Depois de passar alguns dias em Vila Velha na minha primeira viagem para o Espírito Santo, chegou a hora de contar como foi a experiência na capital capixaba. O ponto de partida do nosso roteiro não poderia ser outro, senão um lugar que, há tempos, eu queria conhecer: o Projeto Tamar em Vitória. E pensar que eu ainda não visitei a unidade de Florianópolis! Fica para uma outra hora, quem sabe, né?
Neste post, vou compartilhar um pouco da história da cidade, passar rapidamente pela Praça do Papa e a Baía de Vitória até chegar ao lar temporário das tartarugas antes da volta ao mar. Vem comigo?
Vitória ES: a cidade do sol e das belezas naturais
Cercada pelas montanhas e pelo encontro dos rios Santa Maria, Marinho, Bubu e Aribiri com o mar — que formam a bela Baía de Vitória — a capital capixaba foi fundada em 8 de setembro de 1551. Seu centro histórico é mais antigo do que o de São Paulo (SP) e o de Ouro Preto (MG), com escadarias que ligam as partes alta e baixa da cidade.
Suas belezas naturais ganham um realce especial com enseadas, encostas, sambaquis, manguezais, praias e ilhas, que a transformam em uma referência paisagística. Aliás, Vitória é um arquipélago formado por 33 ilhas e 7 pontes que interligam a ilha à porção continental. Ao todo, são 93,38 km² de área, divididos em três núcleos turísticos:
- Cidade Alta (centro): onde ficam as construções históricas como a Catedral Metropolitana, Palácio Anchieta (uma das sedes do governo), Praça Costa Pereira, Teatro Carlos Gomes e Teatro Glória;
- Praia do Canto: com formações rochosas que exaltam a natureza, o bairro oferece uma das melhores infraestruturas para viajantes, com badalados bares, restaurantes e centros comerciais;
- Praia de Camburi: uma das mais movimentadas da cidade, com opções gastronômicas e hospedagens, além de ser o ponto de partida dos passeios de escunas.
A “cidade do sol” — como diz a canção de Pedro Caetano — é o centro da Região Metropolitana, formada por Vila Velha, Cariacica, Fundão, Guarapari, Serra e Viana. Também é de onde sai o trem que liga Vitória a Belo Horizonte (MG) em uma viagem que dura cerca de 13 horas.
Entre os lugares para visitar, o Projeto Tamar é parada obrigatória, assim como a orla que vai da Curva da Jurema até a Praia de Camburi e as ilhas do Frade e do Boi. Já o roteiro noturno fica por conta do badalado Triângulo das Bermudas.
Enseada do Suá: cartão-postal com “a” vista da Baía de Vitória
Assim como o Convento da Penha se destaca aos olhos de quem chega a Vila Velha, a Enseada do Suá é o cartão-postal que chama a atenção na capital capixaba. Afinal, é dali que temos acesso a uma das vistas mais memoráveis da cidade: a Baía de Vitória. Aliás, a região também concentra vários pontos turísticos, como a Praça do Papa, o Forte São João, a Terceira Ponte, o Morro do Moreno, o Convento da Penha, o Porto de Vitória e o 38º Batalhão de Infantaria.
Em época de Natal, uma belíssima árvore natalina é montada na Praça do Papa. Vista de perto, ela é enorme e, durante a noite, a iluminação é de encher os olhos. Inaugurada em 2008, a esplanada tem cerca de 67.000 m² e conta com um parque infantil, área de eventos, restaurantes e estacionamento. É uma boa pedida para passeios em família, com amigos, para casais ou até mesmo sem companhia — para caminhar enquanto ouve música, ler e contemplar o visual.
Outro atrativo é a trilha que leva à Reserva Ecológica Ilha do Papagaio, onde você encontra um mirante. Na praça, há três monumentos:
- Cruz Reverente: cruz em aço com uma pomba branca no alto — que simboliza o estado — em homenagem à visita do papa João Paulo II ao Espírito Santo em 1991;
- Rosa dos Ventos: com uma esfera de inox no centro, representa a posição geográfica da ilha como norte de navegação;
- Memorial da Paz: espaço que reúne a palavra “paz” escrita em diversos idiomas.
