Depois de uma passagem por Sausalito, o roteiro de viagem volta para San Francisco. Dessa vez, eu vou compartilhar com você como foi minha visita a dois lugares bem icônicos. Um deles é a Coit Tower, com uma das vistas 360° da baía e dos incríveis arranha-céus do Financial District. O outro é um ponto pra lá de turístico e já serviu de cenário para a série norte-americana Full House. É um cantinho especial no Alamo Square, conhecido como Painted Ladies.

Em quase todos os lugares que você vai é possível avistá-la de longe. No alto do Telegraph Hill, a Coit Tower emoldura a paisagem da baía e se destaca no meio da arquitetura moderna dos arranhas-céus de San Francisco. Seu formato lembra o de uma mangueira/hidrante. Como é? Pode parecer estranho, talvez, mas tem história por trás.
A história por trás da Coit Tower
Reza a lenda que a torre de 64 metros foi construída em homenagem a Lillie Hitchcock Coit, uma menina com fama de rebelde por preferir usar calças no lugar de vestidos, por jogar cartas e por fumar com os homens em North Beach.
Mas a conexão com o formato da torre vem do trabalho voluntário que ela fazia com os bombeiros. A pequena Lillie acabou se tornando padroeira da corporação por ser a única mulher entre os homens. Mais tarde, ela entrou para o time de forma oficial.
Durante o ‘boom’ econômico da bolsa de valores de San Francisco, Lillie se casou com Howard Coit, mas continuou envolvida com trabalhos de combate a incêndios para ajudar a comunidade.
Antes de falecer, em 1929, ela deixou um terço de sua propriedade para a cidade. Parte do dinheiro foi utilizado na construção da Coit Tower. Sua relação com os bombeiros teria sido o motivo por trás do formato da torre, que também leva o seu sobrenome.
A construção da Coit Tower foi finalizada em 1933. A torre conta com um deque, acessado via elevador, com vista 360° para a baía, a Golden Gate e os modernos arranha-céus de San Francisco. Tem também uma lojinha de souvenirs, como toda boa atração turística. Mas o que mais chama a atenção dentro da torre, antes mesmo de subir para apreciar a vista, é um conjunto de murais que estampa as paredes.
Os murais foram pintados em 1934 por um grupo de 26 artistas locais durante a época da Grande Depressão. As imagens foram inspiradas nas obras do artista mexicano Diego Rivera e remetem a temas cotidianos, alguns até polêmicos como o próprio período de crise econômico pela qual os Estados Unidos passava na época (década de 30).
As paredes são super coloridas, parecem até vivas com as pinturas. E o mais legal, principalmente para quem gosta de apreciar arte, é que os murais ficam na base da torre, ocupando todo o andar térreo. Isso significa que a entrada é gratuita. Porque você só paga para subir e curtir o visual de cima.
Ah! Todas as quarta-feiras e sábados, às 11:00, tem um tour com direito a guia e explicações detalhadas sobre cada desenho. O passeio não custa nada. Basta comparecer na entrada principal da torre no horário indicado.
Como visitar a Coit Tower
Há três formas de chegar na torre: de carro (tem estacionamento gratuito, mas pequeno), de ônibus (Muni #39, no Pier 39 ou na Washington Square) ou a pé. Qual você acha que eu escolhi? Se pensou a pé, acertou! Como muitos viajantes dizem, não tem jeito melhor de conhecer um lugar do que caminhando. E é verdade!
Eu tinha preparado um roteiro mais tranquilo para visitar a Coit Tower, mas depois de perder um dia da viagem por causa do cancelamento do meu voo, tive que adaptar o passeio para uma visita um pouco mais relâmpago. Aproveitei uma caminhada pelos píeres de San Francisco para esticar até lá. Prepare-se! A subida é cheia de escadas.
E no caminho havia…muitos degraus. É isso que você vai encontrar ao escolher subir até a Coit Tower a pé, mas quer saber? Recomendo demais! É uma pequena aventura que será recompensada quando você chegar no topo. Sem contar que as escadas já vão te dando um gostinho da vista pelo caminho. Quanto mais alto, mais paisagens são desvendadas. Então se o cansaço bater, olhe para trás e curta a vista.
A “trilha” passa por duas escadarias, uma é a Filbert Street Steps na Sansome Street e a outra é a Greenwich Street Steps na Greenwich Street.
O formato das escadarias muda a cada lance de degraus que você supera. Tem escadas de concreto, de madeira e de tijolos, abertas com vista e um pouco fechadas pelas árvores que formam um túnel ao longo do caminho. Algumas levam até a casa de moradores locais, mas o acesso é restrito. Outras passam por jardins bem cuidados.
Em cada degrau do último lance de escadas, os nomes das pessoas que contribuíram para a construção da torre estão gravados no concreto.

