Dicas · Japão

Você já leu hoje? 7 livros sobre o Japão para ler no Dia Nacional da Leitura

“Ler é viajar sem sair do lugar”. Essa frase diz tanto, não é? Embora eu ainda não tenha realizado a viagem dos meus sonhos, os livros sobre o Japão me transportam até lá. A cada página, eu me sinto mais próxima dessa cultura que eu admiro desde pequena. Então no Dia Nacional da Leitura, quero recomendar obras da literatura oriental para, quem sabe, despertar o hábito de ler em você ou simplesmente compartilhar livros que criam conexão com mundos que admiramos. No meu caso, é a terra do sol nascente. Qual é o seu?

Seja como for, ler é uma forma de descobrir novos lugares sem sair de casa, ainda mais em tempos de pandemia, sem perspectivas de poder colocar a mochila nas costas e viajar por aí (por enquanto). Por ter uma vontade profunda de conhecer o Japão, vou deixar aqui 7 dicas de livros que nos transportam — através de suas páginas — até o outro lado do mundo do conforto do nosso sofá. Vem comigo?

1. Hiroshima

Livros sobre o Japão Hiroshima

Autor: John Hersey

Ano: 2002

Páginas: 172

Este, para mim, é um dos principais livros sobre o Japão. Com um olhar jornalístico, John Hersey resgata a história do bombardeio sobre a cidade de Hiroshima durante a Segunda Guerra Mundial, em 1945, que culminou na morte de milhares de pessoas. A partir de uma narrativa minuciosa, detalhista, densa, profunda e trágica, nós acompanhamos o relato de seis sobreviventes (hibakushas) — Toshiko Sasaki, Dr. Masakazu Fujii, Hatsuyo Nakamura, Padre Wilhelm Kleinsorge, Dr. Terufumi Sasaki e Reverendo Kiyoshi Tanimoto — e os efeitos da bomba atômica em suas vidas. O livro-reportagem é dividido em cinco momentos marcantes:

  • Um Clarão Silencioso: o capítulo de abertura apresenta um panorama dos seis sobreviventes que dão vida ao livro. Eles compartilham o que estavam fazendo momentos antes da explosão, que é narrada de forma precisa, a ponto de nos transportar até o cenário de forma imersiva.
  • O Fogo: o segundo capítulo provoca um misto de sensações entre agonia, pânico, desespero, medo e instinto de sobrevivência. O autor nos conta o que ocorreu logo após a explosão sob o olhar dos seis hibakushas. É quase impossível segurar as lágrimas ao ler, porque sabemos que os fatos são reais.
  • Investigam-se os Detalhes: no terceiro capítulo, começam as especulações sobre a explosão e os seus efeitos (radiação). O primeiro comunicado é anunciado em uma rádio japonesa, enquanto os sobreviventes tentam superar os dias seguintes.
  • Flores sobre ruínas: como o próprio nome sugere, o quarto capítulo representa a busca pela superação, pela melhor forma de seguir em frente, dia após dia. Também relata o crescimento de plantas em flores diante de um cenário de devastação, além de mostrar a resiliência dos japoneses ao lidar com a situação.
  • Depois da Catástrofe: o quinto e último capítulo encerra a narrativa com a vida de cada um dos seis sobreviventes 40 anos depois — dificuldades, doenças causadas pela radiação, preconceito e a capacidade de uma cidade se reerguer nas cinzas. 

Embora seja uma leitura extremamente densa, Hiroshima foi um dos livros sobre o Japão que mais me marcou. Já li, reli e sempre me sensibilizo com as histórias dos sobreviventes e com a forma como o autor consegue mesclar fatos a uma narração envolvente e que aproxima o leitor por meio de uma experiência quase que direta. Aliás, vale lembrar que o livro se originou de um artigo do jornalista, publicado em 1946, na revista The New Yorker.

2. Underground

Livros sobre o Japão Underground

Autor: Haruki Murakami

Ano: 1997

Páginas: 366

Quem gosta de literatura oriental, já deve ter ouvido falar em Haruki Murakami. O autor tem dois livros que eu gosto bastante. Um deles é a trilogia 1Q84 e o outro é Underground, que eu trago aqui nas minhas recomendações. Se quiser (e puder), leia os dois. Underground segue uma linha similar ao livro Hiroshima, com relatos reais de sobreviventes dos ataques terroristas ao metrô de Tokyo, em 1995. 

Um grupo chamado Aum Shinrikyo — considerado organização terrorista por uns e seita religiosa por outros — foi responsável por atacar três vagões das principais linhas de trem da capital japonesa com gás sarin (arma química utilizada em cenários de guerra). O envenenamento causou a morte de 13 pessoas, além de deixar sequelas físicas e psicológicas em outras 5 mil. 