Projeto Tamar em Vitória: visita especial às tartarugas marinhas
Ainda na Praça do Papa, depois de atravessar a Enseada do Suá, chegamos ao Centro de Visitação do Projeto Tamar em Vitória. Com o intuito de preservar as espécies de tartarugas marinhas ameaçadas de extinção no litoral brasileiro, foi lançado no final da década de 80 e se tornou uma referência mundial. Presente em nove estados — Espírito Santo, Santa Catarina, Rio de Janeiro, São Paulo, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Sergipe e Bahia — a iniciativa protege cerca 1.100 quilômetros de praias.
O espaço na capital capixaba — uma área de 15 mil m² — foi criado como parte da revitalização da orla de Vitória e do circuito turístico e cultural da Enseada do Suá. Em 2018, a entrada para o Projeto Tamar em Vitória custava R$15 e todo o dinheiro arrecadado (com o ingresso e as vendas na lojinha) é convertido para o trabalho de conservação das tartarugas. Eu paguei meia entrada (R$7,50) por estar hospedada no Golden Tulip Porto Vitória, uma cortesia válida para os dias da minha hospedagem de 27 a 30 de dezembro.
Logo na entrada, eu avistei nove tartarugas bebês, com 34 dias de vida apenas. Elas eram muito fofas, querendo sair da piscina a todo custo e explorar os arredores. Um dos monitores da equipe estava cuidando delas e explicou que as pequenas tartaruguinhas estavam muito frágeis quando foram resgatadas de seus ninhos e sem condições de se virarem sozinhas. Por isso, elas passariam cerca de dois meses no Tamar até se fortalecerem antes da volta ao mar.
Em um tanque mais à frente, passamos por um túnel com janelas, onde você pode ver as tartarugas maiores nadando de pertinho e de um ângulo totalmente novo. Contei mais de 10 (entre tartarugas verdes, cabeçudas e olivas), que parecem deslizar pela água com tanta tranquilidade e delicadeza. É lindo de se ver! Depois de atravessar o túnel, você pode vê-las de cima.
Caminhando mais um pouco, em direção à réplica de um barco — que representa o risco de captura acidental dos animais durante a pesca — mais um tanque pode ser avistado. Dessa vez, com apenas uma tartaruga. Essa era veterana, com 20 anos, da espécie tartaruga de pente.
Subindo mais além, você vai se deparar com uma bela vista do morro Jesus de Nazareth, o único morro de Vitória com vista para o mar, mais barquinhos e muito verde ao redor.
E dá para subir mais por uma agradável área verde, cercada pela natureza e cheia de placas informativas sobre as tartarugas, além de avisos de preservação. Cada passo à frente leva a vistas de outros ângulos. Sem contar a escultura do esqueleto de uma tartaruga pré-histórica (que tinha o tamanho de um carro) e aprender sobre a preservação dos animais marinhos e seu habitat. Ao longo do caminho, há monitores e biólogos para esclarecer dúvidas e curiosidades a respeito do Projeto Tamar em Vitória e em todo o Brasil.
Além de toda a área verde e da vista panorâmica do topo da colina — que é um atrativo à parte — a estação do Projeto Tamar em Vitória tem um auditório para palestras e exibição de vídeos, além de uma loja. O mais legal da visita é que você pode passar o tempo que quiser observando as tartarugas e curtindo a vista enquanto caminha de um lado para o outro. Eu moro há mais de 4 anos em Florianópolis e precisei sair de lá para visitar o projeto Tamar pela primeira vez. Mas eu gostei tanto que recomendo a visita de onde vocês estiverem e espero poder conhecer a sede de Floripa, depois que esse momento de incertezas passar.
No próximo post sobre a viagem para o Espírito Santo, vou apresentar as ilhas do Frade e do Boi. Enquanto isso, aproveite para conhecer as praias de Vila Velha, que fica do outro lado da Terceira Ponte!
Hasta La Tour 