O caminho até a base da torre já vale todo o passeio. Além da experiência genuinamente californiana da subida (ladeiras e escadas fazem parte de San Franciso ), a vista é muito bonita e você não precisa pagar nada por ela. Até a ponte Golden Gate aparece ao fundo. É lindo! E eu ainda cheguei na hora do pôr do sol. Você consegue imaginar? Acho que uma imagem vai dizer muito mais que palavras.
Lindo, né? Ainda mais com a Golden Gate junto. A paisagem foi ainda mais significativa para mim, porque era o meu último dia em San Francisco, a minha última noite. No dia seguinte, eu já tinha que embarcar para a maratona de volta para o Brasil. Então foi um momento muito especial. Minha vontade era ficar lá sem me preocupar com mais nada. Queria muito que o tempo parasse naquele momento.
Até aqui, tudo foi lindo, mas teve uma parte não tão boa assim. Como eu cheguei no fim do dia, não consegui subir até o deque com vista. A bilheteria encerrou a venda das entradas 15 minutos antes da minha chegada. O ingresso custa $9. Aí é só pegar o elevador até o topo e aproveitar a vista.

Li em vários blogs que a vista não muda tanto, subindo a torre ou ficando apenas na base, e que a vista térrea já é o suficiente. Como gosto de conhecer o máximo que posso em minhas viagens, gostaria de ter subido, mas não me arrependo de ter ido até lá mesmo sabendo que as minhas chances de pegar a bilheteria aberta eram mínimas.
De qualquer forma, se tiver tempo e quiser um ângulo a mais para fotografar uma cidade tão plural como San Francisco, acho que vale a pena. Quando eu voltar, quero incluir uma nova visita à Coit Tower no meu roteiro de viagem.
A torre fica em 1 Telegraph Hill Blvd e abre todos os dias das 10:00 às 18:00, lembrando que a venda de ingressos termina às 17:30. E foi por isso que eu não consegui comprar a tempo. Não se esqueça de consultar o site antes de viajar para confirmar todos os horários e evitar surpresas.
Painted Ladies, as famosas casas vitorianas

Chegou a hora de falar de um dos lugares mais icônicos de San Francisco. Um conjunto de sete casas de estilo vitoriano, também conhecidas como Seven Sisters ou Painted Ladies, lado a lado.
Este estilo de arquitetura está por toda a cidade, mas as casas mais famosas ficam no Alamo Square, uma praça em declive verdinha e bem cuidada, mais precisamente na 710 – 720 Steiner Street, no alto do Hayes Valley, com uma vista dos modernos arranha-céus do Financial District e da baía ao fundo. Ficou com vontade de conhecer? Então vem comigo!
O estilo vitoriano está em todos os cantos de San Francisco, é verdade, e até em algumas cidades vizinhas, mas quem ganhou fama mesmo foi o conjunto de sete casas no Alamo Square. Será que foi por causa da vista ou por ter sido cenário da série Full House (mais conhecida no Brasil pelo nome “Três é Demais”) e de diversos filmes norte-americanos? Você sabe? Se souber, compartilha aqui comigo que eu fiquei curiosa para descobrir o motivo.
A origem das Painted Ladies de San Francisco
Mas de onde veio o nome Painted Ladies? As casas do Alamo Square foram construídas entre 1892 e 1896. Dizem que o nome foi adotado nos Estados Unidos em 1978 para todas as construções que seguem o elegante estilo vitoriano e são pintadas com três ou mais cores, ressaltando seus ornamentos.
A origem da expressão estaria ligada ao lançamento do livro “Painted Ladies Revisited: San Francisco’s Resplendent Victorians Inside and Out”, escrito por Elizabeth Pomada e Michael Larsen.
Estima-se que somente em San Francisco cerca de 48 mil casas foram construídas nesse estilo entre 1849 e 1915. Algumas são até abertas para visitação. Fica aí a dica para quem tiver curiosidade de conhecer uma por dentro. Eu fotografei casas que me chamaram a atenção por onde eu passei em todos os passeios que fiz.
E as Painted Ladies também! Ângulos não vão faltar para você levar uma imagem da famosas casinhas para a sua casa. Minha dica é subir até o alto do parque, mas nem tanto, para uma foto mais aberta, enquadrando todas as casas. Depois, atravessa a rua e chegue mais perto para fotografar os detalhes coloridos.
Experimente cada ângulo e aproveite o visual. Já vi comentários por aí de que o cenário no pôr do sol, quando o céu começa a mudar de cor e as luzes começam a ascender, é espetacular.
A arquitetura de San Francisco realmente chama a atenção, com o contraste entre as casinhas vitorianas e os prédios modernos. Isso sem contar o verde dos parques que toma conta da cidade, as escadarias coloridas com mosaicos e os tantos lugares ladeira acima com vista privilegiada.
Como chegar até o Alamo Square
Para chegar ao Alamo Square, onde ficam as Painted Ladies, você pode pegar um metrô até a estação Van Ness ou o ônibus Muni #21 na Market Street com a Grant Avenue ou ainda as linhas #38, #38R e #5. A parada mais próxima é bem pertinho da praça. Não tem erro! Se ficar na dúvida, consulte o site do transporte público de San Francisco e use o Google Maps como complemento.
Se o dia estiver bonito e com o céu azulzão, como o meu estava, aproveite para dar uma volta ao redor, ver outras casas no mesmo estilo vitoriano, curtir a vista e a própria praça, que é uma pedida para um piquenique.
No próximo post, o último sobre a viagem de San Francisco, eu vou finalmente falar sobre o City Pass. Como eu usei, comparativos de preços das entradas de atrações turísticas com e sem o passe e compartilhar minhas percepções com você. Ah! Vou falar um pouco sobre o transporte público também, que te leva para qualquer lugar.