Através dos depoimentos dos sobreviventes, temos a oportunidade de conhecer algumas características mais profundas da cultura japonesa: educação e responsabilidade pelos seus atos, além da forma de lidar com os problemas, trabalho e família. No final, o autor inclui entrevistas com membros e ex-membros da “seita do fim do mundo”, o que nos faz refletir sobre os motivos que levam uma pessoa a fazer parte de algo assim.

3. Memórias de uma Gueixa

Livros sobre o Japão Memórias de uma Gueixa

Autor: Arthur Golden

Ano: 1997

Páginas: 457

Para sair um pouco do cenário histórico sob a ótica de entrevistas, vamos mergulhar por uma das mais expressivas tradições orientais. Em Memórias de uma Gueixa, livro que gerou uma adaptação para o cinema em 2005, conhecemos a história de Chiyo — posteriormente conhecida como Sayuri. Embora aqui seja o caso de uma obra de ficção, fatos da vida cotidiana de uma gueixa entre os anos 1930 e 1940 (durante a Segunda Guerra Mundial) imprimem o tom de veracidade à trama. 

Durante suas pesquisas para o livro, Arthur Golden reuniu relatos de gueixas para embasar a narrativa, trazer uma maior riqueza cultural e, assim, enriquecer a experiência do leitor e passar a sensação de que tudo ocorreu, de fato. Ele também deu um tom delicado e suave às palavras, que combina muito bem com a imagem de uma gueixa.

Da infância pobre de uma menina inocente em um pequeno vilarejo a uma das gueixas mais requisitadas no distrito de Gion, em Kyoto, Sayuri nos conta, em detalhes, sobre as mudanças que conduziram o seu futuro. Entre momentos de sensibilidade, dor e superação, acompanhamos a sua trajetória de sobrevivência em meio aos costumes japoneses e acontecimentos de sua vida. Estes, por sinal, são marcados treinamento para se tornar uma gueixa (maquiagem, roupas, dança e comportamento), castigos, festas, rivalidades e lições. 

Tudo nos é apresentado em primeira pessoa a partir de descrições minuciosas sobre crenças, costumes e lugares — sem acelerar ou tornar a leitura lenta — o que aproxima a personagem e a torna quase real aos nossos olhos. Se você tem curiosidade sobre a milenar cultura japonesa ou deseja aprender mais sobre o universo das gueixas, vale incluir a leitura na sua lista de livros sobre o Japão.

4. Kyoto

Livros sobre o Japão Kyoto

Autor: Yasunari Kawabata

Ano: 2006

Páginas: 256

Vamos aproveitar o cenário de Kyoto em Memórias de uma Gueixa para mergulhar no próximo livro do Dia Nacional da Leitura. Escrito pelo vencedor do prêmio Nobel de Literatura, Kyoto descreve — com uma riqueza de detalhes — a cidade que foi capital do Japão por aproximadamente 1 mil anos, antes de se mudar para Tokyo. 

Ambientada no período pós-guerra, a obra narra a trajetória de Chieko, filha adotiva de um comerciante de quimonos, e sua família. Devido à forte influência ocidental, os valores culturais japoneses estão em xeque, o que pode levar a loja da família à falência. Mas o ponto forte da trama está no encontro de Chieko com a sua até então desconhecida irmã gêmea Naeko, separadas durante o nascimento e criadas em ambientes bem distintos.

5. Xógun: A Gloriosa Saga do Japão

Livros sobre o Japão Xógum

Autor: James Clavell

Ano: 2008 

Páginas: 1038

Aclamado pela crítica japonesa, “Xógum: A Gloriosa Saga do Japão” é apontado como um dos livros que melhor reflete a realidade oriental por volta dos anos 1600 sob a ótica ocidental. Lançado em 1975, teve 5 milhões de cópias vendidas no mundo todo. Depois de ler sobre gueixas, aqui temos contato com os samurais e toda a trama que envolve a sua existência — guerra, política, religião e romance. 

O personagem principal é um navegador inglês chamado John Blacktorne, que é levado com o seu navio _ após quase naufragar em uma tempestade — até a costa do Japão, bem quando o país está dividido diante da disputa pela mais importante autoridade militar: o xógum. Dizem que o protagonista foi inspirado no explorador William Adams, que esteve em terras nipônicas em uma de suas viagens.

Vale destacar que a época dos samurais foi um período bem rígido. Isto é, se você nascesse como um, morreria como um. No caso de desonra, deveria cometer o seppuku (código de honra do Bushido) ou viver como um ronin. De forma resumida, o Japão Feudal — período Edo, Tokugawa ou Xogunato — era composto por hierarquias entre quem manda e quem obedece. Após uma série de eventos, presenciamos um racha entre os Daimios que guardam o poder e acompanhamos as reviravoltas com a chegada de Blackthorne, que prometem transformar uma nação inteira.

Aliás, o que não falta é conteúdo — livros, filmes, animes e mangás — sobre as eras Tokugawa e Meiji. Desde o clássico Musashi, que é o próximo livro da lista, até o anime/mangá/live-action Rurouni Kenshin (também conhecido como Samurai X e uma das minhas obras favoritas) ou o filme O Último Samurai (tenho o DVD aqui), a lendária cultura dos samurais, assim o seu período histórico estão bem disseminados por aí. 

A obra pode ser caracterizada como uma semificção. Embora os nomes dos personagens sejam fictícios, muitos representam figuras que realmente existiram. Então recomendo a leitura para quem que conhecer mais sobre o tema, além de visitar Kyoto, Osaka, Edo (atual Tokyo), entre outras cidades japonesas, pelas páginas do livro. Ao menos, até todo esse momento de incertezas passar, não é?

6. Musashi

Livros sobre o Japão Musashi

Autor: Eiji Yoshikawa

Ano: 2008

Páginas: 1832

Já que estamos falando de samurais, selecionei um dos livros sobre o Japão mais conhecidos de todos os tempos. Se você, assim como eu, gosta do tema, deve ter ouvido ou lido o nome Musashi em algum lugar, não é? Afinal, ele é um dos samurais mais famosos na história do país, seja por meio de livros ou filmes. Não é por acaso que o romance é um dos mais vendidos da história do Japão. Sabia?

Pois bem! A obra é dividida em sete partes — A Terra, A Água, O Fogo, O Vento, O Céu, As Duas Forças e A Harmonia Final — e se passa entre os anos de 1584 e 1645, época em que Musashi viveu no Japão. Como o nome já indica, os cinco primeiros (A Terra, A Água, O Fogo, O Vento, O Céu) retratam os elementos que compõem toda e qualquer matéria ou os ciclos de um espírito em busca da perfeição, segundo o Budismo. E fazem parte do 1º e 2º volume de um total de três. Assim, o 3º volume traz As Duas Forças e A Harmonia Final. 

Esta divisão vale para as publicações mais recentes, já que você também pode encontrar o livro em dois volumes com as tradicionais capas em amarelo (1º volume) e azul (2º volume). Seja qual for o formato, a obra conta a trajetória do jovem Shinmen Takezo até a sua evolução para um guerreiro equilibrado, que busca a luz pelo caminho da espada e se torna uma lenda em todo o Japão. Além de conhecer a história do famoso samurai Miyamoto Musashi, aprendemos mais sobre a cultura japonesa, costumes, valores, crenças e modo de viver.

Assim como em Hiroshima, um jornalista (Eiji Yoshikawa) está por trás da obra, que foi originalmente publicada na forma de um folhetim no jornal Asahi Shimbun em 1935. A estrutura do livro lembra um pouco Os Três Mosqueteiros pela mistura de elementos de aventura a eventos históricos, permeados por toques de filosofia e religião.

7. Traçando Japão

Livros sobre o Japão Traçando Japão

Autor: Luis Fernando Veríssimo e Joaquim da Fonseca

Ano: 1995

Páginas: 160

Para finalizar a lista de livros sobre o Japão como recomendação de leitura no Dia Nacional do Livro, trago uma obra que reúne crônicas de viagens de Luis Fernando Veríssimo. No decorrer do texto, você também encontrará ilustrações de Joaquim da Fonseca — como o Pavilhão Dourado do templo Kinkakuji, a ponte Nijubashi do Palácio Imperial, vista do Motohakone e Akihabara. Os relatos acompanham a última viagem que a dupla fez até a terra do sol nascente em novembro de 1994 e faz parte da série “Traçando”. Por isso, o título Traçando Japão. 

Ao longo de suas 160 páginas, podemos conhecer diversas cidades japonesas — Kyoto, Tokyo, Nara, Kamakura, Hakone, Osaka — do conforto do nosso sofá, bem como mergulhar na cultura milenar do Japão. O livro também explora os contrastes entre passado e presente, tempo e espaço, sob o olhar oriental. 

Mesmo sem poder colocar a mochila nas costas neste momento (com a mesma liberdade de antes), é bom saber temos os livros sobre o Japão e tantas outras coisas, que nos possibilitam viajar sem sair do lugar. Enquanto ainda não posso planejar a próxima viagem, posso partir em uma nova aventura a poucos passos da minha estante e trocar (por enquanto) o carro, avião ou trem pelo conforto do meu sofá. Se você ainda não tem o hábito de ler, o Dia Nacional da Leitura pode ser um bom começo para se deixe levar pelas páginas dos livros. 😉

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