Jennie (6 anos) eram trainees. Desde as dificuldades — adaptação, idioma, intensidade dos treinos para aperfeiçoar os movimentos de dança e a voz, duros feedbacks, apenas um dia de folga a cada 15 dias, clima de competição, saída de outros trainees, distância da família e de experiências de uma vida normal, pressão e expectativas — até os bons momentos — amizade, trabalho em equipe, dedicação para fazer sempre melhor e o sonho de ser idol. Eu já falei bastante sobre isso no início do review, né?

Como mostra a primeira imagem do post, é legal ver as quatro reunidas em uma sala de cinema para uma visita ao passado. Juntas, elas assistem as audições de cada uma. Entre risadas e palavras de incentivo, elas compartilham os seus sentimentos ao relembrar o início de tudo e as mudanças de lá para cá. 

Enfim, existe todo um preparo e um longo caminho até o tão sonhado debut, o que lembra muito o treinamento de atletas olímpicos em busca de uma medalha de ouro. Pelo que sabemos da rotina de um idol, acredito que tem uma boa semelhança aí.  

Blackpink Light Up the Sky Coachella

O ápice vem com a performance no Coachella, que também ganhou bastante tempo de tela e que eu tive a oportunidade de assistir ao vivo, as duas apresentações, com um sono que não sei como aguentei ficar acordada. E depois embalei na turnê mundial, acompanhado Blackpink nos Estados Unidos e na Europa pelo YouTube. De qualquer forma, o festival foi um marco para as meninas e para o K-pop.  

É interessante ver no documentário a preocupação com a presença de um público para o show de Blackpink. Antes de subir no palco, Rosé se pergunta se alguém iria até o festival para vê-las. E a resposta vem com um público gigantesco, formado por milhares de pessoas, muitas cantando em coreano.

Lisa e sua positividade contagiante

“Se uma de nós está cansada um dia, ela faz a gente rir. Ela nos mantém com energia”.

Quem sempre tem um sorriso no rosto e boas energias para compartilhar com todos ao seu redor é a maknae do grupo, Lisa. No palco, ela é reconhecida por suas danças e coreografias de deixar qualquer um de queixo caído, além de dividir as linhas de rap com Jennie. Fora dos holofotes, Lisa é cheia de energia, tem uma positividade contagiante e é constantemente apontada como a integrante mais engraçada do grupo.

Rosé e sua pasta secreta de músicas 

“Ela é tão tímida que tem uma pasta secreta cheia de todos os seus trabalhos solo. A coleção é como o diário dela”.

Quem acompanha Blackpink há mais tempo, sabe o quanto a música é importante para a Rosé. Pontos extras para o documentário por deixar essa admiração ainda mais evidente, com as cenas dela ensaiando e tocando até altas horas da noite ou gravando demos com o produtor Joe “Vince” Rhee. Ao revelar a insegurança que sente ao entrar no estúdio ou na hora de compor algo, Rosé fala sobre uma pasta secreta cheia de músicas próprias com acesso proibido. Nem mesmo Lisa, Jennie e Jisoo têm acesso.

E é justificável! Afinal, uma música autoral é uma forma de expressão muito pessoal. Cada um tem o seu momento de se abrir e se expressar. Ainda mais Rosé que revelou em Light Up the Sky não querer ser só mais uma cantora que compõe as suas próprias músicas.

Jennie e suas mudanças de vida 

Blackpink Light Up the Sky Jennie

“Foi quando percebi que não queria ir para a América e estudar por minha conta sozinha. Na verdade, eu queria me tornar uma cantora”.

Quando falam de sua infância, Jennie lembra da viagem que fez com a mãe até Austrália e Nova Zelândia. Um marco, já que ela logo se mudou para o segundo país para estudar. Depois de cinco anos na Nova Zelândia, ela quase fez as malas de novo, para os Estados Unidos, até se dar conta do seu verdadeiro sonho: ser cantora. Anos depois, ela fez a sua estreia como uma das integrantes ed Blackpink e não parou mais.

Jisoo e seu senso de responsabilidade 

Blackpink Light Up the Sky Jisoo

“Não há dúvida de que eu sinto um senso de responsabilidade. Eu tento o melhor que posso para cuidar das outras meninas”.

Como a “unnie” do grupo, Jisoo ganhou destaque no documentário como a integrante que cuida de Rosé, Lisa e Jennie com o mesmo carinho de uma família — como irmãs mais novas. Talvez por esse senso de responsabilidade, é raro vê-la chorar ou demonstrar um lado mais sentimental. Até mesmo o produtor Teddy relata que nos seis anos em que conhece a Jisoo, só viu a idol chorar uma vez.

O documentário Light Up the Sky conta — além da trajetória de Blackpink até o estrelato — a história de quatro meninas com grandes sonhos e muita determinação e as grandes conquistas que vêm dessa combinação. Para mim, o destaque fica por conta da visibilidade que o K-pop ganhou nos últimos anos — quebrando recordes e ganhando um longa-metragem. Quando eu conheci esse universo — na época de SHINee, Girl’s Generation, Super Junior, 2NE1, Bigbang, Wonder Girls e tantos outros grupos — eu queria que o K-pop chegasse ao mundo. E olha só como a música dá voltas!

Blackpink: Light Up the Sky está disponível na Netflix. Me conta aqui o que achou, se já era Blink ou se tornou fã depois de ver o documentário!